<![CDATA[Blog]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/ Thu, 21 Nov 2024 06:37:38 +0000 Zend_Feed http://blogs.law.harvard.edu/tech/rss <![CDATA[A construção da ilustre carreira de Iberê Camargo]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-construcao-da-ilustre-carreira-de-ibere-camargo/ Iberê Camargo

Iberê Camargo

Em 18 de novembro de 1914, nascia em Restinga Seca, cidade do interior do Rio Grande do Sul, Iberê Bassani de Camargo, que viria a se tornar um dos artistas mais renomados do Brasil, conhecido simplesmente como Iberê Camargo.

Como muitos artistas célebres, Iberê teve um contato precoce com a arte e, aos 14 anos, iniciou sua formação artística na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, onde teve aulas de pintura com o alemão Frederico Lobe e o italiano Salvador Parlagreco. 

Aos 18 anos, começou a trabalhar como aprendiz no Batalhão Ferroviário, onde subiu para o posto de desenhista técnico, aprendendo geometria e perspectiva. Em 1936, decidiu retomar os estudos, mudando-se para Porto Alegre, onde ingressou no curso técnico de arquitetura do Instituto de Belas Artes, sob a orientação do professor Fahrion. 

A partir de 1940, se dedicou com ainda mais constância às artes, começando a pintar com maior liberdade e espontaneidade. Nessa fase, passou a retratar cenas do cotidiano, como personagens das ruas e paisagens, com gestos fortes e pinceladas marcadas. Em obras como "Dentro do Mato" (1942), ele traçava a natureza com uma espessa camada de tinta, técnica que, na época, não se encaixava no ambiente artístico acadêmico do Rio Grande do Sul.  

 “Dentro do mato” - Iberê Camargo

“Dentro do mato” - Iberê Camargo 

Mas quando ganhou uma bolsa de estudos do governo do estado para estudar no Rio de Janeiro, conseguiu também uma oportunidade para expandir suas possibilidades.  

Por lá, seu círculo de contatos se ampliou consideravelmente ao conhecer artistas como Candido Portinari, Djanira e Milton Dacosta. Simplesmente teve uma orientação de Portinari, e passou a frequentar as aulas de desenho de Alberto da Veiga Guignard e, em 1943, fundou o Grupo Guignard, ao lado de outros artistas.

Em sua nova fase carioca, Iberê continuou a pintar paisagens urbanas, retratando cenas das ruas da cidade, como em Lapa (1947), obra que lhe rendeu o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Belas Artes daquele ano. No ano seguinte, ele partiu para a Europa, onde teve aulas de pintura com o renomado italiano Giorgio de Chirico, em Roma, e com o francês André Lhote, em Paris. 

Iberê retorna para o Brasil e, em 1953, foi contratado como professor no Instituto Municipal de Belas Artes do Rio de Janeiro, atual Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV/Parque Lage), onde criou a cadeira de gravura e iniciou uma importante trajetória nesse campo. Entre seus alunos, destacam-se artistas como Regina Silveira, Eduardo Sued e Carlos Vergara. Em 1954, participou da organização do Salão Preto e Branco, ao lado de Djanira e Milton Dacosta, e, no ano seguinte, foi um dos organizadores do Salão Miniatura, ambos em protesto contra as altas taxas de importação de materiais artísticos.

As fases da arte de Iberê Camargo 

A produção artística de Iberê Camargo, que abrange pintura, gravura e desenho, é essencialmente moderna. A característica central que confere riqueza e profundidade à sua obra é a extraordinária capacidade do artista de se inserir em diferentes tempos e contextos, mantendo sempre uma linguagem inovadora e universal. 

Nos primeiros anos de sua carreira, Iberê apresentou o estilo figurativo, com gravuras de paisagens naturais e cenas do cotidiano, com figuras humanas e uma paleta de cores escuras, como cinza, marrom e preto.  

Iberê Camargo - “Manequins” - Serigrafia

Iberê Camargo - “Manequins” - Serigrafia

Aos poucos, um pequeno objeto de sua infância, o carretel, passa a dominar suas telas: inicialmente, aparecendo em séries de naturezas-mortas, dispostas sobre a mesa e representadas de forma realista. E o carretel se tornou uma imagem recorrente na obra do artista, dando origem à famosa “Série dos Carretéis”

Iberê Camargo - “Carretéis em equilíbrio”

Iberê Camargo - “Carretéis em equilíbrio”

Até que Iberê começa a se afastar da representação literal e adota uma abordagem mais abstrata. As cores se tornam menos realistas e mais subjetivas, e ele passa a trabalhar com formas e gestos que privilegiam a expressão emocional. Nesse período, surge também uma nova característica em sua pintura: a exploração de contrastes fortes. Ele passa a pintar sobre fundos negros, utilizando cores saturadas e intensas, criando uma atmosfera de tensão e dramaticidade. 

Mas as mudanças na sua arte não pararam por aí... 

Figuras solitárias, sombrias e disformes, que habitam fundos indefinidos e atmosféricos passam a tomar conta de pinturas e gravuras de Iberê. As sériesCiclistas” e “As Idiotas” são emblemáticas dessa fase, em que o artista explora a sensação de isolamento e distorção da forma humana.  

Iberê Camargo - “Ciclista” - Gravura

Iberê Camargo - “Ciclista” - Gravura

Iberê começa a produzir uma série de autorretratos que expressam solidão, angústia e medo.

Essas fases da obra de Iberê, mais sombrias e introspectivas, podem ser vistas como uma expressão de sua vivência pessoal, uma reflexão direta sobre a vida e os dilemas existenciais. No próximo capítulo, exploraremos mais detalhadamente como suas experiências se conectam com sua arte e influenciaram sua trajetória criativa.

A vida e a arte de Iberê Camargo não se distanciam 

Em uma noite de dezembro de 1980, no Rio de Janeiro, ocorreu um episódio que abalou profundamente a vida de Iberê Camargo e, consequentemente, sua carreira. Envolvido em uma briga, ele foi acusado de causar a morte de um homem. Ficou preso por um mês, mas foi absolvido por legítima defesa. 

Esse evento teve um impacto direto em sua arte: seus quadros passaram a retratar figuras humanas solitárias, com expressões melancólicas e temas mais sombrios. 

Essas figuras, muitas vezes desprovidas de traços nítidos, carregam uma forte carga emocional, expressando a crescente introspecção de Iberê. 

 Iberê Camargo - “Miséria” - Óleo sobre a tela

Iberê Camargo - “Miséria” - Óleo sobre a tela

Embora o episódio tenha refletido negaticamente e causado sofrimento, não comprometeu a relevância de sua carreira.

A obra de Iberê continuou a ser admirada e a ocupar um lugar fundamental na história da arte no Brasil. Mesmo após sua morte, em 1994, seu legado permanece vivo e é reverenciado mundialmente. Inclusive, em sua homenagem foi criada a "Fundação Iberê Camargo", com a missão de eternizar a sua arte, divulgar seu trabalho e conectar novas gerações com sua obra. 

Se você deseja conferir gravuras e pinturas deste grande artista, clique aqui explore nosso acervo.

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Wed, 20 Nov 2024 21:49:16 +0000
<![CDATA[Gilvan Samico o artista da Xilogravura Brasileira]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/gilvan-samico-o-artista-da-xilogravura-brasileira/ Gilvan Samico

Gilvan Samico

 

Gilvan Samico, pernambucano de Recife, nascido em 1928, é uma das figuras mais importantes e que mais marcaram a arte brasileira, principalmente por suas gravuras, com foco na xilogravura. Por essa técnica, é considerado por muitos historiadores da arte brasileira como o principal nome. Além da técnica, traz a cultura do nordeste e símbolos religiosos para suas obras.

Entendendo um pouco mais sobre sua principal técnica, a xilogravura, podemos entendê-la como uma técnica da gravura pela qual uma imagem é gravada através de uma matriz de madeira, transferindo o que deve ser gravado para o impresso. A xilogravura e Gilvan se encontraram e se complementam, ele soube tirar o melhor da técnica e a técnica não foi a mesma após o seu primeiro trabalho. Foi, principalmente, através dela, que Gilvan Samico trouxe a cultura popular nordestina de forma caricata e até mesmo poética para a história da arte brasileira.

 

Gilvan Samico - “A Fonte” - Xilogravura

Gilvan Samico - “A Fonte” - Xilogravura

 

Os primeiros passos de Gilvan Samico e a carreira na arte

Gilvan Samico começou cedo na arte, como um autodidata e através da pintura. Ainda jovem caminha para a gravura, isso acontece principalmente por seus estudos, primeiro quando cria junto com outros artista o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife e em um segundo momento, através de sua ida a São Paulo, quando, na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna, o MAM, começou a inserir as técnicas de gravura com madeira, com o auxílio de Lívio Abramo.

A partir da inserção desses conhecimentos, Samico passou a utilizar quase que exclusivamente a madeira em suas obras.

Gilvan Samico - “O Urubu de Pedro” - Xilogravura

Gilvan Samico - “O Urubu de Pedro” - Xilogravura

A xilogravura por meio de Gilvan Samico

A xilogravura e a obras de Gilvan Samico como um todo é marcada por um elevado grau de detalhamento e pela precisão das linhas e traços, o que é de extremo valor em suas gravuras. O artista preferia utilizar a madeira pequiá-marfim para seu trabalho, assim como a impressão em papel japonês, para trazer mais leveza às impressões.

Podemos ver o contraponto da utilização da madeira, um material rústico ao nível de detalhamento presente em suas obras e às temáticas do dia a dia nordestino unido a figuras da cultura popular e religiosa.

 

Gilvan Samico - “Paisagem com Pavão” - Xilogravura

Gilvan Samico - “Paisagem com Pavão” - Xilogravura

 

Os Temas nordestinos de Gilvan Samico

Mesmo que os temas nordestinos tomem conta das obras de Gilvan Samico, elas são marcadas por uma grande diversidade, da cultura popular do cordel, personagens fantásticos, animais e até a exploração de questões existenciais, religiosas e seres bíblicos. 

Mais detalhadamente, a literatura do cordel, foi uma grande influência sobre as gravuras de Gilvan Samico. Os versos e as histórias populares podem ser presenciados em suas telas e serviram de base para a criação de muitas de suas xilogravuras. Como falado anteriormente, a religiosidade também foi um tema recorrente em sua obra, com representações de santos, anjos e cenas bíblicas.

Gilvan Samico - “O Triunfo da virtude sobre o Demônio” - Xilogravura

Gilvan Samico - “O Triunfo da virtude sobre o Demônio” - Xilogravura

 

A Influência de Samico para a arte brasileira

O legado e a influência de Gilvan Samico para a sequência da história da arte brasileira é indiscutível. Samico, ao mesmo tempo, valoriza a xilogravura e a cultura popular do nordeste. Além disso, se torna professor e leciona Xilogravura na Universidade Federal da Paraíba, a UFPA.

O pernambucano também integra o Movimento Armorial, que eleva a cultura popular nordestina, principalmente do cordel. Podemos entender que ao retratar e trazer a suas telas a vida e os costumes do povo nordestino, o artista contribuiu de forma única para a preservação da memória e da identidade cultural da região.

Gilvan Samico Renomado Nacional e Internacionalmente

Gilvan Samico foi um mestre da arte e principalmente da xilogravura no Brasil, sua obra foi além e fez com que ele se tornasse um símbolo da cultura popular nordestina. Tecnicamente, sua carreira é irretocável, o que o tornou referência para outros artistas das futuras gerações. Como falamos durante o artigo, os temas pelos quais ele caminhou, como a literatura de cordel, a religiosidade popular e a história do Brasil, criaram um universo estético único, que ainda encanta os admiradores de arte por todo o mundo.

A Galeria Livia Doblas possui em seu acervo, obras incríveis do artista pernambucano, se quiser conferir, clique aqui e não perca nenhum detalhe.

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Tue, 19 Nov 2024 22:51:29 +0000
<![CDATA[Ricardo Homen: A Arte que Desafia Percepções e Fronteiras]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/ricardo-homen-a-arte-que-desafia-percepcoes-e-fronteiras/

Ricardo Homen é um dos artistas mais inovadores da arte contemporânea brasileira, cuja produção une sensibilidade, minimalismo e uma complexa reflexão sobre a condição humana. Com uma carreira sólida e uma pesquisa constante sobre formas e materiais, Ricardo Homen tem se destacado como um dos principais nomes da cena artística nacional, sendo representado pela Galeria Lívia Doblas.

Neste artigo, exploraremos um pouco mais sobre sua trajetória, seu estilo único e o impacto de suas obras, que têm conquistado admiradores e colecionadores de todo o mundo.

Ricardo Homen 7

A Trajetória Artística de Ricardo Homen

Natural de São Paulo, Ricardo Homen iniciou sua trajetória artística com uma abordagem que valoriza a experimentação e a constante busca por novas possibilidades de expressão. Influenciado por diferentes correntes da arte contemporânea, como o minimalismo e o abstracionismo, o artista tem se dedicado a explorar a relação entre o espaço e o espectador, desenvolvendo um trabalho caracterizado pela elegância e pela provocação sutil.

Homen não é apenas um pintor ou escultor, mas um criador que experimenta diferentes materiais e técnicas para explorar as fronteiras entre o tridimensional e o bidimensional, entre a pintura e a escultura. A obra de Ricardo Homen, marcada pela ausência de excessos, propõe uma reflexão sobre o vazio, o espaço e o tempo, criando um diálogo constante entre a arte e o observador.

Ricardo Homen 2

A Estética e os Conceitos de Ricardo Homen

A arte de Ricardo Homen é marcada pela utilização de formas geométricas e minimalistas, que dialogam com o espaço de maneira a desafiar a percepção do espectador. A simplicidade aparente de suas obras esconde uma complexidade profunda, onde cada elemento é cuidadosamente pensado para transmitir uma mensagem de introspecção e contemplação. O uso de cores sóbrias e de formas que se repetem de maneira quase ritmada são características que definem seu estilo único.

Suas obras, muitas vezes compostas de formas geométricas, buscam criar um ambiente que propicie uma experiência sensorial. O espaço vazio entre as formas se torna, em si, um elemento essencial, estimulando o observador a preencher esse vazio com suas próprias interpretações e sensações. Essa proposta reflete o interesse do artista pela ideia de que a arte não deve ser apenas observada, mas vivida e experienciada.

Ricardo Homen 3 (com moldura)

O Impacto de Suas Obras no Contexto Contemporâneo

O trabalho de Ricardo Homen desafia as convenções da arte contemporânea, propondo uma experiência estética que vai além da simples apreciação visual. Suas obras convidam o espectador a refletir sobre o espaço ao seu redor e sobre as relações entre o interior e o exterior. Ele cria obras que atuam como um espelho para o público, permitindo que cada pessoa projete suas próprias emoções e percepções, gerando uma relação única e íntima com a obra.

O caráter minimalista de suas peças, muitas vezes com um foco no vazio, no não-dito, explora a noção de ausência como um espaço criativo. Essa busca pela essência, pelo que está implícito e não visível, reflete as inquietações do próprio artista com relação à vida, ao ser humano e ao cosmos. O trabalho de Ricardo Homen, assim, transcende os limites da pintura e da escultura tradicionais, permitindo que cada obra seja uma reflexão sobre o silêncio, o espaço e o tempo.

Ricardo Homen 5

A Galeria Lívia Doblas e Ricardo Homen

A Galeria Lívia Doblas, reconhecida por seu compromisso com a arte de vanguarda, tem sido um espaço fundamental para a promoção do trabalho de Ricardo Homen. A galeria, que se destaca por seu olhar atento e curadoria de qualidade, tem sido um palco ideal para a exposição de obras que provocam e encantam os espectadores.

Com a colaboração da galeria, Ricardo Homen tem ganhado cada vez mais visibilidade no cenário nacional e internacional, ampliando seu público e promovendo um diálogo constante com o universo artístico contemporâneo. As exposições de Ricardo Homen na Galeria Lívia Doblas oferecem ao público uma oportunidade única de experienciar sua arte de forma intensa e imersiva, revelando as camadas e os significados que permeiam suas obras.

Ricardo Homen é, sem dúvida, um dos nomes mais destacados da arte contemporânea brasileira. Sua obra, marcada pela simplicidade das formas e pela complexidade das ideias que transmite, oferece ao público uma experiência única, onde o vazio e o espaço se tornam pontos centrais de reflexão. Ao ser representado pela Galeria Lívia Doblas, Homen tem a chance de levar sua arte a novos horizontes, promovendo uma experiência sensorial e intelectual para todos os que têm o privilégio de apreciar suas criações.

Se você ainda não conheceu o trabalho de Ricardo Homen, aproveite a oportunidade de visitá-lo na Galeria Lívia Doblas, onde a arte se torna uma experiência envolvente e única.

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Tue, 19 Nov 2024 18:20:27 +0000
<![CDATA[Geraldo de Barros, os móveis e a arte de um dos exploradores e pioneiros da arte brasileira]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/geraldo-de-barros-os-moveis-e-a-arte-de-um-dos-exploradores-e-pioneiros-da-arte-brasileira/ Geraldo de Barros

Geraldo de Barros

 

Geraldo de Barros, nascido em Chavantes, no interior de São Paulo, foi um artista único e de técnicas múltiplas, que marcou a arte brasileira por sua capacidade de explorar de forma característica e pioneira algumas vertentes das artes plásticas. Sua trajetória pode ser entendida como uma forma de experimentar o novo e por buscar aquilo que ainda não tinha sido expressado anteriormente. Isso o tornou um dos grandes e mais importantes nomes da arte concreta do Brasil.

Inquieto e subversivo, Geraldo de Barros deu seus primeiros passos nas artes plásticas através do exemplo e da experimentação, em 1945, quando frequentou ateliês de renomados artistas da época, como Clóvis Graciano, Colette Pujol e Yoshiya Takaoka. Em um primeiro momento, suas obras seguiam tendências figurativas, mas não demorou muito tempo para caminhar à abstração, principalmente pela influência de outros artistas, e também pela teoria da Gestalt.

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Banco em madeira de Geraldo de Barros

Banco em madeira de Geraldo de Barros

 

A fotografia e a gravura de Geraldo de Barros

Pouco tempo depois de iniciar no meio artístico, em 1946, Geraldo de Barros começou a se encantar pela fotografia e pela gravura, como de costume, através de experimentos que o levariam a criar um estilo próprio, caracterizado pela abstração e pelo feeling. Geraldo dava muita importância à naturalidade de suas obras, por se deixar levar pelos sentimentos e pelo pensamento atrativo, entendendo que se sentisse o que queria ilustrar, a capacidade de tornar aquilo palpável se multiplicaria e sairia para o papel, para as telas, ou para além das lentes de sua câmera. Três anos mais tarde, já realizaria a exposição "Fotoformas" no Museu de Arte de São Paulo, o MASP, por lá, apresentou trabalhos que desafiavam os limites entre a caneta, o papel, as telas e as lentes.

 

Serigrafia de Geraldo de Barros

Serigrafia de Geraldo de Barros

 

A arte concreta, a industrialização e os móveis de Geraldo de Barros

Porém, uma de suas maiores marcas no cenário artístico brasileiro vem a partir dos anos 1950, nessa época, Geraldo de Barros torna-se completamente um artista concreto, e como não poderia ser diferente, busca inovar e explorar meios pelos quais ainda não havia passado. Utilizando materiais da indústria, como a madeira e a fórmica, criou obras de grande porte, sem deixar de lado a geometria muito presente em seus trabalhos. A indústria começou a tomar forma para além dos materiais e suas obras começaram partir para a larga escala, e podemos entender que é a partir daí que os móveis começam a ser explorados por Geraldo de Barros.

Além da pintura, da fotografia, e da gravura, tornou-se um grande designer de móveis, sua ideia era levar produtos de qualidade e funcionais para a população, algo não muito comum na época. Ou os produtos levavam qualidade, ou levavam bons preços, os dois ao mesmo tempo, até então, era inviável. Assim como em obras de outras técnicas, seus móveis também traziam e exploravam a geometria, e os materiais usados vão da madeira ao metal, com uma estética única.

Em 1954, Geraldo cria a Unilabor, uma fábrica de móveis que tem como principal mote a democratização de produtos de qualidade. Além do design diferenciado e da usabilidade dos móveis, Geraldo também inova na gestão da empresa, dividindo os lucros com seus funcionários.

 

Cadeiras de Geraldo de Barros

Cadeiras de Geraldo de Barros

 

A Importância e a Influência de Geraldo de Barros para a arte brasileira

Para a arte brasileira, podemos considerar Geraldo de Barros como um pioneiro, que trouxe uma experimentação de diferenciadas técnicas e de materiais que não eram explorados até o momento, tudo isso de forma única. Isso foi primordial para sua importância para a sequência da história da arte brasileira.

A obra de Geraldo de Barros exerceu uma grande influência sobre a arte brasileira. Sua busca pela abstração e pela geometria inspirou diversos artistas, que passaram a explorar novas linguagens visuais. Além disso, sua preocupação com a relação entre arte e indústria contribuiu para o desenvolvimento da arte concreta no Brasil.

 

Conjunto de jantar idealizado por Geraldo de Barros

Conjunto de jantar idealizado por Geraldo de Barros

 

Toda a influência de Geraldo de Barros pode ser entendida através de alguns fatores. Barros trouxe a linguagem concreta ao meio artístico e, com isso, influenciou e instigou outros artistas a criarem novas formas de expressão. Seus trabalhos, através da geometria e da simplicidade da forma, trouxeram o poder de enriquecimento das telas através do pensamento de que o simples também traz valor. Assim como as técnicas, a utilização de materiais como a fórmica e o metal tem o mesmo valor para seu reconhecimento. 

Artistas como Lygia Clark e Tunga tem em Geraldo de Barros uma referência, a maneira como ele produziu móveis também influenciou designers brasileiros e de fora do Brasil, principalmente através da ideia de levar a união de qualidade e estética e tornar tudo isso escalável.

 

Estante da Unilabor, fábrica de móveis de Geraldo de Barros

Estante da Unilabor, fábrica de móveis de Geraldo de Barros

 

Geraldo de Barros foi um artista único, visionário e completo, que deixou um importante e indiscutível legado para a arte brasileira, principalmente por explorar linguagens nunca utilizadas no meio. Versátil e transcendente, será sempre lembrado como um dos nomes mais importantes da arte concreta no país, mesmo transitando e passando por inúmeras vertentes da arte.

A Galeria Livia Doblas possui um acervo completo de obras de arte e uma Geraldo de Barros está disponível, clique aqui para vê-la.

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Mon, 18 Nov 2024 22:47:39 +0000
<![CDATA[Emanoel Araújo: o artista brasileiro que fez história na Arte e na cultura Brasileira ]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/emanoel-araujo-o-artista-brasileiro-que-fez-historia-na-arte-e-na-cultura-brasileira/ Emanoel Araújo - Artista Baiano

Emanoel Araújo - Artista Baiano

Homem negro, nordestino, de uma família de ourives e de origens humildes, Emanoel Araújo decidiu que ia fazer história – e fez. 

Nascido em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, em 1940, Emanoel Araújo se tornou um dos mais importantes artistas do Brasil.  

Quando falamos que ele impactou não só a arte como também a nossa cultura nacional como um todo, é porque ele foi multiartista: escultor, desenhista, gravador, cenógrafo, museólogo, pintor, curador e diretor de arte. Essa versatilidade e toda a sua contribuição o tornou um dos artistas mais completos do cenário brasileiro e internacional. 

Assim, ele criou obras que se destacaram nos principais museus do Brasil e do mundo, tornando-se referência na arte contemporânea brasileira. 

Foram mais de 400 exposições nacionais e internacionais, e ele recebeu diversos prêmios ao longo de sua carreira. Além disso, o artista baiano escreveu vários livros de arte e teve à frente de diversas instituições, como diretor do Museu de Arte da Bahia (MAB), em Salvador, e da Pinacoteca de São Paulo. 

Mas sua maior criação foi o Museu Afro Brasil, em São Paulo, no qual ele assumiu o papel de criador e diretor. Esse é com certeza um dos maiores legados de Emanoel Araújo, com um acervo que celebra a cultura afro-brasileira e sua contribuição para a sociedade.

 

Museu Afro Brasil

Museu Afro Brasil – fundado em 2004, a partir da coleção particular do Diretor Curador Emanoel Araújo

Várias de suas obras, que ressaltam o papel da herança negra na cultura da sociedade, estão expostas no Museu Afro Brasil, consolidando ainda mais a importância de sua trajetória para a arte e cultura brasileira. 

E neste próximo capítulo vamos falar um pouco mais sobre essa contribuição.  

 

A Influência de Emanoel Araújo na arte afro-brasileira: 

Como mencionamos, o Museu Afro Brasil foi fundado por Emanuel Araújo, e esse projeto passou a se chamar ‘Museu Afro Brasil Emanoel Araújo’, como uma homenagem a esse artista baiano tão relevante para a preservação e promoção da arte afro-brasileira. 

Museu Afro Brasil com exposições

Corredor do Museu Afro Brasil com exposições que expressam a cultura afro

A ideia de reunir obras nacionais e internacionais relacionadas ao universo afro-brasileiro foi uma das grandes contribuições de Emanoel Araújo para o cenário cultural do Brasil.  

O artista, com sua visão única e compromisso com a valorização da cultura afro-brasileira, doou um acervo pessoal para iniciar a coleção do museu, ajudando a consolidar esse espaço como um dos mais importantes centros de arte e memória do país. 

Hoje, o museu conta com uma média de 10 mil obras, incluindo gravuras, pinturas e esculturas, que retratam a história e a influência da herança afro-brasileira na sociedade. O acervo do museu é um testemunho da rica contribuição dos povos africanos à cultura brasileira, e também do legado de Emanuel Araújo, oferecendo uma plataforma para o reconhecimento e a celebração dessa história essencial. 

 

A linha do tempo de Emanoel Araújo: de marceneiro a um dos maiores artistas brasileiros: 

A criação já estava no sangue de Emanoel Araújo, que desde muito jovem ajudava a família com trabalhos de marcenaria e linotipia.  

Essas experiências o levaram a trabalhar na Imprensa Oficial da Bahia, onde se dedicou ao trabalho de linotipia e composição gráfica. 

 Em 1959, realizou sua primeira exposição individual em sua terra natal, Santo Amaro da Purificação.

 

Xilogravura da Bahia - Emanoel Araujo

Emanoel ilustrou através da xilogravura a Bahia, sua terra natal, onde também iniciou sua carreira

E um ano depois, Emanoel se mudou para Salvador, onde ingressou na Escola de Belas Artes da Bahia (UFBA), onde aprofundou seus estudos em gravura. Durante esse período, também se aproximou da área da publicidade e começou a trabalhar com a produção de panfletos e cartazes, algo que influenciou suas produções gráficas e visuais mais tarde.  

Em 1966, Emanoel Araújo recebeu sua primeira premiação nacional ao participar da II Exposição Jovem Gravura Nacional, realizada no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, o que marcou um importante reconhecimento de seu talento e abriu portas para sua consolidação no cenário artístico brasileiro. 

Nos anos 1970, Emanoel Araújo começa a se aproximar das vertentes construtivistas, expandindo sua linguagem artística para obras abstratas, tanto em sua gravura quanto em suas esculturas.  

Escultura em acrílico de Emanoel Araújo

Escultura em acrílico de Emanoel Araújo

Nessa época, ele também se envolve profundamente com os movimentos de emancipação da identidade negra, participando de exposições que abordavam a cultura afro-brasileira, como o Festac’77 e o Festival Mundial de Artes e Cultura Negra e Africana. Suas referências começam a se voltar para a cultura africana, e sua obra ganha uma nova dimensão, com o uso de símbolos, cores e formas que refletem a religiosidade afro-brasileira, estabelecendo uma relação intensa entre sua arte e o fortalecimento da identidade negra no Brasil. 

Assim, a trajetória de Emanoel Araújo reflete não apenas sua evolução como artista, mas também o seu papel essencial na construção de um discurso artístico que une a arte contemporânea à história e cultura afro-brasileira. 

Qual era o estilo da arte de Emanoel Araújo? 

O trabalho de Emanoel Araújo explora correntes estéticas como o construtivismo, mas com um enfoque único: ele as adapta para expressar temas profundamente conectados à realidade brasileira. Tanto sua obra artística quanto sua atuação como curador e pesquisador ressaltam a importância da herança africana na formação da cultura nacional. 

A arte de Araújo também aborda questões locais e representa figuras femininas, frequentemente associadas à fecundidade.  

Xilografia de Emanoel Araújo - Figura Feminina

Xilografia de Emanoel Araújo - Figura Feminina

E com o gosto pelas obras abstratas, compostas por formas geométricas combinadas de maneira inovadora, o artista baiano se identifica com as vertentes construtivas, simplificando as formas e reduzindo-as a estruturas primárias. 

Durante essa fase, suas gravuras ganham uma nova dimensão, com segmentos ondulados colados sobre uma base maior, criando cortes, interferências e justaposições no plano. Essa experimentação demonstra seu interesse pelo tridimensional e por pontos de vista alternativos.  

Xilogravura - Gravura em Metal de Emanoel Araujo

Xilogravura - Gravura em Metal de Emanoel Araujo

A arte de Emanoel Araújo tem, sem dúvidas, o poder de ativar a subjetividade de cada contemplador, que é convidado a interpretar e sentir de maneira única a mensagem que o artista transmite. 

Assim, admiramos obras que possuem um forte caráter social e cultural. 

Sua vida e arte são uma verdadeira celebração da arte brasileira e da identidade negra. Por isso, neste mês da Consciência Negra, não poderíamos deixar de destacar essa figura tão valiosa para nossa arte. 

Você já conhecia a história desse artista baiano? Para prestigiar seu trabalho, confira nosso acervo de obras de Emanoel Araújo

E para saber mais sobre a arte e cultura brasileira, continue acompanhando nosso blog. E. para conferir todas as novidades exclusivas, siga as redes sociais

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Thu, 14 Nov 2024 23:08:00 +0000
<![CDATA[Eduardo Sued e suas gravuras cromáticas: a subtração e soma das formas e das cores ]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/eduardo-sued-e-suas-gravuras-cromaticas-a-subtracao-e-soma-das-formas-e-das-cores/ Eduardo Sued

As gravuras de Eduardo Sued são como suas expressões pessoais

Eduardo Sued é um artista brasileiro que decidiu renunciar à representação da realidade. Sua obra não se limita a retratar paisagens ou narrar histórias, mas busca uma experiência plástica que se fundamenta em cores, planos, linhas e formas.

O artista brasileiro estabelece uma nova relação entre cor e espaço, entre subjetividade e imagem, criando uma arte que convida à reflexão e à interpretação. 

Seus trabalhos não são simplesmente para serem observados, mas experimentados. O que cada espectador vê depende diretamente de sua bagagem e do ponto de vista pessoal, sendo esse justamente o objetivo da arte de Sued: estimular uma percepção única e individual. A arte de Sued não se impõe, mas sugere, permitindo que a interpretação seja tão múltipla quanto as experiências de quem a contempla. 

As gravuras de Sued, longe de serem apenas reproduções, mostram que podem ser tão expressivas quanto uma pintura. As cores são elementos que somam e subtraem, exprimindo tudo o que o artista está pensando. Como ele mesmo disse: "Eu não falo falando, falo pintando". Essa frase encapsula a essência de sua arte: uma forma de comunicação que vai além das palavras, mas que transmite ideias e emoções por meio da ação plástica. 

Obra de Eduardo Sued - Gravura em Serigrafia

Obra de Eduardo Sued - Gravura em Serigrafia

Nos trabalhos de Sued, percebe-se a transcendência de uma abordagem pessoal e introspectiva, comum nas obras de importantes pintores modernos brasileiros, como Alfredo Volpi e Milton Dacosta. Sued se distancia das características presentes em muitos artistas de sua geração e adota uma abordagem mais abrangente, incorporando elementos geométricos e abstração para ir além do pessoal e atingir uma expressão mais intensa e inovadora, mas atemporal.

A trajetória de Eduardo Sued: da formação à contribuição na arte brasileira  

O artista carioca iniciou sua trajetória na arte em 1949, quando estudou desenho e pintura com Henrique Boese. Entre 1950 e 1951, trabalhou como desenhista no escritório de Oscar Niemeyer. Em 1951, foi a Paris, onde frequentou as academias La Grande Chaumière e Julian, e teve contato com obras de Picasso, Miró, Matisse e Braque. 

Ao retornar ao Rio de Janeiro em 1953, começou a trabalhar com gravura no ateliê de Iberê Camargo, onde teve seu primeiro contato com as gravuras de metal e se tornou assistente de Camargo.  


Eduardo Sued em uma visita ao Ateliê de Gravura da Fundação Iberê

Eduardo Sued em uma visita ao Ateliê de Gravura da Fundação Iberê

 

Em 1958, mudou-se para São Paulo e passou a lecionar desenho, pintura e gravura na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) até 1963. 

Ao longo de sua carreira, Sued participou de diversas exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Em 1964, publicou o álbum de águas-fortes "25 Gravuras", um marco importante em sua carreira e na história da gravura brasileira. Entre 1974 e 1980, foi professor de gravura em metal no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro. 

Embora tenha passado por uma fase figurativa, Sued se inclinou para a abstração geométrica, explorando influências de Piet Mondrian e da Bauhaus nos anos 1970. 

Em resumo, a arte de Eduardo Sued não apenas influenciou, mas também formou e inspirou, deixando um legado duradouro no ensino e na prática da gravura no Brasil. 

 

A exploração das cores e a ressignificação do preto na arte  

Eduardo Sued, de forma ousada e inovadora, não se limita às restrições cromáticas de mestres como Piet Mondrian, que usava uma paleta restrita, baseada em cores primárias e branco.  

O artista carioca sempre buscou uma exploração mais ampla, utilizando uma paleta vibrante que abrange tons como verde, roxo, rosa, entre outros, criando um campo visual muito mais dinâmico e diverso.  

Gravura em serigrafia de Eduardo Sued

Gravura em serigrafia de Eduardo Sued

 

Mas sua exploração das cores vai além da paleta: o preto, em sua obra, deixa de ser apenas um elemento de fundo ou limitação. Ele se transforma em um recurso crucial, usado não só para contornar formas, mas para dar volume e profundidade à composição. 

Quando você pensa na cor preta, você associa à sombra e à escuridão, uma uma cor "negativa"?! Historicamente, ela foi representada assim na arte. No entanto, a partir do século XIX, começou a ser vista de forma diferente, passando a ser considerada como uma cor autônoma, com potencial para criar luminosidade e não apenas escurecer a tela.  

Sued ressignifica o preto, tornando-o uma cor com identidade própria. Para ele, essa cor é trabalhada e há um entendimento complexo: ao misturar o preto com outros tons, como o azul, ele cria um preto mais profundo, mais intenso, que carrega consigo um novo significado. 

Eduardo Sued em uma exposição com gravuras em diferentes tons de preto

Eduardo Sued em uma exposição com gravuras em diferentes tons de preto

Para Sued, a experiência com a cor envolve uma dimensão de profundidade emocional e estética. O preto, para ele, não é apenas a ausência de cor, mas uma cor em si, vibrante e cheia de possibilidades expressivas. É uma tonalidade rica, capaz de evocar intensidade e complexidade, trazendo à obra uma carga de significado que vai além do que é visível e da superfície. 

 Gravura de Eduardo Sued em que as cores criam profundidade e movimento

Gravura de Eduardo Sued em que as cores criam profundidade e movimento

Assim, Sued nunca se limitou a aplicar cores, ele as transformou, conferindo a elas uma nova dimensão e profundidade em sua arte. 

 

O legado de vida e arte de Eduardo Sued 

Eduardo Sued enfrentou os inúmeros desafios de criar arte no Brasil em uma época de grandes dificuldades para os artistas. Quando iniciou sua carreira, as primeiras exposições aconteciam em livrarias, pois não havia galerias de arte no país, e, na verdade, tinham poucos pintores. 

No entanto, sua persistência e inovação levaram-no a um caminho único, rompendo barreiras e transformando a arte brasileira. 

Hoje, aos 99 anos, Eduardo Sued continua a afirmar que precisa estar em seu ateliê, imerso em sua arte, pois para ele, o ateliê é mais do que um espaço de trabalho: é um verdadeiro santuário. Lá, ele se sente em paz e, para Sued, a criação artística é uma necessidade vital, quase como respirar. Sua arte não é apenas uma atividade, mas uma forma de manter seu bem-estar.  

A arte de Sued segue forte, relevante e inovadora, sendo uma das mais procuradas por colecionadores. Sua obra continua a inspirar, sendo uma das mais significativas do cenário artístico brasileiro e ele é um ícone cuja influência ultrapassa gerações. 

Agora que você conhece mais sobre sua história e obra, aproveite para conferir o nosso acervo de Eduardo Sued.

E para acompanhar as novidades e ficar por dentro de tudo sobre a arte, não deixe de nos seguir nas redes sociais e continuar acompanhando nosso blog

 

 

 

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Wed, 13 Nov 2024 22:25:20 +0000
<![CDATA[Cildo Meireles e a Arte Conceitual Brasileira]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/cildo-meireles-e-a-arte-conceitual-brasileira/ Cildo Meireles

Cildo Meireles

Cildo Meireles é um dos mais importantes e renomados artistas brasileiros contemporâneos, ele é conhecido, principalmente, por suas obras que desafiam as convenções da arte tradicional, provocando e trazendo reflexões sobre o meio, sobre a sociedade e sobre o que se vivia, principalmente durante o período da ditadura militar. 

Nascido no Rio de Janeiro em 1948, Cildo Meireles se desenvolveu na arte e trouxe ao meio um estilo único, se tornou artista conceitual e ficou marcado pela utilização de objetos do cotidiano, causando um circuito, realizando intervenções nesses objetos, e trazendo-os de volta ao meio, com novas mensagens. Suas obras, também são caracterizadas pela inserção do espectador, tornando-o parte dela e o instigando à interação e à experiência artística.

Seus trabalhos, especialmente aqueles produzidos durante a ditadura militar, foram marcados por uma forte crítica social e política, utilizando a arte como ferramenta para denunciar a injustiça, a desigualdade e a opressão que era vivida naquele recorte da história do Brasil.

Meireles abriu caminho para novas possibilidades de expressão artística, explorou a globalização e trouxe uma reflexão cultural, questionando o que era entendido como cultura, e o que aquela cultura trazia ou não de bom à sociedade. Além disso, também foi capaz de, com seus trabalhos, questionar a relação do ser humano e da sociedade como um todo com os bens materiais.

“Quem Matou Herzog?” - Cildo Meireles

“Quem Matou Herzog?” - Cildo Meireles

 

Cildo Meireles e as garrafas de Coca-Cola

Alguns de seus trabalhos com objetos do cotidiano mais marcantes são com a utilização de garrafas de Coca-Cola. Nas séries, além de trazer o cotidiano e a reflexão ao meio artístico, questiona o poder das grandes corporações. Nas obras, ele começa a trazer mensagens ocultas, com a finalidade de escondê-las da censura militar. Em um desses trabalhos, inseriu uma receita de “Coquetel Molotov” no vidro da garrafa.

Em outra obra marcante, inseriu a pergunta “Quem matou Herzog?”, artista perseguido pela ditadura militar, em cédulas vigentes, e as colocou em circulação novamente.

Em resumo, a maior marca dessas obras de Cildo Meireles é o apoio ao pensamento reflexivo, ao questionamento interno e externo e ao sentimento. Cildo Meireles nomeia esse estilo de obra como Inserções em Circuitos Ideológicos

Cildo Meireles - Projeto Coca-Cola

Cildo Meireles - Projeto Coca-Cola

 

A Formação e os Primeiros Trabalhos de Cildo Meireles

Cildo Meireles teve seus primeiros contatos com o aprendizado artístico na Fundação Cultural do Distrito Federal, em Brasília, onde teve contato com a arte moderna e contemporânea. Influenciado pelas propostas da arte conceitual, instalações e performances, o artista desenvolveu um trabalho que dialoga tanto com as questões poéticas e sociais específicas do Brasil, quanto com os problemas gerais da estética e do objeto artístico.

Seus primeiros trabalhos foram marcados por uma forte influência da arte concreta, com uma busca pela pureza formal e pela geometrização das formas. No entanto, rapidamente o artista se voltou para uma linguagem mais aberta e experimental, explorando diferentes materiais e técnicas.

O Estilo Único e a gravura de Cildo Meireles

O estilo de Cildo Meireles é caracterizado por uma grande diversidade de materiais e, consequentemente, de técnicas, que vão desde a escultura e a instalação até a fotografia. Como dito anteriormente, a principal marca de seus trabalhos são por a forte carga política e de crítica social.

Cildo Meireles se diferencia dos demais artistas de sua geração por sua capacidade de criar obras que transcendem as fronteiras da arte e se conectam com a vida cotidiana, questionando as estruturas de poder. 

A gravura também ocupa um lugar importante na obra de Cildo Meireles. O artista utiliza a técnica tanto para a facilitação de outras obras, como para a inserção da frase “Quem matou Herzog?” nas cédulas de 1 cruzeiro, tanto para criação de telas, permitindo que suas ideias alcancem um público mais amplo. Suas gravuras não fogem do restante de seus trabalhos, elas também instigam o pensamento e através delas, Meireles explora temas como a memória, a história e o meio cultural, utilizando uma linguagem visual rica em simbologia e referências.

 

Serigrafia de Cildo Meireles

Serigrafia de Cildo Meireles

 

A Importância e a influência de Cildo Meireles para a Arte Brasileira

Cildo Meireles é considerado um dos artistas brasileiros mais importantes da sua geração. Suas obras são exibidas em importantes museus e bienais do mundo todo, e ele é reconhecido como um dos principais expoentes da arte conceitual brasileira. A obra de Meireles é uma referência para as novas gerações de artistas, que encontram em seu trabalho uma fonte de inspiração e um exemplo de como a arte pode ser utilizada como uma ferramenta de transformação social.

A obra de Cildo Meireles exerce uma influência profunda e duradoura sobre a história da arte brasileira e para as seguintes gerações de artistas. Meireles mostrou que a arte pode ir além dos museus e das galerias, ocupando espaços públicos e caminhando para o dia a dia da população. Essa abordagem trouxe novos olhares à arte e encorajou artistas mais jovens a manter essa relação nem um pouco amistosa entre a arte e os limites tradicionalmente vistos.

As instalações imersivas e as obras interativas de Meireles também incentivaram uma nova geração de artistas a criar experiências artísticas que envolvem o espectador de forma mais ativa, convidando-o a participar da criação e da vida da obra.

 

Obra interativa e sensorial de Cildo Meireles

Obra interativa e sensorial de Cildo Meireles

 

A Arte Conceitual de Meireles para a Arte Brasileira

A arte conceitual, da qual Cildo Meireles é um dos principais expoentes, desempenhou um papel fundamental na transformação da arte brasileira. Ela desafiou os valores estéticos tradicionais, colocando em primeiro plano a ideia por trás da obra de arte. Essa nova abordagem abriu caminho para uma arte mais livre, experimental e crítica.

Ao mesmo tempo, Cildo Meireles ganhou reconhecimento internacional e contribuiu para a visibilidade da arte brasileira no cenário global. É reconhecido por sua qualidade artística e por sua relevância histórica, se tornando cobiçado por colecionadores e instituições.

Seus trabalhos são reconhecidos por sua originalidade e capacidade de desafiar as convenções, eles estão intrinsecamente ligados a momentos importantes da história brasileira, o que aumenta seu valor histórico e cultural para o mundo artístico, além disso, Cildo foi capaz de gerar um grande interesse e demanda por suas obras.

Obra de Cildo Meireles que reflete sobre o espaço da vida humana

Obra de Cildo Meireles que reflete sobre o espaço da vida humana

Cildo Meireles é um artista completo, que domina diversas técnicas e linguagens artísticas. Sua obra é marcada por uma grande diversidade temática e formal, e por uma profunda preocupação com as questões sociais e políticas. Através de suas obras, Meireles nos convida a refletir sobre o mundo em que vivemos e a questionar as nossas próprias crenças e valores.

Se interessou pela história e pelos trabalhos do contemporâneo artista brasileiro Cildo Meireles? Então confira uma das obras do artista que está disponível na Galeria Livia Doblas.

Cildo Meireles é um dos artistas brasileiros mais importantes da sua geração, cuja obra continua a inspirar e a desafiar artistas e espectadores em todo o mundo. Sua influência na arte brasileira e sua relevância no mercado de arte são a tradução do seu talento e da importância de sua contribuição para a arte.

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Tue, 12 Nov 2024 22:24:23 +0000
<![CDATA[Marcelo Solá: A Jornada do Artista que Transforma o Mundo em Arte]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/marcelo-sola-a-jornada-do-artista-que-transforma-o-mundo-em-arte/

A Galeria de Arte Lívia Doblas tem o privilégio de apresentar o trabalho de Marcelo Solá, um dos artistas mais provocadores e inovadores da cena contemporânea. Nascido em 1982, em São Paulo, Marcelo Solá desenvolveu uma carreira sólida e distinta que se destaca por sua abordagem única no desenho e na arte abstrata. Sua obra, marcada por traços espontâneos e uma profunda conexão com o emocional e o sensorial, transita por um universo de descobertas e experimentações visuais que vão além da estética, buscando, antes de tudo, despertar uma reflexão genuína no espectador.

A Trajetória de Marcelo Solá: De São Paulo ao Mundo da Arte Contemporânea

Marcelo Solá começou sua jornada artística de maneira autodidata, sendo, desde cedo, envolvido pelo universo do desenho e da arte visual. Crescendo em São Paulo, um dos maiores centros culturais do Brasil, Solá teve contato com diferentes formas de expressão artística, mas foi no campo do desenho que encontrou sua verdadeira paixão. Sua educação formal foi marcada por uma curiosidade insaciável e pela busca por novos meios de se expressar, o que o levou a explorar a arte de forma independente, experimentando técnicas, materiais e estilos até encontrar a sua linguagem única.

Nos primeiros anos de sua carreira, Solá dedicou-se a aprimorar seu domínio do desenho, absorvendo influências do modernismo e das vanguardas do século XX, mas com uma abordagem pessoal que se distanciava das convenções. Ele não se limitou a reproduzir a realidade de maneira fiel, mas buscou a abstração, transformando o desenho em uma ferramenta para explorar a subjetividade e a sensibilidade do espectador. Seus primeiros trabalhos eram mais intimistas, focando em figuras e formas que evocavam um mundo interno cheio de contrastes e tensões. Ao longo dos anos, suas obras foram se tornando mais fluidas, com uma intensidade crescente que refletia a evolução de sua prática artística.

A marca registrada de Solá é a forma como ele explora a linha como elemento central em suas composições. Para ele, o desenho não é apenas uma representação do real, mas uma linguagem capaz de comunicar os sentimentos e as complexidades da experiência humana. Em vez de se apegar a uma visão rígida e definida da realidade, Solá dá liberdade ao traço, permitindo que ele se desenvolva de forma orgânica, muitas vezes em uma relação de fluxo entre o consciente e o inconsciente. Essa fluidez é uma das características mais fascinantes de sua obra, pois o desenho parece ter vida própria, criando uma conexão direta com a emoção e a percepção do espectador.

A Arte de Marcelo Solá: Intuição, Abstração e Emoção

O estilo de Marcelo Solá pode ser descrito como uma síntese entre o abstrato e o figurativo, onde as formas ganham vida e se desprendem da realidade concreta para criar uma nova dimensão de sentido. Em suas obras, as linhas não são apenas traços; elas têm uma qualidade que remete à própria natureza do movimento, ao fluxo da vida, aos pensamentos e às emoções que se manifestam de maneira livre e imprevisível.

A abstração é um elemento fundamental na obra de Solá, mas ela não se dá de forma arbitrária. Cada linha, cada forma, cada espaço vazio dentro de suas composições tem um propósito claro: criar uma narrativa visual que dialogue com o observador. A tensão entre o caos e a ordem, o preenchido e o vazio, o claro e o escuro, é um jogo constante nas obras de Solá. Ele utiliza o espaço de maneira inteligente, sabendo que a ausência de elementos é tão significativa quanto a presença deles. Esse jogo entre presença e ausência faz com que suas obras adquiram uma força única, capaz de captar a atenção e provocar reflexões profundas.

Um dos aspectos mais fascinantes do trabalho de Solá é a maneira como ele emprega a cor e a linha para expressar uma realidade emocional e sensorial. Enquanto a maioria dos artistas se dedica a transmitir uma ideia clara através da cor, Solá utiliza a cor de forma mais intuitiva, muitas vezes aplicando-a de maneira espontânea e não necessariamente realista. Esse uso de cores vibrantes e contrastantes é um reflexo de sua busca por intensificar a experiência emocional que a obra proporciona, criando um ambiente visual que estimula o espectador a se conectar com o lado mais sensível e visceral de sua percepção.

As obras de Marcelo Solá não buscam uma explicação imediata ou uma leitura fácil. Elas são construídas para desafiar a visão tradicional da arte e do desenho, convidando o público a entrar em um espaço de questionamento e introspecção. Para o artista, a obra de arte não é um objeto estático, mas sim um ponto de partida para uma jornada de descoberta, tanto para ele quanto para o espectador. Ao criar suas peças, Solá não se preocupa com a necessidade de responder a perguntas já estabelecidas. Ele prefere permitir que o desenho se desenvolva de maneira livre, permitindo que ele evoque diferentes respostas e interpretações de quem o observa.

Marcelo Solá na Galeria de Arte Lívia Doblas: Uma Experiência Sensorial

A Galeria de Arte Lívia Doblas, com sua proposta de promover a arte contemporânea e abrir espaço para novos talentos, tem o prazer de receber o trabalho de Marcelo Solá em que promete ser uma verdadeira imersão no universo do desenho e da abstração. Ao adentrar a galeria, o público é imediatamente convidado a entrar em um espaço onde o tempo parece desacelerar, onde a arte se torna uma experiência sensorial e emocional.

Cada obra de Marcelo Solá na galeria traz consigo a energia e a vitalidade que são características da sua produção. Não se trata apenas de observar imagens; trata-se de vivenciar as linhas, as cores, as formas, os vazios e os preenchimentos. A ideia é que você se conecte com a própria sensibilidade, permitindo que as obras despertem sensações que vão além do racional. A fluidez das linhas, as cores que se misturam e os espaços que se criam entre os elementos da composição fazem com que cada obra se revele de maneira única a cada olhar.

Marcelo Solá e o Desafio de Ver o Mundo de Outra Forma

A arte de Marcelo Solá é um convite para enxergar o mundo de uma maneira diferente. Ele não nos oferece respostas prontas, mas nos leva a questionar, sentir e refletir. Suas obras são um convite à experiência sensorial e emocional, uma oportunidade de nos conectar com o lado mais profundo e instintivo de nossa percepção. O trabalho de Solá é um reflexo de sua jornada pessoal e de sua busca constante pela liberdade criativa.

Na Galeria de Arte Lívia Doblas, o público tem a chance de vivenciar essa arte de perto, de se perder nas linhas e formas que ganham vida diante dos olhos. Ao conhecer as obras de Marcelo Solá, você não está apenas vendo arte, está entrando em um universo onde a sensibilidade e a criatividade se encontram e se tornam parte de sua própria experiência.

Seja parte dessa jornada artística única e não perca a chance de conhecer o trabalho de Marcelo Solá. A Galeria de Arte Lívia Doblas está pronta para recebê-lo e convidá-lo a experimentar a arte de uma maneira inovadora e inesquecível.

Gostou? Então venha conhecer as obras de Marcelo Solá que estão no nosso acervo.

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Tue, 12 Nov 2024 17:24:09 +0000
<![CDATA[Carlos Cruz-Díez e sua arte que transcende a percepção visual ]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/carlos-cruz-diez-e-sua-arte-que-transcende-a-percepcao-visual/ Carlos Cruz-Díez um dos maiores inspiradores da Op Art e arte Cinética

Carlos Cruz-Díez um dos maiores inspiradores da Op Art e arte Cinética

Carlos Cruz-Díez, “O Mestre da Cor Venezuelano” é amplamente reconhecido como uma das figuras mais influentes da arte cinética e da Op Art. E não à toa, já que sua obra vai além da simples exploração da cor, ela desafia e redefine os limites tradicionais da percepção visual. 

Sua habilidade única de manipular a cor e a luz não apenas marcou sua carreira, mas também promoveu uma transformação na maneira como compreendemos a cor dentro do contexto artístico. 

Por isso, as obras de Cruz-Díez não se limitaram à representação estática, pois o que era obrigatório em todas elas era proporcionar a experiência e diversas possibilidades de interpretação. Elas interagem com o espectador, mudando conforme o movimento e a intensidade da luz, criando uma experiência visual dinâmica e em constante transformação. 

Carlos Cruz-Díez: O “Mestre da Cor” que se encontrou nas gravuras

Embora tenha começado sua trajetória artística com a pintura, foi na gravura que ele encontrou o meio ideal para expressar sua visão única. "Me custou muitos anos para estruturar essas informações, o que me permitiu conhecer outras possibilidades do mundo cromático. Uma das mais importantes, consegui no mundo da gravura, da multiplicação de imagens", revelou o artista. 

Assim, entre gravuras e gravuras, ele criou uma forma valiosa de admiração da arte, com uma nova forma de diálogo entre a arte e a percepção do espectador. 

Cor é ciência: as gravuras de Carlos Cruz-Díez são eventos cromáticos

Carlos Cruz-Díez entende a cor como algo subjetivo e evolutivo, em que a interação dos nossos sentidos revela eventos cromáticos que se desenvolvem ao longo do tempo.  

 Assim, as cores nas obras de Cruz-Díez incentivam uma forma distinta de conhecimento, onde o espectador pode explorar sua capacidade de criar e destruir cores através de seus próprios meios perceptivos, ao mesmo tempo em que experimenta uma ressonância emocional baseada em sua experiência pessoal. 

Gravura em serigrafia de Carlos Cruz-Díez

Serigrafia de Carlos Cruz-Díez

Talvez você já tenha se deparado com algo assim, nas redes sociais, por exemplo: você vê uma imagem e você vê determinadas cores, e quando mostra para outra pessoa, ela enxerga uma cor diferente. Ou em outro momento, você mesmo olha para a mesma imagem e vê uma cor completamente nova. 

Mas essa experiência não depende só de cores, também de luz, movimento das imagens e texturas. Díez descobriu isso por meio de seus próprios olhos, que sempre exploravam as artes e as possíveis ferramentas para criá-las. 

Você conhece os “moduladores de cores?” O Mestre da Cor Venezuelano as utiliza, e tudo começou quando, em um momento de observação, ele percebeu o reflexo de uma cor sobre o papel branco. 

A partir desse insight, Cruz-Díez passou a integrar em suas gravuras uma estrutura em relevo, posicionada verticalmente à tela, composta por moduladores de cor. Esses elementos alteram a percepção cromática do espectador, dependendo do movimento e da intensidade da luz do ambiente. Ao combinar esse fenômeno com os eventos cromáticos, a gravura de Cruz-Díez cria uma experiência visual que se aproxima da forma como as cores se transformam naturalmente.  

E você sabia que a maneira como Carlos Cruz-Díez aplica e manipula as cores em suas obras é estudada e estratégica? Vamos explicar como se estrutura o seu trabalho

A arte de Carlos Cruz-Diez: mais do que uma exploração de cores, uma linha de pesquisa visual

O trabalho do artista é baseado em três condições fundamentais da cor: subtrativa, aditiva e reflexiva. Para aplicá-las e explorá-las, ele desenvolveu oito linhas de pesquisa, que incluem Couleur Additive, Physichromie, Induction Chromatique, Chromointerférence, Transchromie, Chromosaturation, Chromoscope e Couleur à l'Espace. Cada uma trata de um comportamento específico da cor e ajuda a aprofundar o entendimento de como podem se comportar de maneiras surpreendentes. 

Exposição de Carlos Cruz-Díez

Exposição de Carlos Cruz-Díez 

Além disso, não podemos deixar de mencionar a importância do fenômeno da persistência retiniana no trabalho do artista Venezuelano. Esse fenômeno acontece quando você olha fixamente para uma cor e, ao desviar o olhar para uma superfície branca, vê a cor complementar da cor observada. Cruz-Díez usou esse princípio a seu favor para criar uma técnica que induz o espectador a ver cores que não estão fisicamente no quadro. 

Enquanto na física tradicional esse fenômeno ocorre em duas etapas, Cruz-Díez foi capaz de reduzi-lo a uma única etapa. Ele faz isso ao sobrepor cores como preto, azul e branco, criando uma impressão de amarelo virtual na retina do espectador, uma cor que não existe de fato na obra. É como se a cor estivesse surgindo diretamente da nossa percepção, e não da gravura em si. 

Gravura de Carlos Cruz-Díez

Gravura de Carlos Cruz-Díez

Por isso, “experiência” nas gravuras e na arte de Cruz-Díez abarca os dois significados da palavra: é uma experiência dele, como artista, que testa e aplica cores, luzes e texturas e também uma experiência do espectador, que contempla sua obra e nunca a verá da mesma forma. Como ele mesmo disse: “Existe um mundo infinito de transformações na menor mudança de luz. Quero fazer obras que mudam conforme a natureza muda. Mais do que uma composição ou uma forma, uma obra moderna, para mim, é acima de tudo uma metamorfose.” 

Gravura em serigrafia com movimento e cor

Carlos Cruz-Díez - Gravura em serigrafia com movimento e cor

Então, podemos entender que a arte de Carlos Cruz-Díez é aquela que exige uma interpretação de cada detalhe, e que nos pede, mesmo que por breves momentos, um desligamento para realmente captar sua mágica. 

Uma coisa é certa: suas gravuras nunca envelhecem nem perdem o sentido. Elas estão sempre surpreendendo, conectando e despertando novas emoções. 

E se você deseja levar essa experiência para contemplar na sua casa, confira o nosso acervo de gravuras do artista venezuelano.

E para saber mais curiosidades de Carlos Cruz-Díez e também de outros artistas, continue acompanhando nosso blog e nossas redes sociais

 

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Mon, 11 Nov 2024 22:45:54 +0000
<![CDATA[Hércules Barsotti: Um Mestre da Gravura na Arte Brasileira]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/hercules-barsotti-um-mestre-da-gravura-na-arte-brasileira/ Hércules Barsotti em seu Ateliê​​

Hércules Barsotti em seu Ateliê

Hércules Barsotti, figura fundamental para a História da arte brasileira, foi um artista de vasto repertório que deixou sua marca em diversas linguagens artísticas. Pintor, desenhista, e gravador, Barsotti explorou vertentes da abstração e da geometria em suas obras e foi um artista construtivo por essência. Através desse artigo, você poderá saber, além de um pouco de sua trajetória nas artes plásticas, mais detalhes de suas produções como gravador, entendendo as técnicas e os resultados de suas gravuras, que se destacaram de forma única, pela precisão técnica, linearidade e pela marca única.

Os primeiros passos de Hércules Barsotti na arte

Paulistano de 1914, Hércules Barsotti ainda jovem teve suas primeiras aulas de arte, seu primeiro professor foi o também artista Enrico Vio que introduziu conceitos de desenho e composição. Por curiosidade, ao final da década de 30, se formou em Química Industrial na Faculdade Mackenzie, de São Paulo, porém, o seguimento na profissão não aconteceu. Poucos anos depois decide se dedicar inteiramente ao meio artístico, que para ele se deu como “um trabalho como qualquer outro”. 

Seus primeiros trabalhos revelam influência surrealista, com naturezas mortas e paisagens, mas em pouco tempo faz uma transição para uma linguagem cada vez mais abstrata e geométrica, aproximando-se do movimento concretista e seguindo essa vertente até o final de sua carreira.

A gravura passou a ser explorada por Barsotti a partir da década de 1950, através da técnica, ele pode ter mais capacidade de multiplicação de seus trabalhos.

 

Hércules Barsotti - CB - Serigrafia

Hércules Barsotti - CB - Serigrafia

 

As Gravuras de Hércules Barsotti: uma linguagem única

Para Barsotti, a gravura era muito mais do que apenas uma técnica de reprodução. Era um meio de expressão que lhe permitia explorar as relações entre forma e espaço, luz e sombra, e as possibilidades da cor. O artista trabalhou com inúmeras vertentes da gravura, como a xilogravura, a gravura em metal e, principalmente, a serigrafia, buscando sempre novas formas de ampliar as possibilidades de se expressar através da técnica.

Para Barsotti, em suas gravuras, assim como na maior parte de seus trabalhos, a utilização da geometria foi um elemento fundamental. Linhas, formas simples e formas complexas se entrelaçam, criando composições equilibradas e que possuíam harmonia entre si. A cor, grande parte das vezes aplicada de forma plana e uniforme, servia como algo que dava ainda mais sensação de ordem e da racionalidade que ele empregava em seus trabalhos. 

 

Hércules Barsotti - VL - Serigrafia

Hércules Barsotti - VL - Serigrafia

Porém havia algo que contrabalançou seus trabalhos: sua sensibilidade, tanto no momento da escolha dos materiais, quanto através de seus traços e, principalmente, na escolha das cores.

A escolha e utilização das cores para a obra de Hércules Barsotti representou muito para sua carreira. Inicialmente, Barsotti era focado na pureza da forma e da linha, com a utilização apenas do branco e do preto. A falta de cor, principalmente em épocas mais antigas, se dava também pela otimização do tempo, já que as tintas a óleo coloridas levavam um longo período até a secagem.

 

Hércules Barsotti - PB2 - Serigrafia

Hércules Barsotti - PB2 - Serigrafia

 

Com o passar do tempo, do surgimento de materiais de manipulação mais fácil e secagem mais rápida, e, claro, também através das técnicas da gravura, o artista passou a explorar as infinitas possibilidades cromáticas, utilizando a serigrafia como principal técnica. 

A cor, em suas gravuras, não é apenas um elemento decorativo, mas sim um elemento construtivo que define formas, cria volumes e define espaços. A paleta de cores vibrantes e que se contrastam, criando sentido através das formas presentes em suas telas, associada à precisão das figuras geométricas características de suas obras, confere às suas gravuras uma energia e uma vitalidade únicas, convidando o espectador a uma imersão completa.

A obra de Barsotti como gravador é marcada pela navegação nos mais amplos moldes dos temas mais abstratos, como um bom concretista. 

Hércules Barsotti - B2 - Serigrafia

Hércules Barsotti - B2 - Serigrafia

Como Barsotti trabalhou com a Serigrafia

A serigrafia foi uma técnica fundamental para a produção das gravuras de Hércules Barsotti. A possibilidade de obter tiragens maiores e a precisão nas linhas permitiram ao artista explorar possibilidades da cor e da composição.

A sobreposição de cores, característica marcante de suas serigrafias, o permitiu criar efeitos de profundidade e nuances cromáticas e visuais, ampliando as possibilidades trazidas para as telas. A serigrafia também permitiu a Barsotti produzir obras em grande escala, aproximando a arte concreta de um público mais amplo.

Hércules Barsotti - B1 - Serigrafia

Hércules Barsotti - B1 - Serigrafia

 

Além disso, a cor não era apenas um elemento decorativo, mas sim um elemento construtivo que definia formas e espaços. As cores vibrantes e contrastantes, associadas às formas geométricas, tornaram as suas serigrafias um trabalho único por essência, e que convidava o espectador a uma imersão completa na obra.

A obra de Hércules Barsotti como gravador é um convite à reflexão sobre as formas e sobre a maneira de criar. Através de suas gravuras, o artista foi capaz de elevar a arte concreta no Brasil, e nos instigou a entender a construção de um pensamento através da geometria, a complexidade de um trabalho que é abstrato ao mesmo tempo em que é racional e que é idealizado com um objetivo.

Hércules Barsotti - XX - Serigrafia

Hércules Barsotti - XX - Serigrafia

Suas obras, marcadas pela rigorosa e constante busca por novas formas de expressão, influenciaram gerações de artistas. As gravuras de Barsotti são um testemunho da importância da arte concreta no Brasil e de sua capacidade de dialogar com as mais diversas linguagens artísticas.

Se você se interessou pelo trabalho e pelas gravuras de Hércules Barsotti, clique aqui e confira todos os trabalhos do artista que temos em nosso acervo.

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Thu, 07 Nov 2024 23:01:44 +0000
<![CDATA[Julio Le Parc: as gravuras e sua arte inconfundível ]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/julio-le-parc-as-gravuras-e-sua-arte-inconfundivel/ Julio Le Parc - Artista Argentino

Julio Le Parc - Artista Argentino

Quando falamos de Julio Le Parc, podemos resumir sua arte em duas palavras: prazer estético. Suas gravuras, assim como a integridade de suas obras são meticulosamente organizadas, profundas, coloridas e hipnotizantes, repletas de efeitos visuais impressionantes. 

As criações de Le Parc parecem estar em constante movimento, transmitindo a sensação de que estão vivas. 

E como ele consegue? Explorando as mais diversas formas de percepção e utilizando o movimento e a luz de maneira inovadora. Mas tudo isso só é possível porque o artista sempre se recusou a se limitar. 

Embora suas obras sejam diversas e variáveis em técnica e forma, há algo inconfundível em todas elas: quem as observa certamente reconhece seu estilo único e inconfundível.  

A arte de Julio Le Parc nunca deixa dúvida de quem a criou, pois, seu estilo é tão característico que, independentemente de como aplicar, a sua assinatura está sempre presente. 

O que encontramos nas contagiantes gravuras de Julio Le Parc?  

O tradicional nunca foi a sua “praia”, tudo está muito além de tinta e papel.   

Sua criatividade e expressão o levaram a experimentar diversas técnicas e materiais, criando efeitos surpreendentes e texturas únicas.  

Um de seus métodos é a forma como manipula a construção das camadas, criando uma profundidade visual que adiciona complexidade e dinamismo.  

Gravura - Julio Le Parc 12 - Serigrafia

Gravura - Julio Le Parc 12 - Serigrafia

Os efeitos criados exigem uma exploração contínua, mas para o artista argentino, essa é uma tarefa natural. Diversificar e explorar novas possibilidades faz parte do seu processo criativo.  

Uma técnica marcante de seu trabalho é a maneira como a luz é utilizada para criar as famosas ilusões de movimento. A luz, combinada com os elementos visuais, faz com que suas gravuras parecem ganhar vida diante dos olhos do espectador, mudando de forma conforme o ângulo e a iluminação com que são vistas.  

Portanto, a ilusão do movimento não é apenas um aspecto, mas uma parte essencial da experiência proposta.  

Os padrões geométricos repetitivos, linhas e formas também são empregados nas artes de Le Parc, e eles provocam o cérebro humano a perceber o movimento, mesmo quando a obra está estática.

Suite 2 - Julio Le Parc - Serigrafia

Suite 2 - Julio Le Parc - Serigrafia

Esses nem exigem do espectador que o espectador se mova para sentir os efeitos, basta focar o olhar em um ponto específico ou até mesmo na tela inteira, e as ilusões se manifestam instantaneamente.   

 Dessa forma, Le Parc captura a atenção de quem observa, deixando-o obcecado, intrigado e, acima de tudo, cativado pela experiência que ele proporciona com suas peças.

O Legado das gravuras e arte de Julio Le Parc 

As gravuras de Julio Le Parc são convites para uma experiência imersiva. Inovadoras não apenas em suas características visuais, mas também pela maneira única com que convidam o espectador a se engajar ativamente.  

Estimulam a interação, o questionamento e a sensação, desafiando os limites da observação passiva. E isso é inovação.  

Julio Le Parc - Suite 4 - Serigrafia

Julio Le Parc - Suite 4 - Serigrafia

No entanto, a arte de Le Parc só é um legado graças a visão única de seu criador, que é o verdadeiro inovador por trás de tudo. Sua percepção do mundo e a maneira como a transmite são essenciais para a força transformadora de sua arte. 

Ao falarmos do artista argentino, que hoje está com 96 anos, não estamos apenas discutindo o estilo do seu trabalho, estamos celebrando o seu papel. Sua contribuição para diversos movimentos foi imensa e continua a ecoar.  

O legado da sua arte é ser sinônimo de inspiração e fascinação, para todos os públicos ao redor do mundo. O impacto é imenso, consolidando-se como um marco na história da arte.

Julio Le Parc: o mestre de tocar as pessoas com sua arte 

Julio Le Parc é um dos nomes mais influentes da Op Art, também conhecida como Arte Óptica ou Arte Cinética.  

Seguindo a essência desse movimento, suas obras despertam uma série de sensações únicas em quem as observa.

Julio Le Parc e sua gravura durante uma exposição

Julio Le Parc durante uma exposição

É impossível passar por uma gravura sem ser imediatamente atraído, pois o olhar parece ser "capturado" pela intensidade das formas e movimentos, ficando totalmente focado na arte. Esse efeito cria uma experiência envolvente e única. 

E esse impacto é exatamente o que Le Parc sempre buscou, pois o artista argentino considera que o público era uma "parte ausente" da arte contemporânea, portanto, seu principal objetivo era criar uma relação direta entre a obra e o espectador. 

Ele alcança isso de forma brilhante: quem observa suas telas não apenas vê, mas vive uma imersão na interpretação, sendo levado a uma experiência sensorial profunda. 

As gravuras de Le Parc parecem flutuar, vibrar e até explodir, provocando reações que não são apenas visuais, mas físicas, mexendo com a percepção, envolvendo a mente e o corpo de uma forma única e peculiar. 

Serigrafia de Julio Le Parc

Serigrafia de Julio Le Parc

Cada uma é uma surpresa, pois Le Parc é mestre em criar "plot twists" visuais, desafiando a absorção do espectador, ao proporcionar uma experiência nova a cada interação. 

Por isso, Le Parc é considerado um mestre em tocar as pessoas, pois nada é apenas para ser visto, tudo é para se sentir.  

Já imaginou ter uma gravura de Le Parc em sua casa? Uma peça que não apenas representa a história da arte, mas também te convida a refletir, te desconecta e te inspira constantemente. Você pode conferir diversas gravuras de Julio Le Parc em nosso acervo.

E para mais histórias sobre arte e artistas, continue acompanhando nosso blog e nossas redes sociais

 

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Wed, 06 Nov 2024 22:51:27 +0000
<![CDATA[Hector Carybé e Pierre Verger: a Amizade e a Influência da Bahia em suas obras]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/hector-carybe-e-pierre-verger-a-amizade-e-a-influencia-da-bahia-em-suas-obras/ Hector Carybé e Pierre Verger juntos

Hector Carybé e Pierre Verger juntos

 

Pierre Verger, francês, parisiense, fotógrafo. Hector Carybé, argentino, de Lanús, desenhista em sua essência. Qual o ponto de encontro destes dois personagens? 

Friamente, podemos imaginar que a única coisa que os unia seria o gosto pela arte, mesmo que através de métodos, visões e técnicas completamente diferentes, um através das lentes de suas câmeras, outro através do lápis, do papel, da tinta e de seus materiais para produção de gravuras.

Mas, não apenas a arte foi o ponto em comum e de encontro entre os dois artistas, mas um dos locais mais característicos do Brasil, a Bahia. Uma Bahia que, na época, era consideravelmente distante culturalmente dos dias de hoje.

Se hoje, a cidade de Salvador carrega muitos traços característicos e culturais ainda bem fortes, não se compara ao momento em que o francês e o argentino chegaram por lá. A luminosidade, a capoeira ainda presente nas ruas e as expressões de religião ainda muito fervorosas.

 

Hector Carybé - Pelourinho - Serigrafia

Hector Carybé - Pelourinho - Serigrafia

 

Os primeiros passos de Hector Carybé e Pierre Verger na arte

A fotografia, para Pierre Verger, surge com seu professor Pierre Boucher, em 1932. Após o período de aprendizagem, o francês trabalhou por um longo período de tempo em periódicos da Europa e da América.

Já o argentino inicia sua jornada artística já no Brasil. Antes de Salvador, Carybé mora no Rio de Janeiro e completou seus estudos na Escola Nacional de Belas Artes. Como profissional da arte, seus primeiros trabalhos vieram através também de periódicos. Carybé viajava por várias regiões enviando desenhos que retratavam o local. 

 

Hector Carybé - Roda de Samba - Serigrafia

Hector Carybé - Roda de Samba - Serigrafia


Daí, surge algo em comum em suas carreiras, o interesse pelas pessoas, pelo povo, pelos bichos, e pelo conhecimento de diversas culturas através de seu trabalho. Isso a Bahia levou a eles como nenhum outro lugar foi capaz, além da alegria, da felicidade natural e espontânea e isso é de muito fácil percepção através da análise de suas obras.

 

A chegada de Hector Carybé e Pierre Verger a Salvador

Ao contrário do surgimento de suas profissões, onde a pintura e o desenho precederam a fotografia, a chegada do pintor e desenhista Hector Carybé a Salvador foi posterior a do fotógrafo Pierre Verger. 

Pierre Verger já tinha residência fixa em Salvador desde 1946, no início, Verger trabalha na Revista Cruzeiro, mas seu trabalho se move consideravelmente da fotografia para estudos etnológicos e à escrita. Isso se dá principalmente pelo sentimento de unidade que sentiu junto ao povo baiano.

 

Foto de Pierre Verger na Exposição “Verger e o Mercado Modelo”

Foto de Pierre Verger na Exposição “Verger e o Mercado Modelo”

 

Vindo de terras mais próximas, o argentino fixou residência em  solos soteropolitanos em apenas em 1950, seis anos mais tarde de sua primeira visita e quatro anos depois do Francês, após vir do Rio de Janeiro, onde já tinha dado seus primeiros passos no meio artístico. Após sua chegada, Carybé produz painéis para o Centro Educacional Carneiro Ribeiro, pinta murais e obras públicas e se insere completamente no cotidiano local.

É curioso que mesmo não como motivo principal, os dois foram instigados a conhecer a capital baiana também por uma influência em comum: Jorge Amado. A descrição e as obras escritas de um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos sobre a capital baiana e seu modo de viver único trouxeram ainda mais curiosidade para os artistas estrangeiros. 

Além disso, é mais curioso ainda que, mesmo que sendo o último a fixar residência, Hector Carybé, que já conhecia a capital baiana, em uma das conversas quando se conheceram, levou o assunto “Bahia e Salvador” ao diálogo entre os recém amigos, que se conheceram no Rio de Janeiro, inserindo o francês a cultura baiana, levando-o a um terreiro de umbanda no Rio.

A partir daí, foram mais de 50 anos de amizade, de trabalhos que tinham muito em comum e que elevaram a cultura baiana e africana dentro e fora do Brasil.

 

 Hector Carybé - Mercado - Serigrafia

Hector Carybé - Mercado - Serigrafia

 

O Cotidiano Baiano nas Obras de Carybé e Verger

Logo que chegou, mesmo partindo para outras vertentes da arte, as fotografias de Verger começam a retratar a cultura negra da capital baiana e o cotidiano da cidade, como as ruas, as moradias, as pessoas, os homens e as mulheres que trabalham e movimentam a cidade. com seu trabalho etnológico e como escritor, também se aproxima do povo, observa nos primeiros trabalhos, e depois disso vai a campo como pesquisador. Em pouco tempo já se torna parte do local, se inclui completamente na cultura local, se converte e participa ativamente das manifestações religiosas do Candomblé.

 

Foto de um pescador por Pierre Verger

Foto de um pescador por Pierre Verger

 

Essa curiosidade pelas culturas afro e baianas fazem com que o francês se interesse a procurar as raízes africanas e baianas no continente africano. Na África, buscou retratar imagens dessas raízes e as comparou com o que era visto em solo brasileiro.

O desenhista, pintor e gravador Hector Carybé igualmente se interessou pelos temas cotidianos e os inseriu em seus desenhos e pinturas rapidamente. 

 

Hector Carybé - Pesca - Serigrafia

Hector Carybé - Pesca - Serigrafia

 

Por fim, um trabalho em conjunto entre os amigos é o que melhor retrata a parceria e as trocas de influência e conhecimento de anos e anos, o livro “Carybé & Verger - Gente da Bahia”. Na obra, estão vários retratos em preto e branco do francês, que ganharam vida e cor pelas maos do argentino, ambos que de estrageiro tinham muito pouco, mas da Bahia, viveram e retratam tudo.

A Galeria Livia Doblas tem diversas obras do artista baiano e argentino Hector Carybé. Clique aqui para conferir as peças disponíveis. 

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Tue, 05 Nov 2024 22:39:15 +0000
<![CDATA[A Amizade de Cícero Dias e Pablo Picasso ]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-amizade-de-cicero-dias-e-pablo-picasso/ Você sabia que a amizade entre Cícero Dias e Pablo Picasso, uma das  mais célebres do mundo da arte, nasceu em meio a um alvoroço político? Pablo Picasso tinha seu ateliê na Rue des Grands Augustins, em Paris, e por lá acolheu muitos exilados após a guerra, entre eles escritores e pintores. Foi nesse contexto que Cícero Dias entrou em contato com a figura mais influente da arte contemporânea.  

Pablo Picasso, Cicero Dias e sua filha

Pablo Picasso, Cícero Dias e sua filha

Ele passou a visitar frequentemente o ateliê de Picasso, onde foi apresentado a um círculo de intelectuais, mas foi com Picasso que ele desenvolveu uma amizade mais próxima, a partir de suas afinidades artísticas e culturais, com almoços e jantares repletos das melhores discussões sobre arte.  

Essa amizade foi se fortalecendo e se tornou tão verdadeiramente sinônimo de parceria que, por 12 anos, os dois até usaram o mesmo telefone, já que o número de Picasso foi registrado em nome de Cícero na lista telefônica francesa, para evitar importunação. Assim, é provável que muitos que tentaram contatar Cícero acabaram ouvindo o “alô” do próprio Picasso.  

Esse laço se tornou tão íntimo que, quase como um membro da família, Picasso foi padrinho do casamento da filha de Cícero, Silvinha, em 1972.  

Em outro momento marcante dos verdadeiros amigos, Picasso presenteou Cícero com dois desenhos e algumas telas para seu amigo vender e financiar sua nova casa na Avenue Longchamps. 

Essa amizade, marcada por um profundo apoio mútuo, perdurou até os últimos dias de suas vidas.

Como eram as gravuras de Cícero Dias e Pablo Picasso?

As gravuras de Cícero Dias tinham cores vivas que conferiam dinamismo às suas obras, e sua linguagem visual era uma fusão de surrealismo com as tradições folclóricas e o cotidiano do Nordeste brasileiro.

Serigrafia “Descanso” de Cícero Dias

Serigrafia “Descanso” de Cícero Dias

Em suas gravuras, ele representava figuras humanas, principalmente mulheres, animais e elementos da natureza de forma estilizada e, ao mesmo tempo, abstrata, criando imagens que remetiam tanto à realidade quanto ao imaginário.

Serigrafia “Figura Feminina” de Cícero Dias

Serigrafia “Figura Feminina” de Cícero Dias

Cícero também se destacava por seu caráter experimental, explorando sempre novas técnicas e materiais.

As gravuras de Pablo Picasso também refletiam a vasta gama de interesses e experimentações do artista.

“Le Rêve” gravura de óleo sobre a tela, de Pablo Picasso

“Le Rêve” gravura de óleo sobre a tela, de Pablo Picasso

Para Picasso, a gravura era uma forma privilegiada de expressar seus pensamentos e memórias, e ele explorava uma grande diversidade de temas, como touradas, figuras femininas, paisagens espanholas, cenas eróticas e mitológicas.

“Paisagem Mediterrânea” de Pablo Picasso

“Paisagem Mediterrânea” de Pablo Picasso

Através da gravura, Picasso conseguiu dar voz a suas reflexões e a seu estilo singular, que mesclava diferentes técnicas e abordagens.

Cícero Dias e Pablo Picasso: juntos em momentos cruciais de seus trabalhos

Com 349 cm de altura por 776,5 cm de comprimento, "Guernica" é uma das obras mais admiradas de Pablo Picasso e uma poderosa expressão política, carregando uma mensagem vigorosa contra regimes totalitários e opressores. E você sabia que na época em que Picasso estava criando essa obra-prima, Cícero Dias já era seu amigo e teve a honra de acompanhar o processo em seu ateliê?  

Assim como neste, ambos estiveram em muitos momentos significativos na vida um do outro inclusive de diversos processos criativos, em que era inegável que a arte de um inspirava a do outro.  

Outro momento em que os trabalhos se entrelaçaram, foi quando Picasso cedeu mais de 30 obras para uma exposição relevante de Cícero Dias.   

Pode-se afirmar que essa amizade transcendia a presença de um na vida e na arte do outro. Muitos observadores diziam que a arte de um influenciava a do outro, que inclusive, havia uma característica "picassiana" nas obras de Cícero Dias.

“Eu vi o mundo... Ele começava em Recife” de Cícero Dias, apelidada de Guernica Brasileira.

“Eu vi o mundo... Ele começava em Recife” de Cícero Dias, apelidada de Guernica Brasileira. 

Uma de suas criações mais famosas e polêmicas, "Eu vi o mundo... Ele começava em Recife", foi apelidada de "Guernica Brasileira" devido aos aspectos semelhantes com a célebre obra de Picasso. 

E, por falar em Guernica, claro que não podemos deixar de mencionar a influência de Cícero na vinda histórica dessa obra ao Brasil. Esse é o tema do próximo capítulo, que exemplifica de maneira marcante essa parceria.  

“Guernica” de Pablo Picasso

“Guernica” de Pablo Picasso

 

A influência de Cícero Dias na trajetória de "Guernica" no Brasil  

"Guernica" era muito estimada por seu criador, que só a levou para a Espanha e para o Museu de Arte Moderna de Nova York, mas não por falta de oportunidades, pois dizem que Picasso recebeu diversos convites para levá-la a outros países, mas negou todos.  

Guernica exposta na Segunda Bienal de Arte de São Paulo de 1953

Guernica exposta na Segunda Bienal de Arte de São Paulo de 1953

Claro que o convite para a levar ao Brasil chegou, e a princípio também foi negado. Mas isso mudou, e a obra foi exposta na 2ª Bienal de São Paulo, em 1953, trazida ao Brasil por “Ciccillo” Matarazzo, junto com dona Iolanda Penteado.  

Mas como conseguiram esse feito? É claro que Cícero Dias teve um papel fundamental. Ele teve a missão de obter a autorização necessária do próprio Picasso, que estava em retiro no sul da França. Cícero relatou que o processo de convencimento não foi nada fácil, ele foi pessoalmente até Picasso e argumentou sobre a importância de “Guernica” estar no Brasil.

Ele contou que, entre os motivos, disse ao amigo que, devido ao seu sentido universal, a obra deveria percorrer o mundo, incluindo o Brasil, pois expressava o clamor do homem pela liberdade e servia como um marco da arte e da cultura diante da violência e da opressão.  

E o discurso deu certo e Picasso concordou. Esse dia ainda rendeu uma história engraçada para Cícero: após a conversa, Picasso o convidou para um almoço, mas, temendo que o amigo mudasse de ideia durante a refeição, Dias optou por recusar o convite, alegando ter outro compromisso. Mais tarde ele voltou ao ateliê de Picasso e confirmou que a autorização ainda estava em vigor. Assim, foi providenciado um documento para o Museu de Arte Moderna de Nova York, autorizando a entrega de “Guernica” para ser exibida na Bienal de São Paulo.  

 

 Cícero Dias e Pablo Picasso: o último encontro

Cícero Dias recordou com carinho do seu último encontro com Picasso, em que ele, a sua esposa Raymonde e a filha Silvinha foram à casa do artista, que estava em reunião com diretores do MAM de Nova York.   

Cícero lembra que logo quando chegaram já foram recebidos pelo amigo que apresentou aos membros, que estavam ali com eles, Cícero como alguém da família. Entre taças de vinho, relembraram momentos passados, causando uma emoção mútua na sala, e relembrara a apoteose da presença de "Guernica" no Brasil.   

Ao se despedirem, Picasso acompanhou Cícero até a porta e, com um carinhoso “Hasta luego, Dias”, ali se despediram eternamente. O que deixou uma marca indelével na memória do artista brasileiro.   

Essa amizade não apenas cruzou fronteiras, mas também deixou um legado na história da arte.  

Você já conhecia esses capítulos e curiosidades sobre essa amizade? Inspiradora, não é?! Dois artistas tão relevantes e eternos, de mundos diferentes, unidos pela arte e pela genialidade.  

Imagine como foi para Cícero Dias, alguém que saiu de uma vida simples no Brasil, chegar à França e se tornar amigo de uma das figuras mais influentes da arte.  

Além de celebrarmos essa amizade, também nos orgulhamos da trajetória de Cícero Dias. Você sabia que na Galeria Livia Doblas temos diversas obras do artista?

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Mon, 04 Nov 2024 22:39:50 +0000
<![CDATA[Anna Bella Geiger: a carreira e vida de uma artista inovadora]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/anna-bella-geiger-a-carreira-e-vida-de-uma-artista-inovadora/ Anna Bella Geiger

Anna Bella Geiger

 

Com 75 anos de contribuição para as artes visuais, Anna Bella Geiger é uma das artistas mais proeminentes da cena artística brasileira dos séculos XX e XXI, sendo parte da primeira geração de artistas conceituais na América do Sul.

É conhecida pela arte inovadora que abrange diversos meios, incluindo o vídeo, a gravura, a performance, instalações e a pintura.

A carreira de Geiger começou com os estudos na década de 1950, tendo simplesmente a renomada pintora Fayga Ostrower como sua professora.

Em seu início, as suas obras eram caracterizadas por sua abstração informal e, com o tempo, ela passou a se dedicar a outras técnicas, inserindo a gravura em metal e a utilização do guache em seu repertório.

Anna Bella Geiger com sua primeira professora Fayga Ostrower

Anna Bella Geiger com sua primeira professora Fayga Ostrower

 

Uma década após seus estudos, ela desenvolveu uma série que se tornaria um marco em sua carreira, conhecida como sua "Fase Visceral", na qual explorou a relação entre as partes do corpo humano e representações geopolíticas.

Anna Bella Geiger - Visceral - Ponto Central - Guache e Nanquim

Anna Bella Geiger - Visceral - Ponto Central - Guache e Nanquim

 

Por meio dessa abordagem, refletiu e idealizou sobre como partes fragmentadas do corpo poderiam se compor em mapas, criando obras multimídia que ilustram a intersecção entre cartografia e o corpo, como um território em disputa.

Por ser professora, sua prática artística se entrelaça ao pensamento pedagógico, tornando seu trabalho ainda mais significativo.  

Geiger sempre foi engajada no mundo da arte, participando de debates contemporâneos sobre cultura, identidade e história, desafiando narrativas estabelecidas. 

E vive uma abordagem verdadeiramente experimental, navegando por dimensões políticas e pessoais, corporais e conceituais, formais e estéticas. 

Entre suas muitas contribuições, destaca-se seu papel como uma das pioneiras da arte abstrata no Brasil, gravurista e inovadora na videoarte. 

Suas obras podem ser encontradas em diversos museus tanto no Brasil quanto no exterior. Hoje, aos 91 anos, Anna Bella Geiger continua ativa, expondo e participando do cenário artístico.

 

A história e carreira de Anna Bella Geiger

Anna Bella Geiger nasceu em 1933, no Rio de Janeiro, onde cresceu, estudou e iniciou sua carreira.

Após apenas três anos de estudos no renomado ateliê de Fayga Ostrower, a carioca já se destacava na cena artística ao participar da histórica e inaugural exposição de arte abstrata no Brasil, realizada no hotel Quitandinha, em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Com sua carreira em ascensão, em 1954, ela se mudou para Nova York, onde estudou história da arte no The Metropolitan Museum of Art, o MET, sob a orientação de Hannah Levy e, como ouvinte, na New York University. Durante cinco anos na Big Apple, aprofundou seus conhecimentos, expandiu suas influências e então retornou ao Brasil.

Nessa volta, Geiger passou a trabalhar no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o MAM, integrando o ateliê de gravura em metal e lecionando como professora. 

Entre 1962 e 1966, ela vivenciou uma fase intensa, marcada por bienais e exposições que trouxeram reconhecimento ao seu trabalho.

Destacam-se, por exemplo, o 1º Concurso Interamericano de Gravura, em Havana, Cuba, em 1962, onde recebeu o primeiro e único Prêmio “Casa de Las Américas”. A exposição "Brazilian Art Today", no Royal College of Art, em Londres, em 1965; e a 1ª Bienal Latino-Americana de Gravura, em Santiago do Chile, em 1966, na qual conquistou uma menção honrosa.

Fase Visceral de Anna Bella Geiger

Entre 1965 e 1968, ela iniciou um novo capítulo em seu estilo artístico, conhecido como sua "fase visceral", onde explorava a realidade orgânica por meio da representação fragmentada do corpo, sugerindo uma conexão com mapas do microcosmo.

Anna Bella Geiger - América Latina

Anna Bella Geiger - América Latina

 

Essa fase antecipa sua utilização da cartografia, centrando-se no questionamento das limitações territoriais e culturais impostas por fronteiras geográficas.

Anna Bella Geiger - Garganta - 1967

Anna Bella Geiger - Garganta - 1967

 

Ao mesmo tempo, suas obras são compostas por chapas de metal recortadas, revelando e explorando artisticamente o próprio processo da gravura em metal. Exemplos dessa fase incluem as obras "Garganta" (1967) e "Limpeza de ouvido com cotonete" (1968).

 

Anna Bella Geiger - Limpeza De Ouvido Com Cotonete

Anna Bella Geiger - Limpeza De Ouvido Com Cotonete

 

A partir dessa sutil reapropriação do corpo como espaço, surge um novo interesse pela representação territorial, que se expande para uma dimensão cósmica das imagens espaciais. Isso culminou em um novo tema em sua produção artística: a cartografia cósmica, manifestada em uma série considerável de fotosserigrafias intitulada "Polaridades/Lunares".

A partir de 1970, Geiger expande ainda mais suas contribuições ao campo artístico, dedicando-se a diversas mídias, como fotogravura, fotografia clichê, fotomontagem, serigrafia, xerox, cartões-postais, vídeo e Super-8.

Nos anos 2000, o avanço da tecnologia a inspirou  e seu interesse foi voltado a explorar novos métodos, aumentando o uso do vídeo em combinação com gravuras (clichês de metal) e arquivos de ferro na instalação "Indiferenciados" (2001).

 

Anna Bella Geiger – Indiferenciados – Gavetas de ferro

Anna Bella Geiger – Indiferenciados – Gavetas de ferro

 

As Polaridades Lunares de Anna Bella Geiger

A artista carioca começou a explorar uma nova linguagem artística a partir de um material recebido do consulado dos Estados Unidos no Rio de Janeiro: fotografias do planeta Terra e da superfície lunar, capturadas durante as missões espaciais da NASA.

Anna Bella Geiger – Polaridades - Serigrafia e fotogravura em metal e clichê

Anna Bella Geiger – Polaridades - Serigrafia e fotogravura em metal e clichê

 

Com esse material, ela desenvolveu uma aplicação no formato da letra X, e a relacionou com as imagens fotográficas.

Embora as fotos apresentassem baixa nitidez e fossem passíveis de descarte, nas mãos da artista, essa rejeição foi reinterpretada e transformada em um sinal que representa a barreira de acesso aos espaços que essas imagens evocam, mapeando a superfície sob uma perspectiva geopolítica.

Anna Bella Geiger – Ponto Fixo - Serigrafia

Anna Bella Geiger – Ponto Fixo - Serigrafia 

Dessa forma, ela desenvolve exposições excêntricas, únicas e inconfundíveis, que revelam a interpretação pessoal de Anna Bella. Essa produção continua a ser admirada atualmente, e peças exuberantes dessa série você encontra na galeria Livia Doblas, clique aqui para conferir.

Você já conhecia essa artista brilhante? Ainda podemos contar muito mais sobre ela e sua arte, continue acompanhando nosso blog e nossas redes sociais para conhecer mais sobre ela e demais artistas. 

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Fri, 01 Nov 2024 22:58:37 +0000
<![CDATA[Amilcar de Castro: a história e as obras do artista brasileiro]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/amilcar-de-castro-a-historia-e-as-obras-do-artista-brasileiro/ Amilcar de Castro

 

O artista brasileiro e mineiro Amilcar de Castro é um dos grandes nomes da escultura na história da arte do Brasil. 

O Advogado Amilcar de Castro

Filho de um juiz, Amilcar deu seus primeiros passos profissionais seguindo os passos de seu pai. A vivência de sua infância e adolescência, o fez admirar o caminho do seu progenitor o que o instigou a iniciar o curso de Direito no qual se formou. Assim se deu o início de sua vida profissional, como advogado, porém, não se adaptou a profissão, Amilcar de Castro se viu com pouca paciência pela advocacia e decidiu reavaliar seu caminho profissional.

 

Amilcar de Castro 4  - Litografia

Amilcar de Castro 4  - Litografia

 

Seu caminho na arte é iniciado através dos ensinamentos de Alberto Da Veiga Guignard com quem Amilcar aprendeu a desenhar ainda durante o curso de Direito. Esse fato é extremamente curioso para os críticos de arte, já que Guignard trouxe para a história da arte obras com teor muito mais realista, com traços bem mais leves e delicados, Amilcar, com o passar do anos, apresentou algo muito mais pesado, abstrato, com formas e traços marcados e rústicos.

Eles, portanto, ficaram muito mais próximos na ideologia, na forma de pensar e no perfeccionismo de seus trabalhos do que na semelhança de suas obras.

 

As obras e vasto repertório de Amilcar de Castro

Apesar de deixar sua formação acadêmica de lado, para ele, a justiça não foi esquecida completamente, já que considerava a arte uma demonstração de justiça, sem ela não haveria arte. Por isso, o que é mais nítido no seu modo de viver e que automaticamente é refletido em suas obras, a forma direta de pensar, falar, se manifestar, agir e de sentimento que suas obras trazem.

Um dos trabalhos mais interessantes de Amilcar de Castro foi a construção da identidade e da diagramação do Jornal do Brasil. Instigado pela mandatária do jornal, Amilcar idealizou um projeto a frente de seu tempo, trazendo mais leveza, fluidez e ao mesmo tempo seriedade para o periódico.

 

Gravura e Escultura de Amilcar de Castro

Gravura e Escultura de Amilcar de Castro

Amilcar de Castro também foi um dos participantes do Manifesto Neoconcreto que, segundo ele, funcionou muito mais para entender e tornar mais claras as obras de arte brasileiras. De opinião forte, o Manifesto Neoconcreto teve muito mais importância que a Semana de Arte Moderna de São Paulo.

 

O Desenhista Amilcar de Castro

Amílcar se considerava um desenhista por essência. Para ele, o pintor observa e traduz o mundo pela cor, já ele, organiza suas obras pela linha e pela forma, por isso se auto declarava um desenhista,  um gráfico, um construtor de ideias através da junção desses elementos.

Suas obras podem ser observadas como extremamente organizadas e sensíveis, algo que, segundo seu olhar crítico, faltou no dia a dia dos brasileiros, principalmente para quem comandava o nosso país. Amilcar considerava o Brasil como um país que, com o passar do tempo, foi sendo jogado fora, um local cheio de riquezas, mas que não foi observado com inteligência para que fosse “bem aproveitado”.

Exposição "Matéria e Luz" de Amilcar de Castro em Minas Gerais
Exposição "Matéria e Luz" com Esculturas e Gravuras de Amilcar de Castro em Minas Gerais

O Escultor Amilcar de Castro

Em 1953, na Bienal de São Paulo, Amilcar de Castro apresentou a primeira de uma que seria uma de suas maiores marcas na arte, as Esculturas Dobradas. Após isso, apresentou uma série de esculturas que davam sequência à apresentada na Bienal.

As suas esculturas também trazem o seu gosto pelo trabalho com o metal, que para ele “eram doces”, algo fácil de trabalhar, sem mistério. Esse gosto pelo ferro também traduz um pouco mais de sua personalidade direta. Talvez, o ferro seja um dos materiais mais simples e comuns, todos já viram, todos tem algo produzido através dele, todos conhecem sua textura e o que sentem ao tocar.

 

Esculturas em ferro de Amilcar de Castro

Esculturas em ferro de Amilcar de Castro

 

Com várias obras ao ar livre, Amilcar de Castro considera que a ferrugem e o desgaste do ferro fazem parte da sua idealização da obra e mantê-los por lá faz parte de sua vontade. Algo como a utilização da tinta que interromperia a ação do tempo, não é algo que o interessa, pelo contrário, ver o tempo agir sobre sobre suas esculturas era o desejado.

Ao final de sua carreira, as obras grandiosas deram lugar ao pequeno, produzindo uma série de jóias baseadas em suas esculturas.

A Galeria Livia Doblas possui um vasto acervo de obras de diversos artistas de renome nacional e internacional, como Amilcar de Castro, com inúmeras opções para quem deseja ter em casa uma das obras de um dos maiores desenhistas da História da Arte do Brasil.

Conferir as obras de Amilcar de Castro disponíveis na Galeria.

Gostou e não quer perder nada sobre inúmeros artistas? Fique atento ao Blog e às Redes Sociais da Galeria Livia Doblas e não perca nenhuma novidade.

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Thu, 31 Oct 2024 22:48:02 +0000
<![CDATA[Alfredo Volpi: a Carreira do Artista além das Bandeirinhas]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/alfredo-volpi-a-carreira-do-artista-alem-das-bandeirinhas/ Alfredo Volpi - Artista em seu Ateliê

Alfredo Volpi em seu Ateliê

A vida e a obra de Alfredo Volpi podem ser analisadas de formas muito parecidas, como algo único, de fácil reconhecimento, desde sua voz marcante com um sotaque italiano carregado, até suas linhas e formas, que quando em conjunto fizeram algo único na história da arte brasileira. 

Muito conhecido pelas "Bandeirinhas de Volpi", e por suas obras abstratas e cheias de formas geométricas, Volpi, unanimemente, foi um dos grandes artistas da segunda geração da Arte Moderna Brasileira e curiosamente não iniciou sua trajetória na abstração, pelo contrário, iniciou sua carreira produzindo inúmeras obras realistas e paisagens por diversas questões culturais e experienciais.

Alfredo Volpi - Bandeirinhas IV

Alfredo Volpi - Bandeirinhas IV

Alfredo Volpi também inseriu diversos conhecimentos com o passar dos anos de sua carreira e foi ficando com o repertório cada vez mais vasto. Utilizou técnicas da gravura como a serigrafia e a litografia em seu repertório e hoje, temos diversas obras únicas de sua autoria.

 

Alfredo Volpi - Fachada 3 - Serigrafia

Alfredo Volpi - Fachada 3


O Pequeno Alfredo Volpi

Veio para o Brasil muito novo,  em 1897, com um ano e alguns meses de idade, seus pais, que vinham da Itália com o intuito de fugir das dificuldades que a Europa enfrentava naquele momento, fixaram residência em São Paulo. A partir daí, Volpi passa toda sua vida em território brasileiro.

Sua personalidade criativa já podia ser vista ainda muito novo, na Escola Profissional Masculina do Brás, onde teve seu primeiro contato com a tinta, algo que caminharia ao seu lado pelo restante de sua vida, por lá Volpi já gostava de misturar e descobrir novas cores. Anos mais tarde, em busca de seus primeiros passos profissionais, Alfredo encontrava, nos trabalhos manuais, algo que afloraria ainda mais o seu lado artista.

O trabalho em uma gráfica, além de deixá-lo mais próximo de materiais artísticos e do manuseio de elementos que ficariam ao seu lado por anos, permitiu que ele comprasse suas primeiras aquarelas. Antes disso, Volpi já havia trabalhado como assistente de marcenaria, e fazendo trabalhos de entalhador. 

Pouco tempo depois, sua relação com as tintas ficaria ainda mais próxima. A partir daí, já era possível perceber que os trabalhos manuais e muito próximos aos artísticos já deixavam de ser apenas uma oportunidade para o jovem Alfredo Volpi, mas começavam a fazer parte de seu planejamento de vida. Volpi, então, começou a pintar muros de casas e a auxiliar em trabalhos de decoração em casarões, que eram muito comuns na época.

 

Alfredo Volpi - Linhas

Alfredo Volpi - Linhas

 

As primeiras telas de Alfredo Volpi

Com a relação extremamente aflorada com elementos artísticos, Volpi produz suas primeiras obras pouco tempo depois. Na época, a tinta óleo dava vida a telas muito distintas do que o decorrer de sua carreira mostraria. As paisagens e casas eram os elementos mais presentes, suas obras traziam um teor mais realista. De qualquer forma, se compararmos com as obras mais reconhecidas de sua carreira, é possível analisar semelhanças em suas pinceladas mais fortes e rústicas, que o acompanharam em todo decorrer de sua carreira. 

Pouquíssimos anos depois, na segunda metade dos anos 30, Volpi já fazia parte do Grupo Santa Helena, fazendo desenhos de modelo vivo e trabalhando em um ateliê conjunto, algo que seria muito relevante para o andamento de sua carreira, já que poderia receber e dar ensinamentos valiosos aos participantes, ao mesmo tempo em que começavam a participar de exposições mais relevantes no meio artístico paulista.

Alfredo Volpi - Paisagem - Óleo sobre Tela

Alfredo Volpi - Paisagem - Óleo sobre Tela 

A carreira consolidada de Alfredo Volpi e Itanhaém

É no início dos anos 40 que pode ser notado que Volpi atingiu a marca de “Artista Consolidado”. Nesta época, ganha um concurso do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, ainda com obras que já começavam a trazer o viés de temas mais populares e de religião. Poucos anos mais tarde, o reconhecimento se torna ainda mais claro, e Volpi realiza sua primeira exposição individual, na Galeria Itá, em São Paulo.

Logo em seguida, surge uma inesperada surpresa na vida de Volpi, uma sequência de visitas à cidade de Itanhaém para visitar sua esposa, que vivia por lá para cuidar de uma doença. Por lá, Alfredo Volpi integra o litoral de São Paulo a suas paisagens. As obras que tinham  tonalidades escuras começam a trazer tons mais claros e com mais leveza. Mas não foi apenas nas paisagens que a cidade de Itanhaém enriqueceu o repertório de Volpi, pelo contrário, a cidade seria a responsável por trazer um dos pontos mais característicos de suas obras, as famosas “Bandeirinhas de Volpi”.

Alfredo Volpi - Paisagem de Itanhaem - Óleo sobre Tela

Alfredo Volpi - Paisagem de Itanhaem - Óleo sobre Tela

Foi em um dos finais de semana que passava por lá que Alfredo se deparou com as bandeirinhas de São João, algo que estaria em suas idéias por anos.

Alfredo Volpi - Bandeiras Brancas e Rosas - Serigrafia

Alfredo Volpi - Bandeiras Brancas e Rosas - Serigrafia

 

A visita à Itália e as Bandeirinhas de Alfredo Volpi

Mesmo com a ideia das Bandeirinhas em mente, a inserção em suas telas não é imediata. Antes disso, Volpi viaja para a Itália e de lá traz mais conhecimento e repertório artístico, se interessa pelo abstracionismo e pelo renascentismo e começa a pintar fachadas com teor muito mais figurativo que realista. As cores já começam a ser muito mais um elemento que um reflexo da realidade e os traços começam a ser muito mais geométricos que curvos e lineares.

Essa talvez fosse a maior virada de chave na carreira de Volpi, isso se as Bandeirinhas não fizessem tanto sucesso. Com a abstração já muito empregada em suas obras, principalmente em conjunto com linhas e formas geométricas, tudo parece perfeito para a inserção das Bandeirinhas. 

 

Alfredo Volpi - Fachada XX

Alfredo Volpi - Fachada XX - Serigrafia

 

Alfredo Volpi premiado, famoso e reconhecido

Alfredo Volpi foi um artista muito reconhecido durante a sua carreira. Participou das três primeiras Bienais Internacionais de São Paulo e, em 1953 chegou a receber o prêmio de melhor pintor nacional. Em 1958, recebeu o Prêmio Guggenheim e realizou a exposição retrospectiva. Também recebeu o prêmio de melhor pintor brasileiro pela crítica de arte do Rio de Janeiro em 1962 e 1966.

Podemos considerar Alfredo Volpi como um pintor por essência, artista completo e que soube escalar a capacidade de produção das suas obras através das técnicas da gravura, como a serigrafia e a litografia. 

A Galeria Livia Doblas possui um vasto acervo de obras de Alfredo Volpi, com inúmeras opções para quem deseja ter em casa uma das obras de um dos maiores artistas coloristas do Brasil.

Clique aqui para conferir todas as obras de Alfredo Volpi que estão disponíveis na Galeria.

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Wed, 30 Oct 2024 22:24:21 +0000
<![CDATA[Aldemir Martins: A vida e a obra do artista brasileiro]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/aldemir-martins-a-vida-e-a-obra-do-artista-brasileiro/ Aldemir Martins em seu Ateliê

A vida e a obra do artista brasileiro Aldemir Martins são um testemunho da pluralidade que está presente no universo artístico do Brasil. Seu repertório parte do desenho e transcende por vários âmbitos da arte, caminhando da gravura à pintura de forma livre, lúdica e única.

Nascido em 8 de novembro de 1922, no sertão do Cariri, no Ceará, Aldemir deixou uma marca permanente na cultura e no meio artístico do país, ganhou prêmios, participou de diversas exposições e marcou a arte figurativa do Brasil.

Aldemir Martins – Por do Sol - Serigrafia

Aldemir Martins – Por do Sol - Serigrafia

 

O Desenho e os primeiros passos de Aldemir Martins

Desde cedo, o artista cearense mostrou seu talento. Em 1934, com apenas 12 anos, enquanto estudava no colégio militar de Fortaleza, ele já começava a se dedicar ao desenho.

Como muitos jovens brasileiros, ele serviu ao exército de 1941 a 1945, onde também encontrou oportunidade para se inspirar e expressar sua arte: desenhou o mapa aerofotogramétrico de Fortaleza e conquistou seu primeiro prêmio ao vencer um concurso da Oficina de Material Bélico da 10ª Região Militar, por uma pintura de viaturas do exército. Como reconhecimento por seu talento, recebeu o título de "Cabo Pintor".

Nesse período sua trajetória artística tomava forma com a sua participação na fundação do Centro Cultural de Belas Artes (CCBA), ao lado de nomes como Mário Baratta e Antônio Bandeira, que depois seria conhecida como SCAP, a Sociedade Cearense de Artistas Plásticos. 

Esse espaço não apenas promovia exposições permanentes, mas também organizava salões e cursos de arte, contribuindo para a formação de uma nova geração de artistas. Dois anos mais tarde, expõe suas obras pela primeira vez, no Segundo Salão de Pintura do Ceará. Assim, Martins iniciava algo que seria um dos pontos mais relevantes do cenário da arte do Ceará.

Aldemir Martins - Flor do Ceará - Serigrafia

Aldemir Martins - Flor do Ceará - Serigrafia

 

O Enriquecimento do Repertório Artístico de Aldemir Martins

Em 1943, Aldemir começou a colaborar como ilustrador na imprensa cearense, um passo fundamental para desenvolver seu repertório artístico. Em 1946, vivendo em São Paulo, ele realizou sua primeira exposição individual no instituto dos arquitetos do Brasil. O reconhecimento veio rapidamente: em 1947, participou da exposição "19 pintores", onde conquistou o terceiro lugar, marcando sua ascensão no cenário artístico.

A partir de então, Aldemir não parou mais. Em 1951, seus desenhos de paus-de-arara e cangaceiros foram premiados na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, lá ganhou o Prêmio Aquisição “Dona Olívia Guedes Penteado” e uma premiação em dinheiro, que seria utilizada para voltar às suas raízes, o Nordeste, com o intuito de reviver a cultura nordestina e trazer de volta essa inspiração para suas obras.

Mesmo já premiado em eventos internacionais, suas primeiras premiações nacionais vieram 2 anos mais tarde, em 1953, no Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, quando recebeu o Certificado de Isenção do Júri e da IIª Bienal de São Paulo. No ano seguinte, ele produziu o cenário da peça "Lampião", de Rachel de Queiroz.

Melhor desenhista internacional

O ponto mais alto de sua carreira veio em 1956, quando foi considerado o Melhor Desenhista Internacional na 28ª Bienal de Veneza, neste mesmo ano, no V Salão Internacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro, já tinha recebido a Medalha de Ouro, como Melhor Expositor.

O ano de 1958 foi muito marcante para a sua carreira, quando ele realizou uma série de exposições nos Estados Unidos, e foi convidado pelo Departamento de Estado Americano, a ficar no país por três meses para visitar a Filadélfia, Chicago, Detroit, Boston e New York.

Ainda neste ano, recebeu o Prêmio Jabuti na categoria Melhor Capa de Livro do Ano, atribuído pela Câmara Brasileira do Livro, pela capa de "História do Modernismo Brasileiro’.

Na década de 1960, Aldemir se destacou ainda mais ao criar cenários para produções teatrais e, posteriormente, focou em esculturas de cerâmica.

Mas a sua versatilidade artística não parou por aí, nos anos 70, ele também foi responsável por criar imagens de aberturas icônicas de novelas da rede globo, como "Gabriela" e "Terras do sem fim".

Aldemir Martins - Cangaceiro PB - Serigrafia

Aldemir Martins - Cangaceiro PB - Serigrafia

 

Os costumes e a cultura popular na obra de Aldemir Martins

A arte de Aldemir Martins é um retrato de tudo o que seus olhos admiravam: a cultura, como o cangaço e o futebol, a vida sertaneja, os animais como galos e gatos, sem deixar de lado algo corriqueiro e cotidiano, presente no dia a dia das pessoas, como as flores e as frutas.

Assim firmou a estética de Aldemir: uma representação figurativa rica em paisagens, cultura brasileira, flores e animais, com cada obra carregando uma explosão de cores, linhas e traços.

Aldemir Martins - Galo colorido 2 - Serigrafia

Aldemir Martins - Galo colorido 2 - Serigrafia

 

A cultura sertaneja foi uma marca na carreira de Aldemir Martins, e os galos são uma boa representação disso, animais presentes no cotidiano das pessoas mais simples e no meio rural do nordeste.

Outro tema que evidencia seu amor pelo Brasil é a sua relação com o futebol. Para ele, esse esporte era uma parte essencial da arte do país, algo que não poderia deixar de lado.

O próprio artista destacou que, até então, nenhum artista brasileiro havia se permitido realmente ver, sentir e ilustrar o futebol - um esporte que todos os brasileiros amam e, que inclusive, tinha o maior ícone reconhecido mundialmente, como um símbolo dessa paixão coletiva, se referindo a Pelé.

Aldemir Martins – Jogador Camisa 10 - Gravura

Aldemir Martins – Jogador Camisa 10 - Gravura

 

Então, já em 1965, começou a trazer o futebol para suas obras, e suas gravuras começaram a expressar o valor do esporte que era associado apenas a pessoas humildes e negras. Com isso, ele não apenas celebrou o futebol, mas também destacou sua importância social e cultural no Brasil, unindo o que para ele, fazia parte de mundos completamente distintos.

Outro símbolo importante foi a ilustração de Gatos de Aldemir Martins, em serigrafias que mostram suas características de traços fortes e cores vibrantes, que conquistou muitos fãs. Mesmo representando a cultura popular, os gatos vieram da encomenda de uma senhora que gostava de suas obras, a partir daí, caiu no gosto de seus clientes, e Aldemir inseriu em seu repertório.

Aldemir Martins - Gato escondido - Serigrafia

Aldemir Martins - Gato escondido - Serigrafia

 

Assim podemos considerar que a trajetória de Aldemir Martins não é apenas a história de um artista, mas o retrato de uma vida dedicada a transformar suas experiências em arte, que foi conhecida pelo mundo todo.

A Galeria Livia Doblas possui um vasto acervo de obras de Aldemir Martins, com inúmeras opções para quem deseja ter em casa uma das obras deste que é um dos nomes mais lembrados da Arte brasileira!

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Tue, 29 Oct 2024 21:40:59 +0000
<![CDATA[Claudio Tozzi: A Arte Pop Brasileira e Suas Reflexões Sociais]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/claudio-tozzi-a-arte-pop-brasileira-e-suas-reflexoes-sociais/

Claudio Tozzi é uma figura de destaque na arte brasileira, amplamente reconhecido por suas obras que dialogam com o movimento da pop art. No entanto, sua contribuição vai muito além da estética colorida e gráfica que caracteriza esse estilo. Tozzi une com maestria elementos visuais populares a uma crítica social afiada, criando uma arte acessível, mas profundamente reflexiva. Neste artigo, vamos explorar como Tozzi fez da arte pop um meio de interpretar e criticar a realidade brasileira e global, especialmente em tempos de convulsões políticas e sociais.

A Arte Pop: Releituras do Cotidiano e da Mídia de Massa

A pop art surgiu nos anos 1950 e 1960, especialmente nos Estados Unidos e no Reino Unido, como uma reação às artes abstratas e elitistas da época. Ao abraçar imagens do cotidiano, da mídia e da cultura de consumo, artistas como Andy Warhol e Roy Lichtenstein criaram uma nova estética que celebrava o banal e o massificado. No Brasil, Claudio Tozzi encontrou nesse movimento uma oportunidade de explorar as questões políticas e sociais de maneira inovadora.

Tozzi abraçou os elementos da pop art, como o uso de cores vibrantes, formas simplificadas e a repetição de imagens, mas com uma diferença marcante: enquanto a pop art internacional muitas vezes celebrava a cultura de consumo, Tozzi a usava como um meio para discutir a alienação e a opressão que permeavam o Brasil durante a ditadura militar.

A Crítica Social em Cores Vibrantes

A produção de Tozzi é marcada por uma crítica constante ao contexto político e social brasileiro. Nos anos 1960 e 1970, o país estava sob o regime militar, e muitos artistas utilizaram suas obras como uma forma de resistência. Tozzi, em suas pinturas, serigrafias e instalações, abordava temas como a repressão, a censura e a alienação, mas sempre com uma estética acessível, utilizando ícones do cotidiano e da mídia.

Um exemplo marcante desse processo é a obra "Multidão" (1968), onde Tozzi cria uma série de imagens repetidas de pessoas amontoadas. Esse uso da repetição, característica da pop art, aqui é um comentário direto sobre a massificação e a perda da individualidade em regimes autoritários. A multidão anônima de Tozzi é, ao mesmo tempo, um símbolo de força coletiva e de vulnerabilidade frente ao poder.

A Iconografia de "Os Astronautas"

Outra série icônica de Tozzi, “Os Astronautas”, se apropria de uma das grandes imagens da época: a corrida espacial. Naquele período, as viagens espaciais representavam o ápice do progresso tecnológico e da conquista humana. Contudo, Tozzi subverte essa narrativa ao retratar os astronautas de maneira distante e fria, flutuando em um espaço sem contexto ou conexão.

Para Tozzi, o astronauta não era apenas um símbolo do avanço científico, mas também uma metáfora para o isolamento humano e a alienação política. Enquanto o mundo celebrava os feitos espaciais, o Brasil vivia sob censura e repressão. O contraste entre o avanço tecnológico e a estagnação política era evidente, e Tozzi, com suas cores vibrantes e formas estilizadas, fazia questão de evidenciá-lo.

A Influência da Mídia e da Cultura de Massa

Um dos elementos centrais da arte pop é a apropriação de imagens da mídia de massa, e Tozzi soube utilizar isso de maneira brilhante. Ele era fascinado pela forma como as imagens da televisão, dos jornais e dos cartazes publicitários moldavam a percepção das pessoas. Mas, em vez de simplesmente reproduzir essas imagens, Tozzi as questionava.

Seu trabalho mostra como a mídia pode ser usada como uma ferramenta de controle, manipulando narrativas e obscurecendo a realidade. Suas obras frequentemente utilizam imagens conhecidas – como soldados, multidões, ícones da tecnologia – para questionar a maneira como a sociedade se relaciona com o poder e a informação. Essa crítica não poderia ser mais relevante em uma época de censura oficial e manipulação midiática, como era o Brasil dos anos de chumbo.

A Pop Art de Tozzi: Diálogo com a Cultura Brasileira

Embora claramente influenciado pelo movimento pop internacional, a arte de Claudio Tozzi não pode ser vista como uma simples adaptação local desse estilo. Ele deu à pop art um toque brasileiro, incorporando questões que refletiam a realidade do país e utilizando a linguagem visual de forma politizada e engajada.

Se, na pop art americana, as cores e formas serviam para celebrar o consumismo e a cultura de celebridades, na obra de Tozzi, essas mesmas ferramentas são usadas para criticar a alienação e a opressão. Ele transformou a linguagem pop em uma plataforma para discutir as complexidades da vida política e social no Brasil, tornando sua obra atemporal e relevante até hoje.

A Atualidade da Obra de Claudio Tozzi

Claudio Tozzi é um dos artistas mais significativos da arte brasileira por sua habilidade de unir estética e crítica social em um diálogo constante com a realidade de seu tempo. Sua pop art não apenas capturou a efervescência cultural e política dos anos 1960 e 1970, mas também continua a nos fazer refletir sobre as tensões entre poder, controle e a experiência humana.

A Galeria Livia Doblas tem o prazer de apresentar as obras de Claudio Tozzi, proporcionando aos visitantes uma oportunidade única de entrar em contato com a profundidade e a relevância da pop art brasileira.

Gostou? Então venha conhecer as obras de Claudio Tozzi que estão no nosso acervo.

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Wed, 23 Oct 2024 11:00:00 +0000
<![CDATA["Os Astronautas" de Claudio Tozzi: Um Ícone da Arte Brasileira]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/os-astronautas-de-claudio-tozzi-um-icone-da-arte-brasileira/

Claudio Tozzi é um dos nomes mais importantes da arte contemporânea brasileira. Suas obras, marcadas pelo diálogo entre o político, o popular e o poético, são reflexos das inquietações sociais e culturais do Brasil desde a década de 1960. Uma de suas séries mais icônicas, Os Astronautas, continua a ser uma referência quando se fala da produção visual de Tozzi. Neste artigo, exploramos essa obra e seu impacto na arte brasileira.

O Contexto de “Os Astronautas”

Criada em meados dos anos 1960, a série Os Astronautas surgiu em um contexto de grande transformação política e tecnológica no mundo. A corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética dominava o imaginário global, especialmente com a missão Apollo 11, que levou o homem à Lua em 1969. No Brasil, por outro lado, o cenário era de repressão militar, censura e resistência cultural.

Tozzi, que desde o início de sua carreira se interessou por temas urbanos e sociais, captou essa dualidade ao transformar o astronauta – símbolo do avanço tecnológico e da conquista espacial – em uma figura de reflexão sobre o poder, a alienação e as mudanças sociais da época. Suas obras não eram meramente ilustrações dos eventos globais, mas críticas sutis às distâncias entre as conquistas tecnológicas e as crises humanas que ocorriam em paralelo.

A Estética de Tozzi: Entre o Pop e o Político

Uma das características marcantes de Os Astronautas é a utilização de uma estética influenciada pelo movimento pop art, com cores vibrantes, repetições e a apropriação de imagens da mídia de massa. Tozzi se inspirou na linguagem visual da comunicação de massa, como pôsteres e quadrinhos, para criar uma iconografia própria.

O astronauta, nessa série, é representado de forma estilizada, quase sempre com o capacete refletindo um vazio ou uma paisagem abstrata, o que gera uma sensação de isolamento. Essas figuras estão inseridas em composições que parecem desconexas, flutuando em ambientes que podem remeter tanto ao espaço exterior quanto à alienação urbana. Ao explorar essa estética pop, Tozzi coloca a figura do astronauta como um símbolo não apenas de conquista, mas de distanciamento humano e político.

Simbolismo e Crítica Social

Embora o astronauta fosse um símbolo de progresso para o mundo desenvolvido, nas mãos de Claudio Tozzi ele também se tornou um emblema de crítica ao autoritarismo e à alienação social. Ao mesmo tempo em que o homem chegava à Lua, no Brasil, a ditadura militar controlava o espaço político e cultural, reprimindo a liberdade de expressão.

Tozzi usa o astronauta para questionar esse contexto. A figura, embora moderna e poderosa, também parece frágil e isolada, refletindo a condição de alienação do indivíduo sob regimes autoritários. Em suas obras, o astronauta flutua solitário, desconectado de seu ambiente, sugerindo um paralelo com a sensação de impotência e distanciamento da população brasileira em relação ao governo e aos avanços sociais.

Inovação Técnica e Composição

Além de seu conteúdo conceitual, a série Os Astronautas também se destaca pela inovação técnica de Tozzi. Ele explora diferentes materiais e técnicas, como o uso de tinta acrílica, colagem e serigrafia, criando uma linguagem visual que combina elementos gráficos e pictóricos. A repetição de imagens, com variações sutis de cor e forma, também remete à estética industrial, ressaltando o caráter serial e massificado da produção visual da época.

Essa fusão de técnicas permite que Os Astronautas seja ao mesmo tempo uma crítica ao culto ao progresso tecnológico e uma reflexão sobre o papel do artista na sociedade moderna, onde a arte, assim como a comunicação de massa, precisa ser compreendida e reproduzida em larga escala para alcançar seu público.

O Legado de “Os Astronautas”

A série Os Astronautas é um dos trabalhos mais emblemáticos de Claudio Tozzi e ainda ressoa fortemente na arte brasileira contemporânea. Suas obras podem ser vistas em museus e galerias de todo o Brasil, incluindo a Galeria Livia Doblas, que exibe um rico acervo de Tozzi.

Ao trazer uma visão crítica sobre a modernidade e os avanços tecnológicos, Os Astronautas continua a inspirar discussões sobre o papel da arte em tempos de transformação social e política. A obra de Tozzi não só capturou um momento específico da história, mas também nos lembra que as conquistas humanas – sejam elas espaciais ou terrestres – devem ser acompanhadas de uma reflexão sobre nossa humanidade e nosso compromisso com a liberdade e a justiça.

Por fim, Claudio Tozzi, com Os Astronautas, não só consolidou sua relevância na arte brasileira, mas também ofereceu uma poderosa crítica visual e social que continua a ser pertinente. Suas obras, disponíveis aqui na Galeria de Arte Lívia Doblas, são um convite à reflexão sobre as tensões entre progresso e alienação, liberdade e controle, arte e poder.



Gostou? Então venha conhecer "Os Astronautas" e outras obras de Claudio Tozzi que estão no nosso acervo.

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Thu, 10 Oct 2024 11:00:00 +0000
<![CDATA[Xilogravuras de Emanoel Araújo: origem, técnicas e evolução]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/xilogravuras-de-emanoel-araujo-origem-tecnicas-e-evolucao/

As xilogravuras de Emanoel Araújo merecem atenção e interesse entre colecionadores de artes por conta de sua trajetória, aptidão, evolução de técnicas levando suas obras a outro patamar criando gravuras originais. Continue lendo e entenda.

Xilogravuras de Emanoel Araújo

A relação de xilogravuras com Emanoel Araújo começou cedo. Testava técnicas com uso indireto de guache nos primórdios quando usava desenho lavado para recriar o efeito da xilogravura de Albrecht Durer, vistas por Emanoel em ilustrações do livro de Sancho Pança.

O livro emprestado da biblioteca de Santo Amaro o inspiraram. Pintava um desenho em branco e depois passava nanquim por cima. Depois lavava.

Isso resultava em traços com linhas brancas e transformavam em uma espécie de negativo. O desenho era apenas revelado após a lavagem.

Esta técnica de estudo de xilogravura no papel reflete bem os resultados da matriz gravada no papel.

Ainda criança adquiriu experiências como entalhador quando trabalhou dos 9 aos 11 com marcenaria e dos 11 aos 14 com gráfica na Imprensa Oficial com experiência em matrizes.

Além disso, seu gosto pelo desenho era uma facilidade. Depois passou a frequentar o ateliê de gravura de Henrique Oswald. Neste momento já tinha aptidões para as gravuras acumuladas com seus trabalhos, já testava técnicas com guache e por isso chamou a atenção.

Traços livres e emocionais

As xilogravuras de Emanoel Araújo tinham como características uso de elementos geométricos com muita figuração com formas livres, sem uso racional, mas extremamente emocional.

Linhas de memórias afetivas da Bahia

As linhas vinham de memórias afetivas da arquitetura dos sobrados da Bahia com barroquismo comumente visto na composição das casas.

Influências africanas

Além das influências nativas do Brasil, foi impactado por uma viagem para a África com cultura e religiosidade refletida na geometrização da arte de lá. Uma geometria gestual e orgânica.

Identidade étnica e uso de cores

As xilogravuras de Emanoel Araújo passaram a ter identidade étnica com padronagens. As formas geométricas surgidas com uso de matemática para processo e não um fim. Passou a usar cores em variedade.

Influências do tangram

Sua técnica consistia em encaixar matrizes recortadas com impressões múltiplas pensando em todas as etapas quanto disposição, composição e processo.

Os encaixes para a estruturação dos espaços funcionam como quebra-cabeças com 7 peças geométricas para formar figuras sem sobreposições. Estas regras são do tangram.

Ancestralidade

Na hora de escolher as cores usava tons terrosos evocando sua ancestralidade africana. Seu pensamento continuava em formas.

Evolução da xilogravura para tridimensionalidade

Suas questões poéticas e subjetivas permanecem traçando um percurso coerente usando elementos da xilogravura mesmo quando passou a fazer esculturas.

Afinal, Emanoel Araújo continuou usando madeira, matrizes, relevos em sulcos e projeção. Os sulcos passaram a ser desdobrados brincando com luz e sombras projetados em direções invertidas.

Mesmo suas esculturas têm muito da xilogravura de Emanoel Araújo, sendo uma evolução das técnicas com espaços que se assemelham muito ao resultado das goivas na madeira. Mesmo quando trabalhou em aço esse efeito é característico.

Também teve influências do kirigami quando passou a usar curvas, que eram difíceis de serem obtidas pelas goivas na madeira, transportando-as para esculturas.

Gostou? Então confira algumas das gravuras de Emanoel Araújo que estão no nosso acervo. 

 

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Tue, 24 Sep 2024 17:36:00 +0000
<![CDATA[Alfredo Volpi: fachadas, madonas e bandeirinhas]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/alfredo-volpi-fachadas-madonas-e-bandeirinhas/

Alfredo Volpi é um artista consagrado no Brasil por conta de técnica própria de pintura desenvolvida em sua jornada autodidata. Com pinceladas constantes leves e ritmadas, fabricação das próprias tintas usando pigmentos naturais a base de têmpera e de todos os elementos que usava, criou uma assinatura que não pode ser replicada. Suas obras são originais e únicas.

Genialidade, dedicação e originalidade

Para saber se uma obra é de Volpi, basta apenas olhar e reconhecer suas formas mais usadas, a maestria no uso de cores com rigor técnico e elaboração artesanal de todos os materiais, desde pigmentos, emulsificantes e telas.

Muita gente não sabe, mas ele fabricava suas telas em processo artesanal usando linho em suporte de madeira. Também usava outras bases.

Dominando as técnicas artísticas, bem como os materiais sob aspecto físico-químico. Suas obras em suportes têm muito mais camadas (chegavam a 7 ou 8) e demandava muito tempo de Volpi mostrando sua dedicação com a arte.

Com cores vibrantes e luminosidade, mas sem interferência da refração da luz davam como resultado um brilho fosco. Além disso, são muito mais resistentes a ação do tempo com conservação sem reações a atmosfera, se mantendo com aspecto novo como se Volpi tivesse recém-pintado a tela.

Desenhava as formas em grafite ou carvão em papel como parte do estudo. Depois riscava as telas com curvas a mão livre e uso de réguas ocasionais.

Alfredo Volpi: fachadas, madonas e bandeirinhas

Alfredo Volpi usava diferentes temas para composição de suas telas, mas se destacam as fachadas, madonas e bandeirinhas.

Fachadas de Alfredo Volpi

As fachadas compostas de portas e janelas representam uma estética comum do interior do Brasil. Usando geometria beirando a abstração, mas com signos conhecidos por todos, seus retângulos e quadrados representavam as fachadas.

As fachadas e casas tinham início a partir da memória de Volpi com reinterpretação da sua memória usando pictografias que se tornaram signos abstratos por não delinear mais a forma das casas.

Usando módulos que se encaixam, mas colocados arbitrariamente.

O uso da tinta têmpera com origem italiana dá uma opacidade e saturação cromática criando tons vibrantes que saltam aos olhos.

Bandeirinhas de Alfredo Volpi

As bandeirinhas de Alfredo Volpi são uma das composições artísticas mais famosas, causando muitas dúvidas dos motivos de serem retratadas.

As formas geométricas das bandeirinhas decoram casas, ruas, fachadas, comércio e locais de evento no período das festas juninas, tão famosas no Brasil.

Na hora de pintar, Volpi afirmava que o seu problema inicial surgia da cor e depois ia repetindo os temas.

As bandeirinhas coloridas criam um efeito aos olhos com explosão cromática traduzindo a brasilidade e o espírito das festas populares de forma magistral, que tanto encantavam o artista.

Madonas de Alfredo Volpi

Com temática religiosa ajudando a retratar a cultura do interior aonde predominava a fé cristã, pintou Madonas: a virgem com o menino Jesus.

Estas imagens eram mais uma retratação história de uma parte da cultura vibrante nacional da iconografia popular das imagens de santos.

Tanto as fachadas, madonas e bandeirinhas mostravam aspectos culturais que influenciaram o artista, que mostravam como objetos e elementos do cotidiano eram transformados em obras de valor consagradas, premiadas e icônicas.

Gostou? Então confira algumas das gravuras de Alfredo Volpi que estão no nosso acervo. 

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Tue, 10 Sep 2024 12:03:14 +0000
<![CDATA[Carlos Cruz Díez: suas gravuras e cores únicas e hipnotizantes]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/carlos-cruz-diez-suas-gravuras-e-cores-unicas-e-hipnotizantes/

Carlos Cruz Díez foi um artista venezuelano especialista em fenomenologia da cor com formação acadêmica e atuação em diferentes áreas artísticas. Dentre elas, suas gravuras refletem suas técnicas de forma maestral. Continue lendo e saiba mais.

Gravuras e cores de Carlos Cruz Díez

Carlos Cruz Díez contou em entrevista ao canal Louisiana em 2017, que sua fascinação por cores começou muito cedo quando se indagava o motivo das pessoas usarem cores dos mesmos jeitos sempre.

Em sua vida acadêmica começou uma intensa pesquisa sobre uso de cores em diversas áreas: filosofia, artístico, científico. Desta forma, conseguiu descobrir possibilidades do mundo cromático.

O artista usando combinações de cores conseguiu fazer a multiplicação da imagem. Usando teoria e saindo do senso comum, Díez criou uma aplicação nova: cores no espaço, formação de novas possibilidades e perspectivas com a fisiocromia.

Cores no espaço

Uma das formas de uso de cores é o de uso no espaço. Não está sob a tela, mas induzida e envolui de acordo com o espaço. Desta forma, ela sai do campo da certeza e vai para a circunstância.

Presente perpétuo

Elas ressoam o presente perpétuo. Nem no passado ou futuro. Ela se faz ali de forma instantânea diante dos olhos.

Mutação de cores constante

O que ocorrem com as gravuras de Carlos Cruz Díez é uma mutação constante das cores diante da observação se transformando sempre. Isso foi alcançado depois de muitas pesquisas, estudos e tentativas de acertos e erros.

Novas cores são criadas

A partir disso, a forma é destruída ou dividida, fracionada e transformada em tramas. Portanto, em vez de fazer uma justaposição, ele fazia uma sobreposição dos planos, misturando linhas gerando cores que não estão ali no suporte.

Fisiocromia

Ao colocar as cores no espaço dentro de uma trama de luz, ele criou uma fisiocromia resolvendo o problema de reflexão e transparência.

Então, ele criou cores físicas, aditivos e substrações. As cores se formam constantemente. A participação dos expectadores se torna fundamental nesta arte cinética, não sendo uma contemplação passiva, mas ativa para materialização da obra.

O sistema dialético do trabalho de Díez é completo pelas pessoas que a observam aonde existem descobertas e prazer.

Ele conseguiu criar uma forma de expressão nova, colaborativa e uma nova maneira de enxergar as cores e este mundo de outra perspectiva.

Cromosaturação

Outra técnica inovadora do artista envolvia usar vermelho, verde e azul como as cores da luz. Já amarelo, azul e verde são os suportes opacos. Elas permitem que as pessoas tenham uma experiência vital através de exposições usando o jogo de cores de forma física causando sensações diversas.

Gravuras de Carlos Cruz Díez

As gravuras de Carlos Cruz Díez surpreendem, maravilham e causam descobertas contínuas baseadas em muitos estudos e um senso de investigação, que permitiu o artista a criação de novas possibilidades de cores e obras que interagem aos olhos.

Para transformar os espaços, entreter, inspirar, fazer olhar por novas perspectivas, ser terapêutico, tirar do senso comum, dar vida, confortar, alegrar, ser poético, transformadoras com muitas surpresas constantes. Um artista que vale a pena conhecer e adicionará valores a coleções de arte e a gallery walls.

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Wed, 21 Aug 2024 17:00:47 +0000
<![CDATA[Gravuras de Fulvio Pennacchi retratam a brasilidade bucólica e espiritual]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/gravuras-de-fulvio-pennacchi-retratam-a-brasilidade-bucolica-e-espiritual/

Fulvio Pennachi foi um artista italiano que fixou residência no Brasil como imigrante aonde fez uma carreira de sucesso estabelecendo uma vida e desenvolvendo suas habilidades artísticas. As gravuras de Fulvio Pennachi são eruditas mostram grande domínio do desenho, das cores e refletem sua estética classista contemporânea com olhar humanista e bucólica. Continue lendo e saiba mais sobre o artista, detalhes de suas composições, retratações e diferenciais.

Gravuras de Fulvio Pennacchi

Com relação espacial e volumétrica criava gravuras, desenhos e pinturas que iam desde paisagens chegando até o figurativo.

Retratava o cotidiano com olhar humano

Com olhar apurado para retratar o cotidiano capturava a essência humana ao retratá-las de forma simples, mas com grande talento.

Cristão e humanista, as gravuras de Fulvio Pennacchi retratam muitas cenas comuns do Brasil, assim como artes religiosas.

O que retratava

Cenas como entardecer, pessoas voltando da colheita, paisagens do cotidiano dos pescadores, praças, pessoas, festas caipiras, igrejas, aldeias, litoral, violeiros, animais, de tradições, da terra, casamentos, celebrações, paisagens rurais, famílias caipiras, iconografia religiosa, santos, de fé, do evangelho com temas bíblicos.

Vida popular e criação divina

A vida encantava o artista e são mote de suas representações artísticas mostrando a vida popular, que era aonde se sentia confortável. Com sua arte fazia alusão a criação divina com grande representação da espiritualidade através da vida comum.

Contemplação e encantamento

A realidade simples, mas em harmonia e sintonia mostrava contemplação e felicidade com grande encantamento. As gravuras de Fulvio Pennacchi são belas no simplório com grande sofisticação de técnicas, levam a uma paz de espírito, um sentimento de familiaridade e conforto.

Significados profundos e olhar poético

A vida espontânea é vista nas obras de Fulvio Pennacchi com muita fraternidade sendo profundas em significados. Seus olhos captaram a brasilidade com grande função social ao retratar a vida das pessoas.

Talento e composições equilibradas para narrativas completas

Suas retratações mostram as pessoas em contentamento e olhar poético levando a reflexões internas. Suas composições são equilibradas e contam uma narrativa mostrando costumes e vivências de sua época mostrando religiosidades, costumes e tradições.

Domínio do desenho

Dominava o desenho usava perspectiva, volume e profundidade. Adicionava muitos detalhes e enriqueciam as cenas. Capturando momentos únicos as imortalizou no tempo sempre com olhos otimistas, mas realistas.

Essência poética

Sem intenções de revoltar ou denunciar, captava uma essência poética da vida como ela é com firmeza de espírito e resiliência.

De forma icônica, simétrica e simbólica as gravuras de Fulvio Pennacchi adicionam a beleza da vida, além de darem grandes contribuições a coleções de artes, gallery walls e a decorações estéticas.

Fulvio Pennacchi foi um artista com formação clássica na Itália em artes, que trabalhou muito em vida no Brasil, tendo sido acolhido e abraçado o país, contribuindo para a cena artística brasileira com reconhecimento e premiações. Fazia gravuras, pinturas, afrescos, esculturas terrosas, cerâmicas, desenhos em papel, deixou um legado para deleite dos apreciadores de arte. Estudioso e com grande bagagem cultural era um artista erudita com grande sensibilidade.

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Thu, 08 Aug 2024 12:27:19 +0000
<![CDATA[Odetto Guersoni: o mestre da técnica de xilogravura]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/odetto-guersoni-o-mestre-da-tecnica-de-xilogravura/ Odetto Guersoni é um artista brasileiro especializado em técnicas de gravuras, tendo trabalhado com formas de representação com infinitas possibilidades e diversidades.

Considerado o mestre das técnicas sobre o papel com uso de xilogravura, litografia, calcografia, gravura em metal, pochoir, monotipia, filigrafia e plastigrafia.

Xilogravuras de Odetto Guersoni

As xilogravuras de Odetto Guersoni transportam sua criatividade através de linhas para criar formas geométricas.

Dentre de todas as técnicas que sabia aplicar, usou mais a xilogravura como técnica de expressão artística.

Evolução de suas formas

Odetto Guersoni fazia muitos trabalhos com ideogramas como reflexo de seu subconsciente criando imagens gráficas únicas em criatividade e com grandes expressões. Já a partir de 68 até 78 começou a usar linhas para ter resultados abstratos e geométricos com bidimensionalidade e tridimensionalidade.

Formas originais

Sua criatividade combinada com sua técnica resultou em uma grande combinação de formas originais.

Criou mandalas, linhas justapostas, usou formas, recriou, juntou, redimensionou, gradou, desdobrou, multiplicou. Como na natureza tudo é criado a partir da geometria e da repetição de padrões, não é exagero dizer que Odetto criava natureza com suas xilogravuras.

Criam ilusões ópticas

Estas repetições se colocadas sob forma tridimensional ganharia dimensões, texturas e formatos. Outro aspecto interessante das xilogravuras de Odetto Guersoni são seu aspecto de transmutação da óptica. Elas se movimentam, criam ilusões e dão novas perspectivas que podem ser transformadas em reflexão ou ajudar a ver coisas por outros ângulos.

Portanto, estas obras possuem um efeito de ilusão com grande inovação de cores e formas recriando a natureza.

Gravuras concisas e incisivas

Suas obras são concisas e incisivas, ou seja, criam um impacto exato de forma precisa e clara, além de dar uma sensação de vividez causando sensações intensas nos expectadores.

Mestre da xilogravura

Dominava as técnicas e ensinava na escola Senai de Artes Gráficas, que ajudou a fundar sendo mestre aonde idealizou os cursos e encaminhou profissionalmente milhares de alunos em gravuras e produções de arte gráfica.

Como mestre se realizava aonde passava seus conhecimentos obtidos pela formação na França, Genebra e no Brasil, além de ter participado de coletivos de artistas e ter feito parte do conselho da Pinacoteca.

Grande diversidade de formas

Nas gravuras de Odetto Guersoni poderão ser vistas além das mandalas e das criações de formas e linhas, pinturas rupestres e formas vegetais.

Os módulos gráficos trabalham cores preto com sobreposições, assim como uso de outras cores. Com grande rigor técnico usava poucas matizes combinando módulos.

As gravuras de Odetto adicionam a coleções de obra de arte grande valor com grandes contribuições artísticas e técnicas. O artista plástico além da formação excelente foi premiado em bienais. Vale a pena conhecer e ter no acervo.

Para quem busca fazer uma gallery wall, a grande diversidade de imagens gráficas combinarão com diferentes estilos para combinar com a estética desejada. Nas paredes transformam ambientes criando uma atmosfera vibrante e cheia de vida.

Realizou diversas exposições individuais e fora do país disseminou a gravura contemporânea brasileira. É um nome consagrado e valorizado para coleções de arte com suas xilogravuras.

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Tue, 30 Jul 2024 17:46:26 +0000
<![CDATA[Gravuras de Luiz Hermano: formas geométricas orgânicas que refletem a vida]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/gravuras-de-luiz-hermano-formas-geometricas-organicas-que-refletem-a-vida/

Neste artigo conheça mais sobre as gravuras de Luiz Hermano com sua construção e influências para se aprofundar em um dos artistas contemporâneos brasileiros de relevância. Suas obras dão pontos de vista cinéticos e fazem refletir. Confira.

Gravuras de Luiz Hermano

As gravuras de Luiz Hermano surgiram no começo de uma vocação natural quando o artista aprendeu a arte de gravura em metal de forma autodidata enquanto estudava filosofia para depois ter uma formação formal com Carlos Martins em 1946.

Se inspirando no universo de cultura popular e do cordel, Luiz Hermano usava técnicas artesanais para dar início a seus trabalhos explorando possibilidades artísticas que se expandiam.

Desafios e desdobramentos das formas geométricas

Com o decorrer de sua evolução artística passou a desafiar formas geométricas, além de adicionar movimento e fluidez.

Geometria orgânica

De forma orgânica ele organiza as formas geométricas com repetição e expansão. Desafiando limites para criar obras únicas.

Visão cinética das formas

O artista transporta para as suas gravuras aonde as pessoas poderão observar várias formas conforme o ponto de vista de forma cinética.

Da racionalização para a subjetividade

Ao usar estas formas geométricas em suas gravuras, Luiz Hermano mostra que antes da racionalização matemática estas formas já estavam presentes na natureza inspirando uma reflexão filosófica.

Segundo Luiz Hermano as formas geométricas indicam um raciocínio lógico sendo base. Deles se desdobram e se juntam para formar outras figuras. Em uma delas partiu da forma de trapézios para resultar em criações novas.

Algumas das gravuras também foram transportadas para estruturas de metal a exemplo da série de 2017 chamada Teoremas como a série Perfis de 2011 a 2013.

A série Perfis tinha inspiração em canteiros de obras e observação dos materiais utilizados.

Entre pensamento, sincronia, meditação

Segundo Luiz Hermano contou para a revista Bravo de 2021, suas criações partem de um estado meditativo aonde existe sincronia entre pensamento e a ação. Usa seu imaginário com influências futuristas inspirado por uma sensação de paz e plenitude.

Mundos imaginários e materialização

Imaginando mundos que não existem e um lado poeta seus trabalhos são vivos. De dentro de sua cabeça surgem desenhos e das mãos elas se transportam com linhas para serem transformadas em esculturas com fios de arame e depois são feitas gravuras.

Esta materialização da sua criatividade invade espaços. Elas vão se expandindo e se desdobrando entre várias outras criando formas e trabalhos derivados mostrando uma expansão.

Refletem a vida

Elas se autoalimentam e se transformam refletindo a vida e sua grandiosidade. O artista experimenta e não se limita criando formas e mais formas com inúmeras possibilidades de geometria articulada.

De um mesmo desenho ele vai tecendo e tecendo. Levando as técnicas de artesanato para um lado conceitual. Usando diferentes materiais ele ainda usa técnicas manuais imprimindo sua energia dando vida.

As gravuras de Luiz Hermano são únicas por conta de seu processo com obras criativas e artesanais que adicionam a coleções de arte um valor imensurável. Vale a pena conhecer e ter no acervo.

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Fri, 12 Jul 2024 18:20:00 +0000
<![CDATA[Amilcar de Castro: gravuras irrefreadas e aventureiras]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/amilcar-de-castro-gravuras-irrefreadas-e-aventureiras/

É um nome forte do concretismo, neo concretismo, esculturas figurativas, corte e dobra, abstração, rigor matemático, formas puras e da geometria maleável. Neste artigo conhecerá mais sobre as gravuras de Amilcar de Castro.

Ganhou grande reconhecimento com suas esculturas em ferro partindo de um plano de formas geométricas em que são cortadas e dobradas dando um senso de novas perspectivas. Não usava solda e suas peças tinham um aspecto inteiro.

O resultado são criações tridimensionais com diálogo com espaço e natureza com integração. A partir dos anos 90 passou a fazer litografias com características de rastros de pinceladas.

Gravuras de Amilcar de Castro

Todo sábado Amilcar de Castro se dedicava a litografias de uma forma não rigorosa. O fundamento começava pelo desenho em pedra para impressão.

Sua criatividade aflorava, mas com sua assinatura visual das formas geométricas, mas sem o rigor matemático. Fazendo o desenho sem plano apenas procurando organizar o espaço deixando cada gravura de Amicar de Castro única, com grande expressão e liberdade artística.

Intuitivo e aventureiro

Usando um tema livre, Amilcar de Castro era intuitivo e aventureiro criando os desenhos fazendo experimentações variadas para suas gravuras.

Os resultados eram formas subjetivas, experimentativas com trajetórias independentes e irrefreadas. Segundo contou ao final da década de 90, às vezes, começava um desenho com a mão esquerda se provocando e desenrolando depois de acordo com sua vontade.

Associações automáticas e incoscientes

A arte abstrata era quase como uma caligrafia com articulações por associações automáticas e inconscientes.

Subjetividade

Com capacidade de articulação livre e inesperada com significados para serem descobertos depois com subjetividade ao seu máximo, mas sem ser surrealista ou expressionista, coisa que Amilcar rejeitava.

Cores pretas, uso negativo e cores preenchendo espaços

Seu uso é construtivista livre sobre plano e corte. Usando sempre cores pretas com pinceladas grossas usando o papel como tema com estética opaca e desenho negativo com uso de cores estratégicas ocupando espaços com formas geométricas, mas sem representatividade.

Recortes tensionados

Usando cores primárias nas suas litografias em meio ao preto como amarelo, vermelho, azul como prata, dourado e verde com efeito de recorte.

Além de preencher os vazios estabelecem tensões. No entanto, as formas básicas são feitas em preto sendo a cor inicial e estrutural.

A tensão com superposições de planos criam uma ressonância luminosa com proximidade ilusória sem interação de campos de cor, mas destacando o negativo e positivo usada como recurso.

O que é litografia

A litografia é um processo de impressão usando repulsão de óleo e água após fazer marcações de desenho em pedra.

Amilcar de Castro é um dos grandes nomes das artes plásticas nacionais para compor coleções de arte reconhecido como um dos maiores do Brasil, mestre do corte e da dobra com suas esculturas e com grande acervo de gravuras e pinturas com grande valor de mercado.

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Wed, 26 Jun 2024 15:37:00 +0000
<![CDATA[Tomie Ohtake: saiba mais sobre suas gravuras]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/tomie-ohtake-saiba-mais-sobre-suas-gravuras/

Tomie Ohtake, conhecida informalmente como a dama das artes plásticas era uma artista multi-talentosa e além das conhecidas esculturas e pinturas, suas gravuras iniciadas na década de 70 são uma primazia de sua arte abstracional geométrica emotiva. Continue lendo e entenda sobre suas composições e mais detalhes de suas obras em litogravura.

Gravuras de Tomie Ohtake

Pouco comentadas em relação a suas esculturas, ou mesmo que criaram uma assinatura relacionada a seu nome e carreira, as gravuras de Tomie Ohtake faziam parte de sua expressão artística e valem a pena ter no acervo e conhecer.

Usando colagens como matriz, a artista definia um campo cromático dando ênfase em formas geométricas. Um dos focos eram as texturas aplicadas pelo seu método manual de rasgar e colar, além de usar manchas e marcas decorrentes.

Além de usar essa imprevisibilidade manual, também aplicava recortes de papeis com tesoura que acabavam replicadas nas gravuras tornando as formas mais regulares.

Essa rigidez aos poucos foi sendo transformada para construção de formas geométricas imprecisas com mais fluidez e arredondadas com formas não representativas.

Sem título

Uma das características das gravuras de Tomie Ohtake como suas outras obras de pintura e esculturas era não nomeá-las. Isso era feito de propósito para não limitar ou definir a interpretação das pessoas quando as vissem.

Para serem sentidas

Cada pessoa enxergará e interpretará algo de suas gravuras de forma proposital dando espaço para a imaginação e liberdade. Segundo Ohtake as obras não deveriam ser analisadas, mas sentidas.

Além do uso de elementos geométricos à sua maneira, pois não seguia a construção de formas retas como é de senso comum, usou muita abstração e gestualidades manuais.

Depois as transformou em formas orgânicas e passaram a ficar mais arredondadas, indo de círculos a elipses com muita iluminação. O uso de cores monocromáticas sob as formas tinham textura e suas padronagens inspiram diferentes sensações.

Na gravura começou usando a técnica da serigrafia e passou a litogravura usando cores vibrantes e combinações inusitadas com sobreposições de formas.

Formas livres

Suas formas livres expressavam sensações diferentes usando cores primárias mostrando um abstracionismo informal, pontuando um movimento artístico único de Tomie Ohtake.

As gravuras de Tomie Ohtake fazem parte importante do modernismo brasileiro com assinatura única valorizando coleções de arte. Seu nome é reconhecido nacional e internacionalmente tendo figurado em diversas bienais e exposições, ajudou a firmar a cena artística brasileira.

Naturalizada brasileira na década de 60, promovia a conexão que independia da origem conseguindo criar um vínculo entre oriente e ocidente.

Com olhar poético sintetizante, gestualidades e construção de obras sob base de trabalho duro, estudos, paciência e resiliência, teve uma trajetória brilhante durante sua carreira de 60 anos iniciada apenas aos 40 anos de idade por ter priorizado a família reacendendo sua paixão pelo desenho e pintura.

Usando emoções transformou para sempre o uso de formas geométricas saindo do construtivismo racional e fugindo do pictorismo usando intuição, além de rigor técnico fazendo um mix interessante e não replicável. Nome forte para quem aprecia arquitetura, design, decoração e artes plásticas.

 

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Wed, 12 Jun 2024 12:44:48 +0000
<![CDATA[Gravuras Athos Bulcão reúnem arte e arquitetura do modernismo brasileiro]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/gravuras-athos-bulcao-reunem-arte-e-arquitetura-do-modernismo-brasileiro/

Athos Bulcão é um nome proeminente em Brasília por conta de seus trabalhos em azulejo, paineis e murais presentes em locais importantes. Neste artigo aprenderá sobre as gravuras de Athos Bulcão e refletem toda a padronagem e trabalho com cores e formas masterizada por Bulcão e aplicadas em projetos arquitetônicos e pode fazer parte de coleções de arte e gallery walls.

Gravuras de Athos Bulcão

As gravuras de Athos Bulcão de arte contemporânea brasileira são uma primazia para quem aprecia trabalhos de arquitetura com expressão e sensibilidade.

Com grande sensibilidade cromática sabia muito bem usar cores, assim como tirar proveito de superfícies diferentes.

Linhas, modulação e campos cromáticos

Usando contornos, relevos e formas geométricas para compor uma abstração de formas para serem encaixadas de forma modular brincando com linhas e campos cromáticos.

Uma das mais famosas foi aplicada na parede da Igreja Nossa Senhora de Fátima e podem ser conferidas em gravuras de Athos Bulcão é o da estrela preta e da pomba branca.

Integração

As formas de pomba e estrela foram colocadas em um fundo de mesma tonalidade azul. Mostra uma alternância rítmica entre as duas cores principais. Estas padronagens quando aplicadas na parede se integram na estrutura sem atrapalhar a composição, seja qual for. Esta era a mágica de Athos Bulcão a integração de suas formas.

A construção abstrata das combinações de formas alternam cores fazendo um contraponto entre figura e fundo. Muitas vezes é usado uma mesma forma sendo repetidas em diferentes fundos.

Desenhos alternados em fundos para criação de figuras

Outra gravura vinda de um projeto arquitetônico é o que está no Brasília Palace Hotel. Um mesmo desenho em forma de arcos abstratos colocados nas bordas se alternam em fundos de cores branco e azul.

Quando colocadas juntas de forma modular criam figuras de plano ativado e formação de figura elíptica.

Estimulam os olhos

Elas estimulam as pessoas com suas permutações que podem ser encaixadas em paredes criando efeitos aos olhos.

Caleidoscópicos a explosões

Na Fundação Getúlio Vargas no Rio de Janeiro está uma composição com dois desenhos metade branco e metade preto. Outro com um terço branco e dois terços em preto com quadrado branco são combinados sem ordem fazendo uma ativação do plano tornando a parede um caleidoscópio que se move conforme se anda e observa.

Este efeito foi bastante explorado na arquitetura e podem ser vistos nas gravuras de Athos Bulcão. Outro projeto famoso é o da Escola Classe de Brasília aonde três tipos de formas aplicadas em azulejos: branco, preto e branco com um terço preto davam um caráter explosivo na parede.

Gravuras únicas e originais

Como as formas eram combinadas sem ordem elas deixavam além da espacialidade marcada, tempos diferentes e caracterizavam as obras como únicas sem fórmula pronta com originalidade e criatividade que não pode ser repetida.

As gravuras de Athos Bulcão adicionam em paredes estes elementos valorizando coleções ou compondo um visual estético com técnicas arquitetônicas consagradas pelo artista e valem a pena conhecer e incluir no acervo.

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Thu, 30 May 2024 11:00:00 +0000
<![CDATA[Odetto Guersoni: conheça mais sobre suas gravuras]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/odetto-guersoni-conheca-mais-sobre-suas-gravuras/

Odetto Guersoni foi um habilidoso artista com multi-talentos e dedicou sua vida a estudar técnicas de gravuras com excelência em intercâmbios culturais que fizeram sua bagagem. Suas gravuras contemporâneas são únicas e valorizam coleções de artes.

Para conhecer mais sobre Odetto Guersoni confira neste artigo informações e curiosidades sobre suas obras.

Técnicas de gravura de Odetto Guersoni

Estudou na França, Estados, Alemanha, Áustria e no Japão técnicas de gravura e já foi eleito melhor gravador pela Associação Paulista de Críticos de Arte.

Trabalhava com metal, serigrafia, plastigrafia, litografia, xilogravura e filigrafia.

Usava abstrações e formas geométricas

Formas geométricas construídas como abstrações para expressões artísticas e ilusórias faziam as obras de Odetto únicas e especiais, pois mostrava total domínio do construtivismo.

Inventou plastigrafia

Usando gesso, alvaiade, secante, óleo e terebintina fazia moldes para impressões em uma técnica  inventada por ele nos anos 60 mostrando domínio completo de sua arte com criatividade.

Nela a matriz possui uma textura pastosa contrária a rigidez da madeira com resultados lisos muito semelhantes a estamparia japonesa. Aliás, Odetto estudou em Osaka mostrando influências.

Usava símbolos e combinações

Para criar partia de um único elemento ou de múltiplos com grande variedade de caminhos para seguir.

Tanto que a partir de apenas um módulo conseguia tirar até 20 gravuras mostrando domínio das formas e suas combinações. Isso confere a gravuras de Odetto Guersoni um caráter especial e muito amplo de resultados com reflexo do subconsciente, tanto que algumas gravuras nomeava fazendo referência.

Do subconsciente para o consciente, suas imagens perdem o caráter figurativo para alcançar outro patamar.

Processo de combinações fascinantes

No processo de justaposições e sobreposições usando formas geométricas, Odetto ficava fascinado com as possibilidades infinitas de suas obras e era refletido no resultado final.

Seu rigor técnico se apresentava de forma dinâmica usando não apenas justaposições, mas gradações, desdobramentos e multiplicação. Suas estruturas são sempre organizadas acabava criando escalas de valores e cores.

Brincadeira entre emocional x racional

Trabalhando de forma totalmente racional, mas trazendo a tona subconsciente, Odetto fazia uma brincadeira entre seu emocional e o lado lógico.

Cada gravura de Odetto Guersoni é única e especial para compor coleções de arte de um artista nacional com bagagem acadêmica, mas também com grande expertise experimental pelas suas tentativas e ousadias em sua carreira de mais de 60 anos.

Trabalhou com diversos temas e ainda masterizava a arte do desenho, pintura, ilustração e escultura. Vale a pena conhecer mais sobre sua biografia e seu extenso trabalho, pois foi bem ativo no Brasil e internacionalmente.

Sejam suas gravuras ou pinturas, Odetto fará sua coleção ou Gallery Wall com obras refinadas contemporâneas de um dos mestres da arte brasileira com abstrações que evocam emoções, pensamentos e reflexões, além de ter primor técnico e de imagem. 

 

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Wed, 15 May 2024 13:38:00 +0000
<![CDATA[Burle Marx: saiba mais sobre suas obras, pinturas e gravuras]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/burle-marx-saiba-mais-sobre-suas-obras-pinturas-e-gravuras/

Pouca gente sabe, mas Roberto Burle Marx era multi-talentoso com habilidades artísticas diversas sendo artista plástico. Além de toda a beleza com a arquitetura e paisagismo, deixou obras, pinturas e gravuras. Saiba mais.

Burle Marx e suas pinturas

Estudou com Cândido Portinari em 1935 e Di Cavalcanti, frequentou a escola de Belas Artes e era um ótimo desenhista. Em suas obras usava de expressionismo para retratar a natureza tropical com uso de técnicas e uso de cores.

Versátil

Experimentou diversas técnicas indo desde litografia até pinturas. Durante a década de 30 se dedicou pintando natureza morta usando cubismo retratando cenas do cotidiano e pessoas do povo.

Usava geometria na construção de linhas retratando cidades. Também se dedicou aos desenhos em nanquim usando diversas tonalidades. Ainda trabalhou com desenhos em carvão, grafite, lápis, guache.

Nos seus trabalhos artísticos nota-se sua expertise botânica e jardinista usando a flora como motivo de suas expressões emocionais.

Segundo suas próprias explicações, a sua vida como artista plástico usou o jardim em desenhos e pinturas como sedimentação de circunstâncias.

Aplicando a natureza os fundamentos da composição usando sentimento estético da época e materiais menos convencionais.

Se inspirou na natureza, mas construía

Usava a topografia natural como superfície como composição e os elementos naturais como materiais. Mas, não se limitava a fazer sua arte apenas nascer da natureza, dominando a construção.

Meio de expressão aonde natureza é um pretexto

Suas pinturas, desenhos e gravuras são um meio de expressão dando continuidade ao amor pela natureza visto em seu trabalho com arquitetura e paisagismo, mas também pelas pessoas.

Transpor a realidade

Além disso, sua paixão por retratar as figuras do povo dão um toque pessoal com senso de representação dos problemas comuns de sua época transpondo a realidade.

Ele ordenava as cores e construía formas e ritmos usando-os como princípios de forma sensível e sofisticada. Um homem com princípios e detestava fórmulas.

Temas atuais

Os temas de Roberto Burle Marx nunca estiveram tão atuais com o mundo se preocupando com ecologia e natureza para alcançar sustentabilidade global. O artista valorizava a flora brasileira e as diversidades nativas mostrando a relação do homem com a natureza com humanidade.

Tenha em sua coleção de arte

Portanto, quem admira os trabalhos de Burle Marx na arquitetura e paisagismo deve conhecer também seu lado como artista plástico, podendo ter em sua coleção de arte valor adicionado de um nome importante do modernismo brasileiro e da pluralidade artística nacional.

Suas obras transportam para dentro de ambientes toda a beleza da natureza representada pelo artista Burle Marx de forma pictográfica, mas não só, já que ele tinha habilidades para retratar pessoas e cidades.

 

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Mon, 22 Apr 2024 13:41:07 +0000
<![CDATA[Alfredo Volpi: bandeirinhas e Madonas valorizam coleções]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/alfredo-volpi-bandeirinhas-e-madonas-valorizam-colecoes/

Alfredo Volpi é um artista que ficou famoso por sua arte com bandeirinhas e Madonas. Confira neste artigo sobre estes dois elementos e sua adição de valor e prestígio para colecionadores de arte.

Alfredo Volpi e suas bandeirinhas

As bandeirinhas são símbolos reconhecidos intrinsecamente dentro da cultura popular brasileira por conta das festas religiosas comuns do país do dia de São João ocorridas na temporada do inverno.

O formato enfeita as cidades do interior como os grandes centros urbanos em locais de festa. Alfredo Volpi ficava encantado com o colorido e o formato delas penduradas de forma decorativa quando ia passar uma temporada em Mogi das Cruzes.

Como fazia estudos de desenhos com formatos geométricos, elas se encaixaram muito bem em suas retratações artísticas e começaram a aparecer de forma tímida no começo nos quadros de fachadas.

Depois, passou a fazer parte dos temas centrais ganhando destaque e fazendo sua assinatura estética. Hoje em dia, quando se vê uma obra com bandeirinhas se pensa imediatamente em Alfredo Volpi.

Esta associação de bandeirinhas com festas populares é um signo que precisa do conhecimento da cultura popular brasileira de festa junina para ser decodificado.

No Brasil elas são ligadas a religiosidade, festa, comidas de barraquinhas deliciosas, celebração, fogueiras, descontração, alegria, união, comunidade e fé.

Fora do país é um elemento não popular, mas ainda assim causa fascínio pela construção de formas e cores que contagiam independente do seus conhecimentos contagiando os olhos com o colorido e sua disposição harmônica.

Alfredo Volpi e as Madonas

Alfredo Volpi tinha expertise em retratar a cultura popular brasileira e seu fascínio por temas religiosos. Por isso, as suas Madonas também ficaram muito famosas.

No interior a figura da Virgem Maria é muito apreciada e segundo o artista já contou em entrevistas, os temas religiosos vendiam bem.

Além do estímulo econômico, elas representavam um poder muito grande como uma manifestação de fé e mote para representar a força de uma figura religiosa considerada como a maior depois de Cristo com representação da Igreja Católica.

Além disso, elas ajudam a contar hábitos religiosos e culturais em um zeitgeist eternizado pelas mãos habilidosas de Alfredo Volpi, que dominava as técnicas de desenho, de pinceladas uniformes em um mesmo sentido e com desenvolvimento de tinta de origem ítalo de qualidade e com duração superior.

As tintas de Volpi feitas com clara de ovo (têmperas) mantém sua cor ao longo dos anos, não mofam e não perdem sua qualidade com o clima.

Isso resultou em obras de cores sólidas, vívidas que dão uma outra atmosfera aos seus quadros de temática religiosa como as Madonas e representação das festas de cultura popular a exemplo de suas bandeirinhas.

Estes dois tipos são símbolos muito fortes da arte de Alfredo Volpi e continuam sendo muito valorizadas em coleções de arte, tendo sido eternizadas. Saber seus significados adiciona valor aos seus quadros.

Apesar de ser estrangeiro no Brasil, Volpi considerava sua arte brasileira, assim como ele mesmo. Prestigie os artistas nacionais e tenha em sua coleção um recorte importante da história artística com as bandeirinhas e Madonas, reconhecidas e valorizadas no cenário artístico. 

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Wed, 10 Apr 2024 10:57:43 +0000
<![CDATA[Anna Maria Maiolino será homenageada na Bienal de Veneza]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/anna-maria-maiolino-sera-homenageada-na-bienal-de-veneza/

Anna Maria Maiolino terá um grande reconhecimento em sua carreira com a homenagem na Bienal de Veneza ao receber um Leão de Ouro pela carreira, além de apresentar uma exposição de esculturas e instalações em argila.

Leão de Ouro para Anna Maria Maiolino

Anna Maria Maiolino receberá um dos prêmios mais importantes da Bienal de Veneza ao ganhar o Leão de Ouro pelo conjunto de sua obra e será entregue em abril. Além de receber o prêmio, fará uma exposição de obras inéditas.

Está previsto um trabalho em grande escala em argila e continuará sua série de esculturas e instalações. Será sua primeira participação no evento representando seu grande reconhecimento internacional.

É uma honra receber Leão de Ouro por conjunto da vida na Bienal de Veneza, prêmio concedido diretamente pelo diretor artístico.

Bienal de Veneza 2024

A Bienal de Veneza é realizada desde 1895 na Itália. É considerada a bienal de arte mais importante, antiga e prestigiosa do mundo. As edições ocorrem de dois em dois anos entre abril e novembro.

Estrangeiros em Todos os Lugares

A edição que homenageará Anna Maria Maiolino é a de 2024 chamada de Stranieri Ovunque (Estrangeiros em Todos os Lugares) com curadoria de Adriano Pedrosa, atual diretor do Masp, brasileiro e o primeiro diretor artístico sul-americano na história da Bienal.

A abertura oficial acontecerá dia 20 de abril e a edição mostrará arte contemporânea com reinterpretação de diferentes culturas.

É a celebração a arte e o combate a xenofobia, pois a edição foca em artistas migrantes. Maiolino nasceu na Itália, migrou e foi radicada no Brasil após uma passagem pela Venezuela. Morou no Rio de Janeiro, em Nova Iorque e atualmente vive na capital de São Paulo.

Em uma de suas exposições, podia-se ler na parede: Italiana de nascimento, educada na Venezuela, brasileira na vivência, carioca, portenha, nova-iorquina e agora paulistana.

A arte de Anna Maria Maiolino

Em sua carreira Anna Maria Maiolino desenhou, pintou, fez poesia, usou fotografia, fez filmes, xilogravura, faz performances, instalações, mas é nas esculturas em argila iniciada na década de 90, que ela continua trabalhando até os dias atuais.

Alguns trabalhos de Anna Maria Maiolino marcantes são o filme Super -8 gravado em uma 8 mm lançado na época de ditadura militar no Brasil. Neste trabalho evocou diferentes emoções e fazia uma crítica a censura, segunda explica em entrevista ao MIS em 2023.

Segundo explica em entrevista ao Sesc TV de 2014, o seu processo de criação e vontades nas esculturas em argila se misturam quando existe intimidade com o material.

Vida é movimento

Segundo a artista, a vida é movimento e quando se sente engessada muda de foco nas suas criações, que embasam sua experiência acumulada ao longo de sua carreira e faz experimentações contínuas.

Autodidata explica que a arte foi uma forma de curar suas feridas e se expressar. Usando metáforas e subjetividade consegue abordar questões delicadas sempre mostrando suas verdades. Com a argila seu foco é a expressão gestual com foco no relacionamento com materiais elementares.

Suas obras são brasileiras

Anna Maria Maiolino define sua arte como brasileira, já que teve influências e desenvolveu seu trabalho no Brasil.

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Wed, 27 Mar 2024 11:00:00 +0000
<![CDATA[Emanoel Araújo: técnicas e composições de suas xilogravuras e esculturas]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/emanoel-araujo-tecnicas-e-composicoes-de-suas-xilogravuras-e-esculturas/

Emanoel Araújo é um artista brasileiro de grande renome nacional e internacional. Neste artigo conhecerá mais sobre aspectos de suas xilogravuras e esculturas, segundo suas próprias explicações. Continue lendo e confira sobre algumas técnicas, criações e composições.

Xilogravuras de Emanoel Araújo

Emanoel Araújo pensava antes de forma preliminar nos seus trabalhos se ajustando ao material. Começou fazendo gravuras em preto e branco e depois foi evoluindo usando cores, incluindo imagens da cultura europeia.

Teve uma fase de suas gravuras onde fez temas eróticos. A próxima fase usou abstrações geométricas com influência africana e afrobrasileira inspirada na arquitetura baiana.

A partir de uma reflexão em que uma gravura começa de forma tridimensional e quando é aplicada em papel se transforma em 2D, passou a fazer experimentações de aplicar o 3D nas chamadas de gravuras de armar da década de 70.

Esculturas de Emanoel Araújo

Das xilogravuras transitou para as esculturas, pois já fazia paineis em concreto e paineis arquitetônicos em Salvador na Bahia.

Os paineis de concreto foram os primeiros. De tamanhos grandiosos com 14 metros decorando fachadas.

Um dos seus paineis mais famosos é o da creche do Itamaraty juntando concreto, xaxim e água. Ela era um painel vivo, pois umidificada deixava propício para nascer vegetações e plantas fazendo uma obra viva e mutante.

No parque Ibirapuera Emanoel Araújo contribuiu com esculturas diversas durante sua carreira. Uma delas possui inspiração em uma aranha na parte externa. Usando metalúrgica e algumas vezes fazendo matrizes em maquete.

Esculturas viscerais

No entanto, o artista explica em vídeo de 2019 para a revista Bravo, que suas esculturas são viscerais e gestuais. Então, ultrapassando o senso matemático das linhas geométricas perfeitas.

Aplicava ponto e contra ponto usando cores vermelho e preto harmonizando com a arquitetura. Depois, passou a se dedicar a fazer apenas esculturas na cor branca.

O motivo era um interesse na luz que os planos produziam. Usando os planos baixos e altos direcionou a luz apenas em uma direção ou invertendo para desencontrar em um fluxo definido pelo artista.

Brincava com as formas

Se dedicou a série de movimentos curvos e retos brincando com as formas. Além disso, utilizava vazados fazendo jogo entre verticalidades com influência barroca.

Também usou madeira natural em paineis e biombos em ipê roxo e pinho de riga. Experimentou com linhas e formas fechadas.

Entre suas técnicas utilizadas está o sutamento quando juntava linhas em lâmina com ângulos. Suas esculturas são todas tridimensionais adicionando espaço, formas e movimento com suas obras.

Esculturas com influência religiosa

Em uma de suas séries juntou as esculturas geométricas com procedimentos religiosos da Bahia iorubá dos santos e orixás africanos com junção de planos, recortes, vazados, luzes e formas.

Emanoel Araújo foi um artista generoso, criativo, competente e dominava técnicas. É um nome fundamental da arte brasileira tendo contribuído muito em vida. Seus trabalhos adicionam valor para coleções de arte e suas xilogravuras e esculturas tendem a ser valorizadas com o seu crescente reconhecimento internacional.

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Thu, 14 Mar 2024 13:18:00 +0000
<![CDATA[Hércules Barsotti: 11 pontos para entender suas obras]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/hercules-barsotti-11-pontos-para-entender-suas-obras/

Hércules Barsotti (1914-2010) é um dos nomes de destaque do neoconcretismo com suas obras sendo valorizadas dentro do Brasil e internacionalmente.

Usava geometria rigorosa usando matemática com linhas perfeitas calculadas, mas com abstração e liberdade criativa, sem seguir uma racionalidade em um movimento batizado de neoconcretismo.

Abstração, criatividade e interação marcaram o movimento surgido nos anos 50. Hércules Barsotti se relacionava com os artistas do grupo do manifesto como Lygia Clark, Ferreira Gullar e Hélio Oiticica. Também conviveu com Alfredo Volpi que visitava seu atelier com Willys de Castro.

Neste artigo entenderá 12 pontos cruciais para entender mais sobre seu trabalho. Confira.

 

1. Uso de nanquim

No começo usava nanquim e não explorava uso de cores. No entanto, isso mudou ao longo de sua carreira onde passou a fazer experimentações com tons diversos.

2. Imagens tensas e quebradiças

Suas telas possuem imagens tensas e não seguem uma lógica.

3. Formas impessoais

As formas usadas são descritas como impessoais por críticos, assim como é inusitado no uso de formatos de telas.

4. Curvatura e volume

Usando curvas, seus desenhos ganham volume sendo um destaque na composição quando usada de decoração em qualquer ambiente.

5. Densidade

Ao mesmo tempo em que usa linhas rígidas, curvatura, volume e um espaço criativo, seus trabalhos são densos mostrando profundidade, tanto no visual, quanto na expressão poética.

6. Uso de cores e formatos incomuns

Este é uma das características mais atrativas, a não obviedade e a criatividade fluída. Usou elipses, losangos, hexágonos, pentágonos.

7. Desequilíbrio dos campos de cor

Se no começo não usava cores, em determinada fase de sua carreira proporcionava um desequilíbrio dos campos de cor.

8. As formas flutuam

Muitos de seus trabalhos parecem flutuar da parede, bagunçando o ponto de vista do expectador levando interatividade, dependendo do lugar de observação.

9. Uso da tridimensionalidade

Suas formas geométricas dão uma ilusão de tridimensionalidade a suas obras, transformando em portais criativos.

10. Relação ambígua entre a forma e o fundo

A forma e o fundo fazem uma relação ambígua, pois elas parecem não conversar, ainda sim sem causar desconforto, pois existe harmonia estética.

11. Inclusão de poetismo em suas obras

Carregadas de emoções, as linhas, cores e densidade dos trabalhos de Hércules Barsotti fazem um ar poético. As pessoas se sentem de diferentes formas com uso da abstração das formas com suas linhas claras da geometria calculada, mas não racional.

 

Hélio Barsotti para sua coleção de arte

Hélio Barsotti é um artista para se ter em sua coleção de arte e um nome valorizado no movimento neoconcretista tendo exposto no Brasil e fora. Em vida produziu bastante, mas parou os trabalhos por volta de 2004, conforme conta em entrevista na época para o lançamento do livro de Willys, que foi seu parceiro de atelier.

 

Hélio Barsotti para decoração

Para quem busca uma decoração artística da casa ou escritório, seus trabalhos transformam o ambiente e hipnotizam, se integrando com os espaços e os valorizando de forma única e especial.

 

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Wed, 28 Feb 2024 11:00:26 +0000
<![CDATA[A extensa temática de Aldemir Martins em suas Gravuras]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-extensa-tematica-de-aldemir-martins-em-suas-gravuras/

Aldemir Martins abordou extensas temáticas com foco na brasilidade com especial atenção ao Nordeste em suas gravuras. Ele também abordou temas da natureza, pessoas, entre outros que representam paixões nacionais e importantes por aqui. Continue lendo e saiba mais.

Temáticas das gravuras de Aldemir Martins

Aldemir era um talentoso gravador usando diferentes técnicas como serigrafia. Nela uma matriz para reprodução de imagens são gravadas a partir de um desenho. Confira algumas temáticas famosas abaixo.

Sol do Nordeste

A representatividade do Nordeste de Aldemir Martins através da figura do sol é recorrente nas suas gravuras.

O artista depois de muitos anos de experiência conseguia fazer o sol em seu formato redondo sem recorrer a marcações e utensílios, segundo o seu filho e atual curador de suas obras, Pedro Martins, conta no documentário Os Cearences.

Cangaceiros

Segundo Aldemir Martins contou em uma de suas entrevistas, ele passou a usar a figura de cangaceiros quando foi viver na capital de São Paulo.

Esta figura forte era representativa dos homens do Ceará, local de onde veio e nasceu. Mas, não só, pois representava todo o povo do Nordeste. Uma figura forte e o inspirava em sua luta para ser reconhecido e conseguir trabalhar como artista.

Por ser um homem nordestino em sua essência, ele sentia sua representatividade validada para usar esta figura em suas gravuras. Se replicando e replicando o Nordeste.

Os cangaceiros povoam o imaginário popular brasileiro sobre a região, sendo de fácil reconhecimento. Bravura, força e coragem estão entre as principais características.

Galos

Como observador e replicador do que via, os galos foram muito recorrentes nas gravuras de Aldemir Martins com muitas opções e carregam sua assinatura estética. Um galo do artista é facilmente reconhecido e valorizado.

Aldemir Martins contou em uma conversa abaixo disponível no Youtube (link abaixo) de forma bem-humorada que galos são mais fáceis desenhar em comparação com galinhas.

Brincadeiras à parte, o animal representa uma figura forte do Brasil, principalmente no interior e sertões onde é comum ter criações domésticas.

https://www.youtube.com/watch?v=IGinX7JWBJw&ab_channel=ArthurBandeira

Futebol

A paixão nacional do povo brasileiro é o futebol. Por isso, o artista escolhia esse tema em suas gravuras mostrando diferentes representações. Popular e um tema que sempre será core da brasilidade. Fez gravuras de times e jogos deixando a camisa amarela da seleção oficial em evidência.

Pessoas

As pessoas são a alma de uma nação e o artista sabia representar diferentes figuras, principalmente as femininas de uma forma única e expressiva.

Flores

A replicação da flora é usada com uso de imagens de flores, buquês, vasos e em paisagens. Sempre escolhia as belas flores do Nordeste.

Frutas tropicais

As frutas tropicais são temas frequentes com destaque para o fruto caju, nativo do Brasil e muito apreciada no Ceará.

Peixes

A fauna brasileira não poderia ser deixada de fora nas temáticas de gravura de Aldemir Martins. Os peixes possuem importância na alimentação de comunidades pequenas com muitas espécies endêmicas.

Apenas no Ceará são 102 espécies, segundo informações do site governamental da Secretaria do Meio Ambiente.

Aldemir Martins usou muitas temáticas brasileiras com atenção ao Ceará e ao Nordeste em si, tendo feito gravuras de marinha, caranguejo, formigas.

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Fri, 09 Feb 2024 11:00:00 +0000
<![CDATA[Alfredo Volpi: temáticas do artista, cores e formas]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/alfredo-volpi-tematicas-do-artista-cores-e-formas/

As obras do artista Alfredo Volpi tiveram passagem pela natureza, uso figurativo e de formas, mas não só. Explorou com sua visão interpretativa e criatividade a cultura popular brasileira colocando sua impressão sobre o imaginário.

Usou muitos planos. Criou temas, trabalhou com elaboração de formas e composição de cores, buscou harmonia e fez muitos contrastes. Confira os principais elementos de sua arte renomada e reconhecida nacional e internacionalmente.

  • Uso de figura e fundo
  • Simetria
  • Arte figurativa
  • Arte abstrata
  • Uso de têmpera (toque artesanal que faz a diferença nas cores e conservação)
  • Movimento com planos
  • Tensão entre forma e cor
  • Experiência poética entre linhas, cor, forma e espaço
  • Sem previsibilidade
  • Fornecem uma nova experiência
  • Caráter pessoal
  • Relação entre vida e arte
  • Formas mostram a experiência da pintura
  • Olhar de coisas banais transformados
  • Imagens refletem uma cultura popular rica sem cair em clichês
  • Interpretação própria dos costumes

 

Uso de cores de Alfredo Volpi

Cores que se projetam em outras para aparecer. Por exemplo, azul refletido em verde esmeralda (sem cores puras). Cor sempre é relação em suas obras com influências de Matisse.

Relação de formas contextualizadas

Formas ganham significados no contexto próprio. Uma pessoa que nasce fora do Brasil e vê os formatos das bandeirinhas pode não associar com as festas populares juninas, por exemplo.

Portanto, cores e formas são mutáveis de acordo com o conhecimento do expectador. Ver retângulos e remeter a fachadas é algo de Volpi que ficou marcado também. A partir da década de 50 passou a sintetizar suas formas. Veja mais características em relação a formas e cores de Volpi:

 

  • Campos cromáticos delimitados e depois mais limitados
  • Campos cromáticos justapostos
  • Contornos irregulares
  • Fez muitas experimentações
  • Uso da cor intensa (saturação cromática)
  • Textura áspera da têmpera

 

Principais temáticas de Alfredo Volpi

Festas populares
Temas religiosos
Casario Vernacular e colonial
Retratos
Lúdicos
Fachadas
Bandeirinhas
Mastros e faixas
 

Santas e Santos

Na década de 30 passou a se dedicar a temáticas religiosas para monetizar seus trabalhos com muitas imagens católicas.

Os santos mais retratados são a Virgem Maria, o menino Jesus, assim como São Francisco, São Benedito, São Sebastião.

Marinhas – Náuticos

Em uma época de sua vida frequentou muito o litoral onde passou a pintar os temas de marinhas e náuticos.

Cenas urbanas e rurais

Parte da década de 30 pintou muito a região de Mogi das Cruzes onde depois comprou uma chácara.

Natureza e paisagens

No início de sua carreira pintava paisagens, de acordo com o seu entorno e com o que via.

Cultura popular brasileira

Foi na década de 40 que o artista passou a ter foco neste tema.

Grandes influências

Matisse e Giorgio Morandi, Margaritoni D’Arezzo, Gioto e Piero della Francesca.

Alfredo Volpi é um artista renomado no Brasil e fora, trabalhou de forma extensiva durante sua vida e um dos grandes nomes para ter em sua coleção de arte que apenas se valoriza com o passar do tempo.

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Fri, 26 Jan 2024 11:00:00 +0000
<![CDATA[As cores intensas de Aldemir Martins em suas gravuras]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-cores-intensas-de-aldemir-martins-em-suas-gravuras/

Aldemir Martins usava cores intensas, densas e alegres em suas gravuras dando uma característica marcante com luminosidade e vida. Continue lendo e saiba mais sobre este aspecto de suas obras que são marcantes e vale a pena conhecer.

Cores de Aldemir Martins

Aldemir Martins usava com técnica e ousadia as cores primárias e secundárias em suas gravuras. Vermelho, azul e amarelo são as chamadas cores puras. Delas se originam outras como as secundárias verde, laranja e roxo também em vários tons em suas representações idílicas vindas da imaginação, como de paisagens.

Muito mais que uso de técnicas, o artista eternizou o uso de cores para ir além em suas composições artísticas.

Contagiava com sua alegria

Usada como ferramenta da linguagem emocional, o artista conseguia se expressar e contagiar a todos de uma forma que ultrapassa barreiras racionais. Muitas de suas gravuras com azul passam uma sensação de paz, enquanto as cores quentes como vermelho e laranja davam um toque caloroso e acolhedor, a exemplo de seus muitos gatos coloridos. Mas, ele não se limitava a usar a teoria das cores.

Um de seus gatos de 68 é de diferentes tons de azul de olhos verdes com fundo vermelho e laranja, por exemplo.

É possível encontrá-los em diferentes cores, desde vermelho, amarelo, branco, azul, preto, vermelho, entre outros. O que mais impressiona é a sua intensidade, característica marcante de suas gravuras densas e harmoniosas.

Densidade transporta e quase dá vida a seus personagens, paisagens e animais. Enchendo os olhos, usava com técnica primorosa usando matizes com tons e intensidades diferentes. Desta forma, despertava emoções diversas e dava contrastes variados. Aldemir Martins já declarou que o uso de suas cores celebrava a vida em 2002.

Não tinha medo de misturar cores

Além disso, não tinha medo de ousar e misturar vermelho com verde ou azul com amarelo, por exemplo para mostrar alegria e riqueza de alma, segundo seu canal oficial no YouTube. Um de seus cangaceiros tinha os dedos dos pés e mãos coloridos, por exemplo.

Uso livre das cores

O uso das cores de Aldemir Martins é algo que chama a atenção, já que ele não seguia uma regra ou lógica para retratar a fauna, flora, objetos e pessoas.

Em suas gravuras as representações ganhavam a sua interpretação quanto formas e cores dando asas a sua criatividade colocando gravuras únicas com a cara do Brasil, mostrando muito mais do que a alegria, mas paixão e calor tão comuns da atmosfera do país dando vida, mas também profundidade, movimento, densidade e texturas variadas.

Inusitadas as suas composições seguiam técnicas e uso de sua experiência acumulada durante os anos, mas com assinaturas próprias colocando suas impressões que ficaram eternizadas e que são valorizadas nacionalmente e internacionalmente até os dias atuais.

Infundindo vida com as cores, Aldemir Martins também dava tons de lirismo e poetismo com profundidade e brasilidade. Grande desenhista e pintor, suas gravuras são um espetáculo que vale a pena ter em sua coleção de arte.

 

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Fri, 12 Jan 2024 16:43:55 +0000
<![CDATA[A arte pop de Claudio Tozzi]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-arte-pop-de-claudio-tozzi/

Claudio Tozzi é um artista brasileiro que teve fases muito interessantes. Uma delas foi a arte pop nos anos 60 com obras valorizadas, pois foi um período que teve começo, meio e fim (salvo a releitura de 2018), fazendo um recorte histórico do que ocorria naquela época estilo Zeitgeist.

O pop-art é um movimento que começou nos anos 60 com Andy Warholl nos Estados Unidos e teve influência no Brasil em vários artistas que adotaram linguagens próprias criando uma arte pop nacional e muito interessante. Continue lendo e entenda.

Como é a arte pop de Claudio Tozzi

Claudio Tozzi usou uma estética em artes gráficas no estilo HQ usando serigrafia. A linguagem é a adotada pelos meios de comunicação de massa e também usou imagens de propagandas usadas nas cidades. Inclusive, os quadros receberam as mesmas tintas usadas naquela época pelas empresas.

Ao descontextualizar estas imagens subvertendo seus significados iniciais, ele chamava a atenção para as questões sociais relevantes de sua época com preocupação com o coletivo levando a reflexão e ao debate. Desta forma, despertando nas pessoas uma conscientização crítica.

Diferenças entre nossa arte pop e pop-art dos EUA

Se por um lado, nos Estados Unidos, as imagens do pop-art eram glamorizadas usando celebridades e produtos como uma espécie de prateleira, aqui a arte pop ganhou nova figuração através das habilidades e talento de Claudio Tozzi.

Com conotação específica tomando a pintura como um ato de resistência com engajamentos ideológicos propondo novas mensagens subvertendo e propondo novas sintaxes. Desta forma, criando novos objetos.

Se você se interessa por arte pop, um dos grandes destaques são sua série Os Astronautas.

Os astronautas

Por volta de 2018, Claudio Tozzi produziu obras mais atuais fazendo uma reimpressão de Os Astronautas para mostrar como o processo de pintura evoluiu.

Originalmente foram criadas a partir de 69 indo até 72 quando saiu desta fase com mais amplitude de formas e estudo de cores.

Uma delas mostra a face o capacete de um astronauta com uso das cores branco, preto, amarelo e vermelho. Assinado como 1969-2018 mostra o espaço temporal passado desde aquela época em uma reimpressão de uma gravura já concebida.

Na década de 60, Tozzi havia feito uma impressão daquela mesma gravura, mas usando uma técnica diferente usando liquitex sobre a tela.

O passar do tempo possibilitou que ele usasse tintas que surgiram depois, segundo conta em uma entrevista para a TV USP. Isso faz refletir sobre como os recursos disponíveis são importantes nos processos e o significado disso para a produção de uma gravura.

Já na exposição Emblemas da Cultura Brasileira realizada em 2018, Tozzi afirma que ele buscava mostrar a importância da técnica gravura para a arte brasileira colocando-a em uma situação mais familiar, ou seja, conhecida.

As imagens de astronautas são ligadas ao avanço tecnológico máximo de um país, representando ciência, mas também exploração espacial. Vale a pena refletir sobre os significados que estas imagens evocam e que tipo de pensamento crítico surge.

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Fri, 22 Dec 2023 11:00:00 +0000
<![CDATA[Como montar uma Gallery Wall]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/como-montar-uma-gallery-wall/

Gallery Wall é uma forma de adicionar arte dentro de casa de uma forma intimista, criativa, que expressará seus gostos pessoais, inspirará, acionará memórias ao fazer uma curadoria e deixar em destaque em uma parede elementos em forma de quadros, pinturas, fotos, obras, gravuras, etc.

Também fará parte do décor de uma maneira casual adicionando texturas, imagens e símbolos afetivos em um determinado cômodo.

Como montar uma Gallery Wall

Se já aderiu a ideia de montar uma Gallery Wall daremos dicas para fazer a curadoria e montar a sua galeria de arte pessoal. Confira!

Planejamento e curadoria

Tudo pode começar com uma ideia ou conceito que reflita seu lado pessoal. Será algo que estará na parede da sua casa por um tempo, por isso deve ser algo planejado ou temático.

Não é muito recomendado ir pendurando de forma indiscriminada. Se planejar e pensar antes terá um resultado harmônico e que fará parte do seu décor de forma integrada.

Se já gosta e coleciona arte, qual seria a peça mais significativa, que represente algo que goste, que foi importante na sua vida, representou um marco ou que apenas agrade. Escolha dois principais que serão os destaques da composição e flutue o resto de forma complementar ou significativa.

Estética e significados

Pense nestas duas coisas na hora de fazer sua curadoria, como ficará esteticamente e os significados para os moradores da casa. Nesta hora, além de imagens, intercalar frases importantes que inspirem ou reflitam seus valores é uma forma de dar significado a sua gallery wall sem interferir na curadoria das obras de arte mantendo sua estética planejada.

Crie uma palheta de cores

Agora será a hora de pensar de forma harmônica na paleta de cores com tons e intensidades. Por exemplo, para um resultado vintage o dourado predominará.

Monte tudo no chão

Antes de sair furando a parede, faça uma prévia no chão com as peças de arteque escolheu. O que nos leva para o próximo tópico.

Formas geométricas e simetria

Dispor as artes montando formas geométricas é uma das melhores maneiras de começar. Você pode criar linhas angulares, brincar com tamanhos diferentes, deixar elas verticais ou horizontais.

Usar peças que tenham quase o mesmo tamanho dará um senso visual de coesão. Deixar em forma de prateleira alinhadas com diferentes tamanhos é uma indicação para os iniciantes que não se sentem confiantes em brincar com layouts.

Dê senso de perspectiva na disposição levando em consideração que elas fiquem de forma confortável para olhar. Então, nem muito alto ou baixo.

Adicione formas e texturas

Para variar nas formas retangulares e quadradas, adicione peças que tem formatos diferentes para adicionar diversidade. Por exemplo, algo têxtil, bandeiras, de formato arredondado, oval, que se conectem entre si.

Atenção nas molduras

Deixar as molduras da mesma cor confere coesão, usar apenas de cor preta dará uma atmosfera contemporânea, tudo branco será clássico. Optar pelas metálicas dão um toque de luxo, se for pelo dourado será vintage, paleta pastel é delicada.

Pense na impressão que gostaria de passar. Possui uma personalidade eclética e vibrante, pode brincar com diferentes molduras que dialoguem e façam sentido estético dentro do tema que escolheu.

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Mon, 11 Dec 2023 13:00:00 +0000
<![CDATA[Julio Le Parc: a importância do espectador em suas obras]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/julio-le-parc-a-importancia-do-espectador-em-suas-obras/

Julio Le Parc é um dos grandes nomes do modernismo onde desenvolveu obras sensoriais usando arte óptica e cinética. Para quem coleciona arte terá em seu acervo obras valorizadas, reconhecidas de um artista ativo que já foi chamado de ícone e um dos grandes, senão maior nome da arte Argentina. Le Parc ainda trabalha de seu estúdio em Cachan, local afastado de Paris onde vive desde os anos 70.

Formas geométricas estabelecendo relacionamentos

Trabalhando intensamente desde 1958, o artista dedicou seu tempo e recursos na tentativa de extrair algo que ele pudesse sentir e sempre estava prestes a emergir. A falta de materiais não o impediu de criar. Com influência do construtivismo com possibilidades para trabalho de figuras geométricas,  usou textos e trabalhos do pintor construtivista Piet Mondrian no começo de sua carreira.

Então, ele e outros artistas começaram a trabalhar examinando o relacionamento entre as formas ou até expandindo. Muitas de suas obras possuem origem a partir da reflexão acima com estudos, experimentos e tentativas de manifestar este conceito.

De um lado a experiência, do outro o espectador

De um lado estava a experiência em superfície e do outro lado os espectadores. Ainda existia um terceiro lugar que era o relacionamento entre olho e a superfície. Tudo baseado na prática sem uso de teorias científicas.

Obras com desdobramentos e variações

Portanto, cada pessoa teria a capacidade de ver, observar, interagir com capacidade de estabelecer um relacionamento com a experiência. Isso possibilitou que os trabalhos tivessem muitas possibilidades de desdobramentos tendo um grande número de variações.

Efemeridade da instabilidade

Ao incorporar movimento se estabelece esse relacionamento com noção de instabilidade. Algo que é e deixa de ser no próximo momento. Depois vem a ser novamente outra coisa. Tudo em tempo real.

Experiência com interação

Segundo contou para uma entrevista de 2013 para a Cultura, quando as pessoas são convidadas nas interações, elas são muito receptivas com grandes capacidades de observação, de ver e comparar.

Em muitos casos quando elas escrevem ou descrevem o que viram, acabam tendo concepções, tão boas ou melhores, que a dos críticos.

Energizar e dar outros olhares

Em 2017, Julio Le Parc deu uma entrevista para a revista Apollo onde contou que tinha fé na possibilidade de que alguém que tenha baixa renda, com uma ocupação ou de posição subordinada em termos de vida social, trabalho e família, conseguisse se sentir energizado depois de visitar suas exibições para conseguir ter otimismo e proceder de uma forma diferente em suas vidas.

Ainda complementa contando que a arte é um conduíte para estimular mudanças na sociedade, além de criar consciência e atenção. Além disso, com otimismo as pessoas conseguem superar situações tremendas.

Portanto, as pessoas além de serem parte fundamental das obras criadas por Julio Le Parc, existe um lado que propõe mudanças interiores, além de serem inspiradoras. O lado humano do espectador interage, cria e reflete, sendo importante em vários aspectos mudando de percepção, assim como ocorre com as obras de Julio Le Parc.

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Thu, 23 Nov 2023 15:13:00 +0000
<![CDATA[Claudio Tozzi: fatos de suas principais obras com suas explicações]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/claudio-tozzi-fatos-de-suas-principais-obras-com-suas-explicacoes/

Conheça abaixo informações sobre algumas obras famosas e interessantes do arquiteto e artista gráfico brasileiro Claudio Tozzi.

Pop art com mensagem política

Os trabalhos de Tozzi nos anos 60 representavam o dia a dia, como de passeatas do movimento estudantil da qual fez parte. Segundo contou em entrevista para a TV USP de 2018, ele fotografava o protesto, levava para o ateliê e transformava em arte gráfica.

Usando a linguagem do pop art, pegando elementos da publicidade e das histórias em quadrinho fez composições únicas e com mensagens fortes sobre a situação política da época nacional e mundial.

Mensagens de Claudio Tozzi

Claudio Tozzi explica que a arte é sempre uma atitude política, que resulta em uma ação e um reflexo. Quando é construída de forma estruturada e organizada, os quadros se tornam uma mensagem.

Apesar da influência gráfica de suas obras nos anos 60 do pop art, ao contrário do que acontecia nos Estados Unidos, com a mensagem a crítica ao consumismo em massa, por aqui Tozzi destacava as mensagens de cunho político fundamentado em crítica usando serigrafia.

Com a obra Guevara, Tozzi imprimia a arte em papeis simples de cartão para distribuir em locais específicos, ampliando a exposição com grandes públicos e aumentando o alcance de sua mensagem.

Obras públicas

Pensando em fazer arte para impactar um número grande de pessoas, Tozzi fez intervenções em prédios da cidade de São Paulo. Preparando a parede, lixando e depois finalizando com reboco, com aplicação da resina acrílica especial, massa acrílica e tinta acrílica. O artista aplicou stêncils, usou máscara com fitas, com as mesmas técnicas usadas no grafitti.

A Paisagem

Usou imagens figurativas como no quadro A Paisagem de 1976, que está em uma sala do Palácio da Alvorada, para criar paisagens com elementos da natureza. A obra mostra como a natureza deveria ser se estivesse preservada com as manifestações e suas formas espontâneas.

Já a obra do Palácio dos Bandeirantes mostra a importância da diversidade construída na cidade de São Paulo com ajuda do trabalho dos imigrantes. As formas acabam construindo pessoas, mas que não são identificáveis como indivíduos, mas formam uma massa, um coletivo.

Das mensagens diretas a subjetividade

Após sua fase de protestos com artes de mensagens diretas, passou a subjetividade com formas geométricas, texturas, cores, objetos, espaços, formas. Suas obras são representativas e dão uma visão sobre diferentes movimentos modernistas ocorridos no país.

Paz

Mostra uma mensagem de resistência usando um tema atual dos anos 60: a guerra do Vietnã. Enquanto no Brasil ocorria a ditadura, Tozzi representava o estado de espírito mundial após anos de arrastamento deste conflito internacional.

A Zebra

A pintura de 1972 que está exposta na praça da República foi feita em poliuretano sobre zinco com escala urbana. Época das loterias esportivas, representou uma mensagem irônica, pois as pessoas ficaram confusas se era uma obra de arte ou propaganda.

Claudio Tozzi para colecionadores de arte

Quem coleciona obras de arte, Claudio Tozzi é um artista nacional reconhecido e que será apenas valorizada, de acordo com passar dos anos.

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Thu, 09 Nov 2023 12:54:47 +0000
<![CDATA[Temáticas famosas de Aldemir Martins]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/tematicas-famosas-de-aldemir-martins/

Aldemir Martins é um dos artistas mais importantes do cenário nacional. As cores de Aldemir Martins são uma das características marcantes das suas obras, além de seus traços. Masterizou técnicas de pinceladas e uso de luz. Inspirando alegria, suas formas são assimiláveis e de entendimento fácil.

A qualidade técnica é mostrada com coerência no desenvolvimento temático, como na evolução técnica com fidelização ao apego visual. Veja abaixo algumas de suas temáticas famosas e que valem conhecer e ter em sua coleção de arte. Além disso, aprenda aspectos de suas composições e qualidades.

Os cangaceiros

Retratava temas relacionados ao Nordeste e a fase do colorismo em que o artista Aldemir Martins retratava cangaceiros mostrava domínio de técnicas de pinceladas, uso de luz e cores na década de 80.

Retratava aspectos do sertão com uso de verde e outras cores alegres como vermelho, azul e branco. Usou pinceladas curtas para dar uma imagem leve e efeito de cores mescladas.

Futebol

Segundo conta em uma filmagem do canal do Aldemir Martins, um registro o mostra falando sobre a mitificação dos elementos do esporte por grandes jogadores, como Pelé que transcendiam línguas.

O futebol é um esporte que permeia nações e uma das marcas registradas do Brasil. A importância do esporte é mostrada de forma bem-humorada quando ele cita que todo brasileiro é excelente jogador, técnico e especialista para escalar e jogar.

Usou estas temáticas para fazer obras dando valor a elementos simples, mas que representavam a  popularidade e o espírito brasileiro, que é movido através desta paixão.

Flores

Outro destaque entre suas obras estão as representações de flores, sempre com uso de cores vivas e fortes. Além disso, a composição mostra diferentes suportes e elementos.

Animais

Todo mundo sabe do uso da figura de gatos nas obras de Aldemir Martins, mas o artista explorou muitas outros animais em sua carreira, tendo representado galos, cavalos e peixes.

Falsificações

O artista Aldemir Martins é muito valorizado e por isso alvo de falsificações. Um dos mais escolhidos são peças com os gatos, que acabam sendo vendidos a preços muito mais baratos.

O preço é um dos maiores indicativos de que uma obra do artista seja falsificada. Apesar de parecer um bom negócio, nada valerá no acervo, por isso busque referências e o certificado de autenticidade.

O uso de técnica de alta qualidade de Aldemir mostra cores vivas, com uso de iluminação e pinceladas perfeitas que as falsificações não conseguem reproduzir. Apesar de parecerem cores chapadas, elas ganham uma suavidade, resultado de muito estudo e dedicação do artista. 

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Fri, 20 Oct 2023 12:38:00 +0000
<![CDATA[Por que Alfredo Volpi pintava bandeirinhas?]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/por-que-alfredo-volpi-pintava-bandeirinhas/

Alfredo Volpi foi um artista brilhante autodidata que viveu e atuou em território brasileiro com amplo reconhecimento internacional. Suas obras são uma excelente escolha para quem deseja ter em seu acervo peças que ganham mais valor com o tempo.

Inclusive, houve uma valorização recente em que quadros de Volpi foram comprados por altos preços em leilão realizado em 2022. Uma gravura das bandeirinhas foi arrematada por R$ 97,000, segundo reportagem do Diário do Rio.

Apesar de ter passado por várias fases em sua carreira artística, tendo se iniciado na pintura desde muito novo, Volpi é automaticamente ligado por seus quadros de bandeirinhas de São João. Por isso, abordaremos este tópico neste artigo. Confira.

Por que Volpi pintava bandeirinhas?

Indo na linha do tempo evolutiva do trabalho de Alfredo Volpi, será preciso olhar para a vida pessoal do pintor e seus rumos pelo Brasil.

O pintor foi morar uma época na cidade do interior paulistano em área de Mogi das Cruzes e depois em Itanhaém aos finais de semana para visitar sua esposa em dois momentos distintos.

Nestas experiências passou a retratar o que observava onde começava a fazer suas versões de fachadas usando composições com perspectivas, pontos de fuga, técnicas de cores e soluções de problemas que começavam com figuras geométricas, além de elementos distintos com estilos de pinceladas diversos, indo do emocional ao metódico.

Elementos das fachadas e retratação dos festejos

As famosas bandeirinhas eram apenas um dos elementos destas fachadas nos anos 50, até começarem a ter um destaque maior e chegar ao protagonismo quando o pintor passou a abandonar perspectivas, proporções e começou a fazer efeitos planos simplificando suas linhas.

Inicialmente eram pintadas juntos a mastros, como de formas complementares de imagens das festas religiosas, danças, decorações e festejos.

Todas as suas pinturas com bandeirinhas foram feitas com uma tinta antiga chamada têmpora, usando pigmentos em pó, ovo e óleo de canela. Portanto, teremos uso de recursos milenares, retratação do cotidiano e da cultura das festas juninas comuns pelo interior do país e uso de técnicas de cores superiores usando campos cromáticos, ritmo, experimentação e subjetividade nas linhas.

Em vida foi conhecido entre os curadores e especialistas como um dos grandes nomes do modernismo, mas suas famosas bandeirinhas caracterizam apenas uma fase de sua carreira e evolução.

Isso não tira sua relevância e o apreço das pessoas por estes quadros, acabam sendo os mais visados inicialmente. Mas, se você gosta das obras de Volpi, convidamos a conhecer mais sobre seus trabalhos em suas várias fases.

Estes quadros terão um valor grande em sua coleção de arte, Volpi é um dos nomes consagrados, que apenas melhoram com o passar dos tempos.

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Tue, 10 Oct 2023 12:15:00 +0000
<![CDATA[Rubens Ianelli: arte com figuras geométricas que se desdobram]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/rubens-ianelli-arte-com-figuras-geometricas-que-se-desdobram/

Rubens Ianelli é um artista plástico que carrega em seu sobrenome o legado de artistas proeminentes do modernismo brasileiro. Continue lendo e entenda seu processo criativo, uso de técnicas, desdobramentos e uma prévia do que é encontrado nas suas exposições.

Rubens Ianelli

Para quem coleciona arte, as obras de Rubens Ianelli possuem prestígio, além de qualidade artística e técnica que apenas valorizará conforme os anos passarem. Além disso, possui bons preços de compra para investimentos.

Em colaboração do Museu Afro e a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, Rubens Ianelli lançou um livro em 2013 com pinturas coletadas de seu acervo dos últimos seis anos a partir da data de publicação.

Quem gosta de sua arte encontrará uma espécie de catálogo, que será muito útil para colecionadores, como ter uma impressão de qualidade de seu trabalho para prestigiá-lo e fomentar o artista nacional.

Uso de figuras geométricas

Rubens Ianelli usa predominantemente figuras geométricas com percurso artístico usando técnicas, além de um rigor e trabalho minucioso. Possui referências modernistas, construtivistas com influência indígena.

As formas são calculadas a rigor com medidas e cálculos precisos que se transformam em pintura em guache como uma espécie de matriz, que podem ser aplicadas em projetos com aço usando técnica de corte e desdobramento ou madeira para criação de esculturas.

Também faz trabalhos em azulejo com murais. Com uso de estudo e aquarelas pintadas a mão que vão ao forno e depois transformados em placa para serem expostos com durabilidade e primor.

A geometria usada por Rubens Ianelli liberta da representação fiel da imagem para partir a outras linguagens com abstração, que podem ser vistas nas obras do artista.

Olhando para as figuras é possível ter sua interpretação pessoal remetendo a lembranças ou mesmo a arquitetura. Um de seus últimos trabalhos, Rubens usou restos de madeira comidas por cupim, que foram pintados depois e lembram a estrutura de cidades.

Mar e montanhas

O mar e montanhas foram inspirações para algumas de suas pinturas com repetição de padronagens que remetem a paisagens que acalmam e inspiram reflexão e meditação.

Alef 

O Alef é uma palavra que quer dizer o início ou primeiro. É uma pintura a óleo sobre tela, que foi desdobrada em esculturas em ferro, como em papel paraná, bambu e pvc para dar aspectos tridimensionais. Alguns foram expostos no Museu Afro, como em outras instalações recentes.

O artista ainda transforma suas ideias para instalações maiores e que as pessoas possam se sentir imersas. Este é apenas um exemplo de suas obras que não acabam na pintura, mas que se transformam em outras peças mostrando sua versatilidade.

Processo criativo

Seu processo criativo envolve primeiro o desenho, que evolui para estandartes que são transformados em pinturas e esculturas.

Rubens Ianelli explicou para a Fundação Pró-Memória de São Caetano, que o desenho é fundamental, sendo considerado peça-chave de suas composições. Ele explica que desenhos bem desenvolvidos podem ser transformados em pintura com uso de matéria e de cores.

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Fri, 29 Sep 2023 14:39:00 +0000
<![CDATA[Leda Catunda: arte com colagens, volumes e reflexões]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/leda-catunda-arte-com-colagens-volumes-e-reflexoes/

Leda Catunda é uma artista plástica brasileira proeminente importante do circuito de arte moderna.

Ela faz muitas gravuras com colagem que possa dar a sensação de alternabilidade da imagem.

A colagem dá um aspecto inusitado para a gravura que por padrão deve se repetir. Usa imagens com bordas arredondadas e são sua marca.

Síntese e construção

A gravura tem um trabalho de síntese de forma essencial. Leda faz um tipo de pintura objeto, que possui relevos e um raciocínio de construção que parte de desenhos, como de encontros de materiais. Faz uma soma dos materiais e a artista faz uma pintura por cima para criar uma linguagem que tira vantagem da ideia da colagem.

Críticas da sociedade hiperconsumista

Já fez uma série de imagens com colagens demonstrando gostos variados para refletir o sentido de uma sociedade hiperconsumista, que justifica seu consumo através de seus amores. Por exemplo, surfe, futebol ou um estilo musical, que aspiram um consumo afetivo onde essa imagem traz um visual em que acaba dissipando o bom gosto pessoal tirando o senso crítico das pessoas.

O resultado disso é algo emblemático que reflete na construção dos ídolos, que pôde ser visto na exposição I Love You Baby de 2016.

Processo de criação

A artista tem uma parede de aquarelas onde Leda investiga objetos testando formas e possibilidades. Alguns se transformam em obras, como servem de especulações, que se transformam em paisagens e abstrações.

Segundo Leda, o artista deve absorver o seu tempo e demonstrá-lo através de sua arte. Confira abaixo as principais características com informações coletadas de vídeos e entrevistas:

  • O que era rígido e plano ganha volume e movimento;
  • Uso de formas orgânicas;
  • Materiais com recortes, tecidos com pinturas em acrílico e costura;
  • A artista não produz imagens e usa as que já estão disponíveis;
  • As inspirações possuem origem em seu cotidiano;
  • Objetos caseiros dão uma sensação de aconchegamento em que eles ganham nova dimensão e textura.
  • Usa objetos moles – colchão, tapete e toalha, cortina de banheiro, etc;
  • Exagero do aspecto artesanal;

 

Motivos de não criar imagens e desenhos novos

Existe uma negação, pois com tantos à disposição, seja a nível industrial das embalagens, como de estampas de roupas, Leda se aproveita do que já foi criado ressignificando tudo.

O que suas obras refletem

  • Xeque do gosto onde não existe exatamente um critério;
  • Reflexão em relação a gosto x valor;
  • A arte cria uma metáfora que fala de mitos em que as imagens de embalagens levam a um conforto mental ilusório;
  • Romance que as pessoas têm com a vida projetando seus desejos em atos, quando na verdade a vida se faz nas coisas cotidianas;
  • Evoca imagens pela memória relacionando a elementos que tenham marcado a vida das pessoas. Um veludo que lembra uma cortina de teatro, por exemplo.

Obras volumosas

Se dedicou a obras que projetam volume que fazem a superfície macia ter dramatização (tecidos moles. Se aproveita das pinturas feitas por partes, como da incapacidade do tecido cobrir a tela onde usou recortes e entrelaçamentos. Por exemplo, gotas que vão grudando umas nas outras.

Obras mais recentes explicadas

Copa Family – fala sobre afetividade e a importância dos outros. O tecido imita o piso de copacabana com uso de cores que refletem o lado carnavalesco e fantástico do bairro do Rio de Janeiro.

Três –  São 40 gravuras com colagens. A artista faz parte do conselho do grupo Aurora e produziu imagens de três partes que se fundem. Elas têm pequenas partes comcolagens com uma parte central que muda de cor, de acordo com a preferência das pessoas, além de uma borda com franjas como acabamento ou mudança do assunto.

A obra tem cores laranja, fundo rosa, amarelo, azul escuro e turquesa sobrepostos. O interessante é que cada pessoa enxerga algo na imagem subjetiva.

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Fri, 15 Sep 2023 14:22:00 +0000
<![CDATA[Andy Warhol: 5 pontos para entender o artista e o pop art]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/andy-warhol-5-pontos-para-entender-o-artista-e-o-pop-art/

Andy Warhol é um artista americano que ficou conhecido pelas suas obras usando elementos do pop para criar arte. Usando figuras famosas do mundo da música e entretenimento, como os rostos da atriz Marilyn Monroe, da cantora Madonna, do artista Basquiat e mais pessoas que se destacaram em suas áreas, além da estética de marcas de consumo em massa, acabou criando um novo movimento artístico. Saiba mais.

1. Celebrava o way of life americano

Sua arte celebrava o consumismo e a cultura das celebridades que estava em seu auge entre os anos 60 a 80. Além disso, deixava evidente a cultura popular, entre outras características da sociedade transformando artistas em ícones.

Suas ilustrações impressas retratam a beleza idealizada aliada ao fato delas serem comerciáveis mostrando o estilo de vida americano, que praticamente inventou as celebridades de um mundo de aparências ilusórias sustentadas pela aparência.

As celebridades mostravam um padrão de beleza e as pessoas eram alçadas a patamares inalcançáveis, além de ditarem padrões de comportamento e lançar tendências.

2. Teve uma carreira produtiva

Andy Warhol criou cerca de 10,000 trabalhos entre 1961 até 1987. Sua arte ainda é uma das mais valorizadas e procuradas entre os colecionadores.

3. Usava técnica de repetição com serigrafia

O artista explorava o tema de identidade com suas repetições mostrando que as celebridades acabavam perdendo sua individualidade com a fama, já que suas imagens viravam produto de consumo em massa.

4. Imortalizou ícones

Andy Warhol começou a pintar o rosto da atriz Marilyn Monroe no dia de sua morte em 1962 e Jack Kennedy dias após o assassinato de seu marido o presidente John Kennedy em 1963. Desta forma, suas figuras se transformaram em ícones imortalizando suas imagens.

Além da esposa do político e da atriz de Hollywood, retratou o cantor Michael Jackson, o líder chinês Mao Tsé-Tung, além de marcas famosas como a marca de enlatados Campbell e a bebida gaseificada Coca-Cola.

Uma das suas obras mais famosas são o Golden Marilyn, Campbell Can Soup, Brillo Box, Mickey Mouse, Che Gevara, Pelé, Lenin, entre outros que substituíram a tendência do abstrato que dominava os anos 50.

5. É o pai do pop art

O pop art é um movimento que se caracteriza pelas cores vibrantes com variações, retratos de personalidades e técnica de repetição caracterizando a crítica do consumo em massa.

Era um artista plástico, mas tinha a veia comercial, pois trabalhou no meio publicitário, além de ter trabalhado com ilustração com revistas de moda, sabia as tendências estéticas que dominavam o mundo em que vivia.

Suas tintas acrílicas, de alto-contraste e uso de serigrafia marcaram o pop art e definiram uma estética seguida até os dias atuais.

 

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Wed, 23 Aug 2023 13:28:00 +0000
<![CDATA[Anita Malfatti: 7 curiosidades sobre a artista brasileira pioneira do modernismo]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/anita-malfatti-7-curiosidades-sobre-a-artista-brasileira-pioneira-do-modernismo/

Anita Malfatti é um dos nomes de destaque do circuito brasileiro de arte. Pintora, desenhista e ilustradora, seu nome é um dos mais importantes a serem estudados e suas obras integram coleções valorizadas. Continue lendo e saiba mais sobre sua vida e obras.

1. Anita Malfatti fez parte do grupo dos cinco

Anita Malfatti fez parte de um grupo seleto de artistas brasileiros de sua época, com Tarsila do Amaral, Menoti del Picchia, Oswald de Andrade e Mário de Andrade.

Juntos desafiaram as regras tradicionais impostas e criaram uma vertente com base em seu nacionalismo e desafiando o senso estético admirado na época, o modernismo.

2. Lecionou desenho e pintura no Brasil

Após morar e estudar em Paris em 1923, Malfatti voltou ao Brasil em 1928 para ensinar desenho e pintura. O ato de educar é algo que Anita aprendeu com sua mãe, que também ensinava pintura como forma de sustento e ensinou o básico para a artista quando ela era criança.

Além de dar aulas, fazia exposições e participou de grupos importantes da Família Artística Paulista e Sindicato de Artistas Brasileiros.

3. Foi do expressionismo ao fauvismo

A estética de suas obras é influenciado pelo expressionismo sem usar o naturalismo ao pintar contornos grossos com temáticas nacionalistas.

Em sua carreira acabou afastando-se do modernismo para se aproximar do fauvismo com uso de cores mais intensas com temáticas regionalistas. Terminou sua vida retratando temas da cultura popular.

4. O homem amarelo é uma de suas principais obras

O quadro O homem amarelo de 1916 é uma de suas obras mais importantes e foi exposta na Semana de Arte Moderna de 1922 feito em comemoração ao centenário da independência.

5. Era amiga de Di Calvacanti

Di Calvacanti quem lhe motivou a fazer sua primeira exposição com cerca de 50 obras. Os dois faziam parte dos mesmos círculos e eram amigos.

6. Suas obras tinham denúncias sociais

Anita Malfatti retratava cenas do cotidiano de centros urbanos onde evidenciava situações de desigualdade e de pessoas marginalizadas.

7. Monteiro Lobato fez uma crítica e impulsionou o modernismo

Os quadros de Anita com influência do expressionismo tinham a estética contrária do que o circuito de arte brasileiro apreciava com pinturas acadêmicas para a elite conservadora na época.

Por isso, sua exposição recebeu uma forte crítica negativa do escritor Monteiro Lobato publicado no jornal O Estado De São Paulo, que acabou impulsionando o modernismo no país com Anita encabeçando e puxando esse movimento.

Sem formas exatas

Suas obras desafiavam o senso estético proposto pelas vertentes tradicionais, que eram apreciadas naquela época. Buscando a renovação, o modernismo não se apegava a formas exatas.

Desta forma, desafiava as normas impostas pelo tradicionalismo onde as formas e figuras ficavam livres para o desenvolvimento dos artistas.

O modernismo tinha como tema recorrente o nacionalismo com artistas que buscavam criar uma arte brasileira com tendências próprias, ao contrário das vertentes que eram influenciadas pelos movimentos europeus.

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Thu, 10 Aug 2023 12:13:00 +0000
<![CDATA[Conheça as tendências nas galerias de arte pequenas]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/conheca-as-tendencias-nas-galerias-de-arte-pequenas/

A importância das pequenas galerias de arte foi medida pela Art Industry, que é uma empresa que fez uma avaliação com pequenas galerias dos Estados Unidos para criar uma lista de tendências para 2023. Foram mais de 600 correspondentes com até seis funcionários. Confira.

Crescimento e alcance por marketplace

A maioria dos compradores que fizeram compras online são novos no negócio de colecionar arte. De acordo com a pesquisa existem muitos novatos vindos dos marketplaces sem pouco ou nenhum conhecimento, mas que mostra uma abertura que pode ser explorada.

Galerias pequenas trabalhando com poucos artistas

Além disso, as pequenas galerias de arte não estavam investindo tanto em artistas novos, com um ou dois ao máximo ficando na média dos últimos dois anos. Esta desaceleração se dá pelas incertezas causadas pela inflação e conflitos faz com que as galerias arrisquem menos.

Híbrido online e offline

A pandemia criou um ambiente híbrido em que o físico e o online se misturam com as galerias usando newsletters por e-mail, atualizando o site, social media, como fazendo eventos e deixando plataformas online preparadas.

Estas ações online acabam sendo de forma paralela com as offline com organização de eventos, funciona em um modelo que está sendo cada vez mais adotado.

Obras subiram de preço

Uma coisa que aconteceu por conta dos conflitos políticos mundiais foi o aumento do preço de algumas obras, por conta da inflação. Os colecionadores estão encontrando preços mais caros e isso afetou a quantidade de artes que eles adicionam seguindo as tendências.

Arte abstrata lideraram as vendas

Uma das últimas tendências é o do apreço pela arte abstrata, que está liderando as vendas. Seguido das artes figurativas expressivas, realísticas, de paisagem, conceituais, surrealismo contemporâneo, minimalismo, street art, neo-expressionismo abstrato e fotografia de paisagem.

Pessoas estão dispostas a comprar online

As vendas onlines dispararam mesmo com a volta das exposições, mostrando que o público está mais aberto a comprar pelo digital.

Galerias novas baseadas em mídias sociais emergem

Galerias novas de três ou quatro anos estão surgindo pautadas pelo movimento de redes sociais mirando os colecionadores mais novos.

Curadores conhecem artistas através de outros

As galerias de arte pequenas da pesquisa estão descobrindo novos artistas através de outros artistas, no Instagram, através de outros profissionais e curadoria, em exposições, outros colecionadores.

Isso mostra que fazer um networking é importante, assim como divulgar outros artistas é uma das formas de maior alcance em chegar ao conhecimento de galerias a nível internacional.

Grupos etários para galerias diferentes

O grupo que mais gastou ao colecionar arte é o de faixa etária entre 35 a 54 anos pelas galerias tradicionais, enquanto as novas vindas das redes sociais têm alcançado públicos mais novos de 18 a 34 anos.

Os dois grupos têm gostos e agem de formas diferentes, com os mais jovens estando mais abertos a conhecer artistas online e os grupos mais velhos tendo preferência por uma busca física.

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Thu, 20 Jul 2023 13:09:00 +0000
<![CDATA[6 dicas para quem está começando a colecionar arte]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/6-dicas-para-quem-esta-comecando-a-colecionar-arte/

Começar a jornada em colecionar arte pode ser um processo intimidador, mas que ao final das contas é uma atividade prazerosa, que não precisa ser envolta de ansiedade.

Existem alguns pontos que podem ser seguidos que guiarão uma mentalidade e ajudará no processo de descobertas e aprendizado. Confira nossas dicas.

1. Esteja disposto a ver arte

É interessante que os colecionadores estejam dispostos a ver todo tipo de arte e não se limitar a apenas ao que lhe agrada.

Por isso, é indicado a frequentar o maior número de galerias, exposições em museus e procure online. De forma contemporânea, uma possibilidade atual é o de procurar por arte nas redes sociais, um bom território para fazer descobertas, já que terá a chance de explorar.

Apesar de o digital dar possibilidades maiores, recomenda-se que não deixe de procurar por arte pessoalmente, observar estilos e ideias para saber avaliar ou reconhecer.

Fazer isso fará com que entenda o mercado quanto aos artistas, como desenvolver um olhar e saber o que procura.

Uma vez que tenha uma base sólida, será mais fácil de reconhecer o que gosta ou não dando mais assertividade para montar uma coleção de arte que agrade e seja rentável.

2. Faça sua pesquisa

Assim que estiver mais confiante quanto a suas preferências, terá uma ideia do que gosta em estilo e até em artistas. O próximo passo será se aprofundar no que pretende colecionar.

Para isso construa relacionamentos com curadores de galerias de arte para ter informações sobre novos artistas e tendências.

3. Não busque apenas tendências

Estar informado das tendências não quer dizer perseguir uma só porque ela está em alta. Antes de comprar uma obra será preciso ter os pés no chão e avaliar bem, além de ter feito uma pesquisa profunda. O foco deve estar no trabalho e não no buzz entorno dos artistas.

4. Se conecte com o que for colecionar

As obras precisam fazer sentido para o colecionador será importante na longa jornada de investimento. Então, no começo é comum escolher arte a nível pessoal de algo que inspire, relembre algo, que ajude a mudar percepções, etc. Além disso, a arte deve gerar uma impressão que dure.

5. Confira o impacto social do artista

Além de conferir as obras é importante pesquisar sobre o artista e suas atitudes e em quais causas ele é engajado. Desta forma, conseguirá apoiar e investir em impactos sociais contribuindo com a comunidade.

6. Aproveite os processos

Apesar de parecer estressante quando não se está acostumado com o mercado de colecionadores de arte, não se sobrecarregue ou se preocupe em seguir um roteiro sem flexibilidade. Faça sua história sem querer apressar processos e coisas, aproveite cada etapa para aprender.

Faça sua primeira compra de forma confortável em seu orçamento. Começar pequeno garantirá que vá aos poucos e permitirá ir progredindo, conforme ganhar mais confiança em suas decisões, mas sem torrar seu orçamento. O processo deve ser agradável e sem muitas regras pré definidas para que ele seja livre de estresse.

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Mon, 10 Jul 2023 12:46:16 +0000
<![CDATA[O que é a arte realista contemporânea]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/o-que-e-a-arte-realista-contemporanea/

A arte realista contemporânea é um movimento que representa pinturas muito bem executadas em mostrar os objetos como eles são usando técnicas avançadas. Saiba mais.

Arte realista contemporânea

O realismo contemporâneo tem subcategorias existentes como hyperealismo, photorealismo, pinturas narrativas, entre outros. Este movimento histórico tem como foco retratar a natureza perfeita com a arte, além de ser engajada com a conformidade e aceitação das coisas como elas são.

As coisas como elas são

Este tipo não tenta reproduzir o que algo poderia ser, dando atenção ao agora ajudando as pessoas a enxergarem a natureza frágil do dia a dia.

O resultado são uma arte que retrata o cotidiano e pessoas com realismo. O termo realista contemporâneo ainda não é oficialmente estabelecido e de consenso aceito pelos artistas do nicho, mas é um termo que existe e está sendo usado.

Portanto, se torna relevante para quem busca se aprofundar e ter mais conhecimento sobre suas obras da coleção de arte.

O moderno é mutável, assim como o realismo

Segundo a revista americana Realism Today, podemos ver muitos trabalhos representativos que podem ser reconhecidos como realista ou moderno.

O realismo costuma mudar, conforme o passar dos tempos, desde as cenas diárias retratadas pelo Gustave Coubert no meio do século 19, até as visões de John Sloan, Andrey Wyeth e Edward Hopper.

Além disso, o termo moderno também é mutável, com cada geração mostrando uma modernidade em relação aos seu tempo e a geração anterior.

O termo foi usado para definir a coleção de Sara Robyn em um museu de arte americano The Smithsonian em 2014, mostra que o termo é usado pelas pessoas do nicho.

Representação realista

O realismo moderno pode ainda ser descrito como uma pintura ou escultura que tenha nascido da abstração na arte moderna, mas que ainda assim represente coisas de um viés realista.

Este tipo de arte deixa pouco espaço imaginativo, pois representa a figura exata da aparência das coisas retratadas.

Ainda assim podem ser usadas técnicas tradicionais que podem ser consideradas modernas, com apelo representacional do momento.

É um nicho crescente que ainda ajudam a entender modos e costumes de certas épocas, com olhar sem interferências das interpretações pessoais do artista, de forma pouco subjetiva.

Em outras palavras, mostrando aspectos da realidade moderna mostrando o mundo como ele é, aceitando de forma crua e verdadeira as formas e estéticas das pessoas e dos objetos.

É muito comum ter retratos usando diferentes métodos ou cenas cotidianas nas artes de realismo contemporâneo podendo ter vertentes que exploram o uso de hyperealismo fantástico, mostrando que o movimento é diverso e plural para todas as formas de expressão.

É um movimento que fez contraponto com o expressionismo abstrato indo ao contrário do mundo ideal, mas ligado ao real sem uso de sentimentalismo.

É uma forma de arte que ajuda a expressar como o mundo está atualmente, de acordo com a experiência pessoal de cada artista, que enxerga o mundo de pequenos recortes realistas.

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Tue, 20 Jun 2023 14:58:06 +0000
<![CDATA[Dicas para expor obras nas galerias de arte]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/dicas-para-expor-obras-nas-galerias-de-arte/

Começar a expor obras em galerias de arte é um dos primeiros passos para a profissionalização, reconhecimento e crescimento.

Estes ambientes são ótimos locais para mostrar o trabalho, atingir públicos interessados e conseguir monetizar as obras, mas também fazer uma rede de conexão com curadores, outros artistas e colecionadores. Continue lendo e aprenda.

Dicas para ter suas obras em galerias de arte

As galerias de arte estão acostumadas a ter contato com novos artistas. Em outras palavras, podem existir centenas de contatos todos os meses e nem sempre um retorno será garantido por uma série de motivos.

É preciso pensar que a galeria faz parte de um nicho em que a venda e compra de artes é comum, por isso é preciso ter uma avaliação da arte para saber se ela se encaixa no lado comercial do local. Este pensamento é uma das primeiras etapas para começar a ver a arte como um negócio.

Então, muito mais do que ser excepcional em criar obras incríveis, é preciso desenvolver um lado de negociação e de construção de relacionamentos com contatos com pessoas da área, além dos curadores e demais funcionários da galeria de arte.

Tenha um portfólio consistente

Se a premissa é ter sua obra exposta em galerias de arte, deve ter no mínimo um portfólio consistente para avaliação. Um número bom seria pelo menos umas 30 obras.

Tenha fotos em qualidade

Não será possível andar com suas obras para todos os lados, portanto é importante investir em fotos profissionais de qualidade para mostrar quando a oportunidade surgir.

Invista em um site

Nem sempre será possível ter uma reunião presencial com o curador da galeria de arte, portanto é preciso digitalizar sua arte através de um site básico que tenha as obras e suas informações de contato e biografia.

Fazer isso aumentará a exposição das obras não apenas para quem trabalha em galerias, mas para o público em geral.

Estude as obras das galerias

Saber se a arte se encaixa dentro da seleção dos artistas da galeria que você deseja expor, exigirá muito trabalho de pesquisa em saber quais obras estão em exposição e venda atual. Pesquise sobre os artistas também para aumentar suas chances.

Converse e estabeleça um relacionamento de troca

Entrar em contato será apenas o primeiro passo. Mas, conseguir estabelecer um relacionamento saudável de troca será o ideal.

Isso não quer dizer entrar em contato insistentemente sempre se apresentando da mesma forma ou persistindo mesmo com uma resposta negativa.

Se sua arte não se encaixa na galeria, parta para a próxima da lista e tenha foco em seu trabalho. Você pode aguardar até o momento de sua carreira em que suas obras se equiparem ao modelo de negócios que o local trabalha ou não. Mantenha a cordialidade e as oportunidades podem surgir.

Se encontrar uma abertura, inicie um relacionamento a base de conversas, disposição para trabalho e com os interesses alinhados, transparentes, de forma profissional e consistente em que ambas as partes ganhem.

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Mon, 12 Jun 2023 18:28:00 +0000
<![CDATA[As 4 pinturas mais caras já vendidas]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-4-pinturas-mais-caras-ja-vendidas/

O mundo da arte e dos colecionadores movimentam altos valores onde um mercado é ávido por obras. Conheça abaixo uma lista com as vendas mais caras da história.

1. Salvator Mundi por US$ 450 milhões

Esta venda foi feita em 2017 quando um quadro de Leonardo Da Vinci foi parar nas mãos de Badr bin Abdullah al-Saud, se tornando a venda mais cara da história.

Esta pintura pertencia ao monarca King Louis XII no ano 1500, mesmo período que o quadro da Mona Lisa foi criado. No entanto, sua história é interessante, pois o Salvador Mundi não foi relacionado ao Leonardo da Vinci antes do século 21, ficando esquecido e perdido pelo mundo.

Ele percorreu grandes distâncias durante a II Guerra Mundial, antes de ir parar em uma audição de New Orleans em 2005, quando Robert Simon e Alexander Parrish a compraram pela bagatela de US$ 1,500.

Foram conduzidos seis anos de pesquisa antes dos historiadores confirmarem sua autenticidade. De acordo com dados da Bloomberg, a pintura pertence a Mohammed bin Salman, príncipe da Arábia Saudita.

2. Interchange por US$ 300 milhões

O quadro Interchange de Willen de Kooning foi comprado em 2015 por Kenneth C Griffin. Esta foi a peça de arte moderna mais cara vendida.

Kooning foi um dos fundadores do expressionismo abstrato e o Interchange foi pouco visto pelo público em geral, fazendo parte de acervos de colecionadores de arte privados.

Suas obras são sempre bem avaliadas, valorizam com o tempo, com grande procura e concorrência, já que o artista já faleceu. Portanto, existe um número de obras limitadas.

Para ter ideia esta obra foi vendida originalmente por US$ 4,000 em 1955 pelo arquiteto Edgar Kaufmann Jr. Depois ela foi negociada em 1986 para o dealer de arte Shigeki Kameyama por US$ 20,7 milhões.

Na década de 90 durante a recessão econômica no Japão foi vendida a David Geffen, penúltimo comprador.

3. The Card Players por US$ 250 milhões

A obra de Paul Cézanne chamada The Card Players (Os Jogadores de Carta) foi a obra mais cara vendida entre os anos de 2011 a 2015.

Ela é um quadro a óleo de uma série de cinco obras pós-impressionista. Todas elas possuem pequenas variações quanto ao número de pessoas na mesa e estilo de jogo.

A última versão foi comprada pelo Estado do Qatar através da família real e outra versão está no Musée d’Orsay em Paris na França.

4. Nafea Faa Ipoipo (When Will You Marry?) por US$ 210 milhões

A obra de Paul Gaugin de 1892 foi vendido em 2014. O quadro retrata a passagem de Gaugin ao Tahiti onde ele se apaixonou pelo povo e ilha. Ele foi amigo de Vincent Van Gogh onde moraram juntos e faziam pinturas juntos dos mesmos objetos sob perspectivas diferentes.

Foi por conta de uma briga com Van Gogh, que o artista se mudou e foi parar no Tahiti onde um ano depois pintou Nafea Faa Ipoipo, vendida inicialmente por 7 francos. É outra obra da família real do Qatar. 

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Wed, 24 May 2023 15:44:01 +0000
<![CDATA[8 colecionadores de arte com acervos impressionantes]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/8-colecionadores-de-arte-com-acervos-impressionantes/

Saiba que a arte pode fazer parte não apenas de galerias de arte, mas também dentro do acervo privado de colecionadores de arte.

Elas costumam pertencer a bilionários, artistas, industrialistas, celebridades, membros de família real, entre outros grupos de grande poder aquisitivo. Confira os mais famosos com acervos com obras famosas e bem valorizadas.

1. Ezra e David Nahmad

O valor da coleção de arte impressionista e de arte moderna desta dupla está estimado em US$ 3 bilhões.

Entre as obras mais icônicas e famosas está um quadro de Picasso Jacqueline de 1955. Os irmãos colecionadores de arte são homens de negócio, vendem e compram obras de arte visando lucro.

2. Madonna

A cantora americana Madonna é uma colecionadora de arte com um acervo de US$ 100 milhões. Ela tem fotografias, Art Deco e outros itens de artistas femininas.

Ela é a dona da Buste de Femme a la Frange de Picasso e Les Deux Bicyclettes, além de peças de Frida Kahlo e Bansky.

3. Justin Sun

O fundador de uma plataforma de criptocurrency é um colecionador de arte com obras de um acervo de US$ 100 milhões.

Tem arte digital e tradicional com obras de Pablo Picasso (Femme Nue Couchée Au Collier) e Andy Warhol são apenas algumas delas.

4. Count Giuseppe Panza di Biumo

Coleciona Pop Art e arte minimalista desde 1956. Ele é conhecido como difusor do Pop Art e sua coleção pessoal de US$ 11 milhões já foi considerada uma das mais importantes do período pós-guerra de arte americana das décadas de 60 e 70.

5. Steve Cohen

A coleção de US$ 1 bilhão de arte pós-impressionista e arte moderna tem peças de Van Gogh’s (Young Peasant Woman) e Gauguin’s (Bathers).

6. Eli Broad e Edythe Broad

Juntos têm uma coleção de mais de 2,000 peças de 200 artistas de arte contemporânea e pós-guerra de valor estimado em US$ 2,2 bilhões.

É deles a icônica peça Two Marilyn’s de Andy Warhol’s, além de peças de artistas renomados como Yayoi Kusuma, Roy Lichtenstein. Grande parte está exposto no museu The Broad em Los Angeles.

7. Paul Allen

O co-fundador da Microsoft era um colecionador de arte apaixonado. Passou 26 anos de sua vida comprando obras de arte e montou um acervo impressionante.

Gostava de arte contemporânea, pontilismo e arte florentina. Fazia de sua coleção Botticelli, Vincent van Gogh e muitos outros que foram vendidos em leilão na Christie’s em novembro de 2022 por US$ 1,6 bilhões.

A obra mais cara de sua coleção foi o Les Poseuses, Ensemble de Seurat’s que foi vendido por US$149,2 milhões.

8. Claribel e Etta Cone

As irmãs são socialites americanas que colecionam arte moderna em acervo de mais de US$ 1 bilhão. Elas são donas de obras de Picasso, Henri Matisse e Gertrude Stein.

Sua coleção é uma das mais famosas dos Estados Unidos e grande parte pode ser vista do Baltimore Museum of Art.

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Wed, 10 May 2023 14:56:23 +0000
<![CDATA[Paulo Whitaker: 5 pontos fundamentais para entender suas obras]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/paulo-whitaker-5-pontos-fundamentais-para-entender-suas-obras/

Paulo Whitaker é um artista brasileiro especializado em arte contemporânea bem reconhecido de forma nacional, quanto internacional. Para saber mais sobre seus quadros e desenhos, continue lendo.

1. Paulo Whitaker usa estêncil

Uma das técnicas de Paulo Whitaker é usar uma mistura de tinta spray com óleo usando o estêncil com moldes feitos de papel ou máscaras. Desenhos são recortados deixando a forma da prancha estampada.

Esta técnica envolve colocar os moldes vazados de formatos variados para criar figuras no quadro ou qualquer outra superfície. A aplicação pode ser feita em quadros, como em paredes dando profundidade, textura, camadas, efeitos diferentes.

Paulo Whitaker - Figura

Proveniente da street art, o estêncil possui um apelo forte de forma gráfica, tem o estilo de protesto, além de ter como elementos a rapidez e praticidade.

2. Faz experimentação dinâmica

Ao usar o estêncil de diferentes formatos, Whitaker vai experimentando uma forma na outra, marcado por uma dinâmica fluida que conversará de maneiras diferentes, conforme seu conhecimento empírico acumulado até aquele momento.

Portanto, poderá se guiar através de uma série de pensamentos e sensações, conforme suas vivências, experiências e tudo o que aprendeu até ali para ter uma impressão.

Paulo Whitaker - Formas

3. Seus quadros mostram um histórico de criação

O artista ao sobrepor figuras em seus quadros conta uma história em que as pessoas poderão ver momentos de suas tomadas de decisões, onde mudou o percurso, etc.

É interessante observar como estes processos foram feitos, além da ordem de aplicação acompanhando a mente do artista nos processos de construção do quadro ou desenho.

4. As formas são ressignificadas

As figuras colocadas no estêncil são ressignificadas, conforme o artista experimenta na tela. Desta forma, ele acaba dando formatos novos e formas de se enxergar as formas, curvas, profundidade, cores. Além disso, através de sua abstração, consegue expandir o conceito de espaço e tempo.

Paulo Whitaker - Oratório

Elas dará perspectiva espacial, com estruturas e configurações nada convencionais ou esperadas. Portanto, de forma calculada e espontânea elas tomam caminhos nada óbvios dando um toque de imprevisibilidade.

5. Formas evocam desconforto e plenitude

Em suas próprias palavras, quando cria suas obras, o artista fica em um estado pleno de paz, mas que lhe causa um pouco de desconforto, como uma espécie de estado de suspensão.

Da mesma forma, é possível acalmar ou excitar a mente ao observar os quadros de Paulo Whitaker, pois com foco e observação, vários elementos surgirão na cabeça enquanto observará as decisões feitas, formas e profundidade.

Paulo Whitaker é um artista contemporâneo que vale a pena conhecer e dar olhares mais longos para quadros. Se ficou com alguma dúvida, deixe um comentário ou entre em contato para saber mais do acervo disponível do artista para compra, compor coleção ou saber de exposições.

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Thu, 20 Apr 2023 12:45:00 +0000
<![CDATA[Reynaldo Fonseca: como reconhecer uma obra verdadeira do artista]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/reynaldo-fonseca-como-reconhecer-uma-obra-verdadeira-do-artista/

Reynaldo Fonseca (1925-2019) é um dos grandes artistas do Brasil. Entre os colecionadores de artes é bem conhecido onde seus quadros e ilustrações mostram o domínio de técnicas tendo resultados impecáveis, além de terem sua marca impressa através de algumas características. Em outras palavras, desenvolveu um estilo próprio.

No mercado, suas obras valem muito e quem deseja comprar deve desembolsar em média entre R$15 mil e R$90 mil, preço divulgado pelo Diário de Pernambuco em 2017. Uma gravura de 47cm por 66cm não sai por menos de R$ 2,000 a R$ 3,000, só para ter ideia.

No entanto, de uns anos para cá e segundo relatado no Instagram oficial do artista @reynaldofonsecaoficial, falsificações tem sido vendidas a preços mais baratos e de pouca qualidade.

O que parece ser um bom negócio, acaba sendo uma cilada, pois uma obra falsificada não tem valor algum no mercado. Estas falsificações costumam ter metade do valor original e são vendidas de forma clandestina.

Como reconhecer uma obra verdadeira de Reynaldo Fonseca

As obras verdadeiras de Reynaldo Fonseca possuem certificado de expertise, que é concedido com firma reconhecida em cartório. Este documento é uma garantia do valor da obra de arte, ou seja, é fundamental.

Ela pode ser apresentada de duas formas, com assinatura do autor no anverso e a segunda é o certificado impresso contendo fotografia da obra, descrição detalhada e assinatura com firma reconhecida.

Vá em galerias de arte confiáveis

Além disso, recomenda-se procurar obras de Reynaldo Fonseca em galerias de arte com curadoria especializada, onde poderá ter mais informações sobre sua validação ou na dúvida entrar em contato com a família do artista. As galerias confiáveis têm esta conexão ou poderá ter intermediários com opções de networking.

Quem coleciona arte costuma ter como intermediário galerias de arte, que é um dos locais mais indicados para comprar e vender. Além disso, terá todo o cuidado com os certificados, avaliações de obras e uma noção do valor do mercado, além de poder aprender mais sobre artistas e obras, ter contato com outros colecionadores qualificados tendo acesso a um nicho bem específico.

As obras de Reynaldo Fonseca têm predominância de algumas características com retratação de cenas cotidianas, com figuras humanas com uso de cores voltadas ao amarelo, laranja e marrom, ocre, terracota. Os desenhos possuem traços com técnicas aprimoradas. Além disso, os rostos de suas obras são expressivos com uma luz interna.

O artista teve uma carreira com mais de 75 anos até seu falecimento em 2019 aos 92 anos de idade, continuou pintando e quando não pôde ficar de pé, desenhou todos os dias de sua vida, por isso possui um acervo enorme e nem tudo está à venda. O que está disponível para compra está em galerias, com a família e com colecionadores de arte confiáveis.

Quem admira suas obras pode visitar os principais museus, salões de arte e bienais, como Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna de São Paulo, como museu do estado de Pernambuco. As galerias também têm exposições, fique de olho nos calendários e programações. 

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Mon, 10 Apr 2023 17:31:51 +0000
<![CDATA[Zezão: Flops e suas denúncias sociais em forma de arte]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/zezao-flops-e-suas-denuncias-sociais-em-forma-de-arte/

Zezão é um artista plástico paulistano especializado em grafitti que ganhou o mundo com a sua arte. Devido a sua relevância, confira alguns pontos importantes para entender sua maior criação: os flops.

Zezão e os Flops

O graffitti que lançou Zezão ao mundo ficou conhecido como Flops. Em linguagem técnica significa Floating-point Operations per second é usado para referir ao campo de cálculos científicos com ponto flutuante. Em outras palavras, mede a capacidade de processamento de um computador.

Já como gíria, flops deriva de flopar, que possui significado negativo, dando entendimento de fracasso.

Enquanto seu graffitti parece visualmente futurista e o próprio ter se aproximado deste tipo de referência ao ter lançado em 2014 uma exposição em black tape que lembrava sistemas de computadores, o modo como os graffittis foram colocados pode remeter ao sentido da gíria também.

Zezão 2

Zezão sempre escolheu pintar em locais de degradação e escondidos nas cidades em que as pessoas ignoram ou tentam ficar longe.

São os esgotos, lixões, locais feios de muros sujos com má manutenção, fábricas abandonadas, nas ruas esquecidas das grandes cidades aonde se reúnem as pessoas excluídas da sociedade.

Elas estão ali para ser uma crítica em forma de arte que mostra como a degradação, esquecimento e descaso dos órgãos responsáveis fracassaram em suas políticas públicas mostrando desinteresse nas pessoas marginalizadas pela sociedade.

Transgressão

De forma transgressora, ou seja, ultrapassando as noções humanas que pressupõem a existência de uma norma, mostrando que os limites foram ultrapassados, desrespeitando as condições básicas para a existência humana com o descaso das autoridades.

Através de sua arte de rua, Zezão marcou pontos da cidade de São Paulo em que havia justamente o descaso, a falta de consideração pela condição humana onde as pessoas marginalizadas são além de excluídas, esquecidas e humilhadas.

Zezão 1

Discussão atual: água

Seus flops também lembram a água pela sua cor azul e um movimento fluído lembram a má gestão deste recurso onde o esgoto cai a céu aberto em muitos locais da cidade, sem tratamento ou consideração pelas pessoas em seu entorno.

Na falta de políticas públicas e falta de importância pela sociedade de forma geral, esta situação só piora e não apenas no Brasil, mas mundo. Não à toa, Zezão saiu do Brasil para pintar esgotos e canais países à fora onde este tipo de prática também acontece, comuns de megalópolis.

Violência urbana

A violência urbana acaba sendo consequência do descaso, da afronta com a população que não encontra meios de subsistência dignas, como uma resposta direta dos problemas escondidos que fluem como a água suja dos esgotos para o subterrâneo imoral.

Zezão 3

O artista processa e entrega esta reflexão para as pessoas mostrando que a arte pode permear níveis profundos da consciência, levantando questões e criando debates.

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Mon, 20 Mar 2023 15:13:00 +0000
<![CDATA[Sérvulo Esmeraldo: conheça a arte cinética e a obra Excitables]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/servulo-esmeraldo-conheca-a-arte-cinetica-e-a-obra-excitables/

Sérvulo Esmeraldo (1929-2017) foi um dos precursores no Brasil da arte cinética com sua excelência e experimentação de técnicas. Continue lendo e entenda sobre a técnica artística e uma de suas maiores obras: Excitables.

Arte cinética

A palavra cinética significa movimento e foi usada com maestria por Sérvulo Esmeraldo em sua carreira.

Segundo documentário sobre o artista produzido pela Sesi, ele se inspirou muito cedo na ideia de movimento e luz ao observar a natureza e objetos. Durante sua carreira trabalhou estes conceitos e ganhou projeção internacional com a série Excitables.

A ilusão do movimento foi algo que ele incorporou em seu processo criativo e nos resultados. Na arte cinética, existe a introdução do elemento tempo, fazendo refletir sobre a importância das tecnologias no mundo moderno e permite explorar uma visão diferente.

Nela, são usadas formas geométricas que distorcem a percepção das pessoas, criando arte não estática, mas que se move.

Sérvulo Esmeraldo 01

Em outras palavras, tem elementos que se movem ou que requer que o espectador se mova para ter a experiência completa com os efeitos desejados.

É muito comparada com o op-art, mas são estilos diferentes e distintos com suas semelhanças. Enquanto o op-art dá a ideia de movimento sob um ponto estático, a arte cinética contém o elemento movimento.

Ela pode existir de diferentes formas e os artistas costumam ultrapassar barreiras. Pode ser aplicada em esculturas que se movem, por exemplo. Inclusive, com obras que podem ter peças movidas.

Sérvulo Esmeraldo 02

Excitables (Os excitáveis)

Sérvulo Esmeraldo através da obra Excitables, consegue transmitir a poética do movimento. Foi um trabalho elaborado e produzido na França ao longo de mais de uma década.

Mostrava pensamento científico e explicou este trabalho a um artigo publicado na Latin American and Latino Art (ICAA). Contou que sua obra inicialmente parece ser estática, mas de fato são como fenômenos naturais em que tudo está em movimento.

A obra se reúne em um uma série de objetos que reagem a cargas elétricas e a condições atmosféricas, por isso, estão em constante mudança. Ele realizou diversos experimentos com eletroestática do corpo humano e coisas em seu processo criativo.

Sérvulo Esmeraldo 4

A série é composta por caixas envolta de plexiglass contendo certos materiais que podem ser carregados com energia estática e começam a se mover quando entram em contato com o corpo humano, de forma espontânea ou programada.

Segundo suas palavras, tudo na natureza é fervilhante de vida não apenas no nível da matéria. Em sua opinião, as cargas elétricas têm poder infinito dando movimento e mistério.

Com isso, uma série de coisas acontecem a níveis profundos, elas se desprendem, afloram, desaparecem, anulam ou modificam.

Elas se movimentam dependendo das condições atmosféricas, além de reagirem quando as mãos encostam no plexiglass causando uma fluidez.

Sérvulo Esmeraldo 8

Encaixado dentro do campo de arte moderna, a arte cinética de Sérvulo causa fascinação e oferece uma experiência imersiva e que reage de acordo com os movimentos, sendo interventiva e ativa.

Dá uma sensação de tempo e espaço usando mecânicas baseadas na eletroestática valorizando o uso da ciência e transformando em arte para contemplação e reflexão.

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Fri, 10 Mar 2023 12:50:54 +0000
<![CDATA[Regina Silveira: entenda o significado de quatro obras marcantes]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/regina-silveira-entenda-o-significado-de-quatro-obras-marcantes/

 

Do pensamento crítico as obras de cunho filosófico e político, Regina Silveira, acadêmica e artista contemporânea, é um dos principais nomes brasileiros a se projetar internacionalmente com seu trabalho. Entenda quatro obras importantes de sua carreira.

1. To Be Continued

Esta é uma das obras que mais receberam projeção internacional. É composta por recortes de fotos publicadas em revistas turísticas, de embaixada e da mídia tradicional, de imagens estereotipadas da América Latina.

Estes recortes foram colocados como peças de quebra-cabeça encaixáveis, que não compõem uma ordem ou imagem única.

Regina Silveira coloca em suas criações, críticas políticas denunciando ou colocando a luz reflexões profundas. Ela fala sobre apropriação de elementos de diversas culturas diferentes sendo colocadas em logos de empresas, ilustrando matérias, fazendo parte de propagandas, etc.

Estas imagens e símbolos acabam formando uma imagem pobre, preconceituosa de diferentes povos que compões os países da América Latina.

Estas imagens projetam a imagem internacional dos países latinos, interferindo na sua compreensão e interpretação dos povos e países compostos de diferentes fragmentos, assim como costuma ser a visão de turistas da Europa e América do Norte em relação a América Latina.

A artista explicou em uma entrevista a revista online de arte contemporânea Berlin Art Link, que o nome da obra To Be Continued (A continuar) representa que ela não acaba ali, assim como as telenovelas e seriados. Foi a primeira obra que ela usou impressão digital, composta de 110 peças de 40 x 50 cm cada.

2. Brazilian Birds

Brazilian Birds (Pássaros brasileiros) representa uma forte crítica ao desmatamento permitido na Amazônia para a construção de uma estrada no período da ditadura chamada transamazônica, com influência direta de políticos e militares na década 70.

A artista pegou uma imagem de um cartão-postal turístico e usando linhas mostrou a trajetória de voo de urubus. Segundo Regina Silveira, as linhas mostram trajetórias de voos usando correntes de ar tiradas de uma revista científica Scientific American.

Já a imagem do cartão-postal fazia parte da série Brazil Today de 1977. A ideia era associar a ave de sobrevoando a transamazônica, símbolo de dominação.

3. Plugged

Plugged reúnem três fotogravuras usando placas de metal para produzir uma imagem. De forma simbólica, Regina brinca com jogo de luz em sombra para fazer uma crítica em relação a dominação e poder.

A luz é símbolo de conhecimento na sociedade moderna. Uma das fotogravuras mostra uma sombra de mão acendendo um interruptor mostrando que o poder está nas mãos de poucos e o impacto que isso tem.

Usada como metáfora para mostrar como as pessoas que controlam o poder agem pelas sombras. Outra imagem mostra uma mão com os dedos enfiados na tomada mostrando a suposta carga de energia luminosa que ela receberá.

Já a silhueta da mão com a lâmpada apagada representa a luz, fazendo uma contraposição a seu significado oculto.

4. Executive Destructers

Executive Destructers (Executivos Destrutivos) faz parte de uma série lançada nos anos 70 e 80 que usa linhas geométricas que colocam as pessoas em perspectivas para denunciar estruturas de poder.

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Mon, 20 Feb 2023 11:58:00 +0000
<![CDATA[Pierre Verguer: 6 curiosidades sobre o artista]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/pierre-verguer-6-curiosidades-sobre-o-artista/

Pierre Verger é reconhecido mundialmente por conta de seu trabalho documental, fotojornalístico, acadêmico, antropológico, histórico onde coletou um vasto acervo de imagens ao redor do mundo, além de ter sido um estudioso, etnologista e escritor.

Suas obras e jornada de vida marcaram e continuam deixando suas impressões por gerações. Confira seis curiosidades sobre Pierre Verger para entender um pouco de sua vida e obras.

1. Pierre Verger estudou profundamente a cultura e religião africana

Pierre Verger é um fotógrafo que se encontrou na matriz africana onde se especializou em ritos religiosos, na prática divinatória Ifá onde renasceu na África como Fatumbi, graduação mais alta dos babalaorixás quando esteve em Benim na África.

Estudou as raízes da cultura africana se especializando em antropologia, escreveu livros e estudou etnologia. Terminou um doutorado pela Sorbornne em Paris onde abordou o tráfico de escravos do golfo de Benin até a Bahia.

Pierre Verger - Candomblé Joãozinho da Goméa

Grande parte de seu interesse refletia em suas fotografias, que retratavam a Bahia e África. Se encantou por Salvador onde mudou em 1946, viveu e faleceu aos quase 100 anos de idade. Também se dedicou a pesquisar e estudar a cultura afrobaiana e suas influências na África.

2. Era fluente em iorubá

Sua dedicação era tanta, que além de ter sido adepto do Candomblé, aprendeu a língua iorubá. Inclusive, sua última obra escrita foi um guia medicinal escrito em iorubá reunindo um trabalho que levou décadas de pesquisa.

3. Sua primeira câmera foi uma Rolleiflex

Usava uma Rolleiflex, um clássico da fotografia e ajudou Pierre a captar imagens ao redor do mundo. A máquina é um item visado entre colecionadores e amantes da fotografia, foi a primeira de Verger e a que o ajudou a se profissionalizar.

4. Visitou mais de 60 países

Após uma tragédia familiar, virou repórter fotográfico onde passou por mais 60 países. Foi colaborador dos principais periódicos mundiais onde vendias seus registros.

Verger passou grande parte de sua vida viajando e tirando fotos. Possuía estabilidade financeira proveniente de sua família búlgara burguesa que se estabeleceu na França.

Passava pequenos períodos em Paris onde visitava amigos e familiares, mas logo partia. Contribuiu com um acervo de 62 mil negativos.

5. Morou em Salvador na Bahia

Foi em Salvador que ele se encontrou no mundo, local onde viveu até o fim de seus dias. Apaixonado pela cultura e o modo de vida, criou raízes religiosas e teve uma vida livre e liberta, conforme seus valores e anseios.

6. Livro Jubiabá o fez querer conhecer o Brasil

Leitor ávido, foi por causa do romance de Jorge Amado que se interessou por conhecer a Bahia. Publicado em 1935 tem como personagem principal um babalorixá do Candomblé. Vivia de forma simples em um local com uma vasta coleção de livros, sem luxos e minimalista.

 

 

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Fri, 10 Feb 2023 14:00:00 +0000
<![CDATA[Renina Katz: 5 curiosidades sobre a artista]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/renina-katz-5-curiosidades-sobre-a-artista/

 

Renina Katz é um grande nome da gravura brasileira, contribuiu em muito com sua arte e todas as suas formas de expressão.

Desenhista nata, passou pela gravura em metal, pela xilogravura, litografia e pintura. Confira algumas curiosidades sobre a vida e obra da artista, retiradas de entrevistas, que ajudarão a compreender um pouco de sua trajetória.

Renina Katz 5

1. Sua série Favela buscava fazer denúncias sociais

Renina Katz foi engajada na militância em sua juventude em uma época do país pós guerra. Se definia contra o fascismo, com simpatia por valores socialistas.

No começo de sua carreira em 1956 lançou uma série de xilogravuras com tema Favela, que buscavam destacar os problemas sociais quanto ao descaso com as pessoas pobres que moravam em aglomerados.

Representava cenários do cotidiano, de pessoas trabalhadoras, de mulheres, crianças, homens em cenários comuns. Durante duas décadas, a de 40 e 50, se engajou as questões sociais com seu trabalho e lançou obras marcantes usando xilogravura.


Renina Katz 4

Também revelou o universo dos retirantes e de pessoas marginalizadas com atmosfera dramática e expressiva.

2. Foi aluna de Axel Lescoschek

Axel Lescoschek lecionou por muitos anos no Brasil antes de voltar para a Áustria. Ilustrador e especialista em xilogravura, ensinou além de técnicas para Renina Katz valores que ela levou em sua docência quando foi professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo.

3. Foi instigada a aprender gravura em metal por um amigo

Poty era um amigo de Renina e a instigava a trabalhar com gravura em metal. Em um ateliê do rio de Janeiro pertencente ao jornal O Globo aprendeu muitas técnicas.

Renina Katz 3

Trabalhavam seu amigo Poty, que era assistente de Carlos Osvald, que a ensinou a paixão por este tipo de arte. Lá, aprendeu a imprimir obras usando maquinaria pesada. Colocava a mão na massa e formou uma base que seria acessada anos depois em sua vida artística.

4. Construiu uma carreira acadêmica

Renina Katz, além de artista consagrada, desenvolveu uma carreira acadêmica onde fez mestrado e doutorado na USP, onde também lecionou por 29 anos. Ainda era formada na academia de Belas Artes e na Faculdade Nacional de Filosofia.

Seus diplomas foram o que salvaram seu emprego de docente quando a USP passou a exigir diploma universitário de seus professores. Como artista declarava que o aprimoramento acadêmico e técnico fazia bem ao dar uma visão mais analítica.

Renina Katz 2

5. Se encantou por estampas japonesas em sua juventude

Na Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro se encantou por estampas japonesas feitas por gravadores. Foi então, que passou a se interessar em xilogravuras, pois achou adequado para transmitir as mensagens políticas que desejava.

A arte em preto e branco era adequada e se dedicou a este tipo de técnica por anos até entrar em crise em 1956. Passada a juventude teve vontade de fazer outras coisas, seguir outros rumos quando se dedicou por representação de paisagens com pintura e depois litogravura na década de 70.

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Wed, 25 Jan 2023 12:54:00 +0000
<![CDATA[Como avaliar se uma obra de arte é de qualidade?]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/como-avaliar-se-uma-obra-de-arte-e-de-qualidade/

Entender se uma obra possui qualidade, dependerá de análise e compreensão de seus elementos. Ao ter alguns parâmetros em mente conseguirá ter uma visão analítica e um outro olhar sobre desenhos, pinturas e esculturas.

Sete elementos da arte

Os sete elementos da arte são a cor, valor, textura, corpo, formato, linha e espaço. Elas podem ser usadas em conjuntura ou isolados para criar uma série de obras de arte indo do naturalista ao abstrato.

Os elementos da arte não se aplicam apenas a pinturas, mas para rascunhos, desenhos, esculturas, gravuras, decoração de interiores, espaços arquitetônicos, estruturas, etc.

 

Carlos Furtado 7

 

Regras formais ajudam na análise

Pense nos elementos como regras formais que darão uma definição artística. Existem também os princípios artísticos e trabalham em conjunto com os elementos.

São comumente definidos como organizacionais ou princípios do design. Isso inclui uma análise quanto ao balanço, unidade, harmonia, variedade, proporção, rítmica, movimento, repetição, padronagens e ênfase.

Elas são responsáveis por dar estrutura em como os elementos artísticos serão aplicados ou usados. Por exemplo, uma pintura com cor análoga ou complementar aparecerá harmoniosa e com balanço. Ela será agradável de olhar.

Se a cor estiver ao acaso, a obra parecerá sem sentido ou visualmente nada atrativa. No entanto, atingir variedade é um dos guias de princípios e as cores podem ser aplicadas em vários contrastes.

Um outro exemplo é usar linhas horizontais para dar ideia de movimento, as linhas ainda podem fazer parte de uma padronagem para dar ritmo. Em outras palavras, os princípios da arte determinarão como os elementos da arte serão usados.

Importância das cores

O valor da arte está ligado diretamente a cor, como faz parte e como é aplicado. Nós veremos as cores aplicadas em uma série de variedades em formas e efeitos enfraquecido, embaçado, brilhante, borrado, texturizado, contrastando, mais sério.

Aldemir Martins Flores do Meu Nordeste

Isso causará diferentes emoções, fazendo nos sentir alegria, melancolia, susto, surpresa, etc. Então, o que determina os efeitos diferentes que as cores provocam?

Isso incluirá graus de saturação e intensidade, sua temperatura que criará um humor com tons, sombras com esquemas de cores que incorporará as primárias, secundárias e terciárias.

Existe toda uma ciência das cores, pois elas guiam as ondas de luz que chegam aos nossos olhos, com fotoreceptores específicos que nos permitem ver um espectro de luz visível.

O espectro inclui as cores vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, indigo e violeta. Algumas cores são absorvidas ou refletidas.

Agora que você entendeu alguns princípios básicos sobre avaliação de arte quanto a cores, regras e seus elementos poderá se aprofundar nesta análise para aprender a avaliar obras de arte e guiar melhor as escolhas.

Aldemir Martins - Paisagem

Faça um treino e observe sua obra de arte favorita pensando nos quesitos que citamos e escreva uma análise crítica. Não esqueça de pontuar os sentimentos e emoções que elas provocaram em você, as impressões e impactos.

Converse com especialistas e aprenda mais sobre estilos e técnicas aplicadas naquela obra para aprofundar seus conhecimentos e ter outras visões. 

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Wed, 11 Jan 2023 12:09:21 +0000
<![CDATA[Dicas para escolher a moldura das obras de arte]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/dicas-para-escolher-a-moldura-das-obras-de-arte/

Nos anos 80, a pioneira Sarah Charlesworth fez uma colaboração com o especialista em moldura Yasuo Minagawa. Ao colocar molduras de laca em volta de suas fotografias deu uma impressão de tridimensionalidade ao fundo de suas imagens. O resultado era limpo, monocromático e as fotografias ganhavam vida.

Desde então, diversas parcerias foram feitas com artistas como Elisabeth Murray, Dan Coley e Jennifer Barlet. Nos dias de hoje, os contemporâneos ainda usam o efeito de dupla dimensionalidade incorporando molduras em suas fotografias.

A arte foi feita para ser vista, por isso da mesma forma que a moldura funciona, outros elementos como iluminação efetiva, uma curadoria inteligente e uma escolha de cores, acabam tendo importância central na apresentação do trabalho.

Enquanto as galerias e instituições possuem conhecimento e recursos para fazer estas escolhas, para os colecionadores pode ser uma tarefa difícil.

Importância da moldura

Uma boa moldura deve proteger a obra, enquanto conjura uma sinfonia visual com o trabalho e seu entorno. Tudo dentro do orçamento do colecionador, além de estar suscetíveis a mudanças impostas por tendências.

Será provável que se use molduras diferentes para cada obra, já que elas terão diferentes valores monetários e intelectuais. Por exemplo, achar uma moldura para um desenho em papel delicado é diferente do que achar uma para uma fotografia.

As galerias costuma ter um especialista em moldura com conhecimentos em relação a estes aspectos citados. Então, antes de fazer uma busca nas lojas de departamento, vale falar com alguém com conhecimento que possa guiar os próximos passos ou achar um local especializado.

Proteção é o principal objetivo

Pense no relacionamento da arte com a moldura a longo prazo em termos de proteção. Afinal, será a responsável por deixar longe a poeira, os raios ultravioletas, contato físico e outros fatores externos que poderão danificar a peça de arte.

Deve ser reversível

Além da proteção de fatores externos, a moldura ainda deve ser reversível sem estragar a peça por dentro.

Para proteger a parte da frente e de trás deve-se usar materiais que não liberem ácido com o longo do tempo como acontece com o papelão e plásticos. O melhor é escolher madeira ou tecido de algodão especial.

Um especialista em molduras para obras de arte conseguirá indicar o que usar na hora que for proteger a peça de forma interna, incluindo os métodos para diferentes orçamentos.

Existem materiais bons, mas que tem preços mais elevados como o plexiglass para proteger de forma externa, pois é anti-reflexo e tão delicado que forma uma camada invisível. Costuma ser a escolha de museus e colecionadores de alto escalão.

Apesar de ter opções para todos os orçamentos, é preciso ter em mente que a escolha da moldura deve ser guiada com um pensamento consciente sobre o futuro.

Afinal, ela será a responsável por manter o valor da obra com o passar dos anos e aumentar seu tempo de vida. Portanto, é um aspecto importante. Faça pesquisas e converse com especialistas.

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Wed, 21 Dec 2022 18:12:00 +0000
<![CDATA[10 razões para comprar obras de arte]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/10-razoes-para-comprar-obras-de-arte/

Quando se trata de comprar obras de arte existem uma série de fatores que motivarão as pessoas a procurar por pinturas, desenhos e esculturas. Confira 10 razões que costumam criar identificação e são comuns.

1. Dar suporte

Colecionadores de arte dedicados sabem o valor da arte para a sociedade. Para dar suporte a esta paixão, apoiam exposições, galerias e artistas.

2. Fazer parte de uma comunidade

A comunidade dos colecionadores de arte tem uma forte conexão para discutir assuntos em comum e encontrar mais entusiastas que possam ajudar em sua caminhada de descobertas e aprendizados.

3. Para preservar a história

Ser dono de uma obra de arte é ter um pedaço da história com você. Muitos vão atrás de peças de artistas que tenham uma história de vida parecida, alguns buscam as edições mais bem valorizadas de artistas consagrados, mas que ao final das contas acabam ajudando na preservação e continuidade de peças de valor inestimável sob o ponto de vista histórico.

4. Ter a experiência de provar a excitação da busca

A sensação de descoberta de uma peça de arte envolve uma mistura de adrenalina, satisfação e recompensa. Ninguém pode explicar a sensação de finalmente encontrar uma peça que tanto buscava ou o caminho de descobertas.

5. Para decorar a casa

Decorar espaços com arte é uma das maiores motivações das pessoas comprarem uma obra. Chegar em casa e ver um quadro que agrade pode causar sensações de relaxamento e regojizo que não tem preço.

6. Para revelar a personalidade

As obras de arte são uma fonte poderosa de expressão de personalidade e gosto. Enquanto alguns se atém a certos estilos, outros investem em coleções dinâmicas para expressar seus vários lados.

7. Para contar uma história

De forma histórica, as coleções de arte eram grandes motivadores de conversas em encontros sociais com os gabinetes de curiosidades. Eles conectam e são interessantes, pois dão abertura para falar sobre o artista, sobre o estilo, a história de compra, etc.

8. Expressar emoções

A obra evoca sentimentos e emoções importantes, que podem ser símbolos de algum significado importante na vida da pessoa.

Quando existe a conexão a nível emocional, será muito mais pessoal, com uma profundidade que dará conforto ou euforia. Experienciar isso é algo legal e ajudará a ter uma validação do que sente e na expressão de coisas que não seriam possíveis em palavras ou na racionalidade.

9. Para se conectar com artistas

Muitos colecionadores são fãs de artistas por conta de sua história de vida e estilo de trabalho. Ter suas peças é uma forma de se conectar com a pessoa alvo de admiração. Dá para comprar peças de diferentes estágios da vida do artista e acompanhar a evolução de suas técnicas ao longo dos anos.

10. Para passar um legado

 Comprar arte pode ser uma forma de montar uma herança, assim como tem gente que deixa joias e posses, as obras de arte são itens valiosos que podem ser passados de geração em geração.

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Wed, 07 Dec 2022 17:55:27 +0000
<![CDATA[Maria Leontina: do figurativismo expressionista ao cubismo abstrato]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/maria-leontina-do-figurativismo-expressionista-ao-cubismo-abstrato/

Maria Leontina é uma artista brasileira paulistana nascida em 1917 e falecida em 1984 (66 anos), cujo nome é referência com seus quadros, desenhos e gravuras usando técnicas da arte moderna.

Era adepta do expressionismo figurativismo, do abstratismo geométrico e cubismo. Para quem quiser se aprofundar ou conhecer mais sobre seu estilo e trabalho, deixaremos pontos importantes para mergulhar um pouco nas bases de suas expressões artísticas, tão admirada entre colecionadores, pintores e gente da área.

Maria Leontina e o figurativismo de cunho expressionista

O expressionismo é uma arte moderna citada pela primeira vez em 1911 com fortes bases na Alemanha e tem como principal pensamento que a experiência da realidade é subjetiva.

Portanto, a representação artística de figuras da natureza, de objetos, construções, pessoas, entre outros elementos são feitos através de pinturas e desenhos.

Liberdade para explorar

Os artistas que fazem parte do movimento, assim como Maria Leontina primam pela ruptura com uma visão de revolução sob o espírito humano com liberdade para explorar.

Algo que transcende os limites da experiência humana. Geralmente, o expressionismo está ligado ao cotidiano, mas com características de pinceladas sem nuances.

Portanto, em vez de pintar uma retratação realista, se opta por ter uma versão distorcida poética. Uma de suas bases é expressar emoções e experiências pessoais com figuras que representam algo do mundo real.

A natureza era muito celebrada na virada do século XIX para o XX, como forma de contestação a realidade industrial e a vida nas cidades.

Por isso, tem muitas pinturas de paisagens, de formas naturais e panoramas idílicos. O uso de cores intensas faz parte de uma composição desafiadora para subverter ideias tradicionais da moralidade e das convenções sociais. Maria Leontina usou muito as cores em seus trabalhos. A natureza é recriada sob olhar da artista para refletir seu mundo interior e imaginação.

 

Maria Leontina 1

Cubismo e natureza morta

O cubismo é um movimento surgido no século XX, usa formas geométricas e visa a não valorização das formas perfeitas. Usando figuras em três dimensões, predominam linhas retas, cubos, cilindros e uso de formas simples com jogo de claro e escuro.

Uma abordagem mais criativa e menos realista das coisas com uso de retratação de natureza morta. Maria Leontina fica envolvida com esta vertente entre os anos 50 e 60. Nesta época, trabalha com vitrais e azulejos também.

Abstracionismo geométrico

Dali, se parte para abstração geométrica, que Maria Leontina também explorou em sua vida artística contrapondo a arte figurativa usado no começo da carreira.

Foi uma mudança drástica, já que o abstracionismo visa a valorização de formas e cores. No entanto, existe um objetivo comum de rompimento com antigos valores em todos os movimentos que Leontina passou.

No Brasil foi um movimento forte na década de 40 e o estilo tem como caracterização da racionalização do uso de formas geométricas. No entanto, a artista ficou conhecida por optar não se guiar pelas linhas perfeitas, mas com uso intuitivo, sensível e original, sem deixar seu senso poético.

 

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Tue, 22 Nov 2022 12:30:00 +0000
<![CDATA[Colecionadores de arte: conheça a história dos gabinetes de curiosidades]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/colecionadores-de-arte-conheca-a-historia-dos-gabinetes-de-curiosidades/

Os gabinetes de curiosidades tiveram um papel fundamental no hábito de colecionar obras de arte e deu início ao mercado, museus e galerias. Continue lendo e aprenda mais sobre uma parte da história fascinante.

Entender estes aspectos darão uma visão dos mercados contemporâneos e dos colecionadores maiores, assim como pode ajudar a entender melhor os motivos de alguém começar uma coleção ou acender iniciativas.

Como surgiram os primeiros colecionadores de arte

A Itália da época Renascentista era marcada por uma aristocracia que tinha por prazer colecionar coisas interessantes, belas e luxuosas nos chamados gabinetes de curiosidades. Também eram conhecidos como galleria, studiolo, museo.

Existiam gabinetes de todos os tamanhos, desde os mais simples aos mais elaborados com vários compartimentos e andares, que poderiam se esticar e tomar a sala toda. Muitas vezes tomavam mais de um cômodo.

Os objetos que compunham a coleção pessoal de cada pessoa vinha de viagens longas com buscas por novidades.

As peças davam oportunidade para contar histórias sobre uma aventura épica ou como foram fabricados. 

Eles ficavam sob a vista de convidados quando havia uma festa com jantar como uma forma de entretenimento na Europa do século 19 quando não existia muita opção de entretenimento.

 

Papel social e de status

Como pudemos perceber os gabinetes desempenhavam um papel social importante, além de fazer uma representação da personalidade de seus donos através das posses de objetos glamurosos ou que indicassem riqueza, erudição e bom gosto.

Poder pelos objetos de arte

Eles já tinham entendido que os objetos preciosos exerciam poder sob as pessoas e as associações entre luxo e personalidade davam impressões profundas de alguém.

Eles representavam um símbolo de status social. Quem era colecionador geralmente era rico e poderoso. Os conteúdos refletiam a personalidade do dono e carregava sua identidade.

Urgência existencialista através das coleções de arte

A partir do século 18, eles deixaram de apenas representar a inteligência e riqueza do dono, mas passou a ter necessidade de fazer com que o mundo fizesse sentido em um modo mais objetivo.

Passava a representar uma urgência existencialista para entender a vida. Portanto, os gabinetes de curiosidades era simbólico e apresentava para as pessoas questões essenciais sobre a transitoriedade da vida humana.

Os gabinetes eram um local de imaginação e para colocar as suas impressões do mundo. Os museus e galerias surgiram de coleções pessoais de gabinetes de curiosidades de reis e príncipes da Renascência, segundo o Instituto de Arte Soteby’s.

Gabinetes deram início ao museu do Louvre e do Museu Britânico de Londres. De acordo com seu crescimento em prestígio e tamanho, houve uma necessidade de separação que fez com que a cultura fosse adiante ramificada em várias frentes.

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Thu, 10 Nov 2022 12:21:00 +0000
<![CDATA[Maria Bonomi: conheça fatos interessantes sobre a Epopeia Paulista]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/maria-bonomi-conheca-fatos-interessantes-sobre-a-epopeia-paulista/

Maria Bonomi é uma artista com extenso curriculum que é referência na área. Nascida em 1935 na Itália, construiu uma carreira sólida no Brasil e contribuiu com a sociedade ao criar obras públicas importantes.

Se especializou em esculturas enormes que integram espaços e se conectam com o local físico, a história do lugar e com os transeuntes. Um dos grandes destaques é o painel Epopeia Paulista, um dos grandes marcos na cidade de São Paulo em dos pontos mais movimentados.

Epopeia Paulista na estação luz do metrô de São Paulo

Maria Bonomi fez um painel para a estação da Luz dedicado aos imigrantes e migrantes que já passaram por ali ao longo de mais de 100 anos de existência. Uma homenagem ao povo de outras cidades e países, que ajudaram no crescimento da cidade.

Todos os dias, cerca de 1 milhão de pessoas passam pela galeria onde fica o painel, local de ligação entre linhas do metrô e trem.

Ao todo o muro ocupa uma área de 73 metros e foi confeccionado em três blocos. As gravuras no estilo cordel contam uma história homenageando e servindo de lembrete cívico.

 

Povo multiétnico de São Paulo

Mostra que a estação Luz acaba sendo um local de passagem comum a quem chega a maior cidade da América Latina em busca de uma oportunidade. Representa o povo multiétnico, plural e diverso.

Indagação social e objetos perdidos

A artista usou objetos esquecidos nos trens e metrôs na composição da obra. As gravuras fazem uma indagação social, onde questiona as condições e oportunidades, além da desigualdade comum da cidade.

Os objetos recolhidos ao longo dos anos e incorporados no painel representam uma metáfora para representar todos os povos diferentes evocando o conceito de memória. Afinal, são uma prova física das histórias individuais. Eles ficaram presos no tempo e fizeram parte de algo.

 

Cores

Amarelo Ocre, vermelho-terra e branco foram usados com aplicação de cimento branco estrutural. Inicialmente fazem referência ao café, a indústria e serviços. De forma mais profunda, o amarelo representa o nordeste, o vermelho narra as memórias esquecidas e o branco faz um corte no espaço-tempo, representam uma nova realidade e a visão do passageiro quando chega a estação Luz com um futuro a ser preenchido.

 

Como o painel foi construído

Como o painel era gigantesco, Bonomi trabalhou em uma galeria dentro do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo no sistema colaborativo, segundo a artista “uma obra de mil mãos”.

Durante quatro anos foi confeccionada e o processo de sua evolução foi colocada a disposição de grupos, estudantes de arte e interessados pelo processo de criação da Epopeia Paulista, encomendada pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos.

A ideia inicial era usar a construção civil e aproveitar um muro no local onde fica a estação quando foi pensada por Maria Bonomi e pelos arquitetos Meire Selli e Rodrigo Velasco. No entanto, o plano se tornou impossível.

 

Na galeria do museu, as enormes placas de concreto foram transformadas em matrizes desenhadas e escavadas. Foram feitas 980 matrizes ao total. 185 placas foram esculpidas a partir de mais de 700 desenhos. Foi inaugurada no dia 26 de dezembro de 2004.

  

 

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Thu, 20 Oct 2022 12:07:00 +0000
<![CDATA[Os Gêmeos: confira trajetória e estilo]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/os-gemeos-confira-trajetoria-e-estilo/

OSGEMEOS é o nome artístico da dupla de irmãos Gustavo e Otávio Pandolfo. Nascidos em 1974 cresceram no bairro Cambuci, São Paulo.

Foram estimulados pela mãe, que os levava quando crianças a várias exposições de arte, além de incentivá-los a manifestarem sua criatividade. Foi na pinacoteca de São Paulo que eles tiveram o primeiro contato com uma lata de spray quando crianças e onde voltariam anos mais tarde para montar uma exposição própria em 2021.

Começo OSGEMEOS

Um bairro culturalmente rico, diverso e um ambiente familiar acolhedor quanto a expressões artísticas, ajudou no nascimento de uma trajetória que foi evoluindo aos poucos, acompanhando o amadurecimento dos irmãos até chegar a patamares em que é possível ver suas criações em laterais enormes de prédios mundo.

 

Em contraste, muitas das obras criadas pelos Osgemeos foi apagada e pintada de cinza pelas prefeituras das cidades brasileiras em muros ao longo dos últimos anos.

Década de 80 e influências culturais do bairro

Era a década dos anos 80 e período de infância e juventude de Gustavo e Otávio. No Cambuci foram rodeados por um bairro em que todo tipo de arte se manifestava. Tudo isso ajudou a construir o estilo único dos osgemeos moldado ao longo dos anos.

Inspirados principalmente pelos traços do americano Doze Green, foram influenciados pela música hip hop, no estilo streetstyle, pelas rodas de dança break, rap e grafitti.

Em meio ao cotidiano urbano surgiu a vontade de desenhar, explorar materiais, estudar técnicas e aprimorar um modo de criar em dupla em conexão e harmonia criativa.

Os Gemeos - The Other Side

Exploração de materiais e traço fino de spray

Nas ruas, os dois precisaram explorar muitas superfícies diferentes e improvisaram o que precisavam com os materiais ali disponíveis pelos recursos limitados de dois jovens. Esse também era o modus operandi de quem se manifesta através da arte urbana nas ruas.

Esta prática continuou sendo aplicada em toda a carreira, com uso de materiais diversos, estudos minuciosos de técnicas e muita criatividade.

Uma das características do estilo único dosgemeos é o traço super fino feito com spray, que contorna todas as suas composições. Resultado de anos de prática e treino, hoje é referência.

Um mundo interno compartilhado fantástico

Na exposição da Pinacoteca dos OSGEMEOS, eles compartilharam um pouco de como é o mundo interno onde não existem limites para a imaginação e de onde sai muitas inspirações.

De forma espiritual, os irmãos fizeram uma simbiose de um local não físico fantástico onde os dois se sentem livres e em paz.

Ao longo dos anos, nunca repetiram um sequer personagem sempre criando algo novo dentro do estilo. Além disso, aprenderam a escalonar seus desenhos para planejar pinturas em prédios enormes para dar um alívio artístico em meio a construções de concreto em meio as principais cidades do mundo.

Hoje em dia, fazem parte do seleto grupo de artistas urbanos que conseguiram destaque internacional e são referência. Suas obras com cores fortes e sem limites de criatividade acrescentam uma atmosfera vibrante e inspiracional.

 

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Mon, 10 Oct 2022 18:46:28 +0000
<![CDATA[Como iniciar uma coleção de arte?]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/como-iniciar-uma-colecao-de-arte/

Iniciar uma coleção de arte pode parecer uma ideia distante e indicada apenas para pessoas com muito dinheiro. No entanto, para quem possui este desejo, saiba que a tarefa não é impossível e acessível para diferentes bolsos.

Confira nossas dicas que poderão ajudar nas etapas para iniciar uma coleção e pode ser seguido por todos.

Investigue os motivos

Os motivos para começar uma coleção de arte pode ser diversa e ter isso em mente facilitará os próximos passos.

Pode ser por investimento, apoiar um artista ou apenas querer vários itens decorativos para compor ambientes. Estes costumam ser os mais comuns. De qualquer forma, é uma experiência subjetiva e pessoal que deve se tornar consciente.

Saber seus motivos ajudará a destinar seus esforços no começo com mais probabilidades de ter sucesso. Por exemplo, se a intenção é investir, as escolhas devem ser guiadas com mais cuidado com olhar crítico de artistas que tem mais chances de serem reconhecidos com o passar do tempo.

Afinal, o que se visa é um possível lucro. Para quem deseja apenas ter uma coleção pessoal, já pode ser guiado pelas suas preferências e gostos pessoais, conforme for aprendendo mais sobre arte.

Quem deseja preencher espaços já terá maiores opções sem critérios quanto a nome e valorização no mercado, mas garimpar entre artistas que compõem o estilo pretendido para a decoração.

Faça uma pesquisa sobre o que gostar

Enquanto estiver no caminho de descoberta de novos artistas, é recomendado que separe os nomes que gostar para fazer uma intensa pesquisa depois e aprender.

Comece pequeno

Preferir coleções pequenas de artistas emergentes ou que estão começando a ganhar reconhecimento é uma excelente forma de começar com orçamento limitado.

Faça uma busca online

Os sites de galerias de arte são eficientes para conhecer novos artistas e fazer as pesquisas. Fica mais fácil fazer uma comparação de preços e comparar obras. Usando a internet facilita o contato para conseguir mais informações de forma acessível e transparente.

Mantenha um diário

Se a intenção é começar uma coleção de arte por muitos anos, é recomendado iniciar um diário para registros. Desta forma, conseguirá ver a evolução da coleção e conseguir notar as mudanças de gosto ao longo do processo.

Tenha paciência

Pode levar muitos anos até artistas ganharem reconhecimento, se comprou uma como investimento deverá ter paciência.

Pense na conservação da coleção

A preservação das obras é fundamental para que elas valorizem durante os anos. Além de ter um local adequado, cuide dos aspectos burocráticos e de segurança.

Trabalhe com seu orçamento

É possível começar uma coleção de arte com diferentes orçamentos, trabalhar com a realidade facilita muito a procura e compra de obras.

Direcionando o quanto tem para investir é uma forma de se manter objetivo e evita que postergue demais a primeira compra. Fotografias e desenhos geralmente são mais acessíveis. Fique de olho nos segmentos e acompanhe seus artistas favoritos acompanhando sua evolução.

Acumule conhecimento

Pesquisas são fundamentais para acumular conhecimento e experiência. Além disso, estar bem informado protegerá de cair em fraudes.

Procure um especialista para ajudar no processo

Quando visitar galerias, anote as dúvidas que surgirem e não deixe de esclarecê-las não só do ponto de vista técnico, mas quanto a documentações e formas de legitimação com um especialista.

 

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Thu, 15 Sep 2022 17:15:29 +0000
<![CDATA[Marcelo Solá: artista usa inspirações cotidianas para fazer arte contemporânea]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/marcelo-sola-artista-usa-inspiracoes-cotidianas-para-fazer-arte-contemporanea/

Marcelo Solá é um artista goiano nascido em 1971 que usa diversas técnicas para montar obras com referências de arquitetura, experiências de vida, inspirações do cotidiano da vida moderna com muita criatividade e expressão.

Marcelo Solá

O artista Marcelo Solá faz uma arte inspirada do visual das paredes das megalópoles com grafites, pichações, cartazes lambe-lambe, de publicidade e toda a diversidade cultural que fica impressa ali.

Vida urbana impressa em paredes

Através destas paredes podemos saber tendências, ver a estética urbana, da impressão do tempo, do que passa na cidade, opiniões e críticas do momento, eventos, entre outras expressões da sociedade que ficam eternizadas até serem lavadas por chuvas, desgastadas pelo sol e substituídas por pinturas e cartazes de forma cíclica, que sempre se renova.

Solá consegue transportar de forma artística e conceitual, elementos contemporâneos das cidades para dentro de ambientes em forma de quadros e instalações.

Para compor suas obras, trabalha em seu atelier usando materiais e técnicas diversas para se expressar através de desenhos e pinturas em grandes telas. Usa latas de spray de tinta, tintas a óleo e água, serigrafia, lápis, aquarelas.

Gosta de expressar suas ideias de forma mais naturais não se atendo a convenções ou limites. Faz referências a arquitetura moderna de forma onírica traçando linhas que lembram muito estruturas de casa, prédios e demais instalações.

São portas, escadas, entradas e base de construções misturadas a outros elementos. Nos seus primeiros quadros era bastante comum ver desenhos de aviões em suas obras.

Naquela época, Marcelo Solá representava o atentado com aviões de 11 de setembro nos Estados Unidos onde estava de passagem na época. A imagem forte ficou em sua memória e passou a retratá-la.

Outro elemento que pode ser visto é a forma de um animal de quatro patas em referência ao lobo guará. Conforme conta em um vídeo no YouTube, uma vez estava trabalhando em seu studio que fica em uma chácara e costumava observar lobos na propriedade.

Solá é adepto de uma técnica em que começa vários quadros ao mesmo tempo fazendo esboços de vários desenhos dispostos na parede. Então, conforme as inspirações aparecem ele vai imprimindo o que sente no momento.

Importância do desenho

Marcelo Solá usa desenhos para se expressar desde sua infância e eles fazem parte importante de suas obras. Colocando sua liberdade em prática, mistura desenhos com escritas, que se misturam no meio de outros elementos.

Os escritos são feitos em caligrafia corrida, informal e representam a espontaneidade. Como se alguém tivesse tido uma epifania e com pressa para imprimir sua ideia e inspiração tivesse escrito algo com o que tinha na mão. Também dão uma sensação de pressa, comum das grandes cidades e faz parte da vida moderna.

Marcelo Solá 

Manchas

Uma de suas últimas expressões são as manchas feitas com tinta comumente feitas por artistas de rua em paredes sujas. Estes grandes borrões parecem estar ali ao acaso e feitos sem querer desafiam o senso estético padrão sem limites ou regras. Evocam um senso de rebeldia e do inesperado.

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Mon, 05 Sep 2022 11:00:00 +0000
<![CDATA[O que faz uma galeria de arte? Como é o trabalho?]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/o-que-faz-uma-galeria-de-arte-como-e-o-trabalho/  

De forma simplificada, uma galeria de arte é um local que faz a ponte entre artistas, colecionadores e admiradores que desejam apreciar, aprender mais ou comprar pinturas, esculturas, gravuras e quaisquer manifestações artísticas, mas não só. Continue lendo e aprenda mais.

Qual a importância de uma galeria de arte

A galeria de arte atua de forma fundamental na relação entre artista e público. Existem vários tipos de empreendimentos comerciais que variarão de acordo com o tipo e modelo. Cada galeria pode funcionar de uma forma e ter diferentes propósitos.

Basicamente, a galeria apoia o artista em vários aspectos, aonde o sucesso de um impulsiona o outro.

Além de expor as obras e disponibilizá-las para o público, os profissionais da galeria atuarão em uma série de trabalhos administrativos, organizacionais, entre outros, que serão úteis e fundamentais no desenvolvimento de uma carreira.

Esta intermediação pode ser feita entre artista e colecionadores/público, como de acervos de colecionadores para outros colecionadores/público também.

Como é o trabalho?

A galeria pode atuar com a curadoria, suporte, monitoramento, venda, promoção, precificação, transportação de obras, organização de exposições e todo o trabalho que envolve divulgação que serão importantes para que o público e eventuais colecionadores tenham acesso ao trabalho do artista.

Dependendo da galeria este trabalho é oferecido em partes ou de forma total dando suporte para crescimento e desenvolvimento, assim como a construção de um portfólio.

Um curador será o responsável por fazer a seleção de artistas e obras, além de aprender teoricamente sobre as técnicas aplicadas para poder passar estas informações aos interessados. Ela pode ter ou não funcionários e assistentes para ajudar.

Em galerias grandes, pessoas são designadas para dar assistência ao que o artista precisar para que ele/a possa focar em criar, por exemplo. Já as menores podem dividir o trabalho, de acordo com a disponibilidade.

Por que o artista não expõe sozinho?

Nem sempre o artista possui conexões, conhece burocracias, sabe precificar, dispõem de tempo para cuidar de certos aspectos de sua carreira, verba para alugar o espaço ou conhecimento deste meio.

Principalmente quem está começando. Já os mais experientes e consolidados, acabam tendo uma forma cômoda, prática e eficiente em continuar fazendo seu trabalho.

A galeria ao trabalhar junto com um artista, estabelece uma relação de confiança e ajuda mútua, aonde a galeria de arte oferece seus serviços, além de dar mais confiança, estabilidade e empresta seu status ao artista para maior confiança do público.

Uma boa analogia é em comparação com a indústria fonográfica, onde a gravadora e selo dão todo o suporte para os músicos que assinam contrato. Sem essa conexão, o caminho pode ser difícil se quiser chegar ao mainstream, fazer sucesso ou tornar a profissão rentável.

Diferenças entre museu e galeria de arte

O museu apenas expõem as obras de arte e não comercializa. Já a galeria vende as obras, além de todo o trabalho de curadoria, divulgação, suporte e demais aspectos para que o artista foque em sua criação.

Visitar uma galeria de arte é uma boa forma de conhecer novos artistas, apreciar obras, aprender sobre arte, passar uma tarde de lazer e agradável, já que não é obrigatório comprar algo para visitar. 

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Tue, 30 Aug 2022 17:23:00 +0000
<![CDATA[Manoel Novello: a arte urbana com conceitos de arquitetura e geometria]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/manoel-novello-a-arte-urbana-com-conceitos-de-arquitetura-e-geometria/

Manoel Novello é um arquiteto carioca formado em artes visuais que usa pintura, fotografia, desenhos e instalações para explorar obras geométricas com senso de arte urbana.

A arte urbana com linhas geométricas de Manoel Novello

Manoel Novello possui um olhar diferenciado quando olha para as formas das cidades e dos espaços urbanos envoltos de caos e ordem. Os prédios, paredes e construções formam linhas e através de seu olhar viram desenhos de onde tira suas inspirações, seja no Rio de Janeiro da Baía de Guanabara, Praia das Pedrinhas ou em qualquer outro local em que esteja de passagem em suas viagens.

Novello pinta em seu ateliê de frente para uma vista ampla com varanda onde usa diagonais, horizontais e verticais sobrepondo linhas que dão sensação de profundidade, além de trabalhar cores.

Nascido em 1961 na cidade maravilhosa, usa seu ponto de observação em que tem um olhar artístico e criativo para compor suas obras. Expressa a parte urbana universal representada através de relações espaciais formadas por traços e linhas.

 

Manoel Novello

Toque humano em meio a geometria

É aberto a leituras próprias que representam paisagens com influências humanas. Segundo Manoel Novello explica em um vídeo de seu canal, ele acrescenta um toque humano com pequenas imperfeições, com marcas de seu pincel, em borrões e vazamento de cores de um campo para o outro que são únicos.

Contando histórias com arte

Fazendo isso de forma controlada e planejada, o arquiteto artista plástico consegue contar histórias usando linhas diagonais formando vetores que representam fluxos, assim como ocorre nas cidades de formas ordenadas ou cruzadas.

Como é seu processo criativo

Primeiro, ele traça uma malha sob perspectiva isométrica que será a sua base e desenvolverá o restante onde criará um problema trivial que ele tentará resolver com a pintura até atingir uma imagem que o satisfaça.

Seu processo criativo é natural e possui um fluxo constante, mas de pouco em pouco. Usa uma série de elementos que darão corpo com volumes, diagonais, vetores e traços contínuos ou interrompidos.

A cor dará a sustentação da imagem atrelada a cores vizinhas que influenciam umas às outras que resultem em uma comunicação positiva ao final do trabalho com o espectador.

 

Como dá nome a suas obras

Novello conta que na maioria dos casos dá o nome das obras após estarem prontas e complementa a formação da imagem final.

Explorando a beleza das cidades em meio a banalidade cotidiana

É muito comum passar desatento pelos prédios e construções em meio ao ritmo intenso que a vida moderna proporciona de um fluxo desenfreado. Manoel Novello consegue captar através de seu olhar, a arte e beleza através do aparente caos dando amplitude e sentido, mas sem perder conceitualidade.

O artista é generoso e deixa que o espectador tenha a sua própria interpretação de uma imagem, conforme suas referências, memórias, contexto e afetos em relação ao urbano que a obra representará da beleza da vida cotidiana, que acaba ficando em segundo plano, mas não menos importante.  

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Mon, 15 Aug 2022 11:00:45 +0000
<![CDATA[Airton Spengler]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/airton-spengler/

Airton Spengler é um artista brasileiro nascido no sul do Brasil em Canoas, formado em design de moda (UNIP), com especialização na Fashion Design na School of Fashion Design em Boston, Estados Unidos.

Foi em Boston nos anos 2000, que Airton Spengler teve seu primeiro contato com uma de suas especialidades, o patchwork.

Depois, começou sua jornada com pós-graduação em docência e começou a ministrar cursos e palestras online e presenciais.

Airton Splenger 1

Divide suas experiências e já participou de programas de televisão com foco em artesanato e difusão de técnicas diversas. Ainda possui experiência na área têxtil com aplicação na confecção de roupas e quadros.

Professor docente, artista, design fashion e artesão de mãos habilidosas, Airton Spengler foi trilhando seu caminho na área de design com especialização no campo das artes onde sua criatividade pode ser aflorada com suas obras sendo expostas em galerias de arte.

Obras de serigrafia de Airton Spengler

Com sua experiência em design e patchwork, acostumado a trabalhar com formas geométricas nos recortes, passou a usar técnica em serigrafia para criar uma arte para inspirar e decorar com uso da técnica op-art.

Airton Splenger 2

Os layouts criados pelo artista possuem alto impacto em preto e branco, com obras interativas tridimensionais.

Influências abstrato geométricas com movimento de espaço-tempo dinamizando as formas quadradas.

Para expressar as modificações da realidade, comuns da vida moderna onde tudo está em contante movimento, assim como as obras de op-art de Airton Spengler.

 

Airton Splenger 3

Airton Spengler na galeria Livia Doblas

É um dos artistas com obras disponíveis da Galeria Livia Doblas com quadros com dimensões 50x40 de obras originais de Airton Spengler, exclusivas e tiragem limitada. Envio imediato.

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Fri, 05 Aug 2022 17:35:52 +0000
<![CDATA[Op-art: tudo o que você precisa saber sobre o ilusionismo óptico]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/op-art-tudo-o-que-voce-precisa-saber-sobre-o-ilusionismo-optico/

O op-art é uma expressão artística com características únicas que ajudam a ter obras que ganham movimentos e profundidade causando uma ilusão de ótica impressionante. Continue lendo e saiba mais.

Op-art

Op-art é caracterizado por uso de técnica que usa a ilusão de ótica para criar um ilusionismo de peças impressas. O uso é de p&b, preto em branco ou de cores que se contrastam e se opõem.

Victor Vasarely

Qual o objetivo da Op Art

Mostrar para as pessoas que a vida está em contante movimento, assim como acontece com as obras do op-art. Um dos objetivos é causar diferentes sensações, de acordo com o ângulo que estiver vendo um quadro que use op-art.

É a inclusão da ciência em obras de arte dando toque moderno.

Principais características da Op Art

Para reconhecer quadros que usem op-art é só conferir algumas características que são obrigatórias para criar resultados.

As obras devem ter um efeito tridimensional usando expressionismo abstrato usando formas e linhas geométricas que criam efeitos ópticos com tons fortes que causem um contraste visual.

Desta forma, a pessoa que observar a obra possuirá uma postura participante, pois dependendo do ângulo se tem um movimento e ilusão diferente.

São empregados cromáticas ou acromáticas de alto contraste, com uso de espaço negativo e positivo.

Quando surge a Op Art?

Surgiu na década de 60 de forma paralela nos Estados Unidos e Europa com vários artistas representantes com Victor Vasarely sendo um dos principais.

Outros nomes renomados e reconhecidos são Richard Anuszkiewics, Jeffrey Steele, Brigdet Riley e Larry Poons.

Eles estavam interessados em criar arte que mexesse com as percepções e criar efeitos visuais com muito resultado conceitual e experimental da junção da arte com ciência.

Preto e branco em oposição e justaoposição

O preto e branco em oposição causa contrastes na visão criando ilusões dinâmicas com expressão abstrata. É ambíguo e contraditório.

Com linhas, formas geométricas colocadas de forma estratégica criará efeitos tridimensionais que podem ganhar movimentos circulares.

Além da perspectiva ilusória, também é possível criar uma tensão cromática. Será possível ver vibrações ou pulsões, por exemplo.

Iluminação interativa

Também é possível alterar movimentos ou criar certos tipos de impressões ao usar iluminações diferentes que criem sombras e feixes.

Arte sendo experienciada

Vasarely costumava dizer que a experiência da presença de uma obra de arte é mais importante que tentar entendê-la.

A op-art cria exatamente isso, uma experiência que não precisa estar atrelada a interpretações do observador.

Victor Vasarely

Dicas para quem pretende comprar uma op-art

Como a obra interage, conforme a iluminação com nossas respostas perceptivas, pense nestes fatores na hora de escolher sua obra de op-art.

Teste alguns pontos de iluminação que possam interagir com a obra e diferentes tons e nuances para criar diferentes efeitos.

Dependendo da op-art pode criar uma sensação de profundidade, sendo excelente escolha para sensação de amplitude em espaços pequenos.

O quadro op-art pode criar efeitos interessantes e adicionar um clima de modernidade em espaços, pois possui influência com a ciência e tecnologia.

A obra também pode ser colocada em conjunto com esculturas ou fazer parte ativa de um todo.

  

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Tue, 26 Jul 2022 18:12:58 +0000
<![CDATA[Kazuo Wakabayashi]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/kazuo-wakabayashi/ Kazuo Wakabayashi e sua esposa
Kazuo Wakabayashi e sua esposa

Japonês da cidade de Kobe, Kazuo Wakabayashi nasceu no ano de 1931 e foi um dos grandes nomes da arte ligada ao abstracionismo dentro e fora do Brasil. Kazuo começa a se relacionar com a arte por sentir que tinha obrigação de propor alguma forma de linguagem que manifestasse paz para as pessoas e então, ainda jovem, quis iniciar sua formação artística, partindo para os estudos na Escola Técnica de Hikone, em Shiga, ainda no Japão.

Mais tarde, depois de terminar os estudos em Shiga, decide iniciar um curso de arquitetura no qual acaba não se formando, sendo a pintura então o seu foco a partir daquele momento. Até o final da década de 50, Kazuo participa de grupos de pintura, realiza trabalhos de ilustração para revistas e chega a receber prêmios em exposições importantes do Japão.

Sua relação com o Brasil se inicia apenas aos seus 30 anos de idade, quando Wakabayashi chega ao solo canarinho em 1961. Naquele momento, já tinha um trabalho reconhecido no exterior e uma carreira consolidada como artista abstrato, principalmente em seu país natal.

Kazuo Wakabayashi – Sem Título
Kazuo Wakabayashi 3

O Brasil de Kazuo Wakabayashi

Quando chega ao Brasil, Kazuo se integra ao Grupo Seibi de Artes Plásticas, principalmente pela influência de suas amigas artistas Manabu Mabe e Tomie Ohtake. Então, nos primeiros anos de sua estadia, participa de exposições, de algumas Bienais de São Paulo e chega a receber alguns prêmios.

Podemos dizer que a partir do momento que fixa sua residência no Brasil, vive um período de implementações de técnicas, de repertórios artísticos e de diferentes formas de se manifestar artisticamente. É aí que o relevo, o contorno e as formas começam a “dar as caras” em suas obras.

Kazuo Wakabayashi – Sem Título 2
Kazuo Wakabayashi 9

A evolução de sua obra

Dentre as características citadas no parágrafo anterior, as que mais evoluíram com sua chegada ao Brasil e com o enriquecimento constante de suas técnicas artísticas com certeza foram a ampliação do uso do relevo e da textura. Algumas obras chegam a parecer tela esculpidas com suas tintas, em outras, o relevo é trabalhado como uma textura constante e regular.

Os trabalhos de colagens também aparecem em suas obras e, mais tarde, seu trabalho com a gravura começa a ser mais constante, o que permitiu que ele pudesse escalar a sua produção, aumentar a finalização de suas obras e, consequentemente, a experimentação de suas técnicas.


Kazuo Wakabayashi – Origami
Kazuo Wakabayashi – Origami

Os temas de seu trabalho Até o momento de sua chegada ao Brasil, o trabalho de Kazuo praticamente se resume a obras abstratas, o que com o passar dos anos vai evoluindo. A partir dos anos 70, insere em suas obras figuras humanas e a natureza. Com as colagens, também começam a aparecer muitas figuras da cultura japonesa estampadas em suas obras.

Kazuo Wakabayashi – Serigrafia
Kazuo Wakabayashi – Serigrafia

Kazuo Wakabayashi faleceu recentemente, em 2021, e suas obras continuarão sendo expostas em importantes encontros artísticos e comercializadas em importantes galerias dentro e fora do Brasil.

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Fri, 01 Jul 2022 23:58:10 +0000
<![CDATA[José Antonio da Silva]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/jose-antonio-da-silva/ José Antonio da Silva

Paulista da pequena cidade de Sales de Oliveira, José Antonio da Silva nasceu no ano de 1909 e foi um artista plástico autodidata que se difundiu nacional e internacionalmente principalmente por suas pinturas, gravuras, desenhos e por seus repentes.

Antes de se tornar artista e de ter a possibilidade de viver da arte, Silva realizou os mais diversos trabalhos, como o trabalho rural. E foi aí que começaram seus primeiros desenhos, em folhas secas de café. Mas mesmo sendo repreendido por seus chefes no início, não deixou seu gosto de lado.

Sua carreira como artista começa de fato em 1946, aos 37 anos de idade, quando seus trabalhos são vistos e admirados na exposição na Casa de Cultura de São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Naquele momento, o interesse dos críticos se deu pela frieza de suas cores e pelo tom escuro de suas obras, algo que evoluiria com o passar dos anos.

José Antonio da Silvia - Moça na Janela

José Antonio da Silva - Moça na Janela

A evolução de sua obra

Dois anos após a exposição em Rio Preto, José Antonio já transformava seu repertório. As cores frias e escuras já davam lugar a paisagens com tonalidades mais vivas e ambientes onde a claridade era mais valorizada. Nesse momento de sua carreira, começa a participar de exposições de peso da arte brasileira, participando, dentre outras exposições, de algumas edições consecutivas da Bienal de São Paulo.

O trabalho na roça não serviria apenas para instigar seus primeiros desenhos em folhas secas de café e na verdade talvez seja o espaço mais importante para a construção de suas obras. A paisagem rural, o campo, plantações e ambientes de cultivo agrário tomam conta de seus temas, assim como o lazer que por lá costuma existir, algo que também despertou outros interesses nele.

José Antonio da Silvia - Festa

José Antonio da Silva - Festa

Evolução rápida assim como a descoberta de suas obras, Silva teve reconhecimento e sucesso rapidamente com a inserção de outras manifestações artísticas em sua carreira. O repente, os causos e a obra falada começaram a ser exploradas por ele. Logo, o trabalhador da roça passou a ser um importante nome da arte brasileira.

José Antonio da Silva - Algodoal

José Antonio da Silva - Algodoal

Silva foi o criador do Museu de Arte Contemporânea de Rio Preto. Realizou inúmeras formas de expressão artística e chegou a trabalhar com o pontilhismo em suas construções, além de realizar obras com abordagens irônicas sobre o cotidiano do interior paulista.

José Antonio da Silva - Sem Título

José Antonio da Silva 

José Antonio da Silva faleceu em São Paulo no ano de 1996.

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Fri, 01 Jul 2022 23:33:31 +0000
<![CDATA[As obras e a história do artista Manabu Mabe]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-obras-e-a-historia-do-artista-manabu-mabe/ Manabu Mabe – Artista

Manabu Mabe

Manabu Mabe, japonês de Kumamoto que nasceu no ano de 1924 e foi um pintor, ilustrador e gravador que, mesmo vindo de solos orientais, teve muito sucesso por aqui. Seu interesse pela pintura se dá já no Brasil, onde chegou ainda criança aos 10 anos de idade. Sua família se dedicava ao trabalho em lavouras de café no interior de São Paulo.

Por aqui, Manabu percebe seu interesse pelo meio artístico nos dias de chuva, quando não precisava ajudar seus pais na lavoura e ficava a pesquisar obras e trabalhos orientais em revistas e impressos trazidos do Japão por sua família. Aos 21 anos é que tem sua primeira oportunidade de trabalho no meio, preparando e fazendo fundos para as telas do artista Teisuke Kumasaka.

Do início até o amadurecimento de sua carreira, se transformou em um dos mais importantes abstracionistas da história da arte de nosso país, além de ser um dos pioneiros do movimento.

Manabu Mabe – Agonia

Manabu Mabe – Agonia

A mudança para São Paulo e a transição de seu trabalho

Ainda no interior, Manabu realiza uma viagem a capital, onde se identifica com o estilo de vida e acaba conhecendo o também pintor Tomoo Handa. Com o contato, Mabe intensifica seus trabalhos com temáticas ligadas à natureza, algo que mudaria com o passar dos anos.

Manabu Mabe - Sem título

Manabu Mabe

Em 1957, Manabu decide migrar do trabalho do campo e caminha para São Paulo para se fixar como artista. Naquela época já participava de importantes exposições com trabalhos essencialmente figurativos. Com a mudança, é nítida a transição em seu trabalho, partindo das figurações para o abstracionismo de seus traços, formas e cores.

Sem uma formação artística formal, Mabe considera sua obra como dona de um estilo próprio, por ele denominada Mabismo. Em algumas obras, é possível perceber que muitos dos traços lembram a caligrafia japonesa

Manabu Mabe - Sem Título 2

Manabu Mabe 

Os prêmios e o reconhecimento

Manabu é premiado como o Melhor Pintor Nacional na 5ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1959. Nessa exposição, apresentou trabalhos como “Composição Móvel” e “Pedaço de Luz”. Neste momento, seu trabalho é caracterizado por manchas de cor e luz, e por seus traços espessos e como se fossem produzidos com pressa e por quem ligasse mais para o resultado do que para o cuidado com as pinceladas.

Além dos prêmios nacionais, Mabe recebe importantes reconhecimentos internacionais. A revista “Time” o homenageia como o artista do ano, ou como denominado pelo periódico, “The year of Manabu Mabe”. Tudo isso o consolida como um dos maiores nomes da abstração brasileira, mesmo sem ser natural daqui.

Manabu Mabe - Sem Título 3

Manabu Mabe - 2

Manabu Mabe falece em setembro de 1997 e é até hoje um dos maiores nomes da arte brasileira. Suas obras continuam sendo expostas e comercializadas, além de serem realizadas exposições póstumas em sua homenagem.

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Fri, 01 Jul 2022 22:41:31 +0000
<![CDATA[As colagens, a textura e a história de Leda Catunda]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-colagens-a-textura-e-a-historia-de-leda-catunda/ Leda Catunda - Foto da ArtistaLeda Catunda

Paulista da capital, Leda Catunda nasceu em 1961 e é uma das artistas plásticas de maior sucesso na história da arte brasileira recente, principalmente com obras ligadas à cultura popular. Além de suas produções artísticas, Leda trabalha como professora e como pesquisadora.

Sua relação profissional com a arte começou quando se formou em Artes Plásticas no ano de 1984 na Fundação Armando Alvares Penteado, a FAAP, em São Paulo. Lá se interessou pelo ensino e decidiu se dedicar também ao seu lado professora, ensinando pintura e desenho na mesma faculdade onde se formou, na Faculdade Santa Marcelina e até mesmo em seus aposentos próprios.

Seus primeiros reconhecimentos como artistas aconteceram após a importante exposição “Pintura como Meio”, onde mostrou talento e se diferenciou de outros artistas da época. De lá para cá, as produções artísticas de Catunda se deram principalmente dentro das técnicas da gravura e da pintura.

Imagem da Gravura - Leda Catunda – Rio

Leda Catunda – Rio

Os temas de Leda

Quando começou a ter reconhecimento, suas obras levavam um ar cômico e caricato aos críticos e admiradores de seu trabalho. Para falar de seu trabalho, Leda se inspira muito na cultura americana de consumo e obras como as latas de sopa e as ligadas a arte pop.

Foi a partir dessas obras que Catunda percebeu que não precisava mais desenhar e construir suas imagens, por considerar o mundo já muito entupido de ilustrações em tudo, desde produtos domésticos até outros objetos supérfluos.

Leda Catunda - Camisetas

Leda Catunda - Camisetas

As técnicas e a evolução

Assim, Catunda construiu seu trabalho a partir de objetos do dia a dia e do uso doméstico, como panos, toalhas, pedaços de espuma, de colchõe, lençóis e cobertores, mas não deixou de chamar suas produções de pintura, por falta de ter a percepção de como seria melhor chamá-los e pela pintura ter uma relação e ser a técnica mais importante para a construção de sua carreira, talvez, juntamente com a gravura.

Leda Catunda - Línguas Douradas II

Leda Catunda - Línguas Douradas II

A relação com a gravura

Para ela, a gravura é um trabalho de síntese e de escolhas subjetivas ainda mais do que a pintura, por ser um desafio de encaixe entre os elementos que deseja integrar em suas imagens.

Leda Catunda – Itacaré

Leda Catunda – Itacaré

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Fri, 01 Jul 2022 22:10:45 +0000
<![CDATA[As obras construtivas e a carreira de Ivan Serpa]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-obras-construtivas-e-a-carreira-de-ivan-serpa/

Ivan Serpa

Ivan Serpa

O carioca Ivan Serpa nasceu em 1923 e foi um pintor, ilustrador e gravador muito conhecido por suas abstrações e obras construtivistas. Sua relação com o meio artístico é iniciada ao final de sua adolescência e início da vida adulta, naquele momento ainda sem nenhum aprendizado teórico sobre a arte em si e suas inúmeras técnicas, algo que foi implementado pouco tempo depois, quando decide estudar pintura, desenho e gravura com o artista austríaco Axl Leskoschek.

Do meio para o final da década de 1940, decide se dedicar aos estudos com o austríaco e, ao final da década, já começa a lecionar no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o MAM. Por lá, se dedica também ao ensino infantil nos anos posteriores.

A partir do início da década de 1950, cria um livro sobre sua experiência com o ensinamento das crianças do MAM e, logo depois, participa da criação do Grupo Frente, que era predominado por concretistas e que contava com outros importantes artistas da época como: Lygia Pape, Lygia Clark, Mário Pedrosa, Ferreira Gullar e Hélio Oiticica. O grupo acabou se desintegrando anos mais tarde, em 1956.

Ivan Serpa - Eles e Elas

Ivan Serpa - Eles e Elas

A evolução de sua obra

No primeiro ano de seu trabalho, assim como se dá o início da grande maioria dos artistas, Ivan Serpa se dedica a produção de telas ligadas ao figurativismo, nas quais a principal preocupação estava longe de ser determinado movimento ou determinada visão de mundo a ser passada, mas que se concentrava àquilo que seria apresentado tecnicamente através do conhecimento obtido no aprendizado teórico. Mas isso mudaria drasticamente com o passar dos anos.

Ivan Serpa - Faixas Ritmadas

Ivan Serpa - Faixas Ritmadas

No ano seguinte já começa a tomar gosto pelas cores e pelas formas geométricas e produz seus primeiros trabalhos abstratos, o que seria sua dedicação a partir daquele momento. Com o passar dos anos, começa a implementar mais características às abstrações, conectando-as ao figurativismo com a utilização de representações de objetos através de cores e figuras geométricas.

Ivan Serpa - Composição

Ivan Serpa - Composição

O construtivismo e a evolução

Com a evolução constante de seu trabalho com as figuras geométricas, críticos consideram que com a participação no Grupo Frente, a partir do ano de 1954, seu trabalho começa a ser um perfeito exemplo do construtivismo e assim caminha até o final da década de 50. A partir daí, Ivan se permite sair um pouco do básico construtivista e começa a inserir alguns elementos em suas telas, que começam a possuir mais detalhes fora do padrão das formas geométricas perfeitas e das cores lisas.

Ivan Serpa - Hiroshima

Ivan Serpa - Hiroshima

Do início dos anos 60 até o final de suas carreira, Serpa acaba tendo de volta o interesse pela figuração, quando realiza as séries “Bichos”, “Negra” e “Mulheres” e acaba ainda voltando para as obras construtivas, como na série Op Erótica.

Ivan Serpa - Série Negra

Ivan Serpa - Série Negra

Ivan Serpa falece em 1973, por complicações cardíacas após um derrame cerebral, nos deixando apenas aos 49 anos de idade. Suas obras são lembradas até os dias de hoje em homenagens recorrentes ao seu trabalho e sua carreira.

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Wed, 09 Mar 2022 02:01:03 +0000
<![CDATA[Os equilibristas e a história de Inos Corradin]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/os-equilibristas-e-a-historia-de-inos-corradin/ Inos Corradin

Inos Corradin

Italiano de Vogna, Inos Corradin nasceu no ano de 1929 e foi um artista plástico de grande reconhecimento no Brasil e no mundo, principalmente pelas suas ilustrações e pinturas, caracterizadas por seus traços marcantes e formas caricatas com um DNA único.

Começou a pintar sem nenhuma formação acadêmica, pois para ele a pintura é algo sensorial e não aprendido. Como dizia: “O pintor se forma na escola, o artista nasce artista”. Desde o início de sua carreira pintou em quase todos os dias, de domingo a domingo, fazendo um desenho durante o dia e o pintando durante a noite.

Sua chegada ao Brasil aconteceu ao final da Segunda Guerra Mundial, em 1950. Primeiro passando por São Paulo com seu pai, depois fixando residência em Jundiaí, interior do estado de São Paulo. Sua chegada até os solos canarinhos mudaria drasticamente sua vida profissional. Segundo ele, um milagre, já que seu futuro na Itália estaria fadado a profissões comuns e que não lhe despertavam nenhum desejo.

Inos Corradin - Gato e peixe

Inos Corradin - Gato e peixe

O início da arte

Inos começou seus trabalhos e sua trajetória na arte em São Paulo, no bairro da Vila Mariana, no começo instruído por argentinos no Ateliê Politône. Pouco tempo depois já fazia suas primeiras exposições e começava a ter o reconhecimento que gostaria, sendo premiado no Segundo Salão Paulista de Arte Moderna em São Paulo.

Inos Corradin - Menino com barquinho

Inos Corradin - Menino com barquinho

Para ele, “O artista traduz o sentimento que ele vê, e aquilo que ele sente, a arte é a estética do DNA do artista, toda arte é uma arma, uma arma jogada na tinta!”

Os políticos e a crítica política e social

Corradin também levou a crítica política e social até seus trabalhos. Uma das séries mais famosas de seu trabalho é a “Os Equilibristas”, que foram inspirados na bagunça da política internacional. Inos os representava através de figuras caricatas que levavam e equilibram bolas com as cores de suas nações, como se fossem agentes instauradores do caos que brincavam de cuidar de seus países.

Inos também retratou naturezas mortas, paisagens, flores e o lúdico, mas tinha como elemento básico preferido o mar.

Inos Corradin - Equilibrista na Corda

Inos Corradin - Equilibrista na Corda

O amadurecimento e seu trabalho

Ao longo de sua carreira e com seu amadurecimento, Inos fez a inserção de técnicas em seu repertório, se dedicou às esculturas e também trabalhou com outras vertentes da arte, escrevendo livros como “La Visone Incantata”, mas não deixou sua raíz de lado e continuou se dedicando aos desenhos. Além disso foi homenageado pela X9 Paulistana, vencedora do Carnaval de 2017, algo que foi motivo de muito orgulho para ele.

Inos Corradin - Equilibrista Escultura

Inos Corradin - Equilibrista Escultura

Seu dom, talento e sua visão artística diferenciada foi passada como uma herança genética para seu filho que também é artista e possui carreira na arte. Inos Corradin continua produzindo, expondo e comercializando suas obras até os dias de hoje.

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Sat, 05 Mar 2022 01:28:35 +0000
<![CDATA[A carreira e as obras de Gonçalo Ivo]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-carreira-e-as-obras-de-goncalo-ivo/ Gonçalo Ivo

Gonçalo Ivo

Nascido no Rio de Janeiro em 1958, Gonçalo Ivo foi um artista plástico brasileiro e arquiteto muito reconhecido dentro da história da arte nacional. Suas ambições artísticas começaram logo cedo devido a clara influência de seu ambiente familiar e pelos amigos de seu pai que era poeta, escritor e jornalista, e de sua mãe que era professora. Juntos, seus pais o influenciaram positivamente ao meio da cultura, principalmente ligado a arte o levando a conhecer importantes artistas, como Iberê Camargo.

Esse ambiente o instigou a conhecer mais sobre o meio artístico e, ainda na adolescência, resolve iniciar um curso de pintura no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, o MAM/RJ. Mais tarde inicia na Universidade Federal Fluminense o curso superior de arquitetura, mas é na arte que tem sua primeira oportunidade profissional, trabalhando como ilustrador para editoras da capital paulista.

Caminhando para o final da década de 1980, fixa o seu trabalho em um ateliê no Rio de Janeiro, sua cidade natal, e começa a levar suas obras à exposição, iniciando a sua carreira e estampando o seu nome no cenário da arte brasileira.

Gonçalo Ivo - Sem Título

Gonçalo Ivo 3

A obra de Ivo

Como dito nos parágrafos anteriores, seu ambiente de infância era dominado pelos amigos artistas de seus pais e, logicamente, isso também acaba influenciando em sua naturalidade construtiva.

Dentre os artistas presentes em sua infância estavam nomes como Lygia Clark e Alfredo Volpi, que eram ligados à geometria e à cor e tinham esses dois elementos, essencialmente como prioridade dentro de suas produções. Gonçalo “herdou” essas características e uniu essas experiências a sua formação em arquitetura, que também valoriza a geometria e a utilização das formas.

Gonçalo Ivo - Os Navegantes

Gonçalo Ivo - Os Navegantes

A tecnica, os materiais e a forma de produzir

Não foi só a escolha das formas que foi influenciada por sua infância. A têmpera das obras de Alfredo Volpi também foi explorada por Ivo, sendo utilizada em um blend com aquarelas e tintas a óleo.

Para ele, o conhecimento dos materiais utilizados na construção de sua obras deveria ser algo natural como a utilização de talheres para uma refeição, ou seja, os materiais deveriam ser estudados, testados e treinados até que o conhecimento de como utilizá-los fosse instintivo e pudesse ser parte da produção de suas obras.

Gonçalo Ivo - Sem Título 2

Gonçalo Ivo 15

A carreira e o reconhecimento

Com o amadurecimento de sua carreira, Ivo incluiu técnicas e materiais em suas produções e pregos e madeiras estão entre os objetos que começou a utilizar. Sua principal mudança de ares aconteceu no período prévio a essas inserções, com sua viagem ao território europeu. A partir de sua ida, consegue dar um ar mais comercial a suas obras, o que permite uma dedicação plena e mais tranquila à arte.

Gonçalo Ivo - Sem Título 3

Gonçalo Ivo 25

Gonçalo Ivo continua produzindo e expondo suas telas em importantes exposições pelo Brasil. Com a construção de suas gravuras, suas obras podem ser encontradas nas principais galerias do Brasil.

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Fri, 04 Mar 2022 00:15:39 +0000
<![CDATA[Daniel Senise, o artista sem tinta e pincel]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/daniel-senise-o-artista-sem-tinta-e-pincel/ Daniel Senise

Daniel Senise

Nascido no Rio de Janeiro em 1955, Daniel Senise é um artista plástico brasileiro que se mantém ativo na carreira de artista e que atua principalmente como pintor e gravador, mesmo que para a construção de suas obras ele não use pincel e muito menos tinta. Seu início na arte aconteceu quando tinha 25 anos de idade, o que é uma curiosidade, já que muitos outros profissionais da arte iniciam sua jornada ainda muito cedo, antes do período de sua adolescência.

A jornada de Daniel na arte se dá após sua formação em engenharia, em 1980, quando inicia seus estudos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Curiosamente, em uma das primeiras vezes que foi produzir uma obra, imprimiu acidentalmente o chão do ateliê. Essa ação mudou sua trajetória na arte.

A partir daí, começa a visitar locais abandonados e produzir uma extensa coleção de impressões de chãos de diferentes lugares, uma espécie de gravura obtida tendo o chão como matriz e com a utilização de materiais como a cola e o cimento. Essas impressões estão presentes na maior parte de suas obras.

Daniel Senise - Sem Título

Daniel Senise 

O início fundeiro

No início de sua carreira, ainda utilizava pincéis e tintas realizando obras abstratas, mas naquele momento começa a ser considerado um fundeiro, ou seja, alguém que apenas constrói o fundo de suas obras e que, após seu trabalho, é necessário que algum outro artista dê prosseguimento à produção. Esse rótulo, naquela época, foi aceito até mesmo por ele, por considerar que suas técnicas ainda estavam muito cruas e que ainda deveria inserir muita experiência em seu repertório.

Daniel Senise - Sudário

Daniel Senise - Sudário

O amadurecimento de sua carreira com o passar dos anos, percebeu que pintar com o pincel já não dava mais nem o resultado nem a satisfação pessoal que desejava, foi quando decidiu abandoná-los de uma vez por todas e focou em suas impressões de chão e as utilizou como palhetas.

Daniel Senise - Sem Título

Daniel Senise 1

A temática e a motivação

Daniel não iniciou seu trabalho pelo tema que queria abordar, pelo contrário, iniciou produzindo e com o amadurecimento e com as milhares de aplicações e experimentações entendeu que o seu entorno e as paisagens da cidade onde ele se situa são os fatores mais importantes para a construção de suas obras, mesmo que não seja claro para quem vê suas produções.

Nesse período, Senise inclui diferentes materiais em suas obras como peças de metal, tachinhas e pregos que parecem estar corroídos pela ação do tempo, assim como suas telas.

Daniel Senise - Sem Título

Daniel Senise

O trabalho de Daniel Senise é um resultado de dúvidas internas e do contexto no qual suas ideias estão inseridas, são a moldura pela qual ele vê o mundo. O artista continua produzindo e expondo suas obras dentro e fora do Brasil.

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Sat, 26 Feb 2022 00:30:57 +0000
<![CDATA[A carreira, o talento e as fotos de Carlos Vergara]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-carreira-o-talento-e-as-fotos-de-carlos-vergara/ Carlos Vergara

Carlos Vergara

Gaúcho de Santa Maria, Carlos Vergara nasceu em 1941 e foi um dos grandes artistas plásticos da história da arte brasileira, ligado principalmente à pintura, à gravura e à fotografia. Toda sua relação com a arte começa com trabalhos artesanais, produzindo cerâmicas e jóias após a sua ida para o Rio de Janeiro no início da década de 1950.

Daí já é possível afirmar que sua carreira começou como uma avalanche. Suas primeiras produções artísticas com a cerâmica e com as joias já foram expostas em 1963 na 7ª Bienal Internacional de São Paulo. No mesmo ano, decide dar os primeiros passos no aprendizado técnico e teórico para o andamento de sua carreira artística, dessa vez, além do artesanato, inserindo o lápis e o pincel através de um curso com o também artista Iberê Camargo.

A partir do primeiro curso Vergara já começa a produzir suas primeiras pinturas figurativas, caracterizadas por um estilo próprio, já com uma personalidade aparente em suas pinceladas características e marcadas nas telas, levando o figurativo ao caricato, algo próximo ao que era visto no movimento expressionista.

Carlos Vergara - Traço Pop da nova figuração

Carlos Vergara - Traço Pop da nova figuração

Da adolescência à maturidade de sua carreira

Com o passar dos anos é possível perceber que a arte de Vergara inicia um caminho do expressionismo ao PopArt. Ele começa a produção de murais e diversifica a utilização de materiais e de linguagens em suas manifestações artísticas. Além disso, começa a utilizar tintas naturais em suas telas.

Carlos Vergara - Auto-Retrato com Índios Carajás

Carlos Vergara - Auto-Retrato com Índios Carajás

A medida que seu repertório artístico e de materiais aumentava, ficava mais nítido que suas inspirações vinham de locais, culturas e identidades locais e brasileiras, tanto dentro de suas cores, que muitas vezes faziam referência a nossa bandeira, como às cores presentes em nosso dia a dia e em nossas paisagens. A partir daí se pode perceber um trabalho mais conceitual e mais liberto de entendimentos e aplicações já vistos naquele momento da história da arte brasileira, principalmente dos movimentos construtivos que abrangiam grande parte dos artistas brasileiros na época.

Carlos Vergara - Duas Figuras

Carlos Vergara - Duas Figuras

A Fotografia de Carlos Vergara

Carlos começa seus trabalhos fotográficos no início da década de 1970. A princípio, sua ideia era sair do ambiente calmo e tranquilo do seu ateliê e caminhar para as ruas, sentir e observar como era o dia a dia das pessoas, o que depois se transformou em seu foco até o final de 80.

Já no início dos trabalhos era possível perceber seu talento e dom natural para a produção e, durante esse período, paira em fotos jornalísticas de movimentos culturais e populares, o que é possível observar em uma de suas capturas no carnaval de 1972, quando retrata três jovens negros durante a ditadura militar nas ruas do Rio.

Carlos Vergara - Bloco de Carnaval Cacique de Ramos

Carlos Vergara - Bloco de Carnaval Cacique de Ramos

Aos 80 anos, Carlos Vergara está no período final de sua carreira mas continua produzindo, expondo e vivendo intensamente.

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Thu, 24 Feb 2022 21:29:26 +0000
<![CDATA[A construção do conhecimento de Carlos Cruz-Díez]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-construcao-do-conhecimento-de-carlos-cruz-diez/ Carlos Cruz-Díez

Carlos Cruz-Díez

Como já abordamos em outro artigo aqui do blog: As obras de um louco pela cor e as características de Carlos Cruz-Díez. Carlos Cruz-Díez foi um artista plástico venezuelano que viveu durante a maior parte de sua vida em Paris e que teve expressão mundial pela forma diferente que encontrou de utilizar as cores artisticamente, levando aos admiradores de arte os conceitos da op art, desde a ilusão de ótica até a imersão, que juntas eram responsáveis por sensações curiosas e únicas aos espectadores.

Carlos Cruz-Díez - Chromosaturations

Carlos Cruz-Díez - Chromosaturations

O porquê e o uso das cores

Carlos Cruz-Díez é um pintor com formação teórica e se considera um acadêmico. As cores e a sua forma de pintar vieram de uma curiosidade da infância, quando se perguntava o motivo de todos os seus colegas pintarem da mesma maneira. Foi esse questionamento que levou Díez aos estudos, recorreu a livros de filósofos, de cientistas e de artistas com o propósito de encontrar outras maneiras de pintar.

Após muitos anos de estudos e de conhecimento buscado, Carlos enxergou formas de trabalhar as cores completamente diferentes das usuais, muitas vezes onde as cores visualizadas não eram as cores que realmente eram as empregadas por ele, mas que eram o resultado por elas projetado: “As cores são passadas de pai para filho como algo certo, mas elas não são, as cores são uma circunstância.”

Carlos Cruz-Díez – Chromosaturations 2

Carlos Cruz-Díez – Chromosaturations 2

As fisicromias de Díez

Ao desdobramento da construção de seus trabalhos, Cruz-Díez se deu conta de que para obter os resultados desejados com as cores e a ilusão de ótica causada por elas, ele deveria de alguma maneira destruir ou reconstruir as formas pelas quais as cores seriam empregadas.

Daí surgiram as fisicromias em suas obras, trabalhos considerados por ele como algo extremamente complicado e demorado, já que todas as partes artesanais da obra exigiam um nível de detalhes exorbitante e, ao mesmo tempo que fazia as obras, tinha ideias que eram repreendidas pelo cuidado que tinha com suas cores.

As evoluções das fisicromias no repertório de Díez permitiram e o instigaram a levar seu trabalho das telas aos eventos, idealizando, construindo e expondo cenários nos quais as pessoas poderiam entrar, experimentar e fazer parte de suas obras, as conhecendo através de outra ótica, de outra maneira, observando uma obra que habita o mesmo espaço que ela.

Carlos Cruz-Díez - Transchromie

Carlos Cruz-Díez - Transchromie

Um trabalho diferente

Outra preocupação de Carlos foi fugir da pintura em si, isso fez com que seu trabalho fugisse do comum, partisse para algo mais escalável, saindo da aba da pintura e pairando ao design. Para isso, modernizou seus processos e utilizou computadores para fazer suas obras, que começaram a partir para ambientações de luz e ganharam muito mais espaço em exposições.

Carlos Cruz-Díez - Chromointerferent Environment

Carlos Cruz-Díez - Chromointerferent Environment

Carlos Cruz-Díez foi um dos maiores nomes da arte mundial recente. Ele trabalhou até seus últimos anos de vida e modificou a maneira de produzir, de sentir, de enxergar e de admirar uma arte. Suas obras ainda são e serão muito expostas de forma póstuma.

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Thu, 24 Feb 2022 00:52:36 +0000
<![CDATA[As esculturas e a carreira de Caciporé Torres]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-esculturas-e-a-carreira-de-cacipore-torres/

Caciporé Torres

Caciporé Torres

Paulista de Araçatuba, Caciporé Torres nasceu em 1935 e foi um artista plástico reconhecido nacional e internacionalmente principalmente por suas obras ligadas a técnica da escultura.

Caciporé nunca pensou em ser artista, mas acredita que foi condicionado a sua profissão. Com uma infância sempre ligada a cultura por ser filho de um pai jornalista e de uma mãe concertista de piano, o que manteve seus hábitos focados no meio artístico, assim como os amigos e colegas de seus pais, que naturalmente eram admiradores de música, de arte, ou propriamente profissionais do meio.

Aos 14 anos, quando Torres já fazia ilustrações mesmo sem nenhuma formação ou estudo artístico, criou sua primeira exposição. Aos 16 anos esses trabalhos já eram observados por um icônico amigo de seus pais, o artista Di Cavalcanti. Caciporé o via trabalhar e escutava seus “palpites absurdos”, algo que para ele era uma vivência e um conhecimento que ele considera que nenhum dinheiro poderia pagar. Ao ver a evolução de seus desenhos, Di o levou para a Primeira Bienal de São Paulo, em 1951, e nela Caciporé recebeu o primeiro prêmio e ganhou uma viagem para a Europa, onde pode aprender e obter um maior embasamento teórico para o decorrer de sua carreira.

Caciporé Torres – Balet

Caciporé Torres – Balet

O interesse pela escultura e pelo revelo e a inserção da cor

Caciporé sempre gostou e se interessou pelo volume, pelo relevo e por seus formatos desde quando tocava uma massa de pão, até quando manuseava argila. A escultura o possibilitou trabalhar utilizando materiais diferentes e, após sua viagem a Europa, começou a incluir os metais em suas obras, principalmente o bronze e o aço, que tinha fácil adaptabilidade e a capacidade de resistir ao tempo, as utilizando em trabalhos que ficariam expostos, além da fácil adaptabilidade.

Já as cores nunca foram uma parte da obra que tomava seu tempo e sua preocupação, pelo contrário, Caciporé considera que as cores trazem um ar decorativo a uma obra de arte, algo que para ele não deveria ter importância. A obra deveria chamar a atenção por si só, pelo seu volume, pelo seu formato e não pelas cores que nela estavam, o que o fez realizar trabalhos sem cuidado com a cor durante muito tempo. As cores só começaram a aparecer devido ao fato de os críticos considerarem seu trabalho como algo forte, robusto e agressivo a quem o vê.

Caciporé Torres – A Coisa

Caciporé Torres – A Coisa

O processo criativo e as influências

O paulista considera-se um artista que trabalha durante todo o tempo de seu dia, através de uma criatividade natural, algo que nunca foi forçado em seu cotidiano e rotina, mas que surge com as experiências de seu dia a dia.

As influências de sua carreira se deram pelas experiências que teve de forma precoce, o que fez com que criasse e aprimorasse um estilo próprio, sem copiar ninguém, mas se inspirando e se espelhando em todos aqueles artistas com os quais teve uma troca ou aprendeu algo em algum dado momento de sua carreira.

Caciporé Torres – O Diálogo Azul

Caciporé Torres – O Diálogo Azul

O reconhecimento

Pela falta de uma tradição cultural no território brasileiro, principalmente se comparado ao cenário artístico da Europa, durante boa parte de sua carreira e até ter o reconhecimento que lhe desse espaço para uma tranquilidade financeira, utilizou do espaço que a arquitetura dava ao meio artístico para que pudesse ter uma vida tranquilo e, ao mesmo tempo, dava aulas em cursos de arquitetura para ter suas contas fechadas.

Caciporé Torres - Sem Título

Caciporé Torres 3

Hoje, suas obras estão expostas em locais públicos e fazem parte da coleção de importantes colecionadores de arte do Brasil e do mundo. Dos 86 para os 87 anos de idade, ainda são realizadas exposições com seus trabalhos.

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Tue, 22 Feb 2022 23:39:03 +0000
<![CDATA[A história de Arthur Luiz Piza, um dos maiores nomes da gravura mundial]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-historia-de-arthur-luiz-piza-um-dos-maiores-nomes-da-gravura-mundial/ Arthur Luiz Piza

Arthur Luiz Piza

Nascido em São Paulo em 1928, Arthur Luiz Piza foi um dos grandes artistas plásticos da história da arte brasileira, se difundindo principalmente nas técnicas da pintura, gravura, da ilustração e da escultura. Mesmo sendo multifacetário, ele é considerado até hoje como um dos maiores nomes da gravura brasileira.

Os primeiros aprendizados de Piza na arte aconteceram quando o artista tinha apenas 15 anos de idade, quando iniciou seus estudos de pintura com o também artista Antonio Gomide. Esses estudos foram responsáveis pela inserção de Arthur na arte e, alguns anos mais tarde, Piza aprende algumas vertentes das técnicas da gravura após participar da Bienal de São Paulo, quando caminha a Paris, cidade muito importante em sua trajetória pessoal e profissional.

Já em 1953, dois anos após sua ida ao território francês, Piza volta ao Brasil para participar da Bienal de São Paulo daquele ano e lá ganha o primeiro prêmio de melhor gravura. Assim iniciaria a carreira de um dos maiores artistas do cenário da arte brasileira.

Arthur Luiz Piza - L'Ombre Pyramidale

Arthur Luiz Piza - L'Ombre Pyramidale

A evolução de sua obra

Após o aperfeiçoamento das técnicas da gravura, Arthur começa a inserir seus trabalhos pouco a pouco no que hoje entendemos como o movimento construtivo, ligado a um cuidado maior com a geometrização dos elementos e suas respectivas cores. A partir da inserção das formas geométricas, seu trabalho começa a caminhar para o relevo e para as texturas, isso acontece ao final da década de 50, quando ainda mora na França.

Arthur Luiz Piza - Rouge Sur Noir

Arthur Luiz Piza - Rouge Sur Noir

E assim, o artista caminha ao longo de sua carreira focado nas técnicas da gravura e em obras relacionadas ao concretismo, inserindo diferentes materiais e até utilizando objetos do dia a dia, como vasos e louças.

Arthur Luiz Piza - Sem Título

Arthur Luiz Piza 2

Paris, sua arte e o pouco reconhecimento no Brasil

O reconhecimento e a valorização do trabalho de Arthur Luiz Piza é significativamente maior na Europa do que em seu continente. Por lá, críticos franceses, por exemplo, consideram que o requinte de suas obras, principalmente de suas gravuras, poucas vezes foi igualado por outros artistas da história da arte mundial.

Mas não foi esse o motivo de sua preferência por Paris. Mesmo antes de seu reconhecimento e após um prêmio ganhado em território brasileiro, o artista resolveu mudar de ares e fixar residência por lá. Na época sua escolha se deu muito por sentir falta do aroma artístico que a capital francesa exalava, pelo maior conhecimento disponível para ser obtido e, em uma época de difícil acesso a outros conteúdos, estar mais perto de suas referências.

Arthur Luiz Piza - Rectangle em Désordre

Arthur Luiz Piza - Rectangle em Désordre

Arthur Luiz Piza faleceu em 2017 na França, passando a maior parte de sua vida em Paris.

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Wed, 16 Feb 2022 01:27:58 +0000
<![CDATA[As fases, as cores e os valores reais das obras de Arcangelo Ianelli]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-fases-as-cores-e-os-valores-reais-das-obras-de-arcangelo-ianelli/ Arcangelo Ianelli

Arcangelo Ianelli

Paulista da capital, Arcangelo Ianelli nasceu em um dos anos mais simbólicos para a história da arte brasileira, 1922, e foi um artista plástico multifacetário, se difundindo principalmente nas técnicas da pintura e da escultura, também passando pelas técnicas da gravura e da ilustração. Durante sua carreira foi reconhecido por suas cores intensas e por suas fases onde partiu da figuração, passou pelo abstracionismo até chegar a geometria.

Ianelli foi um artista autodidata, iniciando no desenho sem qualquer aula ou curso, mas também teve o cuidado de aprimorar seu repertório teórico e seus primeiros aprendizados acadêmicos na arte vieram aos seus 18 anos, quando estudou perspectiva na Associação Paulista de Belas Artes. Quando foi inserido na pintura, contou com a ajuda de outros importantes artistas do cenário brasileiro como Lothar Charoux e Waldemar da Costa, além de realizar um curso com Colette Pujol.

“O que eu quero dizer com a minha pintura, é a minha própria pintura. Eu não tenho a intenção de representar uma cena, um estado de espírito, seja ele alegre ou triste, apenas expressar a própria pintura em seus valores reais.”

Arcangelo Ianelli - Barcos a Vela

Arcangelo Ianelli - Barcos a Vela

A primeira fase de sua carreira

Em um primeiro momento, Ianelli opta por realizar obras mais figurativas, beirando o realismo, algo comum no cenário paulistano da época e é possível dizer que naquele instante os valores reais de suas obras, como colocado por ele, seriam mais o aprendizado e o enriquecimento de técnica do que qualquer expressão ou movimento artístico.

Naquele tempo manteve amizade com críticos de arte, que eram muito importantes até um passado recente para o cenário artístico brasileiro e a maioria de suas pinturas eram realizadas com tinta a óleo. Ao longo dos anos, caminha em uma trajetória retilínea e vai demonstrando seu interesse a outros tipos e movimentos da arte, até que chega mais perto da vertente construtiva.

Arcangelo Ianelli - Estaleiro

Arcangelo Ianelli - Estaleiro

As linhas cores e formas

Após sua fase figurativa que durou entre 16 e 17 anos, chega em suas obras uma fase mais ligada ao construtivismo, onde a figuração deu lugar ao abstracionismo e o real foi dando espaço ao cuidado com as cores, as linhas e as formas. Dentro desse campo passa por algo que podemos considerar subfases de seu trabalho, onde caminha pela fase da matéria, do grafismo e uma fase denominada por seu amigo e também artista Paulo Mendes de Almeida como “Balé das Formas”, que dá início ao seu processo de geometrização de suas obras, por onde se mantém durante 10 anos.

Arcangelo Ianelli - Vibrações

Arcangelo Ianelli - Vibrações

Nesta fase, que ocorreu em 1970, começa a utilizar a têmpera por muitos anos devido a um problema de saúde causado pelo chumbo da tinta a óleo. Com ela conseguiu desenvolver aspectos translúcidos em suas obras, época na qual surgem obras como “Transparências” e “Superposições”.

Arcangelo Ianelli - Superposições em Vermelho

Arcangelo Ianelli - Superposições em Vermelho

Arcangelo Ianelli faleceu em 2009 e foi um artista reconhecido em vida, tendo o primeiro prêmio em duas Bienais e tendo retrospectivas de seus trabalhos também em vida, algo que foi muito importante para o reconhecimento de seu trabalho.

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Tue, 15 Feb 2022 00:17:05 +0000
<![CDATA[As obras e a história de Anna Maria Maiolino]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-obras-e-a-historia-de-anna-maria-maiolino/

Anna Maria Maiolino

Anna Maria Maiolino

Italiana de Scalea, Anna Maria Maiolino nasceu em 1942 e foi uma artista multifacetária e multimídia que teve seus principais reconhecimentos em território brasileiro e principalmente com obras relacionadas a técnica da pintura, da escultura, ilustração, gravura, sem deixar de lado, claro, suas obras performáticas.

Tudo começa quando a artista resolve partir da Itália para a América Latina. Devido aos acontecimentos pós Guerra Fria em seu país, primeiro decide se instalar em Caracas, na Venezuela, onde estuda por dois anos na Escuela de Artes Plásticas Cristóbal Rojas e dois anos após o início dos estudos caminha para o Brasil por transferência. Aqui, se dedica aos estudos das técnicas da gravura na Escola Nacional de Belas Artes, a ENBA do Rio de Janeiro.

Anna Maria Maiolino desde pequena sabia que seria uma artista. Desde quando começou a fazer teatro infantil até quando se viu em um país diferente, em um meio cultural diferente e por considerar mais fácil, por ser uma imigrante, ter sotaques e não ter a plenitude de uma língua, realizar um trabalho que partia de si mesma, construindo suas obras e se auto construindo como ser humano.

Anna Maria Maiolino - Glu Glu Glu

Anna Maria Maiolino - Glu Glu Glu

A relação com o Brasil

Por ser uma imigrante, sentia muito a necessidade de pertencer a algum lugar e encontrou esse pertencimento no Brasil, onde primeiramente tentou se aproximar do meio cultural. O caminho ao Brasil se deu como algo natural e ao mesmo tempo sensitivo, como nas palavras ditas por ela, sua vinda foi “através do cheiro como um cachorro vai atrás de um pedaço de carne”.

Anna Maria Maiolino - Sem Título

 

Artisticamente, considera o seu trabalho como algo brasileiro, como algo desenvolvido dentro do Brasil e por influências artísticas obtidas também por aqui, mesmo com sua prévia passagem pelos estudos na Venezuela.

Anna Maria Maiolino - Minha Família

Anna Maria Maiolino - Minha Família

As técnicas e as características

A intimidade com os materiais é algo essencial em sua visão para a construção de uma obra. Para ela, a construção de suas obras acontecem pela fusão dos elementos que estarão nelas presentes, o conceito, a técnica, os materiais se misturam e se tornam uma coisa só junto com a sua inspiração.

As obras de Anna tem por característica o preto no branco, como uma arte de extremos e de contrastes.

Anna Maria Maiolino - Sem Título 2

A ida aos Estados Unidos

Dentro das dificuldades da construção de sua carreira por ser uma imigrante e mulher no meio de um cenário bairrista e machista, viu-se algumas vezes em um ambiente onde até mesmo seu marido evitava encurtar as suas dificuldades para a ascensão de sua carreira. Anna viu então no artista uruguaio Luis Camnitzer a ajuda que procurava quando ele lhe conseguiu uma bolsa no Pratt Graphic Center, em Nova York, após ver suas obras.

Anna Maria Maiolino - De Para

Anna Maria Maiolino - De Para

“Italiana de nascimento, educada na Venezuela, brasileira de vivência, carioca, portenha, nova-iorquina e agora paulistana.”. Talvez essa seja a melhor definição para a biografia de Anna Maria Maiolino, uma artista sem fases definidas e que retomou conceitos psicológicos e sensoriais de suas obras durante inúmeras partes de sua carreira e que até hoje continua produzindo e expondo suas obras nas principais galerias do Brasil e do mundo.

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Sat, 12 Feb 2022 18:55:51 +0000
<![CDATA[As temáticas, as técnicas e as obras de Tarsila do Amaral]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-tematicas-as-tecnicas-e-as-obras-de-tarsila-do-amaral/

Tarsila do Amaral

Tarsila do Amaral

Como já abordamos em outro artigo aqui do blog: A carreira de uma das maiores artistas brasileiras, Tarsila do Amaral. Tarsila foi uma das maiores artistas da história da arte brasileira, com expressão nacional e mundial. Em nossa primeira postagem falamos um pouco mais sobre sua carreira e sua biografia e nesta iremos falar um pouco mais sobre suas obras em si e a construção de seus elementos e técnicas.

A influência e as formas

Tarsila do Amaral era dona de um padrão de estética que não se encaixava dentro dos padrões dos artistas da época e nem mesmo dos padrões contemporâneos, o que mostra que ela era uma artista muito além de seu tempo. Em suas obras, as cores vivas eram extremamente presentes, assim como as formas geométricas em figurações. Muitos críticos consideram que o cubismo foi um dos movimentos de maior influência dentro de sua carreira, o que justifica muito do uso de figuras geométricas.

Tarsila do Amaral – Morro da Favela

Tarsila do Amaral – Morro da Favela

Entre as temáticas mais abordadas pela artista estão os temas sociais, o dia a dia dos brasileiros e as paisagens do Brasil.

O surrealismo foi outro movimento que influenciou seus trabalhos que fugiam das formas comuns. Nas cores, o verde e o amarelo também estavam muito presentes. Representar as cores da bandeira brasileira era algo pensado pela artista quando mostrava parte do cotidiano brasileiro. Podemos ver esses aspectos em obras como o “Pau Brasil”.

Tarsila do Amaral - Pau Brasil

Tarsila do Amaral - Pau Brasil

Inventora e inspirada pelos sentimentos

Tarsila era uma pintora muito inspirada pelos sentimentos e sensações que provinham do que vivia e era uma artista que inventava o que transpunha para suas telas. O que podemos considerar normal para uma artista que produziu obras desde os 16 anos de idade, mas que teve um contato mais profissional com a arte apenas 15 anos depois.

Tarsila do Amaral – A Negra

Tarsila do Amaral – A Negra

Alguns críticos consideram que a obra de Tarsila pode ser dividida em 3 grandes fases: a fase na qual ela foi inspirada pelos temas brasileiros, caracterizada pela obra “Pau Brasil”, outra fase na qual ela se inspirou em temas europeus e que foi influenciada pelo surrealismo e pelo cubismo do antigo continente, chamada pelos críticos e fase antropofágica, e a fase da Pintura Social, quando pintou temáticas sociais e o cotidiano brasileiro.

O que é unanimidade pelos críticos é a interpretação de que todas essas influências, esses temas e essas técnicas estiveram presentes durante sua reconhecida e premiada carreira.

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Fri, 11 Feb 2022 00:56:40 +0000
<![CDATA[Do ex-voto ao neoconcretismo, a carreira de Macaparana]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/do-ex-voto-ao-neoconcretismo-a-carreira-de-macaparana/

Macaparana

Macaparana

Pernambucano de Macaparana, José de Souza Oliveira Filho nasceu no ano de 1952 e ficou mais conhecido pelo nome de sua cidade natal. Ele é um dos grandes artistas plásticos do cenário atual e da história da arte brasileira. Conhecido por ser multitécnicas, Macaparana teve reconhecimento em várias partes da arte, se desenvolvendo na área da pintura, da gravura, da ilustração e da escultura.

Macaparana aprendeu as técnicas que colocava em prática sozinho e iniciou sua carreira realizando principalmente obras figurativas. Aos 18 anos já começa a ter os primeiros indícios de sucesso, realizando sua primeira Exposição Individual. Aos 20 se muda para o Rio de Janeiro, fica por um ano e caminha para São Paulo, onde fixa sua residência. As duas cidades seriam os locais de principal desenvolvimento artístico de Macaparana pelos próximos 10 anos de sua carreira.

No início suas obras tinham como as temáticas principais os temas de seu estado natal, mas com o passar do tempo ganham outros aspectos e, assim como os temas, suas técnicas evoluem e fazem com que ele seja considerado um importante artista do cenário atual da arte plástica brasileira.

Macaparana – Sem Título

Macaparana 5

O ex-voto

O ex-voto seria o principal tema abordado por ele no período citado acima. Ele nada mais é do que a utilização curta do termo ex-voto suscepto. O termo é dado para pinturas e obras de arte que são oferecidas ou oferendadas às figuras divinas e santificadas. Podemos considerar essa vertente artística como um meio termo entre arte e religião, uma completamente ligada à outra, se entrelaçando, sem deixar de lado a influência do que é vivido culturalmente no país ou região do artista.

É nesse período que suas obras acabam dando cada vez mais valor às figuras geométricas e à medida que seu trabalho ganha mais elementos, o relevo vai sendo também mais valorizado por Macaparana e algumas técnicas da escultura também passam a ser vistas de forma mais frequente em suas produções.

Macaparana – Sem Título

A transição de sua obra

Após o período dedicado quase que exclusivamente ao ex-voto, Macaparana tem um contato que é crucial para o desenvolvimento e para que suas obras tenham uma transição. O contato é com o artista Willys de Castro, importante nome ligado ao neoconcretismo brasileiro.

Macaparana – Sem Título

Foi nessa fase que Macaparana começou a ampliar a utilização de materiais em suas obras, realizando produções que tinham como material base o acrílico e até mesmo metais e que continuavam valorizando a geometria. Em sua maioria, possuíam traços e retas mais destacados e formas retangulares, quadradas e triangulares.

Macaparana – Sem Título

Macaparana

Macaparana continua produzindo e expondo suas obras em mostras individuais e coletivas e seus trabalhos estão nas principais galerias de arte do Brasil.

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Tue, 18 Jan 2022 00:38:28 +0000
<![CDATA[As obras geométricas e a biografia de Sérvulo Esmeraldo]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-obras-geometricas-e-a-biografia-de-servulo-esmeraldo/

Sérvulo Esmeraldo

Sérvulo Esmeraldo

Cearense da cidade de Crato, Sérvulo Esmeraldo nasceu em 1929 e foi um artista brasileiro conhecido pelas inúmeras técnicas e vertentes da arte que trabalhou. Aos 18 anos de idade começou sua jornada profissional da arte, quando iniciou um curso na Sociedade Cearense de Artes Plásticas, a SCAP. Durante esse período também iniciou um curso de pintura com Jean-Pierre Chabloz e conheceu e criou uma relação com outros importantes artistas que fazem parte da história da arte brasileira e do Ceará como Aldemir Martins, Inimá de Paula e Antonio Bandeira.

No início de sua carreira, trabalhava com uma maioria de obras figurativas e é de comum acordo para os críticos que suas obras ainda eram mais simplistas e unicamente voltadas à tela em si, deixando completamente de lado aquilo que ela poderia representar ou para algo além do que era palpável.

Nessa fase menos rebuscada e menos ligada à reflexão, Sérvulo teve experiências que também enriqueceram sua carreira artística, trabalhando na montagem da Primeira Bienal de São Paulo e como gravador e ilustrador no Correio Paulistano. Além disso nesse período acaba conhecendo outros artistas como Lívio Abramo e Marcelo Grassmann.

Sérvulo Esmeraldo - Sem Título

Sérvulo Esmeraldo 3 

Momento de transição

No final da década de 50 Esmeraldo entra em uma fase de transição, onde parte de obras figurativas com pouco valor interior e reflexivo para a arte abstrata, na qual o sentimento e a sensação acabam se tornando muito importantes. Na mesma época, Sérvulo cria o Museu de Gravura em sua terra natal.

Talvez não seja coincidência que seja nesse período que teve a primeira oportunidade de expor suas obras em uma mostra individual. A exposição ocorreu no Museu de Arte Moderna de São Paulo, o MAM. Logo em sequência, recebe bolsa do governo francês e parte a Paris, onde faz um curso de gravura voltado a litografia na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts.

Sérvulo Esmeraldo - Sem Título

Sérvulo Esmeraldo 5

O período na Europa e a volta ao Brasil

Durante seu período na Europa, Sérvulo utiliza sua estadia principalmente para os estudos das técnicas da gravura. Nesse período realiza obras ricas em aspectos gráficos, o que faz com que ele caminhe para o movimento construtivista.

O caminho entre os movimentos vai se tornando algo natural em sua carreira e isso possibilita sua chegada ao movimento da Op Art, ou arte cinética, quando realiza a obra “Excitável” que realizava movimentos através de energia estática.

Sérvulo Esmeraldo - Excitável

Sérvulo Esmeraldo - Excitável

Em sua volta ao Brasil, fixa moradia na capital de seu estado natal, Fortaleza, e mantém-se voltado a arte de rua, onde faz trabalho ligados a técnica da escultura, realizando obras diferentes do que vinha fazendo até o momento. Nessa época se coloca nas técnicas que mais dariam frutos à sua carreira, inserindo o relevo e a terceira dimensão e levando isso à construção de suas obras.

Sérvulo Esmeraldo - Quadrados

Sérvulo Esmeraldo - Quadrados

Sérvulo Esmeraldo faleceu no dia primeiro de fevereiro de 2017, aos 88 anos de idade. A maioria de suas obras podem ser encontradas no Campus da Universidade de Fortaleza e estão em inúmeras galerias do Brasil.

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Sun, 16 Jan 2022 21:29:58 +0000
<![CDATA[A obra cultural e brasileira de Di Cavalcanti]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-obra-cultural-e-brasileira-de-di-cavalcanti/

Di Cavalcanti

Di Cavalcanti

Como já abordamos aqui no Blog, a história de Di Cavalcanti é uma das mais importantes e reconhecidas dentro do cenário das artes plásticas brasileiras, chegando até ao exterior. Dentro de suas obras as produções de maior destaque eram as ligadas aos temas do dia a dia do brasileiro, desde o samba até caricaturas de políticos que estiveram em nosso cotidiano.

É nessas temáticas de nosso cotidiano que podemos entender a sua importância dentro do cenário artístico brasileiro, mas não somente dentro dele, como para todos aqueles que conhecem suas obras. A partir do momento que entendemos os conceitos e as temáticas de seu trabalho, podemos medir a transição cultural que vivemos desde o início de sua produção até o final.

Di Cavalcanti - Cinco Moças

Di Cavalcanti - Cinco Moças

O motivo da ilustração dessas temáticas

Carioca, Di caminhou do Rio de Janeiro para São Paulo para estudar Direito no Largo São Francisco. Fez alguns períodos do curso mas não o concluiu, partindo para a cidade de Ribeirão Preto logo em seguida.

Foi em Ribeirão Preto que Di Cavalcanti teve o seu maior contato com o dia a dia boêmio dos brasileiros. Logo em seguida, parte de volta ao Rio de Janeiro onde, mais velho, entra em com contato com o samba, o carnaval e os antigos bordeis da Lapa e de Santa Tereza, locais de inspiração de suas obras com temas mais mundanos, mais culturais, ligados a MPB e menos críticos, como as caricaturas do início de seu trabalho.

Di Cavalcanti - Charutim de Palha

Di Cavalcanti - Charutim de Palha

O samba

O samba é o ritmo brasileiro que nasceu da raiz popular, e nas obras de Di Cavalcanti é possível perceber a valorização do gênero musical apenas através de figuras que juntas retratam perfeitamente o meio. Além disso, Di retrata o surgimento do samba. Críticos apontam que entender o samba é crucial para o entendimento das obras de Di, assim como entender a carreira e as obras dele se torna crucial para o entendimento do surgimento e da história do samba.

Di Cavalcanti – Samba

Di Cavalcanti – Samba

Di Cavalcanti foi um dos mais importantes e talentosos artistas plásticos brasileiros. Teve uma carreira que evoluiu crescentemente durante o passar dos anos, fez parte de um dos momentos mais importantes do meio artístico brasileiro na Semana de Arte de 1922 e realizou obras críticas, principalmente utilizando a caricatura.

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Sat, 15 Jan 2022 01:07:00 +0000
<![CDATA[Tunga: a obra performática e a tensão entre figura e cor]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/tunga-a-obra-performatica-e-a-tensao-entre-figura-e-cor/

Tunga

Tunga

Pernambucano de Palmares, Antônio José de Barros Carvalho nasceu em 1952 e ficou mais conhecido pelo seu apelido: Tunga. Ele foi um artista plástico brasileiro que se difundiu principalmente na escultura, na performance e na ilustração. Seu contato com o meio artístico veio logo cedo, através de seu ambiente familiar. Seu pai foi poeta e escritor e sua mãe foi retratada pelo artista Guignard em uma de suas obras, o que lhe deu familiaridade, principalmente, com o modernismo.

Aos 18 anos parte para o Rio de Janeiro e se forma em Arquitetura pela Universidade Santa Úrsula, no Rio, onde começa sua trajetória artística com uma obra que se assemelha a obras ligadas ao movimento da arte contemporânea da época.

Além de ser um dos primeiros artistas contemporâneos a expor em um dos mais importantes museus da história da arte mundial, o Museu do Louvre, Tunga reuniu uma coleção multifacetária que compunha trabalhos com vídeos, gravuras, esculturas e ilustrações, sempre valorizando o poder das sensações e ao mesmo tempo das palavras, que eram um ponto característico de suas obras.

Tunga - Políndromo Incesto [Três Dedais]

Tunga - Políndromo Incesto [Três Dedais]

As obras, as exposições e a polêmica

Polêmico, realizou sua primeira exposição individual no ano de sua formação em arquitetura, aos 22 anos de idade. A exposição foi realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o MAM, e tinha o nome de “Museu da Masturbação Infantil”. Nela, ele expunha a relação do humano com o erótico e com a interrelação de figuras que não necessariamente significavam algo, mas que juntas aos seus respectivos títulos representavam a relação ou tensão sexual entre dois corpos humanos.

Tunga – Sem Título

Pensando nos materiais utilizados por ele, temos inúmeros tipos de objetos e de composições que juntas formavam suas obras, objetos estes que são difíceis de encaixar como algo artístico, como feltros, pedaços de borracha, vidro e papel.

Tunga - Xipófagas Capilares

Tunga - Xipófagas Capilares

Se pensarmos no poder que Tunga deu ao seu trabalho e no reconhecimento que tinha dentro do cenário artístico, fica clara a sua valorização. No início da década de 80, Tunga faz parte da Décima Sexta Bienal de São Paulo apresentando o filme “Ão”, que era um vídeo performático que causa a sensação de uma viagem sem fim de um toro por um famoso túnel da cidade do Rio de Janeiro.

Tunga - Olho por Olho

Tunga - Olho por Olho

As características de suas obras

Não diferente do que foi feito em obras como as da exposição do MAM do Rio de Janeiro, as obras de Tunga costumavam permear entre a representação e sua relação com o título ou com aquilo que era escrito, construindo o que muitos críticos encaram como um surrealismo intrínseco. É possível dizer que essas características sozinhas já criam uma espécie de caráter performático para as obras.

Tunga – Lezart

Tunga – Lezart

Desta forma, a naturalidade de suas obras nada mais é do que uma junção dos objetos, das palavras e do movimento performático que elas juntas realizam. Tunga via algo positivo até mesmo na bagunça e na desordem e acreditava no poder da arte e em sua onipresença. Mesmo após sua morte, em 2016, continua encantando espectadores com exposições póstumas de suas obras nos principais museus do país.

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Fri, 14 Jan 2022 01:02:26 +0000
<![CDATA[As técnicas da litografia a alguns artistas que as dominaram]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-tecnicas-da-litografia-a-alguns-artistas-que-as-dominaram/ Imagem de uma matriz litográfica

Imagem de uma matriz litográfica

Como já abordamos em artigo anterior, a gravura é uma técnica artística pela qual se obtém uma imagem por meio de uma impressão, normalmente construída em bases duras, como madeiras, pedras e metais. A partir do material usado como base é diferenciado o tipo da gravura, como por exemplo, a Litografia ou litogravura, Xilografia ou xilogravura, Lineogravura e outras.

Hoje falaremos sobre a litografia e sobre os artistas que são reconhecidos como os precursores da técnica, ou que ao longo de suas carreiras fizeram um exímio trabalho através dela.

A litografia ou litogravura em si

A litografia se refere a técnica de impressão de uma imagem por uma matriz feita em pedra preparada previamente através soluções químicas. Com a utilização de outros materiais como a água e a tinta, são realizadas as impressões em uma espécie de carimbo (no caso a pedra) responsáveis por fixar o desenho sobre a superfície ou tela desejada. Para saber mais sobre a litografia, confira o nosso artigo completo sobre todos os tipos de gravuras.

A história da técnica e os artistas

A litogravura foi muito trabalhada e explorada por renomados artistas do passado e até hoje existem artistas no cenário que são focados na técnica.

Francisco Goya

Historicamente, críticos tem a ideia comum de que o primeiro artista plástico a usar a litografia foi Francisco Goya, quando realizou uma das obras da série "Touros em Bordeaux". A briga de touros era um entretenimento muito comum antigamente e logo também era um tema comumente retratado por artistas na época. As técnicas aplicadas por Goya nessa série foram água-forte e água-tinta, utilizadas para ilustrar as cenas de movimentos violentos dos touros. Goya foi chamado de repórter por apresentar uma arte que por sua perfeição parecia uma foto do evento, o que mostra que seu domínio da técnica era irretocável.

Francisco Goya - Touros em Bordeaux

Francisco Goya - Touros em Bordeaux

Vieira da Silva

Com o passar do tempo essa técnica se popularizou e muitos outros artistas passaram a trabalhar também com a litografia, como Maria Helena Vieira da Silva, que abandonou o início da carreira como escultora para se dedicar à pintura e à gravura, principalmente à litografia. Entre os famosos trabalhos dela na técnica estão "Plombs", produzido em 1971 e "Lisbonne du Retour" de 1993.

Vieira da Silva – Plombs

Vieira da Silva – Plombs

Vincent Van Gogh

A litografia também fez parte da carreira de um dos mais importantes artistas da história da arte mundial. A obra "Tristeza", tradução do nome original "Sorrow", é uma litografia do artista realizada em 1882 com desenho feito com lápis pelo pintor em Paris e depois passada para uma matriz em pedra. Além dessa, Van Gogh criou também a “Sorrow Woman", em 1887, feita com giz preto sobre papel e que também foi replicada inúmeras vezes, o que foi permitido pela técnica.

Vincent Van Gogh - Sorrowing

Vincent Van Gogh - Sorrowing

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Thu, 13 Jan 2022 00:39:27 +0000
<![CDATA[A biografia e as obras tridimensionais de Regina Silveira]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-biografia-e-as-obras-tridimensionais-de-regina-silveira/ Regina Silveira

Regina Silveira

Nascida em Porto Alegre em 18 de janeiro de 1939, Regina Scalzilli Silveira, ou apenas Regina Silveira, é uma artista brasileira difundida em diversas vertentes das artes, mas, principalmente, gravadora, pintora e professora, sendo uma das artistas plásticas mais influentes de sua geração.

Regina se graduou como pintora em 1959 pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e lá foi aluna dos famosos pintores Aldo Locatelli e Ado Malagoli.

Sua carreira como pintora se iniciou ainda em Porto Alegre e no fim da década de 60 começou a representar o movimento geométrico-construtivista através de esculturas e serigrafias. Nesse início Regina teve aulas de pintura com Iberê Camargo. Críticos do cenário consideram que a artista absorveu forte influência de sua arte, como a maneira de utilizar a técnica como um meio artístico e não apenas a técnica por ela mesma. A partir daí Regina passa a pintar diferentes representações da arte.

Regina Silveira - Sem Título

As características de suas obras

Uma de suas características é a reinvenção. Com diferentes linguagens, sua obra explora temas que passam pela composição da imagem, pela reinvenção da representação, pelo poder e pela política.

A partir do tom questionador da pintura tradicional, Regina se torna uma das referências no estímulo da revitalização da arte com suas perspectivas ilusionistas quebrando espaços arquitetônicos e com desenhos e pinturas que distorcem o espaço original.

Regina Silveira - Sem Título

Regina Silveira 2

A serie “Desaparências” entra nesse contexto, mostrando sua visão em perspectiva com a técnica de colagem de adesivos em vinil formando linhas interrompidas que representam um ateliê de pintura distorcido. Um estúdio com cavaletes, móveis e instrumentos tradicionais de pintura, mas fugindo totalmente do linear.

Regina Silveira – Desaparência

Regina Silveira – Desaparência

Além disso, segundo ela a série “Desaparências” é também uma peça bibliográfica, uma vez que o estúdio criado em sua obra pode ser o seu antigo ateliê.

Regina Silveira - Sem Título

Regina Silveira 3

Além das telas

Apesar de ser definida como distorcida, essa arte contemporânea foi uma busca de tornar a pintura como um objeto do cenário além do quadro. A utilização de imagens na trajetória da artista se inicia com a série de serigrafias “Middle Class & Co”, em que tem como tema a dilaceração do cidadão contemporâneo e tem como métodos intervenções de fotografias com recortes, diagramações etc.

Regina Silveira - Middle Class & Co

Regina Silveira - Middle Class & Co

Após ganhar uma bolsa em um curso de Filosofia em Madri e ficar 6 anos por lá, Regina decide voltar ao Brasil e assume o comando da área de gravura da Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado, a FAAP.

Regina também deu aulas na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, a ECA, na USP, onde obteve o título de doutora anos mais tarde. Regina continua realizando suas obras e realizando mostras individuais ou participando de importantes exposições no Brasil e no mundo.

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Wed, 12 Jan 2022 01:28:33 +0000
<![CDATA[As fases e a carreira crítica e multifacetária de Antonio Dias]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-fases-e-a-carreira-critica-e-multifacetaria-de-antonio-dias/

Antonio Dias

Antonio Dias

Paraibano de Campina Grande, Antonio Manuel Lima Dias nasceu em 1944 e ficou conhecido apenas pelo seu primeiro e seu último nome. Ele foi um dos grandes artistas plásticos brasileiros principalmente por ser considerado no meio artístico como multifacetário e por ter fases nas quais seus trabalhos se encontram com diferentes movimentos.

Além de não se fixar em um único movimento, Antonio Dias é responsável por trabalhos críticos ao sistema, que carregam consigo uma luta contra a opressão e as injustiças da sociedade.

De talento e trabalho precoce, aos 14 anos já teria um contato com a arte mais sério e na época já se firmava como ilustrador e artista gráfico. Nesse mesmo tempo, parte para o Rio de Janeiro onde estuda no Atelier Livre de Gravura da Escola Nacional de Belas Artes, a ENBA, com Oswaldo Goeldi. Daí em diante começaria uma carreira de muito sucesso.

Antonio Dias - Anywhere is My Land

Antonio Dias - Anywhere is My Land

A valorização de seu trabalho

Os primeiros indícios de sucesso que sua carreira teria apareceriam no início da década de 1960 com a produção de gravuras e ilustrações. A partir do período ditatorial brasileiro suas obras ganham um teor mais político e crítico ao sistema. Diferente de alguns outros artistas que saíram do brasil, sua carreira já começa a ter reconhecimento e ser valorizada durante sua estadia por aqui. Sua mudança à Europa acontece muito mais pelo motivo da ditadura militar em si e pela busca de algumas outras facilidades que o território europeu poderia lhe dar.

Em 1966 Antonio se muda para a Europa a fim de aumentar o seu campo de trabalho e suas possibilidades de crescimento de carreira. Primeiro fixa sua moradia em Milão, local com um mercado mais ativo e uma maior facilidade para transitar entre uma ou outra exposição. Após esse período vai morar na Alemanha.

Antonio Dias - A Batalha

Antonio Dias - A Batalha

O teor de suas obras e suas fases

Suas obras, como ele mesmo dizia, não tinham uma lógica de construção. Não eram lineares nem seguiam uma linearidade para sua produção, nem antes, nem após a sua ligação com o concretismo. Suas obras e suas respectivas construções caminhavam ao passo de seu olhar artístico e no ritmo de seu sentimento sobre aquilo que era construído, sem uma maneira ou forma de fazer fixa.

Até um pouco antes de sua mudança à Europa, Antonio carrega uma arte e um trabalho nos quais as mais marcantes características eram o preenchimento completo das telas com relevos e texturas e sem uma fixação em formas, sem se prender em conceitos, mas na ideia de que ele gostaria de passar através delas, em sua crítica e em seu teor político.


Antonio Dias - A História Errada

Antonio Dias - A História Errada

A transformação

Um ano antes de sua mudança para a Europa Antonio Dias recebe bolsas de estudos em Paris e é notada então uma das maiores revoluções em seu trabalho. As obras que até aquele momento eram consideradas críticas e ligadas ao movimento da PopArt vão se tornando cada vez mais minimalistas, com poucas cores e palavras.

A carreira de Antonio Dias é difícil de ser rotulada, porém, ao olharmos para ela como um todo podemos considerar que ele foi um artista inquieto, que manteve durante toda a sua trajetória a vontade de conhecer novas formas de arte, novas técnicas e implementar novos conhecimentos sobre a sua obra para que seus admiradores também tivessem evolução em seu olhar artístico.

Antonio Dias - Sem Título

 

Antonio Dias falece em 2018 por causas naturais e em 2021 é feita no MAM de São Paulo a primeira exposição póstuma com abras de Antonio. A exposição reuniu até mesmo obras nunca vistas antes, outras que eram de sua coleção particular e que foram recompradas por ele durante sua carreira.

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Tue, 11 Jan 2022 00:30:31 +0000
<![CDATA[As esculturas de luz e sombra e a carreira de Sérgio Camargo]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-esculturas-de-luz-e-sombra-e-a-carreira-de-sergio-camargo/

Sérgio Camargo

Sérgio Camargo

Nascido no Rio de Janeiro em 1930, Sérgio Camargo foi um artista plástico que teve a carreira reconhecida principalmente por suas esculturas e por sua ligação ao movimento construtivista. Ele preferiu, durante toda sua carreira, não se delimitar em um movimento, mas teve uma trajetória com plena ênfase nas formas geométricas e pelo que ele gostava de chamar de geometria empírica.

Aos 16 anos, Sérgio estuda com artistas argentinos na Academia Altamira, em Buenos Aires e é por lá que acaba tomando gosto pelo movimento construtivista. Aos 18 vai a Paris e por lá é a técnica da escultura, sua futura especialidade, que o encanta e acaba se tornando o seu foco a partir dali.

Camargo volta ao Brasil em 1954, participa de uma exposição no Salão de Arte Moderna do Rio de Janeiro, mas logo volta à Europa e fixa sua residência em Pari. Em 1961 já era um artista reconhecido, valorizado e procurado até mesmo durante sua estadia na Europa. Por muitos críticos é considerado como o maior escultor brasileiro e usou com primor e facilidade os recursos da sombra, do relevo e da luz.

Sérgio Camargo – Mulheres

Sérgio Camargo – Mulheres

A obra de Sérgio Camargo

Suas primeiras esculturas começam a ter forma quando vem da Europa pela primeira vez. Na época, seus trabalhos eram feitos em bronze e em sua maioria eram obras figurativas. Mais tarde, quando volta a Europa para morar, seus trabalhos ficam mais ligados ao alto relevo, com técnicas que utilizavam materiais como tecidos, grãos e gesso.

Sérgio Camargo - Sem Título

 

Após esses primeiros trabalhos, surge uma de suas principais séries, que foi produzida ao longo de 10 anos de trabalho e tem o nome de uma nítida característica das obras. Denominada “Relevos”, a série consiste em composições onde cilindros brancos, sem exceção, são colocados de diferentes formas, em diferentes tamanhos e em diferentes cortes em uma superfície também branca. Na serie, o valor é dado principalmente à figura geométrica e às suas respectivas sombras e luzes.

Sérgio Camargo - Obra da Série Relevo

Sérgio Camargo - Obra da Série Relevo

Ímpar, sem rótulos e bem-sucedido

Sérgio fez questão de não fixar suas obras e seus conceitos em um movimento artístico, mesmo com sua clara influencia do meio construtivo. Camargo também foi um contraponto ao que muitos consideravam como o fim do modernismo e fez obras que carregavam uma clara contraposição ao que se pensava, algo que para muitos críticos serviu de inspiração.

Sérgio Camargo - Escultura na Praça da Sé

Sérgio Camargo - Escultura na Praça da Sé

Sérgio Camargo fez questão de não conectar-se ao movimento construtivista principalmente pelo valor que ele dava ao volume e ao relevo, algo pouco explorado e valorizado no movimento. Ainda assim era nítida a utilização do construtivismo como inspiração e referência.

A partir da evolução causada pela sua inquietude e por não se fixar e se rotular, seu trabalho foi tendo cada vez mais valor, principalmente fora do território brasileiro. Foi um artista com uma carreira diferenciada, sem rótulos e bem-sucedida. Sérgio Camargo faleceu em 1990 e suas obras são lembradas em exposições póstumas até os dias de hoje.

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Mon, 10 Jan 2022 01:13:22 +0000
<![CDATA[As obras coloridas e geométricas de Tuneu, o discípulo de Tarsila]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-obras-coloridas-e-geometricas-de-tuneu-o-discipulo-de-tarsila/

Tuneu

Tuneu

Paulista da capital, Antonio Carlos Rodrigues nasceu em 1948 e é um pintor e desenhista mais conhecido pelo seu apelido: Tuneu. Sua carreira na arte teve início em 1960, quando começou seus estudos com uma das maiores artistas da história da arte brasileira, Tarsila do Amaral. Seis anos mais tarde já faria sua primeira Exposição Individual e concentraria seus esforços para sua carreira na arte.

Ainda em seus primeiros momentos na arte, Tuneu foi assistente dos artistas Willys de Castro e Hércules Barsotti e participou de exposições como a do Salão de Arte de Campinas, a XVI Exposição do Salão Paulista de Arte Moderna, e IX Bienal de São Paulo.

As principais características de suas obras vêm do abstracionismo geométrico, que gera efeitos óticos e de movimentos. Tais características são notadas nas obras de Tuneu desde o início de seu trabalho, quando aplicava composições geométricas em ilustrações de paisagens, nada explicitas, com cunhos de interpretações subjetivas.

Tuneu - Sem Título

A relação com Tarsila

Sua relação com Tarsila do Amaral é curiosa e, ao mesmo tempo, pode ser considerada uma coincidência da vida. Seus pais se mudaram para o bairro de Sumaré quando Tuneu tinha 5 anos de idade e assim fizeram dele vizinho de Helena do Amaral e de Afonso, sobrinho neto de Tarsila.

Antes de sua maturidade já demonstrava muito interesse sobre temas artísticos, se debruçava sobre livros que tinha temas artísticos e, quando tinha 12 anos, Tarsila encontrou um de seus desenhos no quarto de seu sobrinho Afonso. A partir daí, Tarsila começou a ver que seu conhecimento era diferenciado e espontaneamente começa a lhe dar aulas em seu ateliê.

Tuneu e Tarsila

Tuneu e Tarsila

A inserção de técnicas e a evolução de sua obra

Como todo artista, agrega outras características em seu repertório e caminha por novas fases dentro de sua carreira até que começa a dedicar mais tempo à pintura. Áreas chapadas de cor passam a ser também características de suas obras. Sem esquecer suas outras características, Tuneu começa a se relacionar com a ilustração não figurada, realizando paisagens e figurações que pairam entre o real e o imaginado.

Tuneu - Sem Título

 

As marcas de Tuneu

Suas obras são marcadas pelo contraste entre as cores, que além de gerar alusão e figurar elementos dentro de suas obras, geram harmonias a partir de sugestões para interpretações de quem as admira, representando movimentos ou a sensação de equilíbrio através da união das figuras e do contraste entre campos diferentes das cores.

Críticos apontam exemplos de que suas obras representavam objetos através de suas figuras geométricas e de suas cores. É possível perceber montanhas e caminhos concebidos através de linhas sinuosas presentes em suas obras, que constituem mais questões de forma e de cor do que realmente alusões ao mundo exterior e à paisagem de fato.

Tuneu - Sem Título

Tuneu é reconhecido e valorizado ainda em vida. Tem um livro recém-lançado que conta as curiosidades de sua carreira e sua trajetória na arte e continua expondo suas obras pelas principais exposições do país.

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Sun, 09 Jan 2022 02:11:38 +0000
<![CDATA[A biografia e a arte de Abraham Palatnik]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-biografia-e-a-arte-de-abraham-palatnik/

Abraham Palatnik

Abraham Palatnik

Potiguar de Natal, Abraham Palatnik nasceu em 1928 e foi um artista inovador, que assim como José Patrício e Julio Le Parc trabalharam com a arte cinética, ou Op Art. Mas Abraham ficou conhecido por ir além. Ele inseriu e relacionou suas obras com a ciência e com a tecnologia construindo e idealizando maquinários.

Se estudarmos o contexto de sua vida entendemos o motivo de sua arte se relacionar com o maquinário e com o meio tecnológico. Abraham estudou, ainda jovem, na Escola Técnica Montefiori após se mudar para a região de Israel em 1932. Lá se especializa na construção de motores de explosão e após o seu curso na escola técnica acaba se encantando pelo meio artístico e indo estudar junto ao pintor Haaron Avni.

Após os estudos com Avni, Palatnik aprimora seus conhecimentos na ilustração e pintura no Instituto Municipal de Arte de Tel Aviv e a partir daí começa a construir suas primeiras obras, que em sua grande maioria são naturezas-mortas, paisagens e retratos.

Abraham Palatnik – Objeto Cinético

Abraham Palatnik – Objeto Cinético

  

A volta ao Brasil

Quando retorna aos territórios brasileiros, Palatnik fixa moradia no Rio de Janeiro, onde acaba se enturmando com relevantes artistas da época e se relacionando artisticamente, inserindo conhecimentos e aumentando seu repertório com técnicas artísticas importantes para a época. Isso permitiu que ele começasse a pensar além do que era construído em sua época.

Foi na volta ao brasil que Abraham realizou uma visita que mudou sua vida e, consequentemente, sua carreira na arte. A visita foi feita no Hospital Psiquiátrico do Engenho de Dentro, por lá, foi notado por ele que a imagem e linguagem se difundiam de uma maneira espetacular dentro do hospital, mesmo que os internos nunca tivessem frequentado uma escola ou algum ambiente da arte.

Abraham Palatnik - Exposição no MAM

Abraham Palatnik - Exposição no MAM

 

O movimento

Muitos o consideram como um Professor Pardal da arte, um inventor que ao mesmo tempo não deixou de lado a sua vertente perfeccionista. Perfeccionismo este que permitiu que ele trabalhasse com máquinas e que inserisse essa prática nas artes, ou seja, só inseriu as máquinas em suas obras porque tinha pleno domínio daquilo que fazia, resultado de seu primeiro curso, ainda em Israel.

Palatnik provocou a impressão de um movimento virtual em suas telas e quadros, mas foram suas invenções que trouxeram os movimentos explícitos em obras dentro das quais foram inseridos algum tipo de maquinário para que elas realizassem movimentos reais.

Abraham Palatnik - Relevo Progressivo

Abraham Palatnik - Relevo Progressivo

 

Reconhecido e pioneiro 

Artista muito reconhecido e valorizado em vida, apesar de poucas premiações, tinha reconhecimento no meio da arte, há o boato de que um dos maiores artistas da história da arte mundial, Joan Miró, tenha observado e admirado o seu trabalho durante muito tempo em uma das Bienais de Veneza.

Grande parte de seu reconhecimento veio através do seu pioneirismo em relacionar o meio artístico com o campo das máquinas e de engenhocas que permitiam a movimentação de suas obras.

Abraham Palatnik - Aparelho Cinecromático

Abraham Palatnik - Aparelho Cinecromático

 

Abraham Palatnik faleceu recentemente em 9 de maio de 2020, na cidade do Rio de Janeiro. Suas obras com certeza continuarão sendo expostas nas principais exposições de arte e estarão nas principais galerias do Brasil e do mundo.

 

 

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Wed, 05 Jan 2022 00:30:40 +0000
<![CDATA[O processo curioso de criação e as series fotográficas de Vik Muniz]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/o-processo-curioso-de-criacao-e-as-series-fotograficas-de-vik-muniz/

Vik Muniz

Vik Muniz

Paulista da Capital, Vicente José de Oliveira Muniz nasceu em 1961 e é um artista brasileiro que se difundiu principalmente por suas obras fotográficas, apesar de também passar pelas técnicas da escultura, da colagem e da sobreposição de elementos.

Seu contato realmente profissional com o meio artístico se deu quando Vik se mudou para Nova Iorque no final da década de 1980. Até lá, chegou a cursar e se formar em Publicidade e Propaganda pela Fundação Armando Álvares Penteado, a FAAP, em São Paulo. Poucos anos mais tarde se mudaria para os Estados Unidos.

No começo de sua obra, era fácil notar que Vik tinha como principal objetivo e motivo para realizar trabalhos na arte instigar a auto indagação utilizando imagens conhecidas do meio artístico e realizando transformações em seu conteúdo. Eram usados produtos como o chocolate, açúcares, doces, alimentos como o feijão, molhos de tomate e produtos cosméticos para a produções de seus materiais.

Mona Lisa de Vik Muniz

Mona Lisa de Vik Muniz

O trabalho da primeira série de sucesso

O conhecimento mundial de Vik se deu após suas primeiras publicações em um dos periódicos mais famosos do mundo, o New York Times, mas sua primeira obra de sucesso foi a série “Crianças de Açúcar” de 1996, que lhe levou até a fama e a importante mostra New Photography, de 1997.

Em seu trabalho, na maioria das vezes, o resultado final é obtido através de uma sequência de fotos realizadas a partir de sua criação. No caso da série “Crianças de Açúcar”, a criação foi feita a partir de uma outra sequência de fotos que retratavam pobres crianças caribenhas que trabalhavam em lavouras de cana de açúcar.

Vik Muniz - Crianças de Açúcar

Vik Muniz - Crianças de Açúcar

O processo artístico

Para suas produções, Vik se sente bem trabalhando em lugares aconchegantes e solitários, mas ao mesmo tempo lida bem com a falta de um lugar fixo para realizar seu trabalho. Pode se dizer que os materiais diferentes trazem a mesma volatilidade a suas obras que o seu ambiente de trabalho, que acontece onde tiver que acontecer. Para ele, a utilização de materiais incomuns e extremamente curiosos serve para que tenha diferentes sensações e conheça diferentes modos e processos de produção.

Vik Muniz – Surfaces

Vik Muniz – Surfaces

Com um pensamento comum entre os artistas, Vik Muniz ainda está realizando e expondo seus trabalhos que estão fixados nas principais cidades e museus do mundo, como São Paulo, Nova Iorque, Tóquio, Londres, Paris e diversas outras. A motivação para o trabalho sempre foi a vontade de promover a relação da pessoa com o mundo através de suas imagens, fazendo com que a pessoa pense e repense por ela mesma e faça perguntas a si mesmo sobre sua relação com a obra e seu respectivo significado.

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Tue, 04 Jan 2022 00:09:21 +0000
<![CDATA[A Valorização internacional da carreira de Beatriz Milhazes]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-valorizacao-internacional-da-carreira-de-beatriz-milhazes/

Beatriz Milhazes

Beatriz Milhazes

Carioca da capital, Beatriz Milhazes nasceu em 1960 e é uma das artistas plásticas brasileiras de maior reconhecimento no cenário atual da história da arte. Dona de uma obra colorida, repleta de figuras geométricas e por suas flores, realiza trabalhos que exploram os caminhos que levam à escultura.

A arte veio para ela, diferentemente de outros artistas, como uma real profissão e como uma formação acadêmica. Beatriz é formada pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage do Rio de Janeiro, em 1983. Cursou também Comunicação Social pela Faculdade Hélio Alonso, dois anos mais cedo.

Nessa fase de sua vida a artista deu aulas de pintura, ocupação que se estendeu até 1996, e trabalhava com a arte que, naquele momento, já era caracterizada por uma obra carregada e tensa, com a visível repetição de figuras como as flores e pelas colunas que fazem oposição em relação ao fundo da tela.

Beatriz Milhazes – Desculpe, mas Teve que ser Assim

Beatriz Milhazes – Desculpe, mas Teve que ser Assim

Um caminho crítico, do figurativo ao abstrato

Com um caráter crítico e sempre dando valor ao pensamento, foi uma crítica do Regime Militar e, ainda jovem, participou da exposição “Como Vai Você”, em 1984, que reuniu inúmeros artistas contrários a Ditadura Militar. Juntos, eles demonstravam apoio e tinham o objetivo de acelerar a democratização do Brasil.

Beatriz Milhazes – Ei...Oi...E aí? Vem, Vamos!

Beatriz Milhazes – Ei...Oi...E aí? Vem, Vamos!

A partir dos anos 1990, fica mais envolvida com o barroco e com a igreja católica. No final da década, acaba partindo para uma obra mais abstrata, valorizando o imaginário e o pensamento do espectador. No final dos anos 90, Beatriz chegou a ilustrar o livro “As Mil e Uma Noites à Luz do Dia: Sherazade Conta Histórias Árabes”.

Beatriz Milhazes – Filé de Peixe em Amarelo

Beatriz Milhazes – Filé de Peixe em Amarelo

Valorizada e internacional

O conhecimento e o reconhecimento internacional veio após suas participações e exposições em importantes bienais pelo mundo, como: a 50a Bienal de Veneza, em 2003, as Bienais de São Paulo de 1998 e de 2004, e Bienal de Shangai, em 2006.

Ainda hoje, Beatriz Milhazes faz com que seus círculos, suas mandalas, suas colunas e suas obras repletas de cores sejam admiradas internacionalmente. É uma das únicas, se não a única artista brasileira, a ter a obra “O Moderno” vendida a 1 milhão de dólares em vida, quando vendeu uma de suas obras ao admirador de arte que hoje possui uma das obras mais caras da história da arte brasileira, a Abaporu. Após alguns anos, atingiu um novo maro ao vender uma de suas obras por 16 milhões de reais.

Beatriz Milhazes – O Moderno

Beatriz Milhazes – O Moderno

Beatriz Milhazes é inspirada em artistas como Tarsila do Amaral e admiradora de obras e artistas que valorizam o abstrato e os valores da figura geométrica e das cores, assim como também se identifica com a arte popular brasileira e artes aplicadas, nas quais algumas obras trazem a técnica do artesanato e do bordado. O modernismo nacional é considerado por ela um companheiro desde o início de sua trajetória. O modernismo internacional, assim como o brasileiro, serve muito de inspiração para Beatriz, principalmente na figura de Henri Matisse.

Milhazes continua produzindo e expondo suas obras no Brasil e no mundo. Hoje, se identifica e traz em suas artes referências da Op Art.

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Fri, 31 Dec 2021 13:26:03 +0000
<![CDATA[A carreira crítica da polêmica Adriana Varejão]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-carreira-critica-da-polemica-adriana-varejao/ Adriana Varejão

Adriana Varejão

Nascida na cidade do Rio de Janeiro em 1964, Adriana Varejão é uma artista plástica contemporânea e uma das que ainda em atividade possui mais reconhecimento. Ela é conhecida principalmente por suas obras na pintura, mas ainda trabalha outras vertentes da arte, seja incluindo-as em suas telas ou trabalhando-as individualmente.

Adriana teve seus primeiros contatos com o meio artístico ainda jovem, no início de sua fase adulta, após abandonar o curso de Engenharia da PUC. Fez cursos de arte na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e realizou sua primeira exposição individual aos 24 anos, na Galeria Thomas Cohn. Antes mesmo de sua primeira exposição individual a carioca recebia o Prêmio Aquisição do Nono Salão Nacional de Artes Plásticas, da Fundação Nacional de Artes do Rio de Janeiro.

Adriana Varejão - Abóbada

Adriana Varejão - Abóbada

Entre o prêmio e a primeira exposição

Entre o prêmio e sua primeira exposição individual, Adriana Varejão teve a inclusão de um importante movimento em seus conhecimentos artísticos. Após uma viagem a cidade histórica de Ouro Preto, o barroco foi inserido em seu repertório, que até o momento era caracterizado por uma maioria de obras figurativas.

Obras com pinceladas características das azulejarias das igrejas começam a se tornar uma marca das obras daquele momento da artista. As cores e tonalidades barrocas também acabam se tornando frequentes, o que pode ser visto em obras como “Altar I” e “Abóbada”.

Adriana Varejão – Altar I

Adriana Varejão – Altar I

Arte crítica e mensageira

Para ela, a arte não pode ser algo exclusivamente belo e ou decorativo. É importante que a obra tenha uma linguagem que a aproxime de quem a vê, da mesma forma que tenha uma mensagem, uma razão e que realmente tenha um sentido interno.

Daí podemos entender o peso e o valor de suas artes contemporâneas, que se transformaram com o passar dos anos e que agora acompanham do belo dos azulejos desenhados, com geometria e cor, ao peso da aparência de seu interior, que carrega um olhar mais fúnebre ou denso, como se formasse um corpo dilacerado.

Adriana Varejão – Swimming Pool

Adriana Varejão – Swimming Pool

Esses trabalhos, em sua maioria, criticam as forma de colonização que dilaceraram algumas culturas para que outras se tornassem mais importantes. Dentre as críticas, Adriana também questiona e simboliza o processo de evangelização da igreja católica e de suas frequentes polêmicas.

Adriana Varejão – Varal

Adriana Varejão – Varal

O trabalho e o reconhecimento

Adriana se considera uma pessoa extremamente aficionada pelo trabalho e que acredita que se não trabalhasse tanto com certeza se tornaria maluca.

Apesar de ter recebido seu último prêmio em 2013, quando foi premiada com o Prêmio Mario Pedrosa de Melhor artista de linguagem contemporânea da ABCA, hoje talvez esteja no auge de sua carreira, com exposições individuais ou em grupo por inúmeras partes do mundo e importantes galerias, como a Gagosian em Nova Iorque.

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Thu, 30 Dec 2021 01:02:43 +0000
<![CDATA[A vida e a obra de Victor Vasarely, o pai da Op Art]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-vida-e-a-obra-de-victor-vasarely-o-pai-da-op-art/

Victor Vasarely

Victor Vasarely

Húngaro de Pécs, Victor Vasarely nasceu no ano de 1906 e foi considerado o pai da Op Art no mundo. Também conhecida como Optical Art ou Arte Cinética, nada mais é do que a vertente da arte que traz o movimento e a ilusão de ótica às telas, sempre completadas pelo olhar do espectador. Vasarely teve sua carreira difundida e seu maior reconhecimento profissional na França, país para o qual se mudou aos 22 anos de idade.

Antes de ir à França, tentou iniciar o curso de medicina quando morava em Budapeste. Mesmo após a tentativa frustrada, Budapeste teve grande importância em sua carreira artística. Lá, Vasarely teve contato com estudos de Bauhaus e com o trabalho de outros artistas ligados ao design que lhe deram o conhecimento ligado a combinação das cores e à ilusão de ótica. Em Budapeste, também se matriculou na Academia Podolini-Volkmann dois anos antes dos primeiros contatos com a Escola Bauhaus, a fim de aperfeiçoar seus conhecimentos de pintura tradicional.

A partir desses primeiros e importantes aprendizados artísticos, Victor deu início a uma das carreiras mais brilhantes da história da arte mundial até se tornar relevante no movimento da Op Art, ou como ele preferia, Arte Cinética e ser considerado pela maioria dos críticos como o pai do movimento.

Victor Vasarely – O Tabuleiro de Xadrez

Victor Vasarely – O Tabuleiro de Xadrez

A mudança para Paris

Em Paris, Vasarely se casou, trabalhou com design gráfico e teve atividades profissionais ligadas à publicidade. Foi em território francês que ele pôs em pratica os conhecimentos obtidos em Budapeste, principalmente os da Escola de Bauhaus. A partir de sua mudança para Paris é nítida a mudança de ares em suas obras, que acabam dando mais preferência ao abstrato, ao concreto e a inserção de figuras geométricas que, juntas, começam a causar movimentos e ilusões de ótica.

Victor Vasarely – Diam

Victor Vasarely

Pai é quem cria

É nessa fase que Vasarely cria uma de suas obras mais importantes e conhecidas, a obra “Zebras”, que antes mesmo de qualquer denominação do movimento da Op Art representa um movimento e a ligação de formas que em conjunto tendem a causar ilusão de ótica no espectador. Após a criação do movimento, que se deu apenas em 1964, os olhares do público se voltaram a uma obra criada 27 anos antes, em 1937 e se depararam com uma obra que até hoje representa o movimento mesmo sem fazer e sem querer fazer parte de seus anos áureos.

Victor Vasarely – Zebras

Victor Vasarely – Zebras

A obra marcante e a influência de Vasarely

Obras figurativas com a inserção de figuras geométricas e abstrações são as grandes marcas das obras de Vasarely, e, claro, o movimento causado pelo conjunto de cor e forma. Também foi perceptível que Victor variou períodos em que coloriu mais suas obras e outros onde valorizou o preto e o branco.

Victor Vasarely – Sem Título

Victor Vasarely

Após a disseminação do movimento, Victor continuou produzindo obras cinéticas com a sua assinatura. Partiu para a gravura, aumentou ainda mais a gama de jovens influenciados por suas obras e seguiu expondo pelo território francês e por todo o mundo. Em 1976 criou a Fundação Vasarely em Aix-em-Provence, na França e em 1981 criou o Museu Vasarely em sua cidade natal, Pécs, na Hungria.

Victor Vasarely faleceu em 1997 em Paris.

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Wed, 29 Dec 2021 00:51:08 +0000
<![CDATA[A vida e a obra performática de Ivald Granato]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-vida-e-a-obra-performatica-de-ivald-granato/

Ivald Granato

Ivald Granato

Carioca de Campos, Ivald Granato Filho nasceu em 29 de dezembro de 1949 e ficou conhecido apenas pelos seus dois primeiros nomes. Na arte, Ivald Granato passou por inúmeras vertentes. Começou ainda jovem estudando pintura com o artista Robert Newman aos 17 anos e, anos depois, teve sua integração mais profissional até a arte, estudando na Escola de Belas Artes.

Mesmo que com um período prévio a sua maturidade com estudos teóricos e práticos, a arte foi inserida em sua vida por seu avô, que era amante da história da arte e lhe deu um livro de Pablo Picasso, que se tornou uma referência para Ivald mesmo após o amadurecimento e após todo o reconhecimento que teve como artista.

A pintura, a escultura, o desenho e a arte performance foram as principais vertentes artísticas exploradas pelo carioca que teve uma vida repleta de trabalho e uma trajetória agitada e produtiva. Para ele, no momento de sua maturidade artística, a produtividade tinha tanto valor quanto a criatividade.

Ivald Granato - O Menino Vê o Avião

Ivald Granato - O Menino Vê o Avião

A arte performática

Multifacetário, Ivald foi um artista que sempre demonstrou gostar de ser mais solto, mais livre e que encontrou na arte performance essa liberdade que foi para ele uma vertente mais politizada de sua carreira e de sua obra. Algo que para ele foi perdido com o passar dos anos, porque os artistas estão mais preocupados com a arte em si e por não haver mais um governo totalitário.

Ivald Granato em uma de suas performances

Ivald Granato em uma de suas performances

Pouca coisa é motivo de inspiração para ele

Na pintura, foi um artista que usou e abusou de pinceladas largas e nitidamente rápidas, obras que muitas vezes apresentam tinta escorrida e que tinham como tema principal o cotidiano, já que a inspiração vinha de algo simples, do dia a dia, não era necessário que algo espetacular o inspirasse.

Ivald Granato – Litografia

Ivald Granato – Litografia

No seu auge performático, chegou a unir suas apresentações ao espiritismo kardecista e ao movimento hippie.

Artista e crítico do meio

Crítico da Vanguarda Artística, do meio artístico e dos artistas que buscam apenas reconhecimento através do dinheiro, Ivald considerava que a Vanguarda deixou o meio bagunçado, largado e muito ligado ao lado financeiro, saindo da crítica social e muitas vezes prezas aos financiamentos públicos, “tirando a mão” de temas que muitas vezes poderiam incomodar aqueles que financiam os projetos.

Ivald Granato - As Meninas do Rio

Ivald Granato - As Meninas do Rio

Ivald Granato morreu em São Paulo aos 66 anos, em 2016 e tem suas obras expostas em exposições póstumas e suas performances relembradas através das gravações e fotos que sempre fez questão de produzir.

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Tue, 28 Dec 2021 00:11:07 +0000
<![CDATA[As obras compostas, os mosaicos e a carreira de José Patrício]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-obras-compostas-os-mosaicos-e-a-carreira-de-jose-patricio/

José Patrício

José Patrício

Pernambucano de Recife, José Patrício Bezerra Sobrinho nasceu em 1960. É conhecido apenas pelos seus dois primeiros nomes e reconhecido por suas obras características de instalação e composição. Patrício começou a investir em sua carreira artística quando tinha apenas 16 anos de idade e começou a frequentar o curso livre da Escolinha de Arte de Pernambuco. No início dos anos 1980 iniciou a graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco, a UFPE, que concluiu em 1982.

Apesar de ter muito conhecimento formal, era um artista autodidata que no ano seguinte de sua graduação já conquistaria a oportunidade de mostrar suas obras em sua primeira exposição individual. A exposição aconteceu na Oficina Guaianases de Gravura, em Olinda, local onde obteve reconhecimento até se tornar diretor artístico entre os anos de 1986 e 1987.

José Patrício – Vanitas QR Code

José Patrício – Vanitas QR Code

O amadurecimento da carreira e as conquistas

Entre 1994 e 1995 conquistou uma bolsa de estudos financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. Através dessa conquista fez estágio no Atelier de Restauration d'Art Graphique, no Musée Carnavalet, em Paris. Outra realização importante também aconteceu nessa época, quando participou da 22ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1994.

José Patrício - Circuito Tonal em Progressão Crescente

José Patrício - Circuito Tonal em Progressão Crescente

A criatividade e os objetos incomuns

O artista plástico começou a demonstrar o quão criativos seriam seus trabalhos quando começou a implementar objetos que comumente não são vistos como elementos artísticos, como os dominós, os botões, os pregos, os quebra cabeças e inúmeros outros. Isso causou curiosidade entre os críticos, que logo começaram a considera-lo um dos grandes nomes da arte lúdica brasileira.

José Patrício – Afinidades Cromáticas

José Patrício – Afinidades Cromáticas

O artista também produziu obras inspiradas em outros trabalhos artísticos, como a obra “Vertigo”, que foi idealizada a partir do filme “Um Corpo que Cai”, de Hitchcock. Para a produção de “Vertigo”, Patrício produziu um labirinto ao revés, pensado pelo autor do filme.

José Patrício - Vertigo

José Patrício - Vertigo

Os dominós de José Patrício

Com o passar dos anos, a utilização do preto passou a ser também um componente característico de suas obras, como em “Cento e doze dominós”, obra de 1998 que era composta por, como o nome diz, 112 peças de dominós pretas e de plástico, formando um mosaico sobre uma base de madeira.

Para José Patrício, a partir dos dominós os números se tornam elementos simbólicos de seus projetos. Por serem objetos com sequências numéricas, era necessário criar padrões de cores e forma na sua utilização. Em conjunto, esses padrões formam os mosaicos característicos de suas obras.

José Patrício – Cento e doze dominós

José Patrício – Cento e doze dominós

Atualmente, o artista continua produzindo e expondo suas características obras. Em 2021 escreveu e produziu um livro, o “Percursos de Criação”, onde ele escreve sobre sua história na arte, o seu caminho e trajetória. Além do livro, o quebra cabeça é a bola da vez em sua projetos artísticos, que elevam a arte ao nível industrial, com a produção previa de milhares de peças combinadas a milhares de tonalidades para a produção de uma única obra.

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Wed, 15 Dec 2021 00:36:26 +0000
<![CDATA[As obras sensoriais e a importância de Julio Le Para para a arte]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-obras-sensoriais-e-a-importancia-de-julio-le-parc-para-a-arte/

Julio Le Parc

Julio Le Parc

O Argentino Julio Le Parc nasceu em Mendoza no ano de 1928 e viveu em Paris por um longo período de sua vida. Le Parc é reconhecido na história da arte por suas obras sensoriais, que causam ilusões óticas com o uso de vidros e espelhos, causando sensações visuais em quem as admira. É o movimento Op Art., também conhecida por arte cinética, ou seja, a arte que reproduz nas obras a sensação de estarem vivas.

Le Parc começou na arte aos 15 anos de idade, quando ainda vivia na Argentina e teve aulas na Escuela de Bellas Artes de Buenos Aires, aprendendo sobre a arte concreta argentina, conhecida como Arte Concreto-Invención e o Spaziliasmo, um movimento artístico.

No auge de seus 30 anos mudou-se para Paris, onde transformou o rumo de sua vida dentro e fora da arte.

Julio Le Parc - Sem Título

Julio Le Parc 2

A ida a Paris

A ida a Paris foi certamente a influência mais importante de sua carreira. Sua ida já começou como um reconhecimento através de um convite e uma bolsa de estudos do Governo Francês. O convite foi aceito e em 1958 se instalou em Paris, onde conheceu François Morellet, o precursor da Op Art e inseriu em seu repertório técnicas e conhecimentos que o acompanham até os dias de hoje.

Dois anos após sua ida, Julio funda o GRAV, o Groupe de Recherche d’Art Visuel, que tinha como principal papel a inserção e a democratização do acesso a arte. Esse talvez tenha sido o principal diferencial de Le Parc fora das técnicas artísticas. Com o Grupo, o artista percebeu que o admirador de uma obra tem a mesma importância que as técnicas que estão nela impressas.

Julio Le Parc – Esfera Azul

Julio Le Parc – Esfera Azul

A luz, a sombra, o movimento e o espectador

Em suas obras é de fácil percepção que estes quatro elementos: a luz, a sombra, o movimento e o espectador são os personagens principais. Os dois primeiros são algo comum em obras de arte de muitos movimentos, já os dois últimos não são tão comuns e talvez sejam a parte mais importante de sua história no meio artístico.

Julio Le Parc - Sem Título

Julio Le Parc 6

Junto ao GRAV, Julio Le Parc chega a realizar eventos que tem a ideia de atrapalhar o cotidiano comum de quem andava nas ruas de Paris, com o objetivo de forçar a participação e a interação dos pedestres com as obras. A inserção do movimento também foi algo feito com extrema felicidade e naturalidade. Muitas de suas obras realizam movimentos de forma natural, dando a impressão de que elas mesmas realizam a força necessária para o movimento, o que demonstra ainda mais a maestria com que ele fez suas obras cinéticas.

Julio Le Parc - Sphère Rouge

Julio Le Parc - Sphère Rouge

O reconhecimento na carreira

Julio realizou inúmeras exposições individuais pelo mundo e ganhou inúmeros prêmios, sendo um artista muito reconhecido em vida.Oo Grande Prêmio em Pintura na 33a Bienal de Veneza foi um de seus reconhecimentos, assim como prêmios na Bienal de Paris, do Mercosul, em Porto Alegre e de Havana, em Cuba.

Julio Le Parc - A obra que ganhou a Bienal de Veneza

Julio Le Parc - A obra que ganhou a Bienal de Veneza

Julio Le Parc vive até hoje em Paris e é um dos maiores nomes da história da arte argentina. É conhecido mundialmente como um dos mais talentosos nomes da arte cinética, ou Op Art.

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Sun, 12 Dec 2021 22:05:42 +0000
<![CDATA[Max Bill, um dos mais talentosos nomes do concretismo]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/max-bill-um-dos-mais-talentosos-nomes-do-concretismo/ Max Bill

Max Bill

Max Bill foi um artista plástico nascido na Suíça em dezembro de 1908 que, além das telas, teve também o design gráfico e o design de produtos como partes importantes da sua carreira. Na arte, Bill teve um trabalho multifacetário que passou pela pintura, gravura, escultura e pelas salas de aula.

Bill iniciou a carreira aos 16 anos de idade, quando ainda na Suíça começou a participar de cursos de arte. Rodou a Europa no começo de sua fase adulta e aprendeu em uma das escolas mais importantes da arte mundial: a Escola Bauhaus. Com o amadurecimento de sua carreira, o Suíço seria conhecido como um dos maiores nomes da Escola no meio artístico mundial. Os críticos consideram o trabalho de Max essencialmente concretista.

Max Bill - Sem Título

A evolução do concretismo

É comum a percepção dos críticos pelo cuidado com a cor e, principalmente, com a forma nas telas de artistas concretistas. Mas Max Bill foi além. O artista também incluía elementos matemáticos e de lógica, sem perder o cuidado com a estética de suas obras, principalmente naquelas que tinham funcionalidade.

Sim, Bill também foi um artista que se preocupou em realizar obras funcionais, ou seja, que tinha uma utilidade além da estética, da reflexão e dos valores que uma obra de arte carrega consigo.

Max Bill – Geometrie

Max Bill – Geometrie

A escultura também foi uma das partes da arte que foram exploradas por Max Bill. Nelas, o artista trabalhava, em sua maioria, com o metal polido e tem nessa faceta da arte uma de suas obras mais importantes e reconhecidas, a “Endlose Treppe”.

Max Bill - Endlose Treppe

Max Bill - Endlose Treppe

Max Bill e o Brasil

Bill trouxe conhecimento e repertório à arte e à arquitetura brasileiras e trouxe junto do conhecimento algumas críticas, tanto às obras quanto a quem as fazia. Com isso, construiu uma relação polêmica de amor e ódio com os profissionais brasileiros, pois considerava que eles não se atentavam ao social no momento que realizavam seu trabalho. Mesmo assim, é impossível dizer que o Suíço não trouxe evolução ao trabalho artístico e de arquitetura aos brasileiros.

Max Bill faleceu em 1994 e, mesmo tendo sido em vida uma figura polêmica, teve inúmeras homenagens pelo Brasil.

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Fri, 10 Dec 2021 03:48:14 +0000
<![CDATA[A carreira de uma das maiores artistas brasileiras, Tarsila do Amaral]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-carreira-de-uma-das-maiores-artistas-brasileiras-tarsila-do-amaral/

Tarsila do Amaral

Tarsila do Amaral

Paulista de Capivari, Tarsila do Amaral nasceu em 1886 e foi uma das maiores artistas plásticas da história da arte brasileira, além de uma das mais reconhecidas e mais valorizadas com o passar do tempo. Passou a infância na fazenda de sua família e com 16 anos de idade mudou-se com os pais para a Espanha, onde estudou no Sacré Couer de Barcelona.

Sua primeira obra é feita na Europa e sua volta ao Brasil acontece 11 anos mais tarde, quando se estabelece na cidade de São Paulo. Na capital paulista, Tarsila casou-se e teve uma filha. Seus primeiros contatos com estudos artísticos acontecem anos depois de sua volta ao Brasil, em 1917, quando começa o estudo de pintura e ilustração com o artista Pedro Alexandrino e com a grande artista Anita Malfatti. Depois dos primeiros estudos, Tarsila conhece o alemão Georg Elpons, artista que lhe deu aulas de pintura e fez com que ela conhece diferentes áreas das artes plásticas.

Talvez os grandes saltos artísticos ou as grandes mudanças na maneira com que Tarsila observava as obras e seu desenvolvimento aconteceram em dois momentos: com a sua mudança para Paris e após a sua volta de lá. Em paris, enriqueceu seus conhecimentos artísticos na Academie Julian e com a artista Émilie Renard e com sua volta inseriu em seu repertório algo mais prático que teórico.

Gravura de Tarsila do Amaral

Gravura de Tarsila do Amaral

A breve volta ao Brasil

A volta de Tarsila ao Brasil acontece em julho de 1922, após a Semana de Arte Moderna de São Paulo, com a ajuda de sua amiga e antiga professora Anita Malfatti, que também lhe informou por cartas sobre os acontecimentos da Semana. Permanece apenas seis meses no Brasil e conhece o escritor Oswald de Andrade, por quem se apaixona e com quem se casaria mais tarde.

Durante os seis meses, Anita é a responsável pela inserção de Tarsila do Amaral no movimento modernista brasileiro da época e é ela quem a apresenta aos escritores Oswald e Mário de Andrade. Juntos, eles formariam o Grupo dos Cinco. Após a formação do grupo é perceptível algumas mudanças no olhar artístico de Tarsila, que começa a apresentar traços mais fortes e cores mais saturadas em suas obras.

Tarsila do Amaral - A Cuca

Tarsila do Amaral - A Cuca

A volta a Paris

Quando volta à capital francesa, Tarsila leva do Brasil o desprendimento das teorias artísticas e uma maior valorização ao prático junto a Oswald, que vai ao seu encontro meses depois de sua volta e começa a ter maior contato com a classe intelectual francesa.

São nos anos posteriores ao seu retorno a Paris que podemos ver suas pinturas mais reconhecidas e as suas características inconfundíveis nas figurações, que trazem consigo a referência ao popular, ao dia a dia dos brasileiros, às paisagens do nosso país e as cores com tonalidades intensas.

Tarsila do Amaral – Antropofagia

Tarsila do Amaral – Antropofagia

A Abaporu, sua importância e sua crítica implícita

O casamento de Tarsila e Oswald acontece em 1926, três anos após sua volta a Paris. Dois anos após seu casamento, é produzida uma das telas mais importantes da história da arte brasileira, a Abaporu, que é dada de presente ao escritor. Mas, ao contrário do pensamento comum, a tela não só mudou sua carreira e a história da arte brasileira, como foi a responsável por mudar a maneira que Oswald via o Brasil, representando em suas obras a crítica de que os brasileiras, na maioria das vezes, tinha seu poder cultural e intelectual subvalorizados e sua força física explorada.

Fernando Ribeiro - Tarsila do Amaral

Fernando Ribeiro - Tarsila do Amaral

O amadurecimento e o final de sua carreira

A partir da década de 1930, podemos perceber que as obras de Tarsila começam a experimentar novos olhares, novas cores e novas realidades, as vezes com uma geometria mais explorada, outras com técnicas mais clássicas e cores e traços que levam mais ao realismo, mas sempre com uma crítica social implícita.

Tarsila do Amaral foi um dos maiores nomes da arte brasileira e faleceu em 1973, em São Paulo. Ela tem até hoje suas obras reunidas, expostas e valorizadas, como em 2019, quando o MASP fez uma exposição reunindo 92 de suas obras.

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Thu, 09 Dec 2021 02:05:18 +0000
<![CDATA[Um panorama da carreira de Gilvan Samico]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/um-panorama-da-carreira-de-gilvan-samico/

Gilvan Samico

Gilvan Samico

Pernambucano de São Lourenço da Mata, Gilvan Samico nasceu em 1928 e foi um dos grandes artistas da história da arte brasileira. Muito conhecido e valorizado pela excelência de suas gravuras, teve personagens míticos, animais surreais e figuras bíblicas como marcas de suas obras.

Samico era um pintor autodidata. Seus primeiros desenhos e pinturas apareceram logo cedo e seu pai foi o primeiro “desbravador” de suas obras. Quando ainda era adolescente, já se podia perceber a aptidão e o talento de um artista. Artista que teve sequer uma aula teórica ou técnica de pintura e desenho, mas que já fazia obras como poucos.

Aos 20 anos começa a fazer parte da Sociedade de Arte Moderna do Recife, a SAMR, na companhia de Abelardo da Hora. Juntos eles exercem um importante papel na história da arte pernambucana. Mais tarde, estuda umas das técnicas que mais utilizaria por toda a extensão de sua carreira: a xilogravura.

Gilvan Samico - "O Triunfo da virtude sobre o Demônio"

Gilvan Samico - "O Triunfo da virtude sobre o Demônio"

As xilogravuras de Gilvan Samico

As técnicas da gravura foram inseridas no repertório de Samico com a sua mudança para o Rio de Janeiro, onde estuda com Oswaldo Goeldi na Escola Nacional de Belas Artes, a ENBA. Certamente a gravura foi uma das técnicas mais utilizadas para a produção das obras de Gilvan, e dentro de suas vertentes, a que teve mais utilização, mais perfeição e mais reconhecimento foi a xilogravura. Gilvan chegou a passar adiante a maestria que tinha na técnica, lecionando xilogravura na Universidade Federal da Paraíba, a UFPA.

Gilvan Samico – Incêndio

Gilvan Samico – Incêndio

Explicando brevemente, a xilogravura nada mais é do que a gravação utilizando uma peça de madeira como matriz. Desta maneira, a matriz é produzida através de um processo de desgaste da madeira como em uma escultura e as gravações são impressas com a pressão das matrizes em uma folha de papel ou outro material.

Gilvan Samico - O Boi Feiticeiro e o Cavalo Misterioso

Gilvan Samico - O Boi Feiticeiro e o Cavalo Misterioso

O Nordeste de Samico

Nas obras de Gilvan estavam presentes personagens bíblicos, animais curiosos, figuras misteriosas e lendas urbanas, mas é importante perceber que dentro desses personagens sempre havia algo puxado para a cultura popular nordestina, como para o cordel, por exemplo.

Gilvan Samico – Cavalos

Gilvan Samico – Cavalos

Também é interessante notar que em suas obras havia espaço para o que ia além do natural e para o que parava nele. Com o amadurecimento de suas obras, as cores e formas também tiveram sua valorização garantida. Elas eram as responsáveis por garantir o movimento e o ritmo das telas.

O amadurecimento também trouxe outras perspectivas às obras de Gilvan, como a produção do Livro Samico, um trabalho extenso com dezenas de gravuras e que foi premiado com o Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Arte em 2012.

Gilvan Samico faleceu em 2013 na capital de seu estado natal, mas continua tendo suas obras expostas e sua carreira é extremamente valorizada na história da arte brasileira e, principalmente, na nordestina.

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Wed, 08 Dec 2021 00:29:59 +0000
<![CDATA[A arte de outro mundo da sensitiva Mira Schendel]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-arte-de-outro-mundo-da-sensitiva-mira-schendel/ Mira Schendel

Mira Schendel

Myrrha Dagmar Dub nasceu em Zurique, na Suíça, em 1919 e ficou conhecida no Brasil como Mira Schendel. Mira foi uma artista plástica que teve uma carreira reconhecida internacionalmente e por aqui é compreendida como um ícone da Arte Moderna Brasileira.

Quando era jovem, viveu em inúmeros países. Isso aconteceu porque Mira veio de uma família judaica e os tempos não eram os ideais para os seguidores da religião. Em plena Segunda Guerra Mundial seus pais foram obrigados a fugir constantemente, até que em 1949 chegou em Porto Alegre e, anos depois, mudou-se para a sua “cidade natal” no Brasil, São Paulo.

Mira Schendel - Que Beleza

Mira Schendel - Que Beleza

Mira Schendel pintou até os 17 anos e só retomou a pintura quando chegou ao Brasil. Na época a arte era levada apenas como um meio de viver e sobreviver, mas com o passar dos anos se transformou na melhor maneira que ela tinha de se expressar.

Mira e o Brasil

Quando chegou ao Brasil, Mira permaneceu em Porto Alegre por 10 anos, onde trabalhou com design gráfico, pintou e trabalhou com esculturas em cerâmica. Por lá também trabalhou com uma vertente da arte que a acompanharia durante toda sua carreira: o poema e a literatura. As letras e as palavras acompanharam a arte de Mira até mesmo no interior de suas telas. Através delas a artista procurava a melhor maneira de transmitir o seu pensamento e o seu sentimento para suas obras.

Mira Schendel - A Volta de Aquiles

Mira Schendel - A Volta de Aquiles

De 1953 até o final de sua vida reside em São Paulo e é nessa época que cria suas séries de obras e realiza exposições dentro e fora do Brasil.

Uma carreira muito reconhecida e pouco planejada

Assim como seu início na arte, Mira nunca tentou ou fez questão de construir sua carreira de forma planejada. Apenas criou, sentiu e tornou palpáveis suas obras sensitivas e intuitivas, experimentou diferentes técnicas, diferentes materiais e produziu obras melancólicas, irreverentes, delicadas e que por muitas vezes os críticos tratam como algo de outro mundo. A profundidade e o movimento faziam parte das obras de Mira, assim como a filosofia e a teologia, que sempre a acompanhou.

Mira Schendel - Sem Título

“Cada pessoa vê como pode”

Muitas vezes teve seu trabalho criticado e demorou a ter um reconhecimento fora do Brasil, mas foi uma artista livre e tolerante, que não produzia para os críticos, não aprofundava suas obras para ser reconhecida, mas para expressar o que tinha em seu interior. Daí a frase: “Cada pessoa vê como pode!”, que deixa claro que não menosprezava a crítica de quem não enxergava o que ela queria passar, não se aborrecia por ela não poder enxergar, muito menos mudaria a sua forma de trabalho por isso.

Mira Schendel - Sem Título 2

Mira Schendel morreu em 1988 quando residia em São Paulo e, mesmo que tardio, seu reconhecimento internacional fez com que tivesse uma exposição póstuma em uma das mais importantes galerias de Arte Moderna do mundo, a TATE Modern, em Londres.

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Thu, 02 Dec 2021 00:35:23 +0000
<![CDATA[Senhoras e senhores, Di Cavalcanti]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/senhoras-e-senhores-di-cavalcanti/

Di Cavalcanti

Di Cavalcanti

Nascido no Rio de Janeiro no dia 6 de setembro de 1897, Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque Melo, ou apenas Di Cavalcanti, foi um dos maiores nomes da história das artes plásticas brasileiras que ficou conhecido principalmente por suas pinturas, ilustrações e caricaturas.

Em suas telas, além de caricaturas de famosos políticos e de figuras importantes do Brasil, estava o cotidiano dos brasileiros. O samba era muito presente. O dia a dia das pessoas era representado pelas figuras comuns do subúrbio, pelas mulatas, pelo carnaval, pelas favelas e pelos operários. Além de seu trabalho na arte, Di Cavalcanti também trabalhou como jornalista.

O primeiro trabalho de Di na arte se deu na Revista Fon-Fon. Nela, ele publicava charges que, em sua maioria, abordavam temas políticos. Com 16 anos já levava a arte como profissão e com 20 já realizaria sua primeira exposição individual. Na época, cursava direito em uma das faculdades mais importantes do Brasil: a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco.

Di Cavalcanti - Mulata Deitada

Di Cavalcanti - Mulata Deitada

A Semana de Arte Moderna de 1922

Sim, foi de Di Cavalcanti que partiu a primeira ideia de trazer uma das semanas de maior importância para a arte brasileira, se não a mais importante: A Semana de Arte Moderna de 1922. Sua ideia era trazer ao Brasil “uma semana de escândalos literários artísticos”. Foi aí que Di elaborou a capa do catálogo da exposição e no Teatro Municipal de São Paulo teve destaque expondo 11 importantes obras.

Di Cavalcanti - Capa do Catálogo da Semana de 22

Di Cavalcanti - Capa do Catálogo da Semana de 22

A evolução de sua carreira

No início de sua carreira é perceptível a utilização de tons escuros e personagens que carregam mistérios consigo. Com o passar dos anos, conheceu e frequentou o exterior, por onde obteve conhecimento e se deparou com o artista que teve maior influência em sua carreira: Pablo Picasso. Picasso trouxe às obras de Di mais cores e um ar mais leve, além de trazer uma das partes mais características de suas obras, a valorização de personagens humanos volumosos.

A partir da ida à Europa, Di traz também a influência do clubismo estrangeiro para suas obras e com o passar dos anos começa a trazer ainda mais a politização a suas telas. Tornou- se ainda mais engajado em temas político-sociais e filiou-se ao Partido Comunista do Brasil.

Di Cavalcanti – Favela

Di Cavalcanti – Favela

Influência, importância e talento

Sobrinho de José Carlos do Patrocínio, um importante abolicionista brasileiro que era amigo de pessoas importantes no cenário da época, como Olavo Bilac e Machado de Assis, chegou a ilustrar livros de Jorge Amado, Monteiro Lobato, Vinícius de Moraes, Mario de Andrade e Álvares de Azevedo. Além disso, foi convidado por Oscar Niemeyer para ilustrar os tapetes do Palácio da Alvorada.

Di Cavalcanti - Obra no Palácio da Alvorada

Di Cavalcanti - Obra no Palácio da Alvorada

Di Cavalcanti faleceu em 26 de outubro de 1976 em sua terra natal, o Rio de Janeiro.

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Mon, 08 Nov 2021 22:59:33 +0000
<![CDATA[Francisco Rebolo, o artista das telas e dos gramados brasileiros]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/francisco-rebolo-o-artista-das-telas-e-dos-gramados-brasileiros/

Francisco Rebolo

Francisco Rebolo

O paulista Francisco Rebolo nasceu em 1902, de uma família de imigrantes espanhóis e foi um reconhecido artista plástico brasileiro. Multifacetário, Rebolo ficou conhecido apenas pelo seu sobrenome. É considerado por muitos críticos como um dos maiores paisagistas da arte brasileira e foi um dos criadores do Grupo Santa Helena, junto com artistas como Mario Zanini.

Assim como Zanini, Rebolo começou seu contato com a arte com um curso de desenho com Giuseppe Barquita na Escola Profissional Masculina do Brás e foi aprendiz de decorador. Após os primeiros contatos com a arte, Rebolo se dedica à carreira de jogador de futebol, onde atua por importantes times da época até se tornar jogador do Corinthians.

Seu ateliê no Palacete Santa Helena é feito quando ainda era futebolista, o que demonstra que o artista sempre manteve o gosto pelo meio artístico e por lá sairia um dos mais importantes grupos da arte brasileira, o Grupo Santa Helena.

Francisco Rebolo – Natureza-Morta

Francisco Rebolo – Natureza-Morta

A arte

A decoração fez parte da carreira de Francisco Rebolo e foi o início de tudo. Já na década de 30, Rebolo começou seu envolvimento mais profissional com a arte pintando quadros em seu cavalete. As pinturas eram em sua maioria obras figurativas trazendo algumas naturezas-mortas. As paisagens e o realismo também eram temas de suas telas, chegando até mesmo a pintar sua profissão anterior, o futebol.

Francisco Rebolo – Bosque

Francisco Rebolo – Bosque

No início de sua carreira, suas obras apresentam cores mais escuras e as variações ainda são raras, fato que muda com o passar dos anos e com o aprimoramento de seu trabalho com o óleo, material mais comum em suas pinturas. Com seu amadurecimento, Rebolo insere mais e valoriza mais as cores e suas obras se tornam mais vivas.

Na metade da década de 30, Rebolo tem maior contato com um importante personagem de sua carreira, Mario Zanini. Juntos, anos mais tarde, formariam um dos grupos mais conhecidos da arte paulista, o Grupo Santa Helena.

Francisco Rebolo – Marinha

Francisco Rebolo – Marinha

O futebol

Ao contrário do que parece, Rebolo não teve uma carreira apenas dentro dos gramados no mundo do futebol. Ele também foi o responsável pela criação do emblema do clube em meados de 1930. Com apenas 1 metro e 62 de altura, Rebolo tinha talento nas mãos que pintavam e nas pernas que jogavam e em um dos anos mais importantes da história da arte brasileira chegou a vencer o Campeonato do Centenário da Independência do Brasil, em 1922.

Francisco Rebolo – Futebol

Francisco Rebolo – Futebol

Francisco Rebolo faleceu em sua cidade natal em 1980.

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Sat, 06 Nov 2021 19:55:08 +0000
<![CDATA[Os traços fortes e as obras características de Mario Zanini]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/os-tracos-fortes-e-as-obras-caracteristicas-de-mario-zanini/

Mario Zanini

Mario Zanini

Paulista da capital, Mario Zanini nasceu em 1907 e foi um artista plástico brasileiro que veio de uma família italiana humilde e teve grande reconhecimento. Seu contato com a arte iniciou cedo. Aos 13 anos de idade já iniciava um curso de pintura na Escola Profissional Masculina do Brás e dois anos após o curso começou a trabalhar como letrista, algo que o incentivaria a continuar em contato com o meio artístico.

Em 1924 começou a estudar desenho no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, o LAOSP e é a partir daí que Zanini começa a ter uma relação mais profissional com as artes plásticas. Nesse caminho, tem contato com Alfredo Volpi, Francisco Rebolo, Manoel Martins, Clóvis Graciano e até mesmo com o artista alemão Georg Elpons.

Mario Zanini - Sem Título

Mario Zanini

Pintor, decorador, ceramista e professor

Teve em Volpi, com certeza, uma de suas maiores influências e em suas pinturas é nítido o espelho em outros artistas com os quais teve convivência. Daí, Zanini traz às suas obras ideias e ambientes mais livres, com traços largos e a preferência do sentimento em detrimento da razão, ao mesmo tempo, tentando trazer um aspecto mais formal às telas.

Assim como foi presente na pintura, as outras facetas da carreira de Mario também tiveram influências de outros artistas. Com Rebolo, por exemplo, pintou e decorou ambientes residenciais.

Mario Zanini - Sem Título

Mario Zanini

O Grupo Santa Helena

De Rebolo e das constantes reuniões de artistas em seu ateliê, que era localizado no Palacete Santa Helena, surge a criação do Grupo Santa Helena. O grupo foi formado porque Mario e outros artistas se instalam por lá e se comunicam por ligações internas, com portas e corredores que ligam um ateliê a outro. Este grupo foi responsável por grande parte de uma renovação visual nas paisagens de São Paulo e a pintura de telas com naturezas-mortas e retratos.

 Mario Zanini - Natureza-Morta

Mario Zanini - Natureza-Morta

As Exposições e o Reconhecimento

Sua primeira exposição acontece em 1934, no Salão Paulista de Belas Artes e anos mais tarde já expõe como um artista conhecido e reconhecido. Mário de Andrade e Sérgio Milliet, por exemplo, já eram admiradores de seu trabalho.

Após a criação do Grupo Santa Helena, é premiado com a medalha de prata no 46o Salão Nacional de Belas Artes. Entre 1940 e 1948, faz exposições no Salão Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro. Mesmo tendo reconhecimento ainda novo, Zanini faz sua primeira exposição individual apenas em 1944, aos 41 anos de idade. A exposição ocorreu na galeria da Livraria Brasiliense, em São Paulo.

 Mario Zanini – Camponeses

Mario Zanini – Camponeses

Mario Zanini faleceu aos 63 anos de idade em sua cidade natal.

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Fri, 29 Oct 2021 03:07:45 +0000
<![CDATA[As obras democráticas e a céu aberto de Tomaz Viana]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-obras-democraticas-e-a-ceu-aberto-de-tomaz-viana/

Tomaz Viana

Tomaz Viana

Baiano de Salvador, Tomaz Viana é um jovem artista brasileiro muito reconhecido por seus grafittis. Dentro do grafitti, Toz, como é conhecido no meio artístico, também se propõe à criação de personagens e a partir deles a criação de objetos e esculturas.

Formado em Arte e Design, sua primeira exposição individual foi recente, em 2014, quando criou a exposição chamada de Metamorfose, no Centro Cultural Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro. Um ano depois expos no exterior, em Paris, desta vez na chamada Instalação Vendedor de Alegria.

Mesmo jovem e com sucesso recente, Tomaz vem mudando o entendimento da arte no Brasil junto com Speto, revolucionando o olhar sobre o grafitti e democratizando o acesso a obras, com artes a céu aberto e de fácil acesso a todos os brasileiros.

Tomaz Viana - Nina Alegria

Tomaz Viana - Nina Alegria

A céu aberto

Toz está no grafitti há mais de 20 anos e, desde que começou, se mantem presente em eventos artísticos dentro e fora do Brasil. A partir desses eventos iniciou o interesse por obras em grandes painéis a céu aberto. De lá para cá, obras foram expostas em importantes locais de importantes cidade do Brasil, como a fachada do Hotel Marina, no Rio de Janeiro e um muro gigante na Zona Portuária do Rio.

Tomaz Viana - Hotel Marina

Tomaz Viana - Hotel Marina

A influência dos pais e o início na arte

Tomaz começou na arte muito cedo, ainda na casa de seus pais e por influência deles. Sua mãe era estudante de artes plásticas e seu pai publicitário, mas foi ganhar seu sustento aos 18 anos, quando começou a trabalhar com quadrinhos, animação e arte. O grafitti surgiu em sua vida em meados dos anos 90 e foi o que realmente o conquistou, por considerar algo mais simples, de fácil acesso e que está em suas raízes, já que até os homens das cavernas pintavam as paredes.

Tomaz Viana – Matriarca

Tomaz Viana – Matriarca

A valorização da cultura

Toz é um artista que acredita no processo de renovação da arte e que trouxe temas culturais em suas obras, como em sua exposição “Insônia”, que traz a noite como personagem principal. Nas artes estão presentes os elementos que ela, a noite, sugere.

Em outra parte da exposição, Toz traz os cristais que significam essa junção de elementos que formam uma pedra preciosa, assim como os elementos que formam a cultura de determinada região.

Tomaz Viana - Insonia

Tomaz Viana - Insonia

Toz continua produzindo e expondo suas obras pelo Brasil. Hoje tem residência fixa no Rio de Janeiro e costuma fazer obras que mixam a cultura brasileira, principalmente as culturas de sua terra natal, a Bahia e de sua atual residência.

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Thu, 28 Oct 2021 00:59:21 +0000
<![CDATA[Paulo Pasta e as obras do tempo e de seu interior]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/paulo-pasta-e-as-obras-do-tempo-e-de-seu-interior/

Paulo Pasta

Paulo Pasta

Paulista de Ariranha nascido no ano de 1959, Paulo Pasta é um dos grandes nomes da arte brasileira atual. Pasta é muito reconhecido como um grande concretista e suas principais obras são abstratas. Considera-se um artista observador e auto espectador, ou seja, que analisa e admira o seu próprio trabalho ao mesmo tempo em que o faz.

Paulo produz obras que tem ligação mais com o tempo que com a cor ou a forma, uma obra de descobertas e uma comunicação interna. Por vezes uma conversa com o passado, suas obras em baixo relevo são como se ele cavasse para achar a obra que esta por baixo da que fazia no momento. Em outras, fez questão de cobrir partes da obra com a intenção de mostrar que o passado deixa vestígios.

Como a maior parte dos artistas, Paulo considera que mesmo uma obra produzida como uma cópia não é a igual à copiada, muito menos uma que não foi pensada como uma reprodução, desta maneira, considera que esteve em constante evolução no seu trabalho.

As paisagens e o início

Em seu inicio na arte, Pasta fez sua primeira exposição em 1984. Em suas obras, a maioria era de paisagens e obras figurativas, que foram deixadas de lado até 2015, quando elas voltaram a fazer sentido em sua carreira. Sentido este que ele considera como um caminho natural, como um percurso não programado, mas vivido. Mesmo com essa pausa e não se considerando um paisagista, Paulo considera que não houve ruptura nem fases distintas em sua carreira. O caminho percorrido sempre teve o mesmo ritmo e como grande parte de suas obras, suas paisagens voltaram a fazer sentido pela memória, pelo passado, pelo tempo.

Paulo Pasta – Paisagem

Paulo Pasta – Paisagem

O amadurecimento e a abstração

Durante a maior parte de sua carreira, Paulo trabalhou com abstrações. Como dito anteriormente, suas obras tem muito mais a ver com um pensamento, com um momento de seu passado do que com uma forma, técnica ou com uma cor. Em suas obras as formas presentes são disformes e assimétricas, mas a produção e a observação são nostálgicas e remetem ao passado de quem as fez e de quem as observa.

Para os críticos, suas obras remetem ao pensamento, à possibilidade de pairar sobre as ideias que já existiam no pensamento dos espectadores e sobre as que vieram com a observação, algo que para o artista é de suma importância, já que considera que “uma boa obra é aquela que causa silencio”.


O caminho acadêmico

Os primeiros passos de Pasta na arte se deram em 1978, quando começou a estudar artes plásticas na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, a ECA, e se forma em 1983, um ano antes de sua primeira exposição individual. Além da graduação, Paulo estudou desenho e gravura em metal com Evandro Carlos Jardim, aprendeu técnicas da gravura com Regina Silveira e pintura com Donato Ferrari e Carmela Gross.

Paulo Pasta - Sem Título

 

Leitor assíduo, Pasta costuma ler sobre a história da arte e suas técnicas, principalmente quando está planejando algum trabalho ou apenas quer aprender uma ou outra técnica, mas também gosta da literatura tradicional.

Paulo Pasta continua produzindo e suas obras estão em diversos acervos nacionais e internacionais, ou à venda nas principais galerias de arte do Brasil.

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Fri, 15 Oct 2021 02:20:54 +0000
<![CDATA[As esculturas ímpares e a carreira de Amilcar de Castro]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-esculturas-impares-e-a-carreira-de-amilcar-de-castro/ Amilcar de Castro

Amilcar de Castro

Mineiro de Paraisópolis, Amilcar de Castro nasceu em 1920 e foi um artista plástico brasileiro muito reconhecido por ser um artista multifacetário. Seus aprendizados no meio da arte surgiram não muito cedo, quando tinha 24 anos de idade. Amilcar iniciou um curso de Escultura Figurativa na Escola de Belas Artes de Belo Horizonte, após, por influência de sua família, cursar Direito na Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais, a UFMG.

Aos 30 anos se mudou para o Rio de Janeiro, onde focou na carreira artística. Nesse período obtinha no Jornal do Brasil seu sustento, sendo responsável por toda parte de diagramação. Em alguns anos reformulou totalmente a estrutura gráfica do periódico, trabalho de grande valor para o futuro do artista.

Mesmo sendo multifacetário, foi na escultura onde o artista teve seu maior reconhecimento e valorização. Amilcar teve como um de seus grandes mentores Franz Weissmann, outro grande escultor nascido na Áustria. Futuramente, Amilcar de Castro faria esculturas em importantes locais públicos pelo Brasil.

Amilcar de Castro - Escultura no MuBE - Foto Duda Carvalho

Amilcar de Castro - Escultura no MuBE - Foto Duda Carvalho

O Movimento Neoconcreto e os prêmios

Com o passar dos anos, as obras figurativas dele começam a dar lugar a peças mais abstratas. A representação do real passa a existir cada vez menos e as formas e objetos tomam seu lugar gradativamente, até que ele se torna um dos idealizadores do movimento neoconcreto, junto com seu mentor Franz Weissmann.

A partir daí se inicia uma das décadas mais importantes para a carreira do artista, a década de 50. Nela, Amilcar recebe importantes prêmios e expõe suas obras em exposições de renomados museus e locais ligados a arte. Dentre esses feitos, a medalha de bronze em Escultura no III Salão Baiano de Belas Artes, em Salvador e Exposições no Museu de Arte Moderna de São Paulo, o MAM-SP, e do Rio de Janeiro, o MAM-RJ.

Amilcar de Castro - Escultura no jardim do TCU

Amilcar de Castro - Escultura no jardim do TCU

A ida ao exterior e a carreira de professor

Em 1968 Amilcar vai aos Estados Unidos após receber uma bolsa no Memorial Foundation, como prêmio do Salão Nacional de Arte Moderna, o SNAM. Fato é que, além do estudo, outras sementes foram plantadas e o artista resolveu dividir seus aprendizados e partir para a carreira de professor, carreira esta que persistiu por 19 anos, de 1971, quando voltou ao Brasil e se fixou em Belo Horizonte a 1990, quando decidiu voltar o foco de sua carreira a produção de obras.

Amilcar de Castro - Escultura no MAM-RJ

Amilcar de Castro - Escultura no MAM-RJ

Podemos entender as esculturas de Amilcar muito melhor se as enxergarmos como algo do local onde ela está, muito mais do que do material pelo qual elas foram construídas ou pelas cores que foram colocadas em sua produção. Suas obras, principalmente as monumentais, são algo da natureza e fazem parte do meio que está ao seu redor, assim como a ação do tempo, que para ele é algo que não deve ser entendido como “corpo estranho” em suas esculturas.

Amilcar de Castro - Escultura em Dom Silvério

Amilcar de Castro - Escultura em Dom Silvério

Amilcar de Castro falece em novembro de 2002 na cidade de Belo Horizonte e valorizou importantes locais do território brasileiro com suas obras.

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Thu, 14 Oct 2021 02:44:12 +0000
<![CDATA[As obras culturais e a carreira leve e equilibrada de Fang]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-obras-culturais-e-a-carreira-leve-e-equilibrada-de-fang/ Fang

Fang

Nascido em 1931 na China e naturalizado brasileiro, Chen Kon Fang ficou conhecido apenas como Fang no território brasileiro e marcou sua trajetória como um dos maiores artistas da arte sumi-ê no Brasil. Além disso ainda seria reconhecido como um excelente ilustrador, gravador e professor.

Fang começou sua trajetória na arte aos quinze anos de idade quando começou a estudar a história da arte sumi-ê e pintura, ainda na China. Cinco anos mais tarde veio ao Brasil, onde dez anos depois se naturalizaria brasileiro.

Por aqui aprimora seus conhecimentos artísticos estudando pintura com o artista plástico Yoshiya Takaoka, em São Paulo. Oito anos após sua chegada, Fang realizaria sua primeira de muitas exposições individuais no Clube dos Artistas Plásticos de São Paulo. Nessa época, o chinês trabalhava com artes ligadas ao figurativismo, estilo este que seria deixado de lado por pouquíssimo tempo. Após um foco no abstracionismo Fang volta ao figurativismo que o acompanharia até o final de sua carreira.

Fang – O Menino

Fang – O Menino

A cultura e o equilíbrio

Fang se considerava metade chinês e sempre fazia questão de preservar a cultura de sua terra natal, como a caligrafia chinesa e o Tai Chi Chuan, importantes para suas obras e para que ele tenha paz e leveza durante o trabalho. Exercitar sua paciência e calma o ajudava em pinceladas mais lentas.

No início gostava de retratar favelas e sempre foi um pintor de paisagens e de arquitetura. Sempre destacou a importância do equilíbrio em suas obras, talvez um contraponto “uma parte pesada e outra leve” em um mesmo quadro, como é possível ver em sua obra “Cadeiras”, onde os objetos alocados em cima de cada cadeira se contrapõem e equilibram o peso da arte como um todo.

Fang – Cadeiras

Fang – Cadeiras

A arte de Fang

Durante toda sua carreira, Fang foi dono de uma arte leve, simples e que sempre foi acompanhada por suas origens chinesas, além de uma óbvia e irretocável técnica extremamente apurada, que o possibilitou ser referência na arte sumi-ê pelo mundo afora. Mesmo em obras simples, o chinês fez questão de destacar a importância da energia no momento de sua elaboração e produção.

Fang – Pássaros

Fang – Pássaros

Além das telas

Além de sua carreira como artista, Fang lecionou na Faculdade Belas Artes de São Paulo e em 1981, 9 anos após suas primeiras aulas, é feito um curta metragem como homenagem a ele chamado “O Caminho de Fang”. 4 anos mais tarde visita a China a convite do Governo Chinês, que visava valorizar locais e a história da arte chinesa.

Fang – Marinha

Fang – Marinha

Fang faleceu em 2012 na cidade de São Paulo e suas obras ainda são expostas e vendidas nas melhores galerias do país.

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Wed, 13 Oct 2021 01:36:11 +0000
<![CDATA[As fotografias, experimentos e obras democráticas de Geraldo de Barros ]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-fotografias-experimentos-e-obras-democraticas-de-geraldo-de-barros/ Geraldo de Barros

Geraldo de Barros

Paulista da cidade de Chavantes, Geraldo de Barros foi um artista plástico que se difundiu principalmente na pintura e na gravura mas que, além de outras ocupações, também trabalhou como designer de móveis e teve muito reconhecimento na fotografia.

Nascido em 1923, Geraldo começou na arte aos 22 anos de idade ao estudar pintura com o japonês Yoshiya Takaoka e com os artistas Clóvis Graciano e Colette Pujol. Na mesma época, começou a realizar experimentos fotográficos, fazendo cliques de jogos de futebol em periferias e produzindo artes com negativos, cortes e sobreposições no período pós revelação.

Algo que pode ser feito com facilidade nos dias de hoje como em programas como o Photoshop não era possível na época e, junto a seus aprendizados no curso de pintura, seriam o ponto de partida de Geraldo de Barros na arte.

Geraldo de Barros - They are playing - Poker face

Geraldo de Barros - They are playing - Poker face

A Fotografia

Foi na fotografia onde Geraldo de Barros teve o seu maior reconhecimento, mesmo que ele não tivesse um trabalho exclusivamente fotográfico, mas talvez fosse o seu maior diferencial.

Além de profissão, a fotografia foi talvez seu primeiro amor. Geraldo construiu sua própria câmera em meados de 1946 e com ela começou a produzir seus primeiros conteúdos fotográficos. A partir desse momento já é possível ver trabalhos em negativo e em revelação, realizando experimentos com cortes, colagens e associações entre imagens.

Geraldo de Barros - A menina do Sapato

Geraldo de Barros - A menina do Sapato

Além disso, Geraldo foi pioneiro da fotografia abstrata no Brasil. Nessas fotos é possível ver que ele trabalha com algo além do que é visualizado na imagem e começa a produzir obras mais reflexivas.

Geraldo de Barros - Abstrato, from the Fotorma series, Estação da Luz, São Paulo

Geraldo de Barros - Abstrato, from the Fotorma series, Estação da Luz, São Paulo

Dentro e à frente de seu tempo

Geraldo foi considerado um artista que esteve ligado diretamente aos temas e aos acontecimentos de seu tempo, como a construção do MASP e do MAM de São Paulo e do Rio de Janeiro. Trabalhou como ajudante de uma exposição do artista suíço Max Bill, importante artista do movimento concretista, que com sua presença pode mudar a percepção do concretismo no território nacional.

Dentro de uma percepção artística do que as obras trazem à sociedade, críticos analisam que Geraldo foi um modernista, já que acreditava que sua obra em si já representa a ideia. A arte não deve ser explicada ou contextualizada, mas deve, sozinha, apresentar e representar a ideia que o artista teve antes de fazê-la.

Talvez esse fato seja um reflexo de sua personalidade. Suas filhas dizem até que antes de fazer uma obra, Geraldo não gostava de explicar o que estava fazendo e pedia que elas esperassem para que ele mostrasse o resultado.

Geraldo de Barros - Cadeira desenvolvida por ele

Geraldo de Barros - Cadeira desenvolvida por ele

Além da fotografia

Além da fotografia, Geraldo teve um período de estadia na Europa, onde pode ter contato com a arte internacional da época, analisando o que poderia trazer de novo para cá.

Outro trabalho muito valorizado e reconhecido na carreira de Geraldo foi o design de móveis, onde já trabalhava com a ideia de democratização de bons produtos, indo além do preço e chegando em algo que ainda não podemos ver na sociedade, que é ser bom e ser acessível ao mesmo tempo. Com essa ideia, Geraldo já introduzia a possibilidade de produção em larga escala para os produtos que desenvolvia.

Geraldo de Barros - Sem título

Geraldo de Barros - Sem título

Geraldo de Barros faleceu em 1998, na cidade de São Paulo e até hoje tem suas obras nas melhores galerias e são realizadas exposições que valorizam seu trabalho e sua história.

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Tue, 12 Oct 2021 01:33:48 +0000
<![CDATA[A carreira artística e as fases de Dionísio Del Santo]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-carreira-artistica-e-as-fases-de-dionisio-del-santo/ Dionísio Del Santo

Dionísio Del Santo

Dionísio Del Santo nasceu no ano de 1925 na cidade de Colatina, no Espírito Santo, e foi um dos artistas plásticos de maior expressão na história da arte brasileira. Dionísio teve seus primeiros contatos com a arte em sua adolescência, quando produziu seus primeiros desenhos. Vindo de uma escola que valorizava a arte, o artista pôde, com o passar dos anos, se aprofundar com mais foco em técnicas que seriam importantes para sua carreira.

Em 1946, apenas um ano depois de fazer suas primeiras ilustrações, vai ao Rio de Janeiro e lá começa a estudar pintura, com aulas que lhe davam noções de arte, de técnicas de pintura com modelo-vivo e que também lhe permitiam entender mais sobre as cores e sua importância na arte.

Tais conhecimentos serviram de pontapé inicial para a carreira de Dionísio, que anos mais tarde já começaria a trabalhar com publicidade e artes gráficas e com o passar dos anos viria se tornar um importante nome da arte ligada a pintura, ilustração e gravura.

Dionísio Del Santo - Cavalo, mulher, criança

Dionísio Del Santo - Cavalo, mulher, criança

A fase abstrata de Dionísio

Um fato interessante de sua carreira e talvez até incomum se dá logo em seu início. Dionísio, ao contrário de outros artistas, já inicia sua obra com a temática abstrata, com o a valorização e o enriquecimento das formas geométricas e das cores, algo que podemos comparar à fase mais madura da carreira de Alfredo Volpi. Claro que este trabalho abstrato não aconteceu de forma exclusiva, mas ao contrário da maioria dos artistas, principalmente brasileiros, não houve um momento de virada onde o abstrato acabou sendo mais valorizado.

Com o amadurecimento de sua carreira, podemos ver surgir obras figurativas muito interessantes e talvez sejam elas que o tornaram um artista diferenciado. Em suas telas podemos ver pessoas, paisagens e momentos representados por figuras geométricas com cores chapadas, em uma representação única, algo que nitidamente partiu do abstrato para o real e não o contrário.

Dionísio del Santo - Composição com vacas

Dionísio del Santo - Composição com vacas

A gravura e a produção com relevo

O trabalho com a serigrafia também esteve presente durante toda a carreira do artista, que produziu muitas vezes a partir de um outro desenho, mudando algumas técnicas ou invertendo cores, onde se pode analisar a importância do diferente a partir de algo primário.

Com o tempo foi inserindo relevo em suas pinturas, principalmente pela influência dos artistas plásticos Jesús Rafael Soto e Carlos Cruz-Diez.

Dionísio del Santo - Escultura de Parede

Dionísio del Santo - Escultura de Parede

A Importância do artista no cenário nacional

Alguns críticos ligam a importância de suas obras aos trabalhos concretos, outros destacam a importância de sua carreira à maneira indefectível que produziu com a inserção da serigrafia.

Dionísio del Santo - Figura na Janela

Dionísio del Santo - Figura na Janela

Suas obras integram galerias pelo Brasil afora e fazem parte do acervo de importantes museus, como o MAM no Rio de Janeiro. Dionísio Del Santo faleceu em 1999, em Vitória, capital de seu estado natal.

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Mon, 04 Oct 2021 23:40:17 +0000
<![CDATA[As obras de um louco pela cor e as características de Carlos Cruz-Díez]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-obras-de-um-louco-pela-cor-e-as-caracteristicas-de-carlos-cruz-diez/ Carlos Cruz-Díez

Carlos Cruz-Díez

Nascido na Venezuela em 1923, Carlos Cruz-Díez foi um artista plástico e professor que teve sua carreira reconhecida mundialmente por ser tão diferente dos artistas plásticos que até hoje são muito conhecidos e valorizados. Desde criança esta era uma pergunta que pairava em seu pensamento: “Por que todos pintam da mesma maneira?” e foi com as respostas que ele criou que o fez diferente, fora da caixa, e a frente de seu tempo.

Díez começou seus primeiros trabalhos com arte em sua cidade natal, Caracas, e com o amadurecimento de sua carreira ficou conhecido como o Venezuelano Mestre das Cores, cores estas que com certeza são a principal marca de suas obras, unidas aos movimentos por elas causados.

Carlos Cruz-Díez – Sem Título

Carlos Cruz-Díez – Sem Título

A cor e a ilusão de ótica em conjunto

Considerado um louco pela cor, mais concentrado na cor do que na pintura e na obra em si, fez a cor significar mais que qualquer outro elemento. Isso fez dele um artista pioneiro também no aspecto da produção em escala. A valorização do lúdico foi uma das marcas registradas do venezuelano que também levava aos admiradores diversas possibilidades de artes que causavam ilusão de ótica.

Carlos Cruz-Díez - Banheiro Minimalista

Carlos Cruz-Díez - Banheiro Minimalista

A imersão em suas obras

Além das cores, Cruz-Díez realizava obras que permitiam a entrada, a imersão do espectador, muitas vezes trazendo a ideia de dualidade e a possibilidade de analisá-las através de pontos de vista diferentes, com a intenção de mostrar que mesmo aquilo que é analisado de perto pode ter outra interpretação, outro ponto de vista que também deve ser valorizado.

Carlos Cruz-Díez – Exposição

Carlos Cruz-Díez – Exposição

O movimento a diversificação e a exposição póstuma

Além das pinturas, Carlos realizou diversas exposições que continham fotos de sua produção. Muitas dessas fotos eram colocadas em preto e branco como um contraponto às suas pinturas, porém valorizando-as com o mesmo peso. Díez ainda foi um dos poucos artistas a receber uma exposição póstuma como homenagem. A exposição recebeu cada detalhe que ele deixou programado antes de partir, com sua característica mistura de cores que também acontecem a partir de jogos de luzes.

O movimento também é algo a ser valorizado dentro das obras de Díez. Analisando o movimento causado pelas linhas altamente coloridas de suas telas, ele nos leva ao movimento do espectador, que unido à ilusão de ótica proporciona um novo conjunto de cores causado pelas combinações introduzidas em suas telas.

Carlos Cruz-Diez – Dasartes

Carlos Cruz-Diez – Dasartes

Carlos Cruz-Díez faleceu em 2019 e suas obras se encontram em museus e sítios espalhados pelo mundo e continuam fazendo ilusão de ótica e abrilhantando seus espectadores com as mais diversas cores.

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Thu, 30 Sep 2021 18:43:06 +0000
<![CDATA[O trabalho e o valor de uma Gravura Assinada]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/o-trabalho-e-o-valor-de-uma-gravura-assinada/ Matriz de uma gravura

Matriz de uma gravura

A gravura é uma técnica muito comum e atualmente muito valorizada. Elas permitem que um artista dissemine suas obras de uma maneira que elas possam ter um valor mais acessível e ao mesmo tempo cheguem de forma ampliada até as paredes de quem gosta de seu trabalho.

O que são gravuras?

Para você que deseja saber mais sobre todos os tipos de gravura, suas diferentes técnicas e as mais diversas maneiras que um artista utiliza para gravar suas obras de forma original, acesse nosso artigo sobre as gravuras onde apresentamos tudo sobre a técnica. Por aqui abordaremos um pouco mais sobre o seu valor e sobre a forma de autenticação e fatores como sua numeração e ordem que foi produzida.

Imagem de uma gravura em madeira

Imagem de uma gravura em madeira

A gravura assinada

A gravura assinada nada mais é do que uma reprodução de uma obra do artista, porém, ao contrário do que muitos acham, não é uma reprodução escalada e fria. Cada gravura é uma obra única, assinada e numerada de acordo com a sua produção e com sua respectiva serie.

Outro pensamento muito comum é de que uma gravura é uma obra reproduzida e não original do artista, mas isso passa longe de ser verdade. O fato de ter varias reproduções de uma mesma obra não faz com que ela seja desvalorizada ou perca sua originalidade, pelo contrário, as gravuras reforçam que as obras sejam 100% originais e tenham 100% de fidelidade, passando por pericias no momento e apos a sua reprodução.

O impressor também é um profissional importante para a produção das obras. Um bom impressor tem conhecimento total dos processos necessários em cada tipo de gravura e normalmente trabalha de forma conjunta com o artista.

Gravura assinada e numerada - Tarsila do Amaral

Gravura assinada e numerada - Tarsila do Amaral

A numeração

Além de serem obras assinadas, com aspectos e características únicas, as gravuras também possuem numeração que tem valorizações diferentes entre si. Normalmente, a numeração aparece do numero da reprodução seguido pelo numero total de reproduções que a obra teve, desta maneira, quanto menor for o numero da impressão, normalmente mais valorizada a obra será.

Isso acontece porque as primeiras obras feitas são reproduzidas a partir de uma matriz sem desgaste, sendo uma obra mais fidedigna e sem “defeitos”.

Gravura assinada e numerada - Esther Grinspum

Gravura assinada e numerada - Esther Grinspum

A valorização

Nos dias de hoje, uma obra pode ser facilmente impressa ou copiada e é nesse momento que a gravura tem seu maior ponto de valorização. Ela revive o olhar artístico, a técnica, a originalidade e o seu real valor artístico.

Portanto, mesmo que sejam mais acessíveis, as gravuras carregam consigo o real valor de uma obra de arte e são normalmente o ponto de partida para quem quer colecionar obras.

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Mon, 13 Sep 2021 22:57:00 +0000
<![CDATA[A carreira do artista multifacetario Hector Carybé]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-carreira-do-artista-multifacetario-hector-carybe/

Hector Carybé

Hector Carybé

Hector Carybé nasceu na cidade de Lanús na Argentina, em 1911, e foi um artista plástico multifacetário que se difundiu principalmente na pintura e na ilustração, mas que também passou com destaque pela escultura, gravura e pelas técnicas com cerâmica, além de ser historiador e jornalista. Hector teve seus primeiros contatos com a arte com seu irmão Arnaldo Bernabó, que vivia no Rio de Janeiro e tinha um ateliê de cerâmica.

Assim como a relação precoce com a arte, Hector também conheceu o mundo muito cedo. Aos seis meses morava na Europa e passou por Roma e Genova, no País natal de seu pai. Logo após sua estadia na Itália, aos 8 anos de idade veio ao Brasil e ficou até seus 16, época na qual visitou seu irmão.

Mas foi em 1950 que Carybé virou a chave de sua vida. Veio definitivamente ao Brasil e fixou residência em Salvador, onde começou então a pintar e ilustrar obras ligadas ao candomblé e à cultura baiana. Mesmo não sendo um religioso, seguia a cultura e fazia tudo aquilo que os religiosos julgavam como correto, até que se naturalizou brasileiro.

Hector Carybé - Fim de Tarde

Hector Carybé - Fim de Tarde

Além da América do Sul

Muitos dizem que Hector Carybé é o argentino mais brasileiro da história e isso é devido a dois principais fatos de sua história: o primeiro e talvez mais importante é o seu amor a primeira vista por Salvador e o segundo se dá pela falta de contato com sua terra natal. Carybé só conheceu a argentina realmente aos seus 18 anos de idade, depois de voltar do Brasil. Mesmo após sua volta, não se fixou realmente por lá, pois era funcionário do jornal Pregón e viajava o mundo escrevendo anedotas que representavam a cultura desses países e desses povos.

Críticos consideram que essas passagens por diversos países e o conhecimento de diversas culturas tenha sido crucial para que Hector tivesse suas veias artísticas instigadas. Durante as viagens, Carybé tinha extremo contato com as manifestações artísticas mais comuns de cada local, ao mesmo tempo conhecia as técnicas, os artistas e o povo, algo que é ponto de partida para alguém que trabalha com arte.

Hector Carybé - Comadres

Hector Carybé - Comadres

A vinda ao Brasil

Como visto, a vinda em definitivo de Carybé ao Brasil se deu em 1950, mas o gostinho por Salvador e por sua cultura veio mais cedo, quando trabalhava no periódico Pregón e viajava o mundo, como visto nos parágrafos anteriores. Em uma dessas viagens ficou um tempo pela Bahia e se apaixonou pelo que viu e pela energia que sentiu, fato que se repetiu algumas vezes e a vontade de se mudar em definitivo para as terras soteropolitanas só foi aumentando até que se concretizasse em 1950.

Foi em Salvador que o argentino teve seu real reconhecimento no mundo da arte e até mesmo se reconheceu como um verdadeiro artista plástico. Suas obras foram estampadas com as praias, o candomblé, as rodas de capoeira, as cores e a luz das terras baianas. Nas pinturas, Carybé se desenvolveu muito na aquarela e continuou sendo multitécnicas, se desenvolvendo na pintura, na gravura e também na escultura.

Hector Carybé – Caçada

Hector Carybé – Caçada

Os prêmios, as obras conhecidas e o reconhecimento de Carybé

Em 1955 Carybé ganhou o prêmio de melhor desenhista na Terceira Bienal de São Paulo. Além disso produziu ilustrações para publicações de escritores reconhecidos e para livros que tiveram grande circulação, como Gabriel García Márquez e Jorge Amado.

Além de fazer ilustrações para livros, Hector também escreveu livros como "Olha o Boi" e junto com Jorge Amado escreveu a obra "Bahia, Boa Terra Bahia". O argentino baiano também produziu roteiros e dirigiu artisticamente peças de tetro e obras cinematográficas.

Hector Carybé - Asa-delta

Hector Carybé - Asa-delta

Carybé morreu em 1997 em Salvador e deixou mais de 5 mil obras para a história da arte brasileira.

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Sat, 11 Sep 2021 18:51:51 +0000
<![CDATA[Além da Bahia e da África: as esculturas da Emanuel Araújo]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/alem-da-bahia-e-da-africa-as-esculturas-da-emanuel-araujo/ Emanoel Araújo

Emanoel Araújo

Emanoel Araújo teve sua entrada na carreira artística pela profissão de seu pai, que era ourives, e isso caminhou para os aprendizados com o trabalho em madeira, fazendo um curso de marceneiro com Eufrásio Vargas. Este curso marcou o ponto de partida do baiano para os trabalhos com escultura.

Mas logo após fazer o curso Emanoel começou a trabalhar com a escultura? Não, pelo contrário! O artista passou por inúmeras outras vertentes da arte antes de focar na escultura, principalmente pelo gosto que tem pela cultura africana e baiana, o fazendo representar de maneira única tais estilos de vida e até mesmo a natureza de tais regiões.

Emanoel Araújo - Sem Título

Emanoel Araújo - Sem Título

O curso de Arquitetura

A partir de 1960, seus aprendizados se inclinaram ainda mais para que sua carreira tivesse foco nas esculturas. Emanoel foi morar na capital de seu estado, Salvador, e iniciou uma Graduação em Arquitetura ao mesmo tempo em que ingressava na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, a UFBA.

Tais fatos podem trazer a seguinte reflexão: a nutrição entre os aprendizados sempre fez com que Emanoel Araújo tivesse uma visão diferenciada sobre o que aprendia em uma e outra faculdade, unindo os aprendizados estruturais aos conceitos de arte e vice versa, o que o tornaria um profissional das esculturas diferenciado.

Emanoel Araújo - Geometria do Medo

Emanoel Araújo - Geometria do Medo

Assim como em suas pinturas, desenhos e as consequentes gravuras, Emanoel também trouxe a abstração para suas esculturas, uma marca de seu trabalho até os dias de hoje.

Emanoel Araújo - Estrutura Vermelha

Emanoel Araújo - Estrutura Vermelha

Genial não apenas nas esculturas

Mesmo tendo recebido diversos prêmios como escultor e muitas vezes ocupado cargos importantes devido a sua relação com a escultura, muitos críticos consideram que ele foi um artista absolutamente completo, fato que também pode ser comprovado por outras formas de reconhecimento e prêmios que recebeu, como título de Melhor Gravador pela Associação Paulista de Críticos de Arte em 1973.

Emanoel Araujo - Escultura em Resina Translucida Vermelha

Emanoel Araujo - Escultura em Resina Translucida Vermelha

Confira a relação de Emanoel Araújo com suas obras, outras fases de sua rica carreira que caminha a passos largos até os dias de hoje, e, como ela anda hoje com cargos de gestão em importantes museus brasileiros em sua biografia completa. "A Bahia, a África e as Grandes e Grandiosas obras de Emanoel Araújo"

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Sat, 11 Sep 2021 00:04:20 +0000
<![CDATA[A Polêmica, inovadora e completa carreira de Flávio de Carvalho]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-polemica-inovadora-e-completa-carreira-de-flavio-de-carvalho/ Flávio de Carvalho

Flávio de Carvalho

Nascido no ano de 1899 em Amparo da Barra Mansa no Rio de Janeiro, Flávio de Carvalho foi um artista brasileiro multitécnicas, curiosamente formado em engenharia e que também evoluiu seus trabalhos para âmbitos que vão além do obvio.

Filho de pais empreendedores do ramo do café e que sempre foram motivo de muito orgulho para ele, Flávio se mudou para São Paulo com a família com apenas 1 ano de idade e foi por lá que teve seu primeiro contato com o meio artístico, ainda longe das telas, mas algo de grande valor para a época e para sua carreira, quando realizou um curso particular de violino. Aos 12 anos vai para a Europa e primeiro fica em Paris. Já adulto e na Inglaterra, obtém o diploma de Engenharia na Universidade de Durham.

Seu curso de engenharia aconteceu durante o período da Primeira Grande Guerra, quando ficou preso na Inglaterra sem os pais e sem documentos e acabou tendo seu segundo contato com aprendizados artísticos. Em Londres aprendeu teatro, algo que seria muito importante para seus futuros trabalhos como cenógrafo. Foi lá também que aprendeu importantes técnicas dos arquitetos Bauhaus e Le Corbusier que também seriam de suma importância para sua carreira.

Flávio de Carvalho - Sem Título

Flávio de Carvalho - Sem Título

O retorno ao Brasil, a arquitetura e o início da carreira

Na volta ao Brasil, Flávio presenteia sua mãe com uma casa em Valinhos por ele projetada, seu primeiro projeto, com marcas claras da arquitetura inglesa. Nesta cidade se encontra outra casa também por ele projetada que muitos críticos consideram sua mais importante obra, a Casa da Fazenda Capuava um dos projetos pioneiros da Arquitetura Moderna brasileira.

Participou de diversos concursos de arquitetura e mesmo sem vencer nenhum deles sempre trouxe algo inovador e incomum para a época. Talvez não fosse vencedor porque aqueles que julgavam suas obras ainda não estivessem preparados para as avaliar.

Flávio de Carvalho - Casa da Fazenda Capuava

Flávio de Carvalho - Casa da Fazenda Capuava

As telas, a personalidade e a escrita de Flávio

Além de ser uma obra de arte da arquitetura brasileira, a Casa da Fazenda Capuava também era o local onde Flávio fazia seus desenhos durante suas festas e “eventos”. Nas obras estavam presentes em grande maioria mulheres nuas que eram pintadas em locais da “Máquina de Morar”, apelido carinhoso dado à casa pioneira na arquitetura moderna do Brasil. Tais pinturas aconteciam sem cerimonia, com no máximo um pano que servia de porta e cortina para que os funcionários ou curiosos não invadissem a privacidade das mulheres que eram por ele desenhadas.

Outra parte muito conhecida de sua vida foi uma manifestação solo durante uma procissão de Corpus Christi. Durante a procissão, Flávio caminhou em sentido oposto ao da passeata, vestindo apenas um chapéu e uma saia, o que seria de extremo desrespeito para a cultura dos católicos que ali estavam. Mais tarde escreveu um livro sobre o que passou naquele momento, tendo que sair de lá escoltado pela polícia pois havia transformado uma passeata que tinha o intuito de paz em um quase linchamento pelos religiosos, querendo mostrar a hipocrisia deles.

Flávio de Carvalho – Mulheres

Flávio de Carvalho – Mulheres

Pioneiro e inovador

A inovação e o pioneirismo sempre fizeram parte dos trabalhos da carreira de Flávio de Carvalho, desde a forma como desenhou seu primeiro projeto, até a serie de desenhos que produziu ilustrando a morte de sua mãe. Desta maneira podemos considerar que a polemica esteve presente em suas obras tanto quanto a inovação e o pioneirismo.

Flávio de Carvalho - Série Trágica - Minha Mãe

Flávio de Carvalho - Série Trágica - Minha Mãe

Flávio faleceu em Valinhos no ano de 1973 e sua casa é tombada pelo patrimônio histórico da cidade.

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Fri, 10 Sep 2021 02:15:01 +0000
<![CDATA[As obras concretas, os fundos negros e a carreira de Lothar Charoux]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-obras-concretas-os-fundos-negros-e-a-carreira-de-lothar-charoux/ Lothar Charoux

Lothar Charoux

Pintor, ilustrador e professor, Lothar Charoux nasceu na Áustria em 5 de fevereiro de 1912 e veio ao Brasil quando tinha 16 anos de idade. Seus primeiros conhecimentos artísticos surgem antes de vir ao Brasil, quando estudou técnicas da arte com seu tio Siegfried Charoux, escultor austríaco e dois anos após chegar ao Brasil Lothar continua seus estudos no meio artístico.

Se fosse brasileiro, Lothar seria paulista e foi em São Paulo que ficou durante toda sua vida. Lá aprimorou seus aprendizados na arte no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, o LAOSP, local onde seria o responsável pelas aulas de desenho no futuro. No Liceu conhece Waldemar da Costa, artista plástico modernista do Pará que teve muito sucesso dentro e fora do Brasil e que foi responsável pelos seus aprendizados na técnica da pintura 12 anos depois de sua chegada.

Lothar Charoux - Sem Título

Lothar Charoux - Sem Título

O início da carreira e as influências

No início de seus trabalhos, principalmente pelo aprendizado com Waldemar da Costa e por sua influência direta sua obra é essencialmente figurativa, mas isso não seria algo que o acompanharia por muito tempo. Mesmo com tais influencias, as telas de Charoux traziam algo surrealista para o figurativo, ou seja, passavam um pouco do real e caminhavam para o que vai além dele.

Isso acontece até mais ou menos o ano de 1947, quando realizou sua primeira exposição individual na Galeria Itapetininga. No ano seguinte, Charoux já partiria para a fase mais característica de sua carreira com as obras construtivas.

Lothar Charoux – Refração

Lothar Charoux – Refração

O Concretismo de Charoux

Para os críticos, a obra concreta de Charoux foi crucial para o movimento concretista do Grupo Ruptura, que atingiu seu ápice com sua participação e com suas obras que valorizavam os elementos do concretismo como a linha, as formas e o movimento. Além de Lothar, outros nomes foram fundamentais para o movimento como Geraldo de Barros e Waldemar Cordeiro.

Lothar Charoux – Série Branca

Lothar Charoux – Série Branca

Outro ponto muito valorizado de suas obras foram a falta de temática. Isso mesmo: a falta. Enquanto muitos artistas do mesmo tom de Charoux empregavam temáticas ligadas ao cotidiano, às formas da natureza, às religiões e até mesmo episódios bíblicos, Lothar trazia aquilo que era essencialmente abstrato e, mesmo sem que fizesse referencia a outras questões, era facilmente considerado como algo genial pela crítica e pelo público.

Lothar Charoux – Composição

Lothar Charoux – Composição

Os Fundos Negros

As telas com fundos negros de Lothar Charoux são comumente apresentadas quando alguém deseja mostrar algo característico do artista. Críticos consideram que elas exploravam a oposição das cores e valorizava a maneira antagônica pela qual tais elementos eram frequentemente tratados. Assim, além dos traços, dos elementos, da cor e da forma, Charoux valorizava algo que no meio concretista não podia ser muito valorizado: a luz.

Lothar Charoux - Sem Título

Lothar Charoux - Sem Título

Talvez o maior legado de Lothar Charoux para a arte tenha sido o uso de elementos não muito utilizados nos movimentos pelos quais passou. Charoux buscou inovar e trazer algo inusitado, assim como fez com a luz e a cor de suas obras de fundos negros. Lothar Charoux faleceu em São Paulo no ano de 1987.

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Thu, 02 Sep 2021 02:15:48 +0000
<![CDATA[As obras fortes e repletas de sentimentos de Farnese de Andrade]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-obras-fortes-e-repletas-de-sentimentos-de-farnese-de-andrade/

Farnese de Andrade

Farnese de Andrade

Mineiro de Araguari, Farnese de Andrade nasceu no ano de 1926. Teve seus primeiros contatos com a arte perto dos 20 anos de idade, após sua mudança para Belo Horizonte, onde estudou desenho na Escola do Parque com Guignard.

Mas foi no Rio de Janeiro que ele levou a arte como uma verdadeira profissão, conciliando-a com os estudos. A relação de Farnese com a capital carioca começou a partir de um episódio árduo de sua vida: A descoberta da Tuberculose e a então busca por tratamento na Cidade Maravilhosa. Lá trabalhou na imprensa e aumentou suas técnicas na arte fazendo ilustrações para jornais e revistas como a Manchete, o Jornal das Letras, o Diário de Notícias e a Revista Branca.

Após frequentar o Ateliê de Gravura do MAM, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e aprender muitas técnicas com Johnny Friedlaender, incluiu a gravura no seu repertório. Nesta época, Farnese era ligado a uma obra marginal, fato que persistiu por boa parte de sua carreira. Independente dessa classificação, era capaz de trazer como ninguém o sentimentalismo do espectador às suas obras fortes, densas, tensas e únicas.

Farnese de Andrade - Sem Título

Farnese de Andrade - Sem Título

Os temas de Farnese

Dono de temas ligados ao erotismo, à sexualidade e a sentimentos extremamente próximos de qualquer pessoa, Farnese produzia obras com um ar pesado e intrigante, como personagens que vão ao fundo dos olhos de quem as vê. Foi um artista que explorou os aspectos mais humanos do ser, como a vida e a morte.

Farnese de Andrade - Sem Título

Farnese de Andrade - Sem Título

Críticos consideram que a intenção de Farnese ao fazer uma obra é buscar e atingir o interior de seus admiradores, trazendo o sentimento de quem observa a obra para dentro dela e vice-versa. Descobrindo a beleza e as dificuldades da vida ao mesmo tempo, ou em um mesmo momento de admiração artística.

Em 1968, participa da Bienal de Veneza com obras das Séries “Erótica” e “Genética”, anos depois confiscadas pelos militares.

Farnese de Andrade - Sem Título

Farnese de Andrade - Sem Título

As esculturas e objetos de Farnese

Após os anos 60 partiu para os objetos e esculturas, época na qual já tinha enorme reconhecimento na arte, já tendo participado de importantes exposições pelo Brasil. Focou nos objetos tridimensionais, mas não abandonou naquele momento outras técnicas como as suas importantes pinturas, gravuras e o desenho, que foi responsável por o levar a ser premiado internacionalmente. Em uma outra fase, após os anos 80, direcionou sua obra quase que exclusivamente à escultura.

Farnese de Andrade - Vidro, Cabeça de Boneca, Miçangas

Farnese de Andrade - Vidro, Cabeça de Boneca, Miçangas

Além da arte

Farnese não empregava sua personalidade apenas em suas telas ou obras, pelo contrário, partia também para opiniões sobre a vida, sobre o que vem depois dela e sobre o pensamento humano. Afirmava que a descrença na morte como uma transição para a reencarnação impedia a crença na felicidade plena.

Farnese de Andrade - Sem Título

Farnese de Andrade - Sem Título

Farnese de Andrade foi dono de uma carreira única, com vasta produção em qualidade e quantidade. Tratou de temas não abordados por outros artistas e produziu obras sem referencias anteriores e posteriores. O Artista faleceu no Rio de Janeiro em 1996, quando tinha exatos 70 anos de idade.

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Wed, 01 Sep 2021 00:19:10 +0000
<![CDATA[A carreira e as obras do poeta das telas Milton Dacosta]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-carreira-e-as-obras-do-poeta-das-telas-milton-dacosta/

Milton Dacosta – Auto-Retrato

Milton Dacosta – Auto-Retrato

Natural de Niterói, Milton Dacosta nasceu em 1915 e foi um artista plástico multifacetário que se difundiu principalmente nas técnicas da pintura, gravura e ilustração. Logo aos 14 anos teve seus primeiros aprendizados artísticos quando estudou pintura e ilustração com o professor alemão August Hantv. Começou a carreiraa com pinturas figurativas, caminho comum mesmo entre os artistas que se difundiram com obras abstratas, como Milton Dacosta.

Aos 21 anos Dacosta já faria sua primeira exposição individual no Rio e nos anos seguintes, com uma carreira mais difundida e renomada, recebeu um prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Belas Artes e foi a Nova Iorque, capital onde muitos outros artistas brasileiros aprenderam e valorizaram seus conhecimentos artísticos. Lá, estudou na Arts Students League of New York.

Após a estadia nos Estados Unidos, vai para a Europa e se muda para Paris, onde mora por alguns anos. Através da amizade com Cícero Dias, conhece Pablo Picasso. Após alguns anos volta para o Brasil e vai a São Paulo para viver um casamento com a também artista Maria Leotina.

Milton Dacosta - A Piscina

Milton Dacosta - A Piscina

O Construtivismo Lírico de Milton Dacosta

Muitos críticos consideram Dacosta como um construtivista lírico, ou seja, um artista que traz em suas abstrações uma ideia poética, com a sobriedade e elegância das formas e das cores que nela estão. Milton considera que a cor que coloca em suas obras são elementos que saem de dentro de si e não dos materiais ou da tinta que são impressas nas telas.

Assim como o ar lírico de suas obras vem das formas e das cores de suas obras, o sentimento de afeto e ternura misturados com um pouco de mistério estão presentes em suas obras e são levados a quem as admira com a inserção de linhas que dão base e são sustentação aos elementos nela presentes, dando um sentimento íntimo e intrigante.

Milton Dacosta - Em Azul

Milton Dacosta - Em Azul

O reconhecimento da carreira

Na metade de sua carreira, os críticos já o consideravam como “Mestre da Arte Moderna brasileira”. Seu auge vem na mesma época, mais ou menos aos seus 35 anos de idade quando já produzia obras essencialmente construtivistas com as características apresentadas nos parágrafos anteriores.

Milton Dacosta - Em Branco

Milton Dacosta - Em Branco

Mesmo que hoje suas principais obras sejam consideradas abstratas, a figuração esteve novamente em sua carreira na época de seu ápice. Muitos chegam a considerar que a figuração foi responsável por tornar suas abstrações mais conhecidas perante o grande publico, já que elas aparecem na mesma época. Real ou não, fato é que tais figurações voltaram ao repertório de Dacosta após sua estadia na Europa com sua esposa. Após a sua volta, Milton trouxe às suas próximas exposições uma serie de naturezas-mortas.

Milton Dacosta - Ouro Preto

Milton Dacosta - Ouro Preto

O mistério, a intimidade a poesia e o fator lírico das obras de Dacosta talvez tenham sido sua maior contribuição para a história da arte. Milton Dacosta faleceu em 1988 e suas obras permanecem nas melhores galerias de arte do país.

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Tue, 31 Aug 2021 00:34:38 +0000
<![CDATA[A inserção tardia e extremamente importante das gravuras nas reconhecidas obras de Burle Marx]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-insercao-tardia-e-extremamente-importante-das-gravuras-nas-reconhecidas-obras-de-burle-marx/

Burle Marx

Burle Marx

Nascido em São Paulo no dia 4 agosto de 1909, Roberto Burle Marx foi um artista plástico brasileiro multifacetário e dono de uma carreira de sucesso passando pelas mais diversas vertentes e técnicas da arte. Com inúmeros projetos de paisagismo pelo mundo a fora, Burle Marx passou também pela pintura, pela gravura, pela tapeçaria e pelo mercado de joias e ficou conhecido por seu trabalho internacionalmente.

O paisagismo talvez tenha sido a principal função de Burle Marx como trabalhador da arte. O foco e a disciplina no estudo da paisagem brasileira, com seus mais diferentes biomas, possibilitaram a Marx executar trabalhos por toda extensão do planeta.

Burle Marx - Sem Título

Burle Marx - Sem Título

A tardia e saborosa técnica da gravura

Além do paisagismo, Burle Marx demonstrou seu talento nas técnicas da pintura e da gravura. A gravura foi uma influência clara e assumida de Picasso em sua relação com a arte, mas não deram a Burle o mesmo reconhecimento popular que o paisagismo.

É nítido que tal reconhecimento na técnica da gravura não chegou até ele por seu foco tardio na produção. Apesar da influência de Picasso, Marx começou a gravar aos 70 anos de idade e realizou suas primeiras produções no Ateliê Camargos, em São Paulo, pelo qual muitos artistas passavam para realizar suas impressões e que eram surpreendidos pela presença de Burle naquele momento. Mesmo com o avanço da idade, Burle Marx “pegou o jeito” da técnica rapidamente e com ela valorizou ainda mais seu repertorio com litografias, gravuras em metal e serigrafias.

Burle Marx - Sem Título

Burle Marx - Sem Título

Reconhecido, valorizado e importante

Apesar de não ser popularmente lembrado pelas Gravuras, sem sombra de dúvida as obras de Burle Marx foram extremamente valorizadas e reconhecidas em vida. Seja no meio do paisagismo, na gravura ou em outras técnicas, Burle conseguiu diversificar seu repertorio e obter sucesso em tudo que se dispunha a fazer.

No Rio de Janeiro podemos presenciar as obras do Calçadão de Copacabana, talvez a calçada mais importante do mundo, o Largo Carioca, o paisagismo no Aeroporto Santos Dumont e o Jardim Suspenso no Aterro do Flamengo também foram de sua autoria.

Burle Marx - Sem Título

Burle Marx - Sem Título

Em São Paulo, Burle valorizou a paisagem da cidade com os Jardins do Ibirapuera, com o trabalho de Paisagismo no Parque da Pampulha e no Ministério da Educação. Sua obra também está presente em lugares de destaque para além do território nacional, como no Jardim Botânico de Nova Iorque.

Burle Marx faleceu no Rio de Janeiro em 1994.

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Thu, 19 Aug 2021 23:31:12 +0000
<![CDATA[As Pinturas Gráficas de Rubem Valentim]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-pinturas-graficas-de-rubem-valentim/ Rubem Valentim

Rubem Valentim

Baiano de Salvador, Rubem Valentim nasceu em 9 de novembro de 1922 e foi um pintor brasileiro reconhecido por suas pinturas gráficas e características de um geometrismo construtivista de formas e cores marcantes. Pinta desde muito jovem, desde seus 9 ou 10 anos de idade, quando aprende com um pintor de casas a fazer sua própria tinta, a tempera.

Nos anos seguintes, quando já praticava a pintura realizando paisagens e naturezas, começou seus primeiros estudos e contatos com inúmeros outros artistas para que seu trabalho fosse enriquecendo. Com conhecimento obtido, entendeu que não deveria passar o restante de sua carreira copiando paisagens e migrou para obras mais abstratas, através das quais realizava um trabalho que ele tratava como linguagem não verbal, inserindo e representando seu sentimento e suas sensações na tela com formas e cores que determinavam e ao mesmo tempo espelhavam o seu estado de espirito.

Através de uma linguagem artística universal, mostrou a parte mais Africana e Baiana do Brasil com uma pintura forte, simbólica e erudita, representada pelos frequentes elementos do candomblé estampados em suas telas.

Rubem Valentim - Sem Título

Rubem Valentim - Sem Título

As cores chapadas e as formas

Da mesma formas que em seus quadros, as cores representavam seu interior. Elas não sofreriam variações de tonalidade: o branco era exclusivamente branco, o preto exclusivamente preto e o amarelo exclusivamente amarelo. Sua ideia através desse pensamento seria que uma obra que trouxesse o sentimento de bem-estar e felicidade não pudesse trazer consigo outro sentimento se não aquele.

Rubem Valentim - Sem Título

Rubem Valentim - Sem Título

Mesmo com essa preocupação com as cores, muitos críticos consideram que elas não eram o principal elemento de suas obras, mas sim as suas formas geométricas, pelas quais ele se comunicava e representava o que ele era como pessoa e como artista. Por meio delas, expressava-se e passava elementos e sentimentos de sua religião, de seu vasto conhecimento, de seu cotidiano e do lugar de onde veio. Rubem Valentim representou pelas formas geométricas tudo o que Alfredo Volpi representou pelas cores.

Rubem Valentim - Emblema

Rubem Valentim - Emblema

As mudanças, o aprendizado e a carreira

Sendo um pintor autodidata, Rubem não tem grandes formações artísticas. Fora de sua principal profissão, resolveu cursar jornalismo e escreveu sobre o que mais gostava: a arte. Após a formação em jornalismo, vai ao Rio de Janeiro onde junto com Carlos Cavalcanti leciona no Curso de História do Instituto de Belas Artes.

Rubem Valentim - Estudo para Serigrafia

Rubem Valentim - Estudo para Serigrafia

Foi no Rio de Janeiro que inseriu em seu repertorio a escultura. Começou a fazer pinturas com a inserção de relevos na tela e partiu para a escultura em madeira com trabalhos visualmente muito característicos de sua história na pintura.

Após essa jornada, Valentim recebe o importante prêmio de viagem ao exterior no Salão Nacional de Arte Moderna e por 4 anos mora em Roma na Itália.

Unindo elementos e técnicas inseridos por toda a extensão de sua carreira, pelas influencias obtidas através dos lugares por onde morou e pelas pessoas com as quais conviveu, foi em 1977 que muitos críticos consideram que atingiu seu auge, apresentando na 16ª Bienal Internacional de São Paulo a obra “Templo de Oxalá” que unia relevos e objetos simbólicos e predominantemente brancos.

Rubem Valentim – Templo de Oxalá

Rubem Valentim – Templo de Oxalá

Aos 69 anos Rubem Valentim faleceu e deixou Bené Fonteles, seu parceiro de profissão e religião, como “Guardião de Suas Obras”.

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Thu, 19 Aug 2021 02:49:30 +0000
<![CDATA[A miragem hipnótica das obras morfológicas de Armarinhos Teixeira]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-miragem-hipnotica-das-obras-morfologicas-de-armarinhos-teixeira/

Armarinhos Teixeira– Foto: Diário da Manhã

Armarinhos Teixeira– Foto: Diário da Manhã

Armarinhos Teixeira é um artista visual brasileiro que ficou conhecido e foi muito reconhecido por suas exposições que valorizam e são baseadas na morfologia de vários tipos de materiais, sempre levando em conta a sua percepção sobre o tema que quer explorar. Armarinhos retrata cidades, a terra, o oceano e os seres que o habitam.

Nascido em São Paulo em 1975, Armarinhos foi influenciado desde muito cedo pela arte, com pais que tinham contato com a arte e pelo trabalho de seu pai como engenheiro e por considerar que sua mãe, mesmo antes de ter contato com trabalhos artísticos, tinha um conhecimento estético e de design muito grande. Aos 7 anos de idade, Teixeira entra no Centro Cultura São Paulo e dá o pontapé inicial em sua jornada no meio artístico.

Na obra de Armarinhos há a completa intenção de representar miragens e ativar no espectador uma hipnose sobre algo que já viu, talvez como uma sensação de Dejavu. Porém, muitas vezes há a representação de locais onde o humano não habita, onde não é comum que ele esteja, como as florestas e o fundo do mar.

Armarinhos Teixeira – Proteína Estimulada

Armarinhos Teixeira – Proteína Estimulada

A morfologia das obras

Para realizar seu trabalho, Armarinhos faz pesquisas de campo e literárias sobre o meio que ele quer representar, buscando entender como funciona o dia a dia e quais são os elementos que circundam tal local. Já que muitas vezes as obras representam a cidade na qual ele expõe a obra, a ideia é causar uma sensação de pertencimento e de representação daquele conjunto de arte em quem as vê.

Armarinhos Teixeira - Sem Título

Armarinhos Teixeira - Sem Título

Ao mesmo tempo, ele trabalha em cima de uma serie de estruturas de pensamentos que o próprio tem sobre os meios nos quais os animais e os seres humanos vivem. Por exemplo: quando representa um oceano, mostra em suas obras os animais que lá estão como as lulas e águas vivas. Assim como quando representa uma cidade, faz questão de incluir elementos que fazem menção a seres e objetos que na maioria das vezes são esquecidos durante o cotidiano de quem ali mora.

Armarinhos Teixeira – Epílogo

Armarinhos Teixeira – Epílogo

Para a construção de suas obras ele utiliza materiais diversos e tem sempre uma ideia de movimento para sua composição, valorizando um material que seja ao mesmo tempo forte e maleável, que tenha transparência e ao mesmo tempo uma cor.

As exposições

Armarinhos expos em inúmeras cidades do mundo, desde sua cidade natal, São Paulo, até a Europa. Nelas ele busca sensações de todas as formas, desde os elementos que ele inclui nas exposições até a forma pela qual ele decide manter um de seus objetos estabilizado.

Armarinhos Teixeira - Esposição na Suíça

Armarinhos Teixeira - Esposição na Suíça

Armarinhos ainda vive em São Paulo, onde nasceu e continua realizando suas obras.

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Thu, 12 Aug 2021 23:15:55 +0000
<![CDATA[A arte do Desenho, da Observação e Objetificação de Florian Raiss]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-arte-do-desenho-da-observacao-e-objetificacao-de-florian-raiss/

Florian Raiss

Florian Raiss - Foto: Bruno Poletti/Folhapress

Nascido em 1955 no Rio de Janeiro, Florian Raiss foi um artista plástico brasileiro que fez sua carreira principalmente no desenho, na pintura e na escultura e que começou na arte ainda muito cedo. Logo aos 12 anos de idade já pintava seus primeiros quadros e o seu gosto pelo meio artístico, segundo ele, foi oriundo do ambiente familiar em que cresceu.

Com pais alemães, morou na Europa durante muito tempo e estudou arte na Alemanha e na Itália. Na Academia de Belas Artes de Roma conheceu mexicanos que o influenciaram a conhecer o México e lá, assim como nos países da Europa nos quais morou, Raiss também estudou arte sem fazer questão de ter formação em nenhuma escola.

Influenciado mais por artistas e menos por escolas, Florian não teve um histórico de aluno em escolas de artes plásticas por considerar que tais cursos não formariam um artista, mas alguém que ensina e analisa arte. Seguindo o mesmo caminho, adotou assumidamente Picasso como uma influência para suas obras e durante toda sua carreira foi naturalmente e essencialmente um desenhista, com as obras ligadas principalmente aos traços e às linhas.

Florian Raiss com suas Obras

Florian Raiss com suas Obras

A escultura e o tornar real

Mais tarde a escultura foi introduzida nas técnicas e em seu repertorio, também com a influência do desenho. Com elas Raiss considerou que poderia fazer real aquilo que desenhava. Em suas obras eram constantes as figuras interessantes e extremamente curiosas, sempre puxadas para o lado figurativo e representativo, ricas em ideias e em pensamento, algumas vezes ligadas ao erotismo, outras com um lado possivelmente mitológico com homens de 4 patas e homens-sereias.

Florian Raiss - Quadrúpede Sem Flor

Florian Raiss - Quadrúpede Sem Flor

Assim como Picasso, a arte Greco-Romana também é uma influência assumida na arte de Raiss, principalmente nos rostos, que Raiss considera a forma mais complexa de se representar e desenhar. Com o tempo e o gosto de observar os diversos formatos e expressões que as pessoas fazem em seu cotidiano, Raiss aprimorou-se em técnica e estilo.

Florian Raiss - Sem Título

Florian Raiss - Sem Título

O talentoso olhar artístico

A observação talvez tenha sido uma das grandes características que Florian Raiss colocou em suas obras. Tal qual o gosto pela arte, o hábito de observar veio de seus primeiros passos em um ambiente familiar com pais que eram admiradores e colecionadores de arte. Durante sua estadia no México, onde Raiss considera que houve a maior ruptura de seu trabalho, foi influenciado pelo professor mais importante que teve durante seus cursos de arte e com ele também aprimorou-se na “arte de observar”.

Florian Raiss - Sem Título

Florian Raiss - Sem Título

As exposições e o reconhecimento

Por sua familiaridade com o Europeu, expôs muitas vezes no velho continente e teve sua obra reconhecida nos mais diversos países. Além da Itália e da Alemanha onde morou, teve muito reconhecimento em Portugal e realizou exposições coletivas na Venezuela, na Holanda e nos Estados Unidos.

Florian Raiss - Sem Título

Florian Raiss - Sem Título

Florian Raiss faleceu em 2018 e suas obras estão nas cidades mais importantes do país, como no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Museu de Arte Contemporânea Gilberto Chateaubriand do Rio de Janeiro.

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Wed, 11 Aug 2021 21:56:01 +0000
<![CDATA[Os temas e as técnicas de Glauco Rodrigues, um dos artistas que mais representou o Brasil]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/os-temas-e-as-tecnicas-de-glauco-rodrigues-um-dos-artistas-que-mais-representou-o-brasil/ Glauco Rodrigues – Sem Título

Glauco Rodrigues – Sem Título

Gaúcho de Bagé, Glauco Rodrigues nasceu em 1929 e foi um dos grandes artistas plásticos da história da arte no Brasil, difundido e reconhecido principalmente por seus trabalhos na pintura e nas técnicas da gravura. Precoce, Glauco foi um artista que começou a pintar aos 16 anos de idade sem que fizesse alguma aula ou curso para isso. Ficou conhecido por seu talento natural e por sua facilidade em aprender, sendo considerado por muitos um autodidata.

Quatro anos depois de começar a pintar, em 1949, Glauco recebeu uma bolsa de estudos da prefeitura de sua cidade natal e, na Escola Nacional de Belas Artes, fez cursos curtos de artes plásticas e fundou o Clube de Gravura de Bagé. Mais tarde, participa de outro grupo de gravura, desta vez na capital de seu estado, junto com os também muito renomados Carlos Scliar e Vasco Prado.

Passou por uma fase abstrata liberta de movimentos, mas o ponto alto de sua obra acontece quando ele resgata a pintura figurativa e a insere no tema nacional, ao contrário dos movimentos mais difundidos como o cubismo e o expressionismo que são movimentos que adotam uma linguagem mais universal, com temas internacionais.

Glauco Rodrigues - Sem Título

Glauco Rodrigues - Sem Título

Tropicalista de todos os movimentos, gravador de todas as técnicas

O artista e crítico de arte Ferreira Gullar o considera mais importante que o próprio movimento tropicalista, já que para ele a participação de um artista em determinado movimento ou o uso de determinada técnica não o define. O tropicalismo esteve na obra de Glauco, assim como o figurativismo. Do mesmo modo a pintura esteve em suas obras, assim como a gravura, o desenho e a cenografia.

Glauco Rodrigues - Sem Título

Glauco Rodrigues – Sem Título

Além de Porto Alegre, Glauco Rodrigues passa pelo Rio de Janeiro e depois muda-se para Roma. Durante sua estadia na Itália, suas obras vão quase que completamente para a abstração. Anos depois volta ao Rio de Janeiro, onde reinclui o figurativismo em seu trabalho. Em 1960 participa então de uma importante exposição no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro, onde já mostra obras bem humoradas e temas ligados ao popular e a arte pop.

Glauco Rodrigues – Segundo Reinado

Glauco Rodrigues – Segundo Reinado

Os temas de Glauco

Glauco começou a pintar o que via por perto, como as praias, e desta maneira conheceu o país. Por isso temas populares são a maior parte de seus trabalhos figurativos. Depois, incluiu temas de engajamento político e em tom de denúncia. É nessa parte de sua obra que as gravuras passam a ser a técnica mais importante de seu trabalho, já que para difundir a sua critica e forma de pensar Glauco deveria escalar sua arte.

Glauco Rodrigues - Paisagem de Faz-de-conta

Glauco Rodrigues - Paisagem de Faz-de-conta

Dentro desses temas não poderia faltar a brasilidade do futebol e do carnaval, já que ele é um dos artistas que mais representou o popular brasileiro e suas paixões. Esses temas podem ser visualizados em obras como “No país do Carnaval” e “Terra Brasilis”, que apontam nitidamente ao Brasil e ao brasileiro.

Glauco Rodrigues – Terras Brasilis

Glauco Rodrigues – Terras Brasilis

Glauco Rodrigues faleceu no Rio de Janeiro em 2004.

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Mon, 02 Aug 2021 00:25:25 +0000
<![CDATA[A criação, as técnicas apuradas e autodidatas e os ideais do artista Mário Gruber]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-criacao-as-tecnicas-apuradas-e-autodidatas-e-os-ideais-do-artista-mario-gruber/

Mário Gruber

Mário Gruber

Paulista de Santos, Mário Gruber nasceu em 1927 e descobriu-se artista logo criança, quando encontrou uma caixa de pintura de sua mãe. Na Caixa, algumas tintas e alguns pinceis. No sentimento, uma explosão. A arte afloraria em suas veias naquele inesquecível momento.

O primeiro quadro foi pintado aos 9 anos de idade e os primeiros aprendizados com tutores em 1946, 3 anos depois de começar a pintar profissionalmente, quando se matricula na Escola de Belas Artes de São Paulo e aprende técnicas artísticas com Nicolau Rolo. Em 1949, na Escola de Belas Artes em Paris, estudou gravura e o aprendizado eterno na carreira de Mário talvez tenha sido o que o tornou um grande mestre da História da Arte Brasileira.

De uma família de pintores, Gruber foi criador. Criou conceitos explícitos e implícitos em suas obras, como as bombas atômicas que significavam uma possível falta de sentido para a vida. Em épocas de guerra, as pessoas tendiam a pensar no motivo de crescerem em conhecimento e em evolução pessoal, já que uma bomba poderia pausar com todos os sentimentos e com seus afazeres.

Mário Gruber – Sem Título

Mário Gruber – Sem Título

A crítica necessita do conhecimento artístico

Na mesma medida de suas criações, Gruber reflete que a arte possibilita que todos tenham o poder de decifrar o seu real significado, a sua escrita e a sua pintura. Considera, entretanto, que todos primeiro precisam aprender a ver uma obra e decifrá-la da forma correta, assim como entender uma música. Sentir, todos podem, mas para criticar de fato é necessário o conhecimento.

Considerado um expressionista pelos críticos de arte e um autodidata por natureza, Gruber passou pelo realismo e pelo figurativismo e aprendeu sozinho pelo Brasil no início de sua carreira. Contou com a ajuda de alguns tutores, mas evoluiu imensamente após sua passagem pela Europa, quando entre outras técnicas aprendeu mais sobre a pintura e a gravura e teve influência de grandes artistas locais.

Mário Gruber – Fantasiados

Mário Gruber – Fantasiados

Dentre os pontos fortes de suas obras estão a luz aprimorada, rica e abundante, e as pinceladas leves, calmas e precisas. Dentre as figuras comuns criou personagens interessantes e curiosos, como os magos e os robôs e as obras da série “Fantasiados”.

Mário Gruber – Fantasiados

Mário Gruber - Fantasiados

O reconhecimento internacional e o preconceito nacional

No Brasil, Mário sempre foi discriminado desde garoto, ao contrário do que acontecia na Europa, onde era chamado de mestre quando as pessoas sabiam de sua profissão. Mesmo assim seu talento e qualidade não permitiram que Gruber ficasse um ano sem realizar uma exposição importante no território nacional. Internacionalmente, expos nas mais renomadas galerias e realizou exposições individuais nas mais importantes cidades do mundo, como na Exhibition of Print and Drawings of Latin American Artists, em Nova Iorque.

Mário Gruber - Homem com Pomba na Cabeça

Mário Gruber - Homem com Pomba na Cabeça

Obra não é mercadoria, dinheiro só é conhecimento

Antimercadoria e antimercado, vendia suas obras apenas para sobreviver. Nunca gostou do dinheiro por dinheiro e começou a considerar vender suas obras por não dar certo em tentativas na política e por considerar que a pintura era o que mais sabia fazer. Essa forma de pensar fez com que Gruber nunca tivesse deixado de investir em seus conhecimentos artísticos. Maníaco por técnicas, considerava que elas são os meios que os artistas devem encontrar para se expressar. Gastou todo dinheiro que ganhou aprendendo coisas novas para seu trabalho e investindo em ferramentas que possibilitariam que ele enriquecesse seu repertorio.

Mário Gruber - Menino com Lagartixa

Mário Gruber - Menino com Lagartixa

Mário faleceu em 2011 devido a complicações de um câncer. Suas obras estão nos museus mais importantes do mundo como no MASP, em São Paulo, e no Wisconsin State Museum College Union, nos Estados Unidos.

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Sat, 31 Jul 2021 19:27:43 +0000
<![CDATA[Mestre do desenho e da gravura, o talento e a disciplina de Marcello Grassmann]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/mestre-do-desenho-e-da-gravura-o-talento-e-a-disciplina-de-marcello-grassmann/

Marcello Grassmann – Sem Título

Marcello Grassmann – Sem Título

Paulista de São Simão, Marcello Grassmann nasceu no ano de 1925 e foi um artista plástico que se difundiu principalmente na técnica da gravura e que teve uma carreira extremamente focada no desenho e em técnicas ligadas a arte de gravar. Grassmann teve seus primeiros contatos com a arte ainda criança com revistas de histórias em quadrinhos, fã dos gibis não por suas histórias, mas pelos desenhos que o cativavam.

Pouco mais velho, entre os anos de 1939 e 1942, partiu para o estudo de outras técnicas que também muito lhe ajudariam em sua jornada na arte e principalmente na gravura, que foram a fundição, a mecânica e o entalhe em madeira, estudo que aconteceu na Escola Masculina do Brás, em São Paulo. Com as técnicas Grassmann trabalhou com móveis e trabalhos ligados a marcenaria.

Marcello se tornou professor, mas o caminho até lá foi o que lhe deu seu grande reconhecimento nas técnicas da gravura. Foi na xilogravura que Grassmann mais se destacou.

Marcelo Grassmann - O Guerreiro e a Donzela

Marcelo Grassmann - O Guerreiro e a Donzela

A ilustração e a mudança para o Rio e Salvador

Já em São Paulo, no ano de 1948 começou a trabalhar com ilustração no jornal O Estado de São Paulo. Esse emprego possibilitou que ele trabalhasse com algo ligado a arte e ao mesmo tempo pudesse desenvolver suas técnicas e seu talento para a sua própria arte e o levou até o Rio de Janeiro no ano seguinte.

Na Cidade Maravilhosa trabalha no Jornal Estado da Guanabara e começa estudos mais focados à técnica da gravura. No Liceu de Artes e Ofícios Marcelo estuda com Henrique Oswald e com Paty Lazzarotto, que ministrava o curso de litografia na época. Já em 51, Grassmann trabalha como operário na Primeira Bienal de São Paulo com Aldemir Martins e Franz Kraicheberg já com o intuito de aprender mais sobre arte. No ano seguinte vai a Salvador para trabalhar com o artista plástico baiano Mario Cravo Júnior, com quem trabalha quase que especificamente com a litogravura.

Marcello Grassmann – Sem Título

Marcello Grassmann – Sem Título

Os temas de Grassmann e o que vai além deles

Nas obras de Marcello pode se ver monstros, figuras femininas, guerreiros, cavaleiros medievais que normalmente estavam de forma única em sua mente e faziam parte dela. Já que as figuras representadas por ele não estavam no “mundo real”, foi considerado por muitos um expressionista, por outros um surrealista, mas o que é comum entre os críticos é o pensamento de que a obra de Grassmann vai além do que ele desenha. O processo de gravação se não fosse a principal parte do processo construtivo, fazia parte dele com peso igual ao desenho.

Marcello Grassmann – Sem Título

Marcello Grassmann – Sem Título

Na parte madura de sua carreira, a gravura em metal foi a técnica mais utilizada por ele, sempre realizando seu trabalho em processos de construção extremamente íntimos e tranquilos.

Gravura de Marcello Grassmann

Gravura de Marcello Grassmann

Marcello teve uma carreira com obras repletas de luz e sombra e as técnicas do desenho e da gravura sempre estiveram presentes em seus processos. O não contentamento com o resultado rápido de uma tela talvez tenha sido o fator primordial em sua personalidade que fizeram com que ele se tornasse um artista de alma e de técnicas refinadas.

Grassmann faleceu em junho de 2013 e a maioria de suas obras se encontra na Pinacoteca do Estado de São Paulo.

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Wed, 28 Jul 2021 02:03:29 +0000
<![CDATA[Construtivista e concretista, as cores, as formas e a gravura na carreira abstrata de Eduardo Sued]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/construtivista-e-concretista-as-cores-as-formas-e-a-gravura-na-carreira-abstrata-de-eduardo-sued/

Eduardo Sued

Eduardo Sued

Do figurativo ao abstrato, Eduardo Sued começou a investir em sua carreira profissional de uma maneira não tão comum: através de uma faculdade de arquitetura que não foi concluída. Foi na graduação que ele teve seu primeiro contato com a geometria, muito marcada ao longo de sua carreira.

Eduardo Sued é conhecido como o rei do abstracionismo geométrico e das cores. O acervo de trabalhos desse artista é tido como referência na arte brasileira. 

Eduardo Sued – Sem Título

As cores e formas de um colorista

Cores, linhas descontinuadas e formas quebradas são características presentes em artes abstratas. O resultado são obras únicas, sendo quase impossível encontrar produtos idênticos. Há quem diga que esse estilo é simples, mas se engana quem pensa assim. É necessária muita inspiração, experimentação e não à toa que Sued considera a arte como um fazer intelectual, solitário e meditativo. Para ele, "experimentar é aceitar o desafio da dúvida”, assim faz uma trajetória constantemente reinventada por novos desafios.

“A escolha das cores é secreta, elas afloram naturalmente”, e foi em 1963, após o falecimento de seu pai, que as cores passaram a ter presenças destacadas e ressignificas nas obras de Sued. Para contrabalancear a morbidez do período, ele passou a desejar cores mais luminosas e essa sensação da necessidade de luz foi se concretizando na carreira de Sued.

Eduardo Sued – Sem Título

A gravura em sua carreira

A partir das aulas do pintor e gravador Iberê Camargo, em 1953 Sued passou a se dedicar à gravura, iniciando uma nova fase em sua carreira. Nesta época a gravura era algo novo e sua utilização ainda estava se popularizando entre os artistas.

Esse estilo também rendeu a Eduardo muitas exposições importantes, como em 1958, a mostra coletiva de gravuras, com Marcello Grassmann, Mário Gruber e Darel Valença, numa residência particular na cidade de São Paulo. Em 1964 quando produziu e editou um álbum de 25 gravuras em metal, com tiragem de trinta exemplares. Fez uma exposição em 1966 das gravuras em metal, dos desenhos e os estudos feitos para o livro editado pela Sociedade dos Cem Bibliófilos, na Galeria Barcinsky, no Rio de Janeiro. Sued também participa do Prêmio Internazionale Biella per l’Incizione, em Biella, Itália, e da exposição coletiva “Gravura brasileira”, na Galerie Pinx, Helsinki, na Finlândia.

Em 1973, ao lado de nomes importantes da gravura, faz a exposição “Quatro gravadores brasileiros”, são eles Eduardo Sued, Darel Valença, Iberê Camargo e Otávio de Araújo, na Galeria Grupo B, também no Rio de Janeiro. E então, já como referência da técnica em 1974 a 1980, trabalhou como professor de gravura em metal no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro.

Eduardo Sued - Água Forte

Eduardo Sued - Água Forte

Aos 95 anos, apaixonado pelo trabalho, Sued não abre mão de trabalhar em seu ateliê. Pintar para ele é um prazer, é como uma necessidade. Se não fosse pelos cuidados com a saúde manteria seu dia a dia focado quase que exclusivamente na rotina de trabalho.

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Mon, 26 Jul 2021 17:46:56 +0000
<![CDATA[A cor, o Humor e a genialidade das telas de Gustavo Rosa]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-cor-o-humor-e-a-genialidade-das-telas-de-gustavo-rosa/ Gustavo Rosa

Gustavo Rosa

Nascido em São Paulo no dia 20 de dezembro de 1946, Gustavo Rosa foi um dos grandes artistas plásticos do Brasil. O gosto de Rosa pela arte aconteceu ainda muito cedo. Autodidata, ganhou seu primeiro prêmio aos 18 anos de idade. Uma viagem ao exterior fez com que o gosto por desenhar e pintar fosse ainda mais encrustado em suas raízes artísticas.

Não muito disciplinado, mas muito talentoso e inquieto, faltava à escola para aprender arte e ao longo dos anos construiu sua própria maneira de criar. Muito conhecido por pintar figuras humanas gordinhas mesmo que elas não fossem, Rosa entende que o artista não necessariamente precisa trazer a realidade ou representá-la em suas obras. Fazer a própria realidade também é arte e traz o humor e o caricato, assim como Pelé foi representado por ele.

Com mais de cinco mil obras únicas produzidas, Gustavo Rosa representa nelas o cotidiano e a simplicidade: mulheres com latas d’agua na cabeça, crianças, sorveteiros, vendedores de comida de rua e figuras tipicamente brasileiras que são facilmente notadas nas em qualquer cidade. Rosa era fã assíduo de Pablo Picasso e nitidamente influenciado por seus traços cubistas. No Brasil, os artistas plásticos Di Cavalcanti e Alfredo Volpi foram para ele grandes referências. Di Cavalcanti, em uma de suas exposições, fez um elogio ao seu estilo e suas técnicas: “Esse rapaz tem um traço muito bom”, comentário este que serviu de grande motivação a Rosa e fez com que os dois mantivessem uma amizade até o final da vida de Cavalcanti.

Gustavo Rosa – Aldemir Martins

Gustavo Rosa – Aldemir Martins

Expos em muitos lugares do mundo

As décadas de 70 e 90 foram as mais produtivas da carreira do artista. Em 70 fez sua primeira exposição individual, na qual expos obras figurativas ricas em detalhes e em aspectos técnicos. Seu talento o levou a exposições em diversos lugares do mundo, em uma semana expondo para um galerista no frio de Nova Iorque, em outra no calor de uma praia do Guarujá.

Gustavo Rosa – A Gata

Gustavo Rosa – A Gata

Os gordinhos e as crianças

Talvez essas duas series representem os dois fatores que mais foram apresentados, ironizados, humorizados e criticados nas obras de Gustavo Rosa. Os gordos representavam a parte do humor, que veio após as crianças, que por sua vez representavam a crítica e o afeto de Rosa a temas importantes de sua sociedade. As crianças vieram de outro tema que também foi representado pelo artista, as mulheres com latas d’água na cabeça que eram acompanhadas de seus filhos em seus afazeres diários.

A serie das “Banhistas” foi um dos grandes trabalhos dele e vieram de seu gosto pela observação e por suas visitas constantes às praias. Porém, o grande e real amor de Gustavo não eram os temas, mas a pintura. Os temas eram apenas o fator que possibilitava que ele pintasse algo, já que não se via pintando obras abstratas.

Dentro desses temas estavam os gatos, que assim como na obra de Aldemir Martins também estiveram muito presentes e são considerados uma marca registada de Rosa.

Gustavo Rosa – Mulher na Praia

Gustavo Rosa – Mulher na Praia

Humor, cor e dia a dia de forma leve e caricata Gustavo Rosa Busca suas informações no dia a dia e tem uma tendência a levar suas obras ao humor e ao lado caricato da arte. Mesmo que nunca tenha ido ao abstrato, Gustavo se considera um artista que não se atem a um estilo ou moda. Para ele os estilos são passageiros, assim como o que ele entende por modismo que é o que mais se faz em determinada época.

Gustavo Rosa – O Golfista

Gustavo Rosa – O Golfista

Gustavo Rosa pintou sem pensar muito no que viria para o dia seguinte, acreditando em seu “dom” e em sua vocação e na magia da resposta que a tela lhe daria. Foi um artista excessivamente intuitivo. As obras de Gustavo estão expostas em sua casa, que virou o Instituto Gustavo Rosa, aberto ao público para exposições e oficinas. Com câncer na medula óssea, o artista faleceu em 2013.

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Wed, 21 Jul 2021 00:01:02 +0000
<![CDATA[A vida e a carreira do curioso, técnico e inovador Carlos Scliar]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-vida-e-a-carreira-do-curioso-tecnico-e-inovador-carlos-scliar/

Carlos Scliar - Natureza-Morta com Vários Objetos

Carlos Scliar - Natureza-Morta com Vários Objetos

Carlos Scliar nasceu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 1920. O artista teve contado com a arte ainda muito cedo e aos 14 anos já estudava pintura com o artista austríaco Gustav Epstein. Carlos passou por inúmeras vertentes no meio artístico e se destacou como um grande desenhista e pintor, também tendo reconhecimento com trabalhos de ilustração, gravuras, cenografia, roteirização e design gráfico.

Seus trabalhos foram marcados pelas críticas sociais que estavam incluídas em suas obras de forma implícita e ao mesmo tempo escrachada. A crítica diante do contexto social e político o levaram a sua primeira experiencia profissional como colaborador de imprensa, emprego no qual Carlos Scliar escrevia matérias e fazia ilustrações para um jornal.

Foi nesse emprego que Carlos reconheceu a sua verdadeira vocação. Seu objetivo voltou-se então para seus trabalhos de retratar o ambiente que ele via como uma miséria e injustiça com o povo brasileiro.

Carlos Scliar - Les Chemins de la Faim

Carlos Scliar - Les Chemins de la Faim

O Talento Precoce

Em 1935 Carlos fez sua primeira exposição como amador e em 1937 tem uma importante realização em sua carreira sendo nomeado secretário da primeira Associação de Artes Plásticas do Rio Grande do Sul, a Francisco Lisboa – Aleijadinho, em Porto Alegre.

As suas primeiras viagens para São Paulo e Rio de Janeiro ocorreram em 1939, quando teve contato com Candido Portinari e Flavio de Carvalho. As viagens e o contato com esses dois célebres artistas mostraram a ele que era naqueles ambientes e junto daquelas pessoas que ele queria conviver e trabalhar. Scliar se mudou para a Capital Paulista para investir em sua carreira na pintura.

Em 1940, realiza sua primeira exposição individual. Liga-se ao grupo Família Artística Paulista, com o qual participa da Divisão Moderna do 46o Salão Nacional de Belas Artes.

Curioso e em busca de conhecimento

Considerado por ele mesmo um curioso cultural, em 1942 Carlos integrou-se a um curso de Ciências Sociais com o objetivo de aprimorar seus conhecimentos sobre a sociedade. No final deste ano, Carlos foi notificado de que ele era um dos 100 estudantes paulistas que constituiriam o primeiro núcleo de informações que trabalharia futuramente para a Força Expedicionária Brasileira (FEB).

Então em 1943 foi convocado pela FEB e se muda para o Rio de Janeiro para servir à Força. Pouco mais de um ano depois foi levado para a Segunda Guerra Mundial como cabo de artilharia. Esse momento lhe rendeu muitas observações que foram ilustradas no Livro de Ruben Braga “Caderno de Guerra de Carlos Scliar”.

Carlos Scliar - Paisagem

Carlos Scliar - Paisagem

O Retorno ao Brasil e a continuação de sua carreira

De volta ao Brasil, atua em movimentos contra a ditadura Vargas, iniciando um período de intensa participação política. Nesse período Carlos reside em Porto Alegre e em conjunto com Vasco Prado funda o Clube da Gravura.

Carlos Scliar - Bumba meu Boi

Carlos Scliar - Bumba meu Boi

Anos mais tarde, Carlos Scliar movimenta sua carreira para o meio editorial e assume o cargo de Diretor de Arte na Revista Senhor. À frente do cargo realiza um trabalho inovador e faz uma identidade gráfica completamente moderna e incomum para época.

No final de sua carreira, Carlos inclui palavras em suas obras e realizou um trabalho que dificilmente se enquadra em uma vertente artística devido a união de muitos estilos e técnicas em uma única tela. Ferreira Gullar, artista e crítico, chegou a considerar até que Carlos tenha tido influencia do cubismo na época.

Carlos Scliar - A Máquina de Moer Café, as Berinjelas na Travessa e Você que Está me Olhando

Carlos Scliar - A Máquina de Moer Café, as Berinjelas na Travessa e Você que Está me Olhando

Carlos Scliar faleceu em 2001.

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Tue, 20 Jul 2021 01:17:02 +0000
<![CDATA[Mais do que o Recife: a importância de Cícero Dias para a História da Arte brasileira]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/mais-do-que-o-recife-a-importancia-de-cicero-dias-para-a-historia-da-arte-brasileira/

Cícero Dias - Divulgação - Site Oficial

Cícero Dias - Divulgação - Site Oficial

Dono de uma extensa e belíssima carreira, Cícero Dias ficou conhecido na história da arte brasileira por pintar a extensa e memorável tela “Eu vi o mundo... Ele começava no Recife”, obra que foi chamada por muitos de a “Guernica Brasileira” por seu tamanho e suas características. Cícero Dias foi também um dos pioneiros do modernismo e um dos artistas plásticos brasileiros com mais reconhecimento no exterior.

Cícero Dias – Sem Título

Cícero Dias – Sem Título

A Abstração Lírica de Cícero Dias

Cícero, além de ser um dos pioneiros do modernismo no Brasil, também trouxe até o nosso país a abstração lírica, estilo artístico que estava em plena ascendência quando Dias morava em Paris. Nas obras de Cícero, a abstração lírica é facilmente notada em telas que possuem formas não muito definidas, em sua maioria círculos bem contornados. Esse estilo no entanto não exclui a organização e o respeito à disposição que suas obras faziam questão de apresentar.

O ponto chave para o reconhecimento de uma abstração lírica é a representação na tela do sentimento e da emoção que o artista vive no momento da construção da obra. Outro fator importante, se não o mais importante dentre as características de suas abstrações líricas, eram as cores fortes e com tonalidade saturada.

Cícero Dias - Entropia

Cícero Dias - Entropia

As obras Figurativas

Não é de se espantar que as obras figurativas de Cícero Dias fizessem, em sua maioria, representação a figuras e ambientes nordestinos. Assim como esta presença é natural e esperada a quem conhece a biografia do artista, a ideia de que ele viesse a outros estilos e saísse deles também é comum. Com o figurativismo não foi diferente.

Seguindo o que o mundo e principalmente a Europa traziam como tendência, Cícero caminhou com brilhantismo pela Figuração. Os críticos avaliam suas obras de forma bem humorada ao dizer que seus traços figurativos representam a realidade de forma mais fiel que ela própria. O domínio de Cícero sobre as técnicas faz com que cada elemento utilizado seja indispensável. O ambiente, a luz e a sombra traziam a emoção que o pernambucano gostaria de transmitir.

Cícero Dias – Sem Título

Cícero Dias – Sem Título

Mas afinal, qual era o estilo de Cícero Dias?

Em entrevista ao Estado, Cícero diz não se importar com classificações e não gostar de etiquetas. Na conversa, Dias não negou que o artista russo Marc Chagall foi uma de suas influências na arte, como muitos críticos costumavam apontar. Afirmou entretanto que essa influência se deu muito no início de seus trabalhos com a arte e que a semelhança de suas obras com as de Chagall teve mais de coincidência do que de influência.

Cícero Dias – Uma Bicicleta

Cícero Dias – Uma Bicicleta

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Sat, 17 Jul 2021 19:07:49 +0000
<![CDATA[O amor pela arte e a carreira ímpar do artista por essência Antonio Peticov]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/o-amor-pela-arte-e-a-carreira-impar-do-artista-por-essencia-antonio-peticov/

Antonio Peticov - Hommge to M. C. Escher

Antonio Peticov - Hommge to M. C. Escher

Antonio Peticov nasceu em Assis, interior de São Paulo, em 1946 e passou por inúmeras vertentes da arte em sua carreira. A escultura, a gravura e o desenho foram algumas delas, mas foi a pintura que mais o fascinou e que mais fascinou as pessoas, no requinte de sua técnica e na maestria da utilização das cores.

Aos 11 anos sua família se mudou para o Rio de Janeiro e lá conheceu um Editor de Arte que despertou e aflorou o seu lado artístico. Soube conhecer e reconhecer sua vocação logo cedo e dar a real importância para a intuição. Sozinha, ela não faria nada, mas unida a um reportório de conhecimento e de técnicas artísticas seria o seu grande diferencial.

Em 1986 mudou-se para os Estados Unidos e viveu em Nova Iorque, tendo morado antes em Milão, onde viveu uma realidade oposta ao Brasil: a valorização e o reconhecimento da arte e dos artistas. Antonio cita que por aqui foi sequestrado e assaltado por inúmeras vezes e que, numa dessas vezes, foi perguntado sobre sua profissão. Ao dizer que era um Artista, o bandido lhe perguntou: “Em qual emissora você trabalha?”

Antonio Peticov – Sem Título

Antonio Peticov – Sem Título

A Arte não é commodity

Em seus trabalhos, Antonio não se preocupa com o tempo em que eles ficarão expostos, parados ou esperando um comprador. Preocupa-se com o fazer. Peticov também considera que toda obra pertence a um dono, e cada uma esperará o tempo necessário para encontrar seu possuidor.

Ao contrário de artistas que vão para o lado da multiplicação de suas obras, vendendo- as em larga escala, Antonio considera que a arte é um passo além disso. Sob sua ótica, obras prontas e feitas em escala não são arte. São apenas formas, ainda que legítimas, de ganhar dinheiro.

Antonio Peticov - As Lágrimas de Alice

Antonio Peticov - As Lágrimas de Alice

O trabalho deve divertir

Para Peticov, o que realmente paga o seu tempo e suas obras são as gratificações que elas trazem, sem deixar de lado a importância que o dinheiro tem para um artista de qualquer parte do mundo, uma vez que é o dinheiro que garante o bem viver e a possibilidade do artista continuar produzindo e expondo da forma que achar melhor. Porém, faz questão de enfatizar que o verdadeiro combustível do artista não está nos prazeres que o dinheiro traz, mas no reconhecimento moral e profissional e na importância que as suas obras trazem para as outras pessoas.

Antonio Peticov - Quadro Mágico Negro

Antonio Peticov - Quadro Mágico Negro

As curiosidades de uma carreira impossível de transcrever.

Pintou a urgência, a brevidade da vida e as abstrações, mas sempre teve amor por pintar a natureza.

Antonio Peticov - Sem Título

Antonio Peticov - Sem Título

Em 1970 foi preso e ficou no Carandiru. Antônio considera que aquele foi um dos melhores momentos da sua vida e carreira, pois lá pintou, traduziu livros e ensinou às pessoas a arte do Carnaval.

Foi reprovado em matemática 4 vezes na escola e chegou a participar do Congresso dos mais influentes matemáticos do mundo, nos Estados Unidos.

Até os dias atuais Antônio Peticov não assina suas obras, somente as identifica no verso, por considerar que a assinatura mancha uma obra e a puxa para o artista. Seria como ouvir uma música onde o artista fala o seu nome a todo tempo. Peticov resume e decreta: “A obra não é minha, é nossa”.

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Sat, 17 Jul 2021 03:01:24 +0000
<![CDATA[A influência da personalidade e do amor ao Brasil nas obras de Alfredo Volpi]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-influencia-da-personalidade-e-do-amor-ao-brasil-nas-obras-de-alfredo-volpi/

Alfredo Volpi

Alfredo Volpi

Italiano de Lucca, Alfredo Volpi veio ainda bebê para o Brasil e aqui tornou-se um dos maiores concretistas da História da Arte Brasileira. O que poucos sabem é que o trabalho de Volpi vai muito além das obras abstratas e de suas famosas e muito valorizadas pinturas temáticas das festas juninas que lhe deram o carinhoso apelido de “o Mestre das Bandeirinhas”. Assim como sua vinda ao Brasil, o apego à arte foi desenvolvido em Volpi ainda muito cedo.

Quieto e observador

A personalidade quieta e observadora de Volpi muito provavelmente foi o fator crucial para que ele se desenvolvesse na pintura. Sem um tutor no início de suas obras e sem um aprofundamento teórico intenso, Volpi era um autodidata por natureza e criava seu próprio estilo em um momento onde o concretismo e o modernismo estavam e plena ascensão.

Esse crescimento solitário não aconteceu durante toda sua carreira, mas com certeza foi um dos motivos para que o artista não tenha feito uma exposição mais cedo. Mesmo com todo o seu talento para a arte, Volpi fez sua primeira exposição individual apenas aos 47 anos de idade. A exposição aconteceu no Salão de Maio e foi nomeada a 1a Exposição da Família Artística Paulista.

Alfredo Volpi - Mulata

Alfredo Volpi - Mulata

O gosto pela luz natural

A luz natural era um “ponto não alterável” nas obras de Volpi. E o que isso significa? Significa basicamente que se ela fosse presente naturalmente, ela seria apresentada nas obras. Do contrário, não seria representada. Quando trabalhava com obras figurativas, por exemplo, uma paisagem escura seria também escura em sua tela.

Alfredo Volpi - Paisagem

Alfredo Volpi - Paisagem

O ateu que colocou arte em igrejas

Alfredo Volpi era ateu e anticlerical, mas isso não impediu que sua arte estampasse também as paredes e tetos de Igrejas muito frequentadas e muito conhecidas pelos brasileiros, como a Igreja do Cristo Operário em São Paulo e a Capela de Nossa Senhora de Fátima em Brasília. Além das igrejas pintadas, Volpi também colocava frequentemente em suas obras as figuras de Madona, Santa Rita, Santa Bárbara, São Jorge e por algumas vezes, representou São Francisco.

Alfredo Volpi - Dom Bosco

Alfredo Volpi - Dom Bosco

O amor pelo Brasil

O gosto de Alfredo Volpi pelo Brasil começou a aflorar com proporção direta ao ritmo de suas viagens e “desbravamentos” pelo território brasileiro. As viagens a cidades como Salvador e Belo Horizonte e a sua estadia em Itanhaém levaram-no a um gosto pelo popular e pelo povo brasileiro, assim como sua cultura. Não por acaso Volpi representou muito e bem a cultura brasileira em sua obra e em sua personalidade, mesmo com características tão analíticas e calmas. Mesmo não sendo brasileiro, Alfredo Volpi soube como poucos retratar a brasilidade.

Alfredo Volpi – Sem Título

Alfredo Volpi – Sem Título

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Fri, 16 Jul 2021 02:39:41 +0000
<![CDATA[As técnicas inovadoras, os estilos, e a arte completa de Anna Bella Geiger]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-tecnicas-inovadoras-os-estilos-e-a-arte-completa-de-anna-bella-geiger/ Orbis Descriptio com Fronteiras Indiferentes - Anna Bella Geiger

Orbis Descriptio com Fronteiras Indiferentes - Anna Bella Geiger

Nascida no Rio de Janeiro em 1933, Anna Bella Geiger é uma das maiores artistas brasileiras vivas. Passando por inúmeras vertentes da arte, desde o desenho até a escultura, é conhecida por ter características únicas e bem definidas em seu repertório artístico, apesar de ter passado por inúmeros estilos durante sua extensa e premiada carreira na arte.

Uma das pioneiras da arte abstrata do Brasil, o início da carreira da carioca se deu predominantemente na abstração ao mesmo tempo em que o Movimento Concretista que vinha de São Paulo também ganhava espaço. Ainda muito jovem participou da Primeira Exposição Nacional de Arte Abstrata, em 1953, no Hotel Quitandinha. Anna teve muito reconhecimento em seus trabalhos abstratos. Firmou as suas características e individualidades dentro do movimento e se sentiu prestigiada por isso.

Sem Título - Anna Bella Geiger

Sem Título - Anna Bella Geiger

No ano seguinte, Anna Bella parte para os Estados Unidos e no Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque faz um curso de História da Arte com Hanna Levy. Talvez, este tenha sido o momento em que Anna tenha se encantado por outra arte também muito comum entre os artistas, a arte de lecionar.

Sem Título - Anna Bella Geiger

Sem Título - Anna Bella Geiger

Abstração x Figurativismo, Moderno x Contemporâneo

A partir do início dos anos 60, Anna Bella inicia um caminho de transição entre o abstrato e o figurativo, entre o modernismo e o contemporâneo. A partir dai começa a pintar corpos e partes de corpos, partes estas, que por suas palavras, vinham de forças estranhas. Neste período também aprende sobre gravura em metal no MAM do Rio de Janeiro, onde mais tarde viria a ministrar aulas.

Orgão Ocidental - Anna Bella Geiger

Orgão Ocidental - Anna Bella Geiger

A vitalidade de ensinar e aprender com o ensino

No final dos anos 60 lecionou no MAM, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e começou trazer a ideia de iniciar trabalhos artísticos dentro do jardim do Museu junto com seus alunos. Nesse momento caminha então o seu trabalho para a parte mais conceitual: do conhecimento, da sensibilidade e da reflexão interna.

É nessa época que, muitas vezes com ironia, Anna incluiu as palavras em suas telas e obras. Ela considera que a inserção de ideias através das palavras é uma necessidade da maioria dos artistas e são uma forma de colocar “os pés no chão”, na realidade, e fazer refletir sobre temas político-sociais que ela considerava importantes.

Burocracia - Anna Bella Geiger

Burocracia - Anna Bella Geiger

As técnicas inovadoras e exóticas

No quesito técnica e utilização de materiais e ferramentas a obra de Anna Bella Geiger talvez seja uma das mais complexas e completas da arte brasileira. Com o passar dos anos seu repertório só aumentou, incluindo a inserção de técnicas pouco empregadas em telas, como o xerox. Na década de 90 Anna adicionou ainda mais elementos em seu repertorio e produziu obras que estão em uma linha tênue entre a gravura, a pintura e a escultura.

Mapa Mundi com Ventos - Anna Bella Geiger

Mapa Mundi com Ventos - Anna Bella Geiger

Anna Bella Geiger vive e trabalha até hoje no Rio de Janeiro.

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Fri, 02 Jul 2021 01:37:02 +0000
<![CDATA[Da figuração à abstração, as fases e as obras características de Kenji Fukuda]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/da-figuracao-a-abstracao-as-fases-e-as-obras-caracteristicas-de-kenji-fukuda/ Kenji Fukuda - Foto Paulo Garavelo/Divulgação

Kenji Fukuda - Foto Paulo Garavelo/Divulgação

Nascido em 14 de setembro de 1943 em Indiana, interior de São Paulo, Kenji Fukuda foi um artista brasileiro que começou seus primeiros passos na arte ainda muito novo, aos 12 anos de idade, quando começou a aprender técnicas de pintura. Filho do imigrante japonês e assim como ele artista plástico Tamotsu Fukuda, Kenji sempre tratou seus dons artísticos como algo genético.

Na pintura, Kenji Fukuda iniciou seus passos com obras figurativas como naturezas mortas, paisagens e marinhas e se manteve nessa vertente por um considerável período. Após essa fase, Kenji passa por um longo tempo focado em obras abstratas, que talvez sejam as obras que mais o caracterizam, mas sem deixar de lado a importância do figurativismo para a evolução de sua obra. Como dito por ele: “A fase figurativa é sempre o início e é muito importante para adquirir experiência, encontrar caminhos. Com o tempo fui enxergando outras possibilidades e criando a concepção de que a pintura deve ser mais livre”.

Marinha 1 - Kenji Fukuda

Marinha 1 - Kenji Fukuda

Seguindo o caminho que lhe trazia mais liberdade, Kenji expôs pelas galerias das cidades mais importantes para o mundo da arte, como em Paris, Nova Iorque, Berlim, e nas mais importantes do Brasil, como em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba.

Sem Título - Kenji Fukuda

Sem Título - Kenji Fukuda

As fases bem delimitadas na figuração e na abstração

O nipo-brasileiro se difundiu na arte nacional no eixo Rio – São Paulo, e, ao contrário do que muitos artistas pensam, gostava de ter fases bem delimitadas em sua vida artística. Considerava que muitos daqueles que gostam de seu trabalho e até ele mesmo poderiam se cansar de um estilo único por muito tempo.

Dentro da importância que dava ao período figurativo inicial de sua arte, Kenji dizia que ainda no início de suas obras abstratas se surpreendeu negativamente com as obras que fazia e enfrentou muita dificuldade na migração de estilo. Fukuda considera que o passo para a abstração não pode ser inicial, mesmo que com muito aprendizado teórico. A figuração deve ser sempre algo que antecede ao abstrato, inserindo técnicas e conhecimento ao artista.

Os retratos aparecem esporadicamente nas obras de Kenji e são para ele a parte mais difícil de sua obra pela exigência de um período de concentração intenso e o emprego de diferentes técnicas na mesma peça.

Sem Título - Kenji Fukuda

Sem Título - Kenji Fukuda

As manchas características

As manchas em suas abstrações talvez sejam as mais marcantes características de suas obras. Para ele as manchas vem da inserção de novas técnicas e da implementação de ideias e de sensações que aparecem, são criadas e acrescentadas em seu reportório artístico com o tempo e com o estudo.

“A minha característica, muitos vão dizer, está diferente, mas é do Fukuda”. Talvez esta seja a citação do artista que mais faz entender o que ele pensava sobre a migração de suas fases e da importância de manter algo característico e conceitual em sua obra.

Sem Título 2 - Kenji Fukuda

Sem Título 2 - Kenji Fukuda

Multifacetário

As esculturas não foram deixadas de lado pelo artista. Fukuda produziu esculturas para importantes datas, como um monumento de 15 metros de altura que fez em homenagem aos jogos Pan-Americanos de 2007 no Rio de Janeiro.

Kenji Fukuda - Monumento em Homenagem aos Jogos Pan-Americanos de 2007

Kenji Fukuda - Monumento em Homenagem aos Jogos Pan-Americanos de 2007

Fukuda faleceu em Março de 2021, após complicações geradas por um procedimento médico.

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Fri, 02 Jul 2021 01:33:14 +0000
<![CDATA[As obras críticas e reflexivas do artista Argentino León Ferrari]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-obras-criticas-e-reflexivas-do-artista-argentino-leon-ferrari/ León Ferrari - Destinos

León Ferrari - Destinos

Nascido em 1920 na cidade de Buenos Aires, na Argentina, León Ferrari ficou conhecido por uma carreira repleta de obras críticas e pelo amplo repertório de obras e de técnicas artísticas utilizadas em sua “estadia” no meio artístico.

Os primeiros passos de León aconteceram com a pintura e logo migrou para a produção de esculturas. Ainda jovem e residente na Itália, Léon compôs obras predominantemente de aço e arames. Também foi por lá que mais tarde realizou sua primeira exposição individual. Nesse período o argentino ainda concentrava suas produções em obras abstratas, porém, a partir de 1965 León dá um passo que seria um dos mais importantes, se não o mais importante de sua carreira, que foi a entrada no movimento cultural e político do Instituto di Tella de Buenos Aires.

León Ferrari – Minhocas na Casa Branca

León Ferrari – Minhocas na Casa Branca

A partir desse momento, as obras de Leon Ferrari ganham o peso de suas intrínsecas criticas, que por muitas vezes eram irônicas e debochadas como na obra “Minhocas na Casa Branca”. Outras eram apenas reflexivas como em “Destinos” e por outras causavam um conjunto de sentimentos como em obras que traziam textos que tinham poucas partes legíveis e faziam criticas à ditadura vivida por ele.

León Ferrari – Sem Título

León Ferrari 3

A crítica ao catolicismo

Dentre os vários temas abordado por León, a época da Inquisição foi um dos mais explorados pelo artista. Imagens de um tempo em que milhares de pessoas foram mortas por serem consideradas hereges estavam na arte do argentino, que fazia questão de rivaliza-las ao mandamento “Não Matarás”.

Nem seu conterrâneo Papa Francisco foi poupado. Quando ainda era Cardeal na Argentina, León fez críticas a igreja católica por considerar que ela manipulava as pessoas e realizou protestos colocando imagens da Virgem Maria dentro de um liquidificador e ligando-o.

León Ferrari - Obra Crítica ao Catolicismo

León Ferrari - Obra Crítica ao Catolicismo

A relação com o Brasil

Sua vinda ao Brasil aconteceu devido a críticas de um Regime Militar também vivido em território Argentino e que obrigou León a exilar-se por aqui. No Brasil, León não deixou de lado seus ideais político-sociais e continuou produzindo uma quantidade significativa de obras, como fez durante toda a extensão de sua carreira.

A relação com artistas como Julio Plaza e Regina Silveira fez com que o argentino se interessasse por obras mais chamativas visualmente e mais expressivas León então acaba por criar artes em texto, em vídeo, artes postais e livros artísticos.

No Brasil o artista foi premiado como o Melhor Expositor do ano de 1983 pela Associação Paulista de Críticos de Arte, a APCA.

León Ferrari – Sem Título

León Ferrari – 02

A volta a Argentina

Passado o período militar em sua terra natal, León decide voltar ao seu país em 1993. Neste regresso publicou livros e chegou a receber o Prêmio Constantini. Sem ficar preso pela idade, incluiu técnicas em seu repertorio e utilizou a tecnologia em suas experiências profissionais e pessoais. Foi nesse período também que o artista mais realizou exposições, pelas mais variadas partes do mundo.

Desde sua volta, León Ferrari não saiu mais da Argentina, onde faleceu em 2013. Até hoje o argentino é conhecido por muitos como o artista nascido no século 20 mais influente América Latina.

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Fri, 02 Jul 2021 01:29:07 +0000
<![CDATA[A obra premiada, os planos e as cores de Inimá de Paula]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-obra-premiada-os-planos-e-as-cores-de-inima-de-paula/

Paisagem de Diamantina - Inimá de Paula

Paisagem de Diamantina - Inimá de Paula

Mineiro de Itanhomi, Inimá de Paula nasceu em 1918 e foi inserido no meio artístico através da fotografia ainda em sua adolescência, enquanto trabalhava com a recuperação de fotos desgastadas pelo tempo. No início de sua vida adulta, mais precisamente aos 20 anos de idade, começou seus primeiros trabalhos e aprendizados definidamente artísticos quando estudava e produzia desenhos em Juiz de Fora.

No início da década de 40 Inimá iniciou um curso no Liceu de Artes do Rio de Janeiro e para lá mudou-se, mas largou os estudos em pouco tempo e manteve seu sustento com trabalhos de baixa remuneração, sem parar de exercer a arte, sua verdadeira paixão.

Em 1944 acontece a sua mudança para o Ceará. A princípio Inimá vai para trabalhar com a fotografia, sua primeira profissão, mas em Fortaleza volta ao meio artístico e ajuda a criar a Sociedade Cearense de Artes Plásticas, junto com o cearense Aldemir Martins e Antonio Bandeira, importantes nomes da História da Arte nordestina e brasileira.

Vista de Ouro Preto - Inimá de Paula

Vista de Ouro Preto - Inimá de Paula

As primeiras exposições

Em 1945 Inimá volta ao Rio de Janeiro e, com a grande ajuda de seus parceiros da Sociedade Cearense de Artes Plásticas, participa de uma exposição coletiva na Galeria Askanasy. Mais tarde, Portinari, considerado seu padrinho na Arte, o ajuda a realizar a sua importante e primeira Exposição Individual, que aconteceu em 1948 no Instituto dos Arquitetos do Brasil, também no Rio de Janeiro.

No mesmo ano de sua primeira exposição individual, Inimá de Paula recebe a medalha de bronze do Salão Nacional de Belas Artes. No ano seguinte, no mesmo salão, recebe a de prata e em 1950 recebe como prêmio uma viagem a Paris. Tal viagem é considerada a razão da inserção de paisagens urbanas e de obras com planos bem representados em seu repertório. A partir dela, também foi possível enxergar a utilização de técnicas semelhantes às do cubismo em suas telas.

Sem Título - Inimá de Paula

As cores e o contraste de suas obras

Inimá pintou obras com cores fortes, marcadas e contrastantes. A saturação das cores envolvidas em suas telas permitia a visualização de um estilo muitas vezes considerado expressionista, que era característico em seu repertório.

As cores estavam presentes em obras mais “caricatas”, pelas quais havia a intenção de representar uma ideia em uma paisagem, mas, ao mesmo tempo, estavam presentes em suas obras mais realistas, como eu seus retratos e autorretratos.

Sem Título - Inimá de Paula

Sem Título - Inimá de Paula

O Fauvista brasileiro

Inimá é considerado um dos maiores, se não o maior fauvista da História da Arte Brasileira. Com uma obra marcada pelas cores e pelo alto nível técnico e pelos traços fortes de suas pinceladas, passou do impressionismo para o expressionismo e do expressionismo para o fauvismo, estilo dominado completamente por ele.

Sem Título - Inimá de Paula

Sem Título - Inimá de Paula

Pelas mãos de Inimá, as paisagens “comuns” viraram obras incríveis. Favelas ganharam valor e espaço, assim como suas obras que hoje estão por grandes museus e exposições do Brasil e pelo exterior.

Inimá de Paulo faleceu em 1999 em Belo Horizonte, capital de seu estado natal.

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Thu, 24 Jun 2021 13:00:54 +0000
<![CDATA[O Concretismo das obras calculadamente completas de Judith Lauand]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/o-concretismo-das-obras-calculadamente-completas-de-judith-lauand/ Judith Lauand - Sem Título

Judith Lauand - Sem Título

Nascida na pequena cidade de Pontal, da região metropolitana de São Paulo, em 1922, Judith Lauand seria uma das maiores figuras da arte brasileira e passaria por diversos segmentos e movimentos da arte, e, ao mesmo tempo, seria pouco encaixá-la definitivamente em um desses segmentos. Apesar disso, a maior parte das obras e as mais importantes de Judith foram consideradas parte do movimento concretista e neoconcretista.

Nascida em um ano de suma importância e marcante para a História da Arte brasileira, a pintora e gravadora começou seus passos na arte com figurações e naturezas mortas, que aos poucos foram migrando em uma junção de um acidente com o seu natural excesso de talento para as abstrações típicas do movimento concreto.

A paulista começou o seu aprendizado artístico se formando na Escola de Belas Artes de Araraquara, no interior de seu estado natal, e a partir de sua formação se mudou para São Paulo com a ideia de intensificar a técnica da gravura em seu repertório e teve como mentor o também artista plástico Livio Abramo.

Judith Lauand - Sem Título

A migração estilística

É na época de sua mudança à Capital, entre o meio da década de 50 e início da de 60, que Judith intensifica suas vertentes concretas e migra do expressionismo de suas naturezas mortas às formas geométricas que a marcariam como a Dama do Concretismo, um movimento onde a forma da realidade é mais valorizada que a realidade em si, no qual o que está presente na realidade é representado de outra maneira.

Paisagem com Vaquinha

Paisagem com Vaquinha

É nessa época também que a artista realiza a sua primeira e uma das, se não a mais a importante, exposição de sua carreira e é convidada a entrar no Grupo Ruptura. Essa entrada foi marcante para a cultura brasileira, já que seria a única mulher do Grupo em uma época em que o trabalho feminino não era nem um pouco valorizado.

Judith Lauand - Sem Título 2

Judith Lauand - Sem Título 2

A facilidade de inserção de novas técnicas e de se encaixar em novas vertentes

Muitos consideram Judith uma artista concreta, porém com o fato de não se apegar ao movimento, muito menos a nomenclaturas, o que pode ser comprovado a mudança clara de estilo em meados de 1960 quando a PopArt estava em plena e vertiginosa alta e pode se verificar claramente a interferência do movimento em muitas das obras da paulista.

Mulher Fumando - Judith Lauand

Uma carreira concreta

Com traços leves e marcantes, a paulista foi uma artista com fases bem definidas e sem rótulos. Coloriu, figurou a realidade e soube a representar com elementos presentes nela sem a imitar. A Dama do Concretismo Brasileiro teve uma carreira concreta, mas não fez do concretismo um descanso, pelo contrário, partiu dele e passou por ele em uma obra completa.

Judith Lauand vive até hoje em São Paulo e com 99 anos de idade ainda tem suas obras expostas frequentemente em vários países. Em 2017, teve suas obras expostas em uma importante Galeria de Nova Iorque.

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Fri, 18 Jun 2021 01:39:08 +0000
<![CDATA[A cor, sua falta e a valorização da técnica e da forma nas obras de Hércules Barsotti]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-cor-sua-falta-e-a-valorizacao-da-tecnica-e-da-forma-nas-obras-de-hercules-barsotti/ Campo Dominante - Hércules Barsotti

Campo Dominante - Hércules Barsotti

Hércules Rubens Barsotti nasceu em São Paulo, no ano de 1914 e buscou seus primeiros conhecimentos na pintura em 1926, com apenas 12 anos de idade, quando teve a influência de Enrico Vio como um professor particular de arte que lhe ensinou técnicas de desenho e composição artística.

Desde lá, Barsotti cresceu em técnicas e em conhecimento artístico, mas isso só foi ocorrer de forma incisiva após sua formação em Química pela Faculdade Paulista Mackenzie, formação esta que poderia ser muito importante para futuros conhecimentos técnicos da arte.

Hércules começa a exercer a profissão de artista no início dos anos 40 e no decorrer dos anos 50 já se constata o crescimento de um artista predominantemente concretista, com obras que valorizam e representam, em sua grande maioria, abstrações geométricas.

Sem Título - Hércules Barsotti

Sem Título - Hércules Barsotti

O início Construtivo e a partida para o Neoconcretismo.

No início suas obras claramente faziam parte de um Movimento Construtivo. Dava valor ao racional e ao objetivo e principalmente às formas e menos às cores, sem tirar a importância e a composição das obras com o lado sensível e sensitivo de sua criação.

Barsotti então foi convidado por Ferreira Gullar para a participar de seu grupo do neoconcretismo. Nessa fase, pinta em branco e preto com um desenho sutil e fiel às formas geométricas, fazendo o uso de ferramentas como o esquadro, réguas e compassos para a composição da obra. Como um bom químico, utilizava do branco e do preto em grande parte de suas obras como uma maneira de agilizar os processos de secagem da pintura, já que as tintas a óleo coloridas tinham uma secagem completa de até 5 dias ou mais, dependendo de sua espessura.

Sem Título - Hércules Barsotti

Sem Título - Hércules Barsotti

A fase da valorização da cor

Após a sua fase que valorizava mais a forma do que a cor, Barsotti passou por uma fase colorida. Esta fase teve início em meados da década de 60 e surgiu junto do conhecimento de um novo material: uma nova tinta que possuía secagem mais rápida e que poderia agilizar os processos sem que as cores fossem deixadas de lado.

Plano Repartido - Hércules Barsotti

Plano Repartido - Hércules Barsotti

Na fase das cores, é possível identificar uma intensa e interessante tridimensionalidade em suas telas, fato que mostra que mesmo não as utilizando na maior parte de sua carreira, Barsotti soube perfeitamente trabalhar com elas. Ao contrario da cor, as formas geométricas o acompanharam por toda sua vida artística e ele as trabalhou das mais diversas maneiras.

Preto/Branco - Hércules Barsotti

Preto/Branco - Hércules Barsotti

A arte pela profissão e a vida pela arte

O Artista produziu até o final da vida. Ainda que considerasse a arte como um trabalho comum, Hércules completou 90 anos de idade pintando. Viveu, dedicou-se à pintura e utilizou-se de sua formação como químico para explorar as composições de cores que construíam suas obras.

Hércules Barsotti faleceu em 2010 aos 96 anos de idade.

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Fri, 18 Jun 2021 01:24:54 +0000
<![CDATA[As obras de traços fortes e as referências artísticas de Iberê Camargo]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-obras-de-tracos-fortes-e-as-referencias-artisticas-de-ibere-camargo/

Iberê Camargo - Figuras e Manequins

Iberê Camargo - Figuras e Manequins

Gaúcho de Restinga Seca, Iberê Camargo nasceu em 1914 e teve seus primeiros passos na arte em 1927, aos 13 anos, quando estudou pintura com o paulista, pintor, professor e militar Salvador Parlagreco, na Escola de Artes e Ofício de Santa Maria. Anos mais tarde continuou seu aprendizado artístico na cidade de Porto Alegre e estudou arquitetura e pintura no Instituto de Belas Artes, onde conheceria sua futura esposa Maria Cossirant Camargo, sua colega do Instituto.

Iberê casou e fez sua primeira exposição em 1942, quando também se mudou para o Rio de Janeiro. Por lá, estuda pouco tempo na ENBA, a Escola Nacional de Belas Artes. Mesmo frequentada por inúmeros artistas brasileiros de renome nacional e internacional Iberê não se satisfez com o modo de aprendizado e partiu para um Estudo mais particular com Alberto Guignard.

Guignard talvez tenha sido para Iberê a maior de suas inspirações artísticas, com citações fortes e de extrema importância para o entendimento de suas obras e sua carreira como um todo: “A sua obra teve breve influência sobre o meu trabalho, mas marcou-me para sempre a pureza do seu espírito.”.

Pode se dizer que os estudos acompanharam o gaúcho por toda a sua carreira e em 1947, quando vai para a Europa também para estudo artísticos, em Roma e Paris Ibere conhece artistas importantes do cenário internacional como Antônio Achille, André Lhote, Carlos Alberto Petrucci, Giorgio de Chirico e Leone Augusto Rosa.

Iberê Camargo - Pensamentos

Iberê Camargo - Pensamentos

A fase figurativa e o caminho para o não-figurativo

No início de suas obras, Iberê adotou um estilo figurativo. Eram comuns em suas obras as pessoas e paisagens naturais. Tudo que é visto no meio da arte como o estilo naturalista e expressionista, assim como as cores, eram para a arte de Iberê Camargo um dos pontos de maior importância.

Nessa época o artista fez a série “Os Carretéis”, que remetia à infância de Iberê e à sua casa repleta desses objetos que ficaram muito conhecidos na arte brasileira.

Iberê Camargo – “Os Carretéis”

Iberê Camargo – “Os Carretéis”

A partir do final dos anos 50 e início dos 60, o artista começou uma fase menos figurativa onde as cores e enfoque se tornaram menos reais e com escolhas conscientes e muito mais subjetivas. Após isso, houve uma fase na qual Iberê Camargo pairou sobre fundos negros e a sobreposição de cores saturadas e fortes, sempre com a característica do excesso de cor em suas pinturas, pelo que ele considerava uma necessidade do seu tato assim como uma criança gosta de comidas crocantes. Iberê gostava de sentir suas obras.

Iberê Camargo - Espaço com Figura

Iberê Camargo - Espaço com Figura

A relação com tinta e com a gravura

Iberê formou muitas de suas obras através dessa espécie de acúmulo de tinta em seus quadros e é interessante perceber que mesmo construindo o processo artístico com camadas espessas e traços fortes de tinta nas telas, Iberê também soube trabalhar com o contrário, a gravura, que funciona com o inverso do acúmulo e trabalha muito com as partes da obra que não tem inserção de tinta. Ele foi exímio nas duas técnicas.

Iberê Camargo - Formação de Carreteis

Iberê Camargo - Formação de Carreteis

Importância nacional

Iberê Camargo foi pintor, desenhista e gravador. Na arte, foi um dos maiores profissionais do século 20. Curiosamente, em uma escola onde ficou por pouco tempo como estudante por não se identificar com sua didática, Iberê foi professor. Se a ENBA não lhe satisfez como aluno, ele pode modificar o que não lhe agradava e atender à vontade de ajudar futuros artistas.

Iberê Camargo - Retrato de Werner Amacher

Iberê Camargo - Retrato de Werner Amacher

A importância de Guignard para a obra de Iberê Camargo ficou ainda mais evidente quando o artista foi um dos fundadores do Grupo Guignard, um ateliê no Rio de Janeiro, nomeado em homenagem ao artista de maior influência na carreira do gaúcho e responsável por seus maiores aprendizados tecnicamente.

Iberê Camargo faleceu em 1994 depois de complicações de um câncer.

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Fri, 11 Jun 2021 02:15:04 +0000
<![CDATA[As nuances das obras sensitivas e espirituais de Roberto Magalhães]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-nuances-das-obras-sensitivas-e-espirituais-de-roberto-magalhaes/ Roberto Magalhães - Perfil 1

Roberto Magalhães - Perfil 1


Nascido em 1940 na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, Roberto Magalhães começa seus primeiros passos artísticos ainda muito novo em uma gráfica que tinha como dono o seu tio. Lá aprendeu a desenhar materiais gráficos como rótulos, cartazes e outros tipos de materiais publicitários que são normalmente produzidos em gráficas especializadas até mesmo nos dias de hoje.

Nessa época, Roberto já realizava trabalhos de ilustração para o Jornal da Ilha, jornal de circulação da sua cidade natal. Antes dos 18 anos de idade, quando estudava no Colégio São Bento, já tinha uma visão a frente de seus colegas, produzindo obras caricatas, valorizando os pontos positivos e negativos de seus amigos e professores.

Roberto Magalhães começa a se tornar artista em 1961, quando entra na Escola Nacional de Belas Artes, a ENBA, escola que também formou outros artistas nacionais de grande renome como: Cândido Portinari, Zélia Salgado e Milton Ribeiro.

Livre de fases, sua obra vai e volta em seus pensamentos e em seus estilos, tudo em prol de sua liberdade e em prol de um trabalho completamente intuitivo, que não se identifica com um grupo de pensadores, muito menos como propriamente um intelectual. Além de não ter o desejo da busca por indagações ou pensamentos específicos de “o que?”, “quando?” e “como?” deve pintar, trata tudo com muita liberdade.

Roberto Magalhães - Máscara

Roberto Magalhães - Máscara

A Espiritualidade, a pausa e a retomada da Arte

Em 1969 Roberto Magalhães pausa suas atividades artísticas e começa a se dedicar completamente ao Budismo, nesse período, o artista mergulhou completamente na religião e até mesmo ajudou na construção de um Centro de Meditação para a Sociedade Budista do Brasil. Esta fase espiritualista, muito provavelmente incentivada pelo envolvimento de sua esposa com o espiritualismo, resultou em uma experiência posterior com obras propositalmente místicas, quando retomou suas atividades artísticas e fez exposições individuais de desenho e pintura em São Paulo e no Rio.

Roberto Magalhães - Mão

Roberto Magalhães - Mão

As técnicas e a percepção própria

Com construções de inúmeras artes em pinturas pasteis, cheias de traços e nuances características do artista, Roberto tinha em seu repertório técnicas que utilizam dos dedos para a construção das obras e costumava agrupar a técnica que mais combinaria com o resultado que gostaria de chegar para a realização da tela.

O carioca diz até hoje que só percebe suas obras depois de prontas, e, ao mesmo tempo, se considera um artista que leva muito tempo para finalizar um quadro, já que normalmente na fase inicial da construção da obra as ideias ainda estão muito dispersas e cruas e se leva um tempo para chegar em um conjunto de penamentos que resultariam em um “produto final”.

Roberto Magalhães – Perfil

Roberto Magalhães – Perfil

Os prêmios

Os prêmios e exposições são inúmeros durante a carreira do carioca, porém, os anos 60 foram os mais especiais da carreira do artista, mesmo logo após o início de sua carreira. Em 1965, por exemplo, Roberto ganha o prêmio de gravura na Quarta Bienal de Paris, onde moraria dois anos mais tarde. No ano seguinte, sua obra “Édipo Decifra o Enigma da Esfinge” ganha um prêmio no Décimo Quinto Salão Nacional de Arte Moderna, o SNAM.

Tido como um ícone da pintura brasileira, Roberto considera que tudo é novidade quando se é realmente autêntico e que essa autenticidade resulta em uma obra rica e atemporal. Quando se copia, por menor que a copia seja, não há nem liberdade nem novidade, apenas há a representação de um pensamento e de uma ideia que não é própria.

Roberto Magalhães continua em atividade até os dias de hoje.

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Tue, 08 Jun 2021 21:17:06 +0000
<![CDATA[O que é a gravura e a sua importância para a evolução da arte]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/o-que-e-a-gravura-e-a-sua-importancia-para-a-evolucao-da-arte/ Aldemir Martins – Marinha 2 – Serigrafia

Aldemir Martins – Marinha 2 – Serigrafia

A gravura é o nome dado a uma técnica artística que utiliza de matrizes ou moldes para a construção de uma pintura, tela ou arte que pode ser impressa em inúmeros tipos de material. Normalmente construídas em superfícies duras, as matrizes são feitas com incisões, cortes ou corrosões sobre o material que pode ser de pedra, madeira e metais como o zinco, o cobre, o alumínio e até mesmo o latão. Essas incisões podem construir a imagem impressa através de duas maneiras: a partir do relevo, funcionando como um carimbo onde a imagem será impressa, ou através da depressão formada, funcionando como um negativo.

A partir dessa matriz, que é na maioria das vezes uma construção artesanal, várias copias da arte podem ser produzidas.

Tipos de Gravura:

Os tipos de gravuras são denominados segundo o material de sua matriz e são chamados de:

Litografia ou litogravura

A litografia é a execução da técnica da gravura através de pedras desenhadas. Nessa técnica, a impressão é feita em um processo basicamente químico, que utiliza do princípio da repelência entra a água e óleo. Esta é a técnica que resulta em um aspecto mais parecido com o da pintura, já que a pedra, plana e normalmente porosa, é desenhada a mão. Após feita a sua pintura, são adicionados reagentes químicos que passam esta pintura para a superfície final com a ajuda de uma prensa.

Imagem de uma matriz de Litogravura

Imagem de uma matriz de Litogravura

Xilografia ou xilogravura

A xilogravura é a gravura feita em madeira. Originalmente feita em um processo artesanal, a xilogravura é uma técnica pela qual o artista produz sua matriz em um processo parecido com o da escultura, realizando a retirada das partes que não serão impressas em tinta na tela final com a ajuda de ferramentas de corte específicas.

Imagem de uma matriz de Xilogravura

Imagem de uma matriz de Xilogravura

Lineogravura

A lineogravura é uma técnica descendente da xilogravura e é realizada em processo extremamente semelhante, porém a madeira é substituída por materiais não naturais, como borrachas ou placas sintéticas de outros tipos de materiais, que assim como a madeira, funcionam para a técnica como uma espécie de carimbo.

Imagem de uma matriz de Lineogravura

Imagem de uma matriz de Lineogravura

Serigrafia

A serigrafia nada mais é do que a técnica conhecida por muitos como silk, ou estêncil, onde é determinada a área pela qual a imagem será formada, havendo a liberação de tinta e o bloqueio da passagem de tinta, onde não haverá impressão. A serigrafia é feita através de uma matriz única, ou por um conjunto de matrizes. Essas matrizes são telas que liberam a tinta para a superfície impressa em um processo manual, com a ajuda de uma ferramenta parecida com um rodo.

Processo de serigrafia

Processo de serigrafia

Gravura em metal

No caso dos metais, as ranhuras são construídas através de cortes, que podem ser feitos a mão ou através de máquinas, ou podem ser construídos através da imersão do metal em um ácido, onde a parte do metal que deve ser mantida intacta é protegida por substâncias antiácidas.

Artista gravando chapa metálica - Foto: Valeriy Kondratenko / Shutterstock.com

Artista gravando chapa metálica - Foto: Valeriy Kondratenko / Shutterstock.com

Como fica a originalidade das obras?

Ao final do processo da gravura, cada obra deve ser devidamente assinada pelo artista e é reconhecida como uma obra única. O processo de impressão de uma serie com várias impressões não desqualifica, diminuiu a originalidade ou faz com que determinado número de reproduções tenha menos valor.

A importância da gravura para a história da arte

Artistas de suma relevância para a história das obras de arte brasileira como Aldemir Martins, Eduardo Sued, Ferreira Gullar, Oswaldo Goeldi, Lívio Abramo, Marcelo Grassmann, Evandro Carlos Jardim, Carlos Oswald utilizaram e continuam utilizando de vertentes da técnica da gravura para difundir suas obras pelo Brasil e pelo mundo. Muitas dessas obras ainda estão no mercado mesmo após a morte de seus idealizadores justamente por mérito da técnica.

Desde o século 15, as gravuras fazem parte dos recursos de grandes artistas. Com a gravura foi possível que a cultura popular de várias partes da história da arte não fosse perdida e pudesse ser revivida. A evolução do conhecimento de inúmeras técnicas da gravura trouxe métodos comuns e altamente tecnológicos de impressão dos dias atuais. Porém, se engana quem pensa que impressoras e materiais exclusivamente eletrônicos substituirão as prensas de gravuras mais manuais. Até hoje, muitos artistas utilizam a técnica e fábricas de roupa ainda realizam impressões com a base da gravura e continuarão realizando suas produções nessa metodologia. Para a arte especialmente, seu caráter bastante físico e quase artesanal atribui um “sabor” especial a cada impressão. Atualmente, a maneira mais fácil e bela de obter uma obra original e de qualidade é adquirindo uma gravura de seu artista preferido.

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Tue, 08 Jun 2021 21:10:56 +0000
<![CDATA[A reflexão e o ativismo inseridos nas telas de Siron Franco]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-reflexao-e-o-ativismo-inseridos-nas-telas-de-siron-franco/

Siron Franco - Sem Título

Siron Franco - Sem Título

Siron Franco nasceu em 25 de julho de 1947 na cidade de Goiás Velho. Precoce, desde os 9 anos de idade já falava com sua mãe sobre a vontade de ser artista. Entrou na faculdade ainda muito cedo, aos 12 anos de idade, mandando suas obras sem informar a sua real idade e, aos 13, já ia à casa das pessoas para fazer retratos para se sustentar.

Desde muito cedo teve as veias do trabalho afloradas “como um trabalhador de mineração que todo dia vai em busca de um diamante”. Estudou pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Católica de Goiás e esteve no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde participou de exposições do Surrearealismo. Na capital paulista firmou residência e pode dividir conhecimentos com artistas importantes como Manoel Bandeira e Ferreira Gullar.

Siron Franco - Árvore

Siron Franco - Árvore

As obras ativistas e as reflexões de Siron

Chamou a atenção com sua arte de assuntos importantes e realizou um trabalho ativista durante sua carreira. Sempre foi muito envolvido com o meio ambiente por influência de seu pai, após o maior acidente radiológico do país, que aconteceu em 1987. no seu Estado natal com o césio 137. Siron realizou uma sequência de obras como crítica e com o propósito de causar reflexão na população, principalmente dos arredores, sobre o que foi causado e os reais motivos e sequelas que o acidente traria.

Siron Franco – Obra sobre o acidente césio 137

Siron Franco – Obra sobre o acidente césio 137

Siron sempre gostou de retratar a violência como critica, principalmente por considerar sua terra natal como uma cidade violenta, o que pode ser facilmente percebido em obras como a “111 Mortos”, exposta dentro do presidio do Carandiru. Durante sua carreira fez questão de sempre enfatizar outros tipos de violência que nem sempre são alvos de críticas, como a falta de emprego, falta de educação, falta de conhecimento, falta de saúde e de oportunidades que são um recorte do nosso país.

Siron Franco - 111 Mortos - Exposição Carandiru – Crédito: André Santos

Siron Franco - 111 Mortos - Exposição Carandiru – Crédito: André Santos

Em transformação

Antigamente costumava queimar suas obras e materiais que não gostaria que fossem vendidos e que para ele foram obras feitas para estudo.

Costumava pensar e planejar muito as suas telas, mas com o tempo percebeu que talvez estivesse perdendo muito tempo no planejamento, então começou a ir direto para a pintura.

Utilizou muito as cores escuras como composição para suas obras, havendo em muitas delas a predominância do vermelho e do marrom, assim como a utilização de traços não uniformes e naturais. Siron percebeu que com o passar do tempo, para não ficar parado nele, deveria permitir se perder para que aprendesse outras técnicas e maneiras de se expressar.

Siron Franco – Rupestre

Siron Franco – Rupestre

A visibilidade comercial e o valor das obras de Siron

As finanças sempre foram um assunto de muita polemica dentro do meio artístico e com Siron não foi diferente. Sabendo valorizar e fazer com que suas obras sempre estivessem aparecendo, o artista foi alvo de críticas e muitas vezes olhado de forma diferente dentro do cenário, porém sempre fez questão de enfatizar que queria sim estar em visibilidade, mas, ao contrário do que diziam, para o que ele retratasse e suas reflexões estivessem em alta, não sua imagem própria.

Se no início da vida artística Siron obteve seu sustento pintando retratos, mais tarde, soube valorizar suas obras autorais e alcançou sucesso financeiro ao mesmo tempo em que fazia sua crítica social.

Prêmios e curiosidades de sua carreira

Siron Franco apresentou seus trabalhos pelo mundo nas mais importantes exposições. Dirigiu o documentário Xingu, premiado como melhor documentário pelo Festival Internacional de Televisão de Seul e cuidou das ilustrações de inúmeros livros publicados nos anos 90.

Ganhou um prêmio em uma exposição na Bahia que durou 45 minutos, antes de ser fechada pela polícia federal a mando da ditadura.

Ainda em atividade, o artista gosta de utilizar a mesma música como fonte de inspiração durante toda a extensão do trabalho de uma obra. Se uma obra demorar 3 anos para ser feita, a mesma música tocará 3 anos.

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Tue, 01 Jun 2021 23:57:24 +0000
<![CDATA[O cachorrinho Rex e a alternância das obras figurativas e abstratas de Angelo de Aquino]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/o-cachorrinho-rex-e-a-alternancia-das-obras-figurativas-e-abstratas-de-angelo-de-aquino/

Angelo de Aquino - Patria Amada Brasil

Angelo de Aquino - Patria Amada Brasil

Mineiro de Belo Horizonte, Angelo Rodrigo de Aquino nasceu em 1945 e ficou conhecido apenas pelo seu primeiro e último nome. Começou sua carreira em 1964, um ano marcado pela falta de valorização da arte. Porém, sua capacidade e expressão artística foi despertada muito antes. Em 1960 Angelo se mudou para o Rio de Janeiro, onde pouco tempo antes do início de sua carreira estudou com artistas como Roberto Moriconi, Antonio Dias e Rubens Gerchman.

Assim como muitos artistas de grande reconhecimento nacional, Angelo começou sua carreira pintando obras de característica conceitual e, após alguns anos, migrou para abstrações com formas geométricas. Ao contrário no entanto de muitos artistas que focaram suas obras na geometria, Aquino voltou ao trabalho figurativo pouco tempo depois.

As exposições e o Rio de Janeiro

Após a mudança para o Rio de Janeiro, Angelo tornou-se carioca de maneira definitiva. Logo após o início de sua carreira, Angelo participou da “Opinião 65” que aconteceu no MAM, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e ficou marcada como uma das mais importantes mostras de sua trajetória.

Angelo de Aquino - Paisagens Imaginárias

Angelo de Aquino - Paisagens Imaginárias

Angelo saiu do Rio de Janeiro apenas para participar de algumas exposições fora do país, como a Exposição do Centro Tool de 71 em Milão, a exposição do Akumulatory na Polônia e a Exposição do Centro de Arte e Comunicación na Argentina.

Angelo de Aquino - Avião

O Rex

O cachorrinho Rex, personagem criado por Angelo de Aquino, foi tema de inúmeras obras do artista e é uma marca de sua arte. Angelo o criou em 84 e ele participou, talvez até como o personagem principal, de uma fase figurativa do artista, fase esta que foi uma retomada do seu estilo inicial e que ocorreu desde os anos 80 até o final da carreira do pintor. Em 1994, Rex foi tema de uma exposição comemorativa pelos seus 10 anos, a exposição “Rex faz Dez,” e em 1997 Aquino volta a retratar o cãozinho com a publicação de “Vida Rex”, um livro com histórias da vida do cachorrinho tantas vezes por ele desenhado.

Angelo de Aquino – Rex

Angelo de Aquino – Rex

Imagem do Livro - Vida Rex de Angelo de Aquino

Imagem do Livro - Vida Rex de Angelo de Aquino

Angelo de Aquino morreu em 2007 no Rio de Janeiro, ainda com 62 anos. Após seu falecimento, o artista teve suas obras expostas pelo Brasil.

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Tue, 01 Jun 2021 23:44:51 +0000
<![CDATA[A crítica social, as cores e a evolução artística de Claudio Tozzi]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-critica-social-as-cores-e-a-evolucao-artistica-de-claudio-tozzi/ Claudio Tozzi - Astronautas - Serigrafia

Claudio Tozzi - Astronautas

Claudio José Tozzi nasceu em São Paulo no ano de 1944 e teve seus primeiros contatos com a arte ainda muito cedo.

Mestre em Arquitetura pela FAU, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Tozzi na verdade não queria ser arquiteto quando buscava um curso. Buscava uma faculdade de Artes Plásticas que não encontrou, fato que o fez caminhar para sua área de formação, porém, sem esquecer da arte, seu verdadeiro propósito.

Claudio Tozzi - Cidade

Claudio Tozzi - Cidade

Durante o curso de arquitetura, Claudio esperava manter-se em contato com a arte, já que sabia que muitos professores do quadro do curso eram artistas. Porém, logo no início de sua jornada acadêmica Tozzi se deparou com um fato de muita importância, que despertou ainda mais suas veias artísticas e de seus colegas de universidade, fazendo com que a arte viesse mais rapidamente a pauta universitária e em uma proporção muito maior do que a esperada.

Claudio Tozzi - O Olhar

Claudio Tozzi - O Olhar

Este fato foi o Golpe Militar de 1964, que aconteceu logo após sua entrada na Faculdade de Arquitetura da USP. O artista então acabou por participar do movimento estudantil e de movimentos contrários ao regime militar. Com isso, Tozzi sempre esteve ligado ao espírito da época e manteve seus trabalhos com temáticas conectadas ao ambiente de resistência e protesto.

A política, o dia a dia e a Arte

Para ele, a arte sempre foi uma atitude política. A estruturação de um trabalho como uma forma bem organizada é um reflexo de uma organização política. No começo, as manifestações políticas serviram para Tozzi como um trabalho fotográfico, com trabalho de tratamento de imagens e edição fotográfica, ainda com pouca tecnologia naquele momento. Após isso, trabalhou com serigrafia na FAU em papéis simples, mas que já eram colocados à venda em espaços públicos, como a venda de imagens do Garrincha aos finais de jogos.

Che Guevara é outro personagem marcante que foi tema da obra de Claudio Tozzi. Personagem este que também representava muito o momento e a resistência à ditadura militar vivida por ele. Em sua obra é nítida a influência de histórias em quadrinhos misturadas com a pop art.

Claudio Tozzi - Guevara Vivo ou Morto

Claudio Tozzi - Guevara Vivo ou Morto

A busca por evoluções temáticas e técnicas

A preocupação de levar sua arte para um público mais amplo sempre esteve presente na carreira de Tozzi. A união deste fato em conjunto com uma viagem a Europa em 69 pode ter sido um fator importante para que, pouco tempo mais tarde, ele diminuísse a temática da política e passasse a fazer uma obra mais figurativa, perto do que hoje é conhecido como a pop art e de obras mais abstratas.

Neste período, o artista transformou a crítica social em um trabalho de formas puxado para a figuração.

A década de 70 trouxe para a Arte de Tozzi um estilo mais conceitual com experimentações de temas e técnicas diferentes do que vinha praticando. A obra "Color" representa muito do que o artista discutiria naquele período: a construção das imagens através dos pontos de cor com muitas combinações cromáticas.

Nas próximas décadas, essas características se desenvolveram e se pode ver muitas cores únicas, porém, com a intenção de criar relevos e profundidade usando tons distintos em diferentes áreas do quadro. Sua obra caminha para uma construção de paisagens ainda mais arquitetônicas e urbanas, como podemos ver nas séries “Territórios”.

Claudio Tozzi - Territórios

Claudio Tozzi - Territórios

As conquistas e Claudio Tozzi nos dias de hoje

Logo no início de sua carreira, antes mesmo da sua entrada no curso de Arquitetura da FAU, Claudio Tozzi venceu o concurso de cartazes do 11 Salão Paulista de Arte Moderna.

O curador e historiador Manuel Neves fez um trabalho de pesquisas sobre a produção da Arte Brasileira nos anos 60 e destacou os trabalhos de Tozzi, avaliando-o como um artista fundamental na cena contemporânea Brasileira, e um dos artistas mais importantes de sua geração. A partir dos resultados das pesquisas, o historiador fez uma Mostra em 2018: A Caixa Cultural Curitiba, que apresentou a exposição “Emblemas da Cultura Brasileira: Retrospectiva da obra gráfica de Claudio Tozzi dos últimos 50 anos”.

Há pouco tempo, em 2018, o próprio Claudio Tozzi realizou também uma retrospectiva de sua obras e até os dias de hoje, aos 76 anos de idade, Tozzi se mantém na ativo, realizando trabalhos e vivendo de suas telas e artes.

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Sat, 29 May 2021 03:03:22 +0000
<![CDATA[Os muros grafitados e as obras coloridas também em preto e branco de Speto]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/os-muros-grafitados-e-as-obras-coloridas-tambem-em-preto-e-branco-de-speto/ Speto - Pássaro - Grafite

Speto - Pássaro - Grafite

Nascido em São Paulo, em 1971, Paulo Cesar Silva, conhecido no meio artístico cultural como Speto, é um artista plástico brasileiro conhecido mundialmente por seus trabalhos no grafite e gravuras.

Grafiteiro por natureza, a história artística de Speto se inicia ainda muito novo, como uma brincadeira, tendo um avô sambista e um irmão violinista, o que já seria mais do que suficiente para realçar suas veias artísticas.

Mas, pode se dizer que as veias do grafite se saltaram quando Speto assistiu ao filme Beat Street. A partir daí, deu os primeiros passos e seguiu em um movimento que é conhecido como a Primeira Geração do Grafite de São Paulo, junto com “Os Gêmeos” Otávio e Gustavo Pandolfo e Jaime Prades.

Speto - Painel Museu Afro – Grafite

Speto - Painel Museu Afro – Grafite

Arte, conhecimento, São Paulo

Em uma época quando não existia no que se basear e a internet não possibilitava o conhecimento rápido do que acontecia no mundo, Speto se baseou na técnica da gravura para se especializar no grafite.

Mesmo com a dificuldade e falta de agilidade na informação, com muita pesquisa e busca por conhecimento artístico o Grafiteiro norte americano “Mode 2” chegou ao seu conhecimento e foi fonte de muita inspiração, assim como o Rock e o Hip Hop que estavam em uma exponencial crescente no território brasileiro.

Em seus primeiros trabalhos, Speto sentia que suas artes eram incompreendidas numa época em que o grafite não era “cool” e ainda era visto por muitos como um vandalismo. Nessa época, também trabalhou em revistas como ilustrador e junto com os artistas da primeira geração do grafite, Speto decidiu invadir São Paulo com sua arte. O movimento começou pelo centro da cidade para as partes periféricas e nunca mais parou. De lá pra cá, é difícil ver uma bela paisagem da capital paulista que não esteja ainda mais valorizada com um de seus muros e suas características pinturas.

Speto - Rua da Consolação - Grafite

Speto - Rua da Consolação - Grafite

O lado “comercial” e a “marca Speto”

Com o passar dos anos Speto viu a necessidade da criação de uma característica única de suas pinturas e a criação de um estilo próprio que identificaria suas obras. Isso lhe traria o reconhecimento que desejava para além da fama e do dinheiro: a leitura de suas obras como a arte verdadeira que elas realmente eram.

Beco do Batman - São Paulo

Beco do Batman - São Paulo

A pintura de sereias que para ele dão a ideia de valorização da mulher, pessoas com olhos grandes e com traços fortes e marcantes, são algumas dessas características e marcas de seus trabalhos. Além de estarem por toda a paisagem da cidade, o grafite ganhou muito espaço completamente a ele dedicado, como o “Beco do Batman”, local de muitas obras de Speto.

Speto – Lara, Mãe d’água - Serigrafia

Speto – Lara, Mãe d’água - Serigrafia

Os anseios, sentimentos e curiosidades de Speto

Improviso, sentimento, intuição, emoção e serenidade são os artistas internos das obras de Speto. O preto e o branco em um colorido preto e branco, já que, com suas palavras, “preto e branco são cores e não a falta de cor”. Speto pinta no modo deixar rolar e gosta dos muros porque o trabalho fica apenas entre eles. Não lhe cobram prazos, valores, gostos. Ali, a liberdade reina.

Seu primeiro grande muro foi grafitado em 2008 em Roterdam, na Holanda, e o seu maior, na lateral do Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza.

Speto - Centro de Eventos do Ceará – Grafite

Speto - Centro de Eventos do Ceará – Grafite

A música teve grande influência na carreira do artista. Speto participou da idealização das primeiras identidades visuais de bandas como o Planet Hemp, O Rappa e Raimundos. Também participou de grandes campanhas publicitárias e pintou para blocos de Carnaval.

Fã da Arte Naif e da cultura pop, Speto gosta de Viver o presente, de se alimentar bem, de manter suas práticas saudáveis, fazer ioga e customizar o bairro onde mora, a famosa e paulistana Vila Madalena. O artista também compara muito o Grafite ao futebol. Para ele há uma multidão de jeitos, formas, ideias pessoais, e uma arte com muitos aspectos comuns entre si.

Iniciado na arte de maneira quase marginal, hoje Speto é reverenciado mundialmente por seu estilo e pela originalidade das obras que enriquecem as paisagens de São Paulo.

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Thu, 20 May 2021 22:25:16 +0000
<![CDATA[A Bahia, a África e as Grandes e Grandiosas obras de Emanoel Araújo]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-bahia-a-africa-e-as-grandes-e-grandiosas-obras-de-emanoel-araujo/ Emanoel Araújo - Aranha - Escultura

Emanoel Araújo - Aranha - Escultura

Pintor, gravador e escultor, Emanoel Araújo nasceu em 1940 em Santo Amaro da Purificação, cidade do Recôncavo Baiano, e começou sua jornada artística logo cedo, já que era oriundo de uma família de ourives. Seu pai o obrigou, ainda muito novo, a fazer um curso de marcenaria com “seu mestre”, como ele mesmo diz, Eufrásio Vargas. Pode se dizer que esse curso foi seu caminho de entrada na arte e, mesmo que começasse com trabalhos em tela, o ajudaria muito no decorrer de sua carreira e seus futuros trabalhos com esculturas.

Em sua cidade natal, Emanoel foi expulso de escolas, fez artes gráficas, foi colega de importantes nomes da arte brasileira como Caetano Veloso e deu seu pontapé inicial mais importante no “mundo da arte”. Sua primeira Exposição Individual ocorreu quando tinha apenas 19 anos, em 1959. Em 1961, o baiano começou seus estudos de gravura na Escola de Belas Artes da Bahia com o também pintor, escultor e gravador Henrique Oswald.

Emanoel Araujo - Sem Título 1 - Serigrafia

Emanoel Araujo - Sem Título 1 - Serigrafia

Um artista da Bahia que adotou São Paulo

Nos anos 70, o artista plástico começou a flertar com obras mais abstratas e partiu para uma vertente construtivista, com trabalhos menos figurativos, com formas menos realistas, mais geométricas e de tamanho grande.

Emanoel Araújo - Bicho Alado - Escultura - Crédito: MASP

Emanoel Araújo - Bicho Alado - Escultura - Crédito: MASP

No começo, os trabalhos abstratos eram predominantemente gravuras. Com o passar do tempo foram sendo adicionados relevos e formas geométricas em terceira dimensão, formas estas que tinham ligação enorme com a cultura africana, tanto na cor quanto na forma. Ondulações, relevos, cores e tons que se ligavam ao mesmo tempo com a cultura negra, baiana e africana.

Emanoel Araújo - Gravura de Armar – Gravura

Emanoel Araújo - Gravura de Armar – Gravura

Um dos poucos reconhecidos artistas plásticos negros do Brasil, Emanoel Araújo escolheu e adotou a cidade de São Paulo como sua moradia e foi nela onde teve seu primeiro contato com o racismo. Vindo da Bahia, lugar em que segundo ele todos “eram a mesma coisa e da mesma cor”, aqui ouviu de um conhecido que era o primeiro negro a entrar em sua casa.

Melhor escultor, gravador e medalha de ouro

Em 1972 Emanoel recebe Medalha de Ouro na 3ª Bienal Gráfica de Florença, na Itália. Em 1973, foi reconhecido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, a APCA, com o prêmio de Melhor Gravador e em 1983 recebe, pela mesma associação, o prêmio de Melhor Escultor.

Em 2009, o artista plástico foi reconhecido com o Oficialato da Ordem do Ipiranga.

Emanoel Araújo - Sem Título 1 - Escultura

Emanoel Araújo - Sem Título 1 - Escultura

Curiosidades

Em 1988, Emanoel Araújo chegou a dar aula de Artes Gráficas e Escultura no Arts College, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Antes disso, comandou o Museu de Arte da Bahia entre 1981 e 1983. Foi também Diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo, um dos locais de maior importância para a Cultura da Arte Brasileira.

Araújo é um artista muito desprendido de suas obras, tanto as de sua construção como as de sua coleção. Costuma doar obras que compra em suas viagens à Europa ou a África, por exemplo, e gostava de, com suas palavras, se “desfazer” de algumas obras que faziam referência a cidades ou países por onde passou.

Para ele, suas exposições são feitas como uma maneira de agradecimento e de devolver o que recebeu de conhecimento e experiência aos locais por onde passou.

Emanoel fundou e comandou o Museu Afro Brasil no Ibirapuera, em São Paulo, e até hoje produz obras de grande importância para a arte brasileira.

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Thu, 20 May 2021 22:14:38 +0000
<![CDATA[O Cotidiano e a Arte Urbana de Rubens Gerchman]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/o-cotidiano-e-a-arte-urbana-de-rubens-gerchman/ Rubens Gerchman - Kiss Casal Listrado 2 - Acrílica sobre Tela

Rubens Gerchman - Kiss Casal Listrado 2 - Acrílica sobre Tela

Nascido no Rio de Janeiro, em 1942, o pintor, desenhista, gravador e escultor Rubens Gerchman foi dono de uma arte política e engajada do pop, que teve como fontes de inspiração as notícias de jornais, as pessoas, as cidades e as suas ruas.

Sua influência artística veio de seu pai, que foi desenhista de logotipos para marcas, o designer gráfico dos dias de hoje. A profissão de seu pai inspirava Gerchman, ainda criança, a desenhar letras e formas.

Foi então que essa influência o levou a iniciar seus estudos de desenho em 1957, no Liceu das Artes e Ofícios do Rio de Janeiro e, alguns anos depois, fez também curso de xilogravura com Adir Botelho. Ainda como parte de sua formação, Gerchamn frequentou a Escola Nacional de Belas Artes, entre 1960 e 1961.

Rubens Gerchman - Sem Título - Técnica Mista

Rubens Gerchman - Sem Título - Técnica Mista

O Artista que Viveu a Cidade

Rubens teve sua primeira experiência profissional na função de assistente de programação visual de revistas, na Editora Manchete, trabalhando como diagramador de matérias jornalísticas. Depois trabalhou com fotonovelas na revista “Sétimo Céu”, onde criava e desenhava as histórias das relações dos personagens. Essa experiência deu a ele o contato com a leitura do contexto social e pode ter sido a faísca que despertou a sua criatividade em pintar a arte urbana.

Rubens Gerchman - Série Cinema - Técnica Mista

Rubens Gerchman - Série Cinema - Técnica Mista

Rubens já se definiu como uma pessoa curiosa com a vida. Dizia que estava sempre intrigado em saber como as pessoas viviam e se deslocavam. Foi a partir dessa curiosidade que ele retratou o tema Urbano em suas artes, pintando pessoas, multidões e muitos ônibus, o que foi inusitado para a arte Brasileira.

Gerchman é conhecido como um artista da Pop Art, mas ele próprio dizia não encaixar sua arte no movimento, já que este era mais representado pela arte importada que retratava o período da industrialização, enquanto a sua tinha o diferencial da crítica social.

Feita na pedra litográfica, “O ônibus”, que ilustra os passageiros, feita em 1962, foi uma das primeiras pinturas que, além de expressar a temática Urbana, tem a característica que marcou o início de carreira de pintor, o Black & White.

Rubens Gerchman - O Ônibus – Litogravura

Rubens Gerchman - O Ônibus – Litogravura

Como um bom observador do cotidiano, o histórico prédio carioca “Duzentão”, da Rua Barata Ribeiro, foi fonte de inspiração para Gerchman, que morava na frente da edificação e ficava observando os apartamentos e seus moradores. Surgiu daí as “Caixas de Morar”, pinturas de cubos com personagens dentro, retratando os moradores em seus apartamentos.

Rubens Gerchman – Caixas de Morar – Pintura

Rubens Gerchman – Caixas de Morar – Pintura

Os Caminhos de Gerchman

Rubens iniciou suas exposições em 1963 e em seu trajeto fez mostras individuais e coletivas, em sua cidade natal, na Oitava Bienal de São Paulo, passou por Paris e também pelo Museu de Arte Moderna de Buenos Aires.

Em 1967 ganhou um prêmio de viagem para os Estados Unidos e se mudou para lá. Em solo Americano ele “dá um tempo” das pinturas. Por uma crise existencial, como ele mesmo dizia, passou a atuar mais como planejador e investiu em esculturas de palavras como “Tool”, “Air” e “SOS”. A partir de 1972 suas esculturas já são consideradas mais um sucesso e, neste ano, ele volta ao Brasil e também às pinturas.

Outras vibrações na Nova Fase Brasileira

O retorno às pinturas traz críticas à ditadura até o seu fim e o marca com uma artista de boas artes políticas engajadas.

Em 1975, Gerchman passa a ser diretor do antigo Instituto de Belas Artes na Escola de Artes Visuais, que se torna a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, uma Escola inovadora para a época. Rubens fica no cargo até 1979.

Os anos 80 trazem novas características para as obras de Gerchman que continua, claro, retratando o Urbano, mas com cores mais vivas e fortes e novos temas. Ciclistas, beijos e paisagens, trazem um retrato do cotidiano de forma mais descontraída.

Rubens Gerchman - Beijo 1 – Serigrafia

Rubens Gerchman - Beijo 1 – Serigrafia

Gerchman segue com o ritmo de trajetos nacionais e internacionais, conquistando muitos outros momentos marcantes em sua carreira, como o prêmio Golfinho de Ouro ,Personalidade do Ano, o lançamento de um livro de litografias com textos de Armando Freitas Filho, o “Doublé Identity”, e também do livro “LUTE”.

Rubens Gerchman - Beijo 5 – Serigrafia

Rubens Gerchman - Beijo 5 – Serigrafia

O Instituto Rubens Gerchman

São muitos acervos e exposições que têm os trabalhos de Rubens Gerchamn em seu acervo. Além deles, foi criado logo após o falecimento do artista o Instituto Rubens Gerchman, com o intuito de eternizar o trabalho do carioca que gerou uma enorme quantidade de obras.

Além delas, no Instituto há mostras de seus materiais de trabalho, biblioteca pessoal, periódicos históricos, correspondências e até mesmo fotografias do artista.

Até seu último ano de vida, o artista carioca continuou marcando história com suas obras pelo mundo. Uma das mais importantes aconteceu em 2007, a “Los Once: Futebol y Arte”, feita no Centro Cultural Estación Mapocho, de Santiago.

Rubens Gerchman morre alguns anos depois aos 65 anos.

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Thu, 13 May 2021 00:22:33 +0000
<![CDATA[A Alquimia das Palavras e Obras de Ferreira Gullar]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-alquimia-das-palavras-e-obras-de-ferreira-gullar/ Ferreira Gullar - Sem Título 1 - Serigrafia

Ferreira Gullar - Sem Título 1 - Serigrafia

José Ribamar Ferreira nasceu em 1930 em São Luís do Maranhão e virou Ferreira Gullar quando começou a escrever. Mudou de nome devido a quantidade de homônimos. Gullar, então, pegou o sobrenome Ferreira de seu pai e o Goulart de sua mãe e como ele próprio diria: “a arte inventa a vida e eu inventei meu nome”.

Os primeiros passos na Arte e a Poesia

Ferreira Gullar foi tradutor, autor, escritor, pintor e um dos poetas mais importantes da história da literatura brasileira. Sua primeira obra escrita foi o livro “Luta Corporal”, uma poesia do concretismo.

Filiado ao Partido Comunista Brasileiro e já fazendo muitas obras politizadas, Gullar foi exilado no período da ditatura e viveu em países como a União Soviética, o Chile, e a Argentina, onde escreveu um dos maiores, em tamanho e em reconhecimento, poemas da literatura brasileira. O “Poema Sujo”, escrito em 1975 e publicado em 76, fez o artista ser lembrado nacional e internacionalmente até os dias de hoje. No poema extenso com mais de 2000 versos, Gullar retratou sua vida no Maranhão e quão difícil era para ele estar longe de seu país.

Gullar esteve no início do Movimento Concretista e anos depois fundou, junto com a artista plástica Lygia Clark, o Neoconcretismo, que fazia oposição ao primeiro movimento. O Neoconcretismo nasceu no Rio de Janeiro e unia o pensamento favorável às artes subjetivas e a criação, valorizava uma arte que propunha uma maior libertação e promovia o pensamento humanista e o existencialismo. Ao mesmo tempo, o movimento caminhava em um sentido contrário à onda de racionalismo e geometrismo dos concretistas.

Ferreira Gullar - Sem Título 2 - Serigrafia

Ferreira Gullar - Sem Título 2 - Serigrafia

Os temas sociais e a preocupação com a sociedade

Preocupado com a sociedade, Ferreira Gullar retrata em sua arte temas importantes do cotidiano e suas obras não seguem um caminho lógico por movimentos, mas pelo que ele estava passando no momento de sua construção. Obras como “Não há vagas” onde o escritor faz uma crítica ferrenha à preferência dos cidadãos. Em sua visão, aquilo que não importa e não tem relevância nenhuma é escolhido, em detrimento a fatos e coisas realmente relevantes.

Não Há Vagas

O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
- porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira

Ferreira Gullar

Outro exemplo de crítica pode ser visto no poema “O açúcar” no qual Gullar faz uma crítica ao tratamento dos trabalhadores dos canaviais para que um simples café pudesse ser adoçado e o açúcar pudesse chegar na mesa de todos.

O açúcar

O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.

Este açúcar veio
da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.

Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.

Em lugares distantes, onde não há hospital
nem escola,
homens que não sabem ler e morrem de fome
aos 27 anos
plantaram e colheram a cana
que viraria açúcar.

Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.

Ferreira Gullar

Depois de alguns anos, o artista se desfilia do Partido Comunista e faz algumas críticas à ideologia, sem deixar de lado questões sociais vistas por ele como muito necessárias e importantes para o crescimento da sociedade.

Além das palavras, as Pinturas

Como artista, Ferreira Gullar foi também plástico em todos os sentidos da palavra. Crítico, ele também analisou muitas obras e para ele “A pintura jamais acabaria porque ela não é simplesmente uma forma de representar o homem, ela é uma experiência espiritual e criativa da fantasia humana”.

Ferreira Gullar - Sem Título 3 – Serigrafia

Ferreira Gullar - Sem Título 3 – Serigrafia

Nesta “Fantasia humana” de expressar desejos, criar imaginários e sensações, Gullar também pintou e gravou diversas obras, em sua grande maioria, abstrações.

Para ele, a função dos artistas plásticos e dos poetas era dar alegria às pessoas. Mesmo que o processo de construção de uma obra fosse um sofrimento, era no fim um prazer, uma alquimia que transforma o sofrimento em felicidade.

Ferreira Gullar - Sem Título 4 – Serigrafia

Ferreira Gullar - Sem Título 4 – Serigrafia

Curiosidades e pensamentos de Gullar

Ferreira Gullar fez parte do time de Roteiristas da série “Carga Pesada” que ficou por aproximadamente 7 anos no ar, na Rede Globo de Televisão.

O escritor também fez a tradução de uma canção estrangeira que faria muito sucesso no Brasil através da voz de Raimundo Fagner: “Borbulhas de Amor”.

Premiado

Em 2007, Ferreira Gullar ganhou o Prêmio Jabuti. Em 2010, recebeu um dos prêmios mais importantes da Literatura Brasileira, o Prêmio Camões, e, em 2002, foi indicado ao prêmio de maior expressão do Planeta para um escritor, o Prêmio Nobel da Literatura.

O Poeta do cotidiano, da carência, do desejo e da sociedade como um todo, recebeu o seu maior reconhecimento nacional em 2014 quando entrou parar a Academia Brasileira de Letras, eleito “Escritor Imortal” e coroando uma carreira irretocável.

Ferreira Gullar morreu em 2016, no Rio de Janeiro.

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Sat, 08 May 2021 20:04:39 +0000
<![CDATA[Os gatos de Aldemir Martins]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/os-gatos-de-aldemir-martins/ Aldemir Martins - Gato Amarelo 3 – Serigrafia

Aldemir Martins - Gato Amarelo 3 – Serigrafia

Ao longo de sua vida, Aldemir Martins sempre manifestou a preferência por temáticas brasileiras para representar suas obras. Estiveram sempre presentes na obra do pintor, desenhista e escultor brasileiro os galos, o cangaço e as paisagens nordestinas. Mas nenhum desses temas foi tão frequente na obra de Ademir Martins como os Gatos.

O Surgimento dos Gatos

Os Gatos de Aldemir Martins começaram a surgir nas obras quando uma senhora foi ao seu ateliê já pensando em pedir que lhe pintasse um gato. Curiosa, a senhora teria olhado todas as obras prontas do artista, mas lhe pediu “algo diferente”.

Feita a encomenda, Aldemir pediu 15 dias de prazo para fazer a obra, e curiosamente, em 2 dias o gato já estava pintado e vendido. Sim! Assim que ficou pronto, o “Gato Encomendado” foi vendido a outra senhora que visitou seu ateliê, assim como vários outros que foram feitos durante os 15 dias do prazo pedido por ele. Aldemir teve então que pintar outro Gato Azul para a senhora que lhe fez a encomenda.

Aldemir Martins - Gato Pensativo – Serigrafia

Aldemir Martins - Gato Pensativo – Serigrafia

O lado Comercial

A partir daí, Aldemir Martins não parou mais de pintar gatos até o final de sua carreira. Segundo ele “todo mundo queria gato”, “todas as senhoras desejavam os gatos”. Talvez, o fato de os gatos serem muito vendidos fosse uma maneira de perceber o quanto as pessoas gostavam de suas obras. Para ele, uma pessoa só gostava de fato de suas telas ou artes se elas as levassem para casa. Quando ouvia:

” - Fulano gostou muito da minha pintura”, logo perguntava:

“- Comprou?”

“- Não!”

“- Então não gostou”.

Aldemir Martins - Gato Rajado – Serigrafia

Aldemir Martins - Gato Rajado – Serigrafia

De certa forma é possível perceber que os gatos e o interesse constante, principalmente das senhoras, aguçavam e saciavam as veias comerciais que sempre foram um diferencial muito importante para a carreira do pintor.

Aldemir Martins - Gato Marrom Rajado – Serigrafia

Aldemir Martins - Gato Marrom Rajado – Serigrafia

O lado Artístico

Aldemir se interessou ainda mais por pintar gatos pois eles aceitavam e ficavam bem em qualquer cor, mesmo as que não eram de sua natureza. Além das cores, os gatos também eram um tema que possibilitavam serem representados de diferentes formas e com diferentes técnicas. Podiam ser mais realistas, mais caricatos, ou serem pintados apenas com algumas linhas. Podiam ser apenas um rosto, pintados de corpo todo ou até mesmo serem retratados brincando.

Aldemir Martins - Gato com Bola 4 – Serigrafia

Aldemir Martins - Gato com Bola 4 – Serigrafia

Aldemir Martins - Gato Vermelho – Serigrafia

Aldemir Martins - Gato Vermelho – Serigrafia

Aldemir Martins - Gato Rosto – Serigrafia

Aldemir Martins - Gato Rosto – Serigrafia

Até hoje, os Gatos de Aldemir Martins são desejados não apenas pelas “Senhoras”, mas por todas as pessoas que apreciam a obra do artista, conhecido internacionalmente pela representação ímpar dos felinos. Possuir uma dessas obras de Aldemir Martins é como celebrar sua carreira e reconhecer o estilo único como ele os pintava.

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Thu, 06 May 2021 01:59:23 +0000
<![CDATA[Forma, Cor e os pontos e linhas da Liberdade Artística de Eduardo Sued]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/forma-cor-e-os-pontos-e-linhas-da-liberdade-artistica-de-eduardo-sued/ Eduardo Sued - Sem Título - Serigrafia

Eduardo Sued - Sem Título - Serigrafia

Eduardo Sued nasceu no Rio de Janeiro em 1925 e, em 1948, formou-se na Escola Nacional do Rio de Janeiro. Pouco tempo depois, começou a estudar pintura e desenho com o pintor e professor alemão Henrique Boese. Seus primeiros passos na arte o levaram a trabalhar como desenhista no escritório de um dos maiores arquitetos brasileiros, Oscar Niemeyer.

Pouco tempo depois, Sued vai a Paris onde tem seus primeiros contatos com obras de importantes artistas internacionais, como Matisse, Miró e Picasso. Na capital francesa, Eduardo se mantém vendendo pinturas em aquarela enquanto estuda arte e conhece escolas renomadas como a Académies Julian e La Grande Chaumière, escolas francesas que tinham ideologias e métodos baseados na liberdade, que é até hoje algo sagrado a Eduardo Sued.

Na volta ao Brasil, o Pintor, gravador, ilustrador, desenhista e vitralista também dá aulas na Escolinha de Arte do Brasil. Vive um tempo em São Paulo e volta para sua Terra Natal, onde estende sua carreira até os dias de hoje, aos 95 anos, quando é reconhecido por muitos críticos, felizmente em vida, como um dos maiores coloristas e pintores abstratos da história da arte brasileira.

Eduardo Sued - Sem Título - Gravura

Eduardo Sued - Sem Título - Gravura

Figurativismo breve e a extensa abstração

Com uma trajetória predominantemente abstrata, Sued teve uma passagem rápida pelo figurativismo, porém importante para o aprendizado de técnicas que o ajudariam futuramente.

Eduardo Sued - Água Forte - Gravura em metal

Eduardo Sued - Água Forte - Gravura em metal

Cor, linha, ponto e plano

Em meados dos anos 1960, o interesse por áreas cromáticas e a busca por mais plasticidade em suas obras o levam a dedicação de forma cada vez mais exclusiva à pintura. A partir do predomínio da pintura em sua obra, pode-se dizer que uma de suas particularidades é a não participação ativa em movimentos artísticos, algo bastante usual na história de artistas como ele. Sued considera o seu trabalho muito pessoal e cita que, para ele, a liberdade artística é uma necessidade como respirar. Não é à toa que Sued apelida seu ateliê de “SANTUÁRIO”, pois é ali que suas inspirações afloram, e, logo, as criações surgem, pois o ambiente lhe traz as ideias.

Mesmo sem rótulos e definições, a partir da década de 70 Sued mergulha na abstração, estilo no qual mais tarde se tornaria um dos maiores pintores brasileiros. Na mesma década, aproxima-se das vertentes construtivas, participa de importantes bienais como a de San Juan de Gravura Latino-Americana e a Bienal Internacional da Gravura, na Polonia.

Eduardo Sued - Sem Título – Gravura

Eduardo Sued - Sem Título – Gravura

Nos anos 90, Eduardo traz novos conceitos aos seus trabalhos. Introduz a tinta de alumínio e insere diferentes técnicas. É possível perceber que suas obras começam a ter pinceladas mais grossas e a superfície de suas telas passam a apresentar um relevo. A partir dessas novas técnicas e conceitos, a luz é mais avaliada e percebida em suas obras.

Eduardo Sued - Sem Título - Acrílica sobre tela

Eduardo Sued - Sem Título - Acrílica sobre tela

Uma vida de liberdade

“Eu amo a liberdade, a liberdade é algo sagrado”. No inicio de sua jornada, Eduardo Sued foi a Paris e lá estudou em escolas que valorizavam a liberdade como estilo de vida e como estilo artístico. Na sua liberdade, criou um estilo particular e se abriu aos sentimentos exteriores.

“Quem pinta só com os olhos abertos vai errar”. Esta frase mostra a importância da liberdade e de estar aberto aos chamados que a liberdade ocasiona frequentemente. Suas inspirações artísticas estão sempre desenhadas em seus cadernos de croquis e quando uma inspiração não está completamente composta para ser expressada, ela é lá guardada. Quando esta inspiração é instigada novamente, mesmo que no meio de outras produções, é de lá que ele tira.

Eduardo Sued - Sem Título – Serigrafia

Eduardo Sued - Sem Título – Serigrafia

Maestro das Cores

“A cor é elemento formativo, fundamental na minha obra" e “cada obra pronta é como uma ostra, sinto que, quando termino, ela se fecha.”

A fundamentabilidade das cores em suas obras não é algo que apenas ele mesmo considera, pelo contrário, na avaliação de muitos críticos de arte, há o reconhecimento da maestria com a qual Sued utilizou e empregou as cores.

Assim como Alfredo Volpi, Eduardo é um colorista nato. Abandonou completamente o real, deu valor as formas e ao completo abstrato marcando, até os dias de hoje, a Arte Brasileira dentro e fora do país.

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Tue, 04 May 2021 22:41:06 +0000
<![CDATA[A partir de Recife, Cícero Dias conheceu o Mundo e pintou por ele]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-partir-de-recife-cicero-dias-conheceu-o-mundo-e-pintou-por-ele/ Cícero Dias - Moças na Janela – Serigrafia

Cícero Dias - Moças na Janela – Serigrafia

Cícero Dias nasceu em maio de 1907 em Pernambuco, na cidade de Escada e por lá começou seus primeiros estudos sobre história da arte. História essa que hoje é impossível de ser estudada sem se deparar com seu nome.

Logo aos 13 anos o artista já iria para o Rio de Janeiro. No Rio, Cícero teve um contato mais profissional com o aprendizado artístico, aos seus 28 anos, na Escola Nacional de Belas Artes, a ENBA. Estudou sobre arquitetura e pintura e, mesmo não concluindo os cursos, ainda apresentaria ali uma das obras mais polemicas e marcantes da história da arte brasileira.

Suas primeiras obras são predominantemente feitas em aquarela sobre papel. Elas têm em comum a proposital falta de proporcionalidade quanto ao tamanho das pessoas se comparado ao local onde elas se situam e a paisagem ao seu redor.

Cícero Dias - Mulher Nadando - Aquarela e Nanquim sobre papel

Cícero Dias - Mulher Nadando - Aquarela e Nanquim sobre papel

A “Guernica Brasileira”

Em 1931 na ENBA, Cícero expôs sua mais importante obra: “Eu Vi o Mundo... Ele Começava no Recife. Uma obra imponente de 1 metro e 98 de altura por 12 metros de comprimento, considerada polêmica na mesma proporção de sua extensão, e que foi chamada por muitos de “A Guernica Brasileira”.

Cícero Dias - Eu vi o mundo… Ele começava no Recife - Técnica mista sobre papel

Cícero Dias - Eu vi o mundo… Ele começava no Recife - Técnica mista sobre papel

A obra era muito polemica para a época pois trazia mulheres nuas por todas as partes. Com todos os seus 12 metros de comprimento, a obra foi “censurada” e teve 3 metros literalmente cortados. A história conta que a esta obra foi pintada em uma casinha em Santa Teresa, no Rio de Janeiro, e demorou mais de 3 anos para ser finalizada.

Um dos pioneiros do modernismo brasileiro

A obra “Eu vi o mundo… Ele começava no Recife” marca a sua entrada na vanguarda modernista brasileira, porém, antes deste marco, Cicero Dias já estava em contato com os modernistas.

Cícero Dias - Sem Título - Óleo sobre tela

Cícero Dias - Sem Título - Óleo sobre tela

O pintor também fez obras que pairaram entre o figurativismo e a abstração.

Em 1991, o artista fez o Mural Cores e Formas, localizado em um metrô da cidade de São Paulo. A obra tem 2 metros de altura por 20 de comprimento e foi pintada a revolver de tinta sobre cerâmica.

Cícero Dias - Mural Cores e Formas - Tinta sobre cerâmica

Cícero Dias - Mural Cores e Formas - Tinta sobre cerâmica

Perseguição por Ditaduras e a Europa

Com a decretação do Estado Novo, na última fase da Era Vargas, Cícero Dias foi preso, assim como outros inúmeros artistas que não seguiam a “cartilha” do governo de Getúlio.

Pouco tempo após sua prisão, Cícero viaja a Paris a passeio, convidado e aconselhado a aprender muito mais no velho continente por seu amigo Di Cavalcanti. Mais tarde, em 1937, mudaria em definitivo e, por lá, faria amizade com artistas de renome internacional como Pablo Picasso e Henri Matisse .

Com o auge da Segunda Guerra Mundial, foi preso novamente e mandado para a Alemanha. Assim que conseguiu sua liberação, viajou para Portugal, onde ficou até o estopim da Guerra. No mesmo ano mudou-se para Paris, sua residência fixa até os últimos momentos de sua vida.

Nessa época, pintou com mais cuidado, prestou mais atenção nas cores e cuidou de seus traços, se desfazendo vagarosamente da imagem de desleixado que tinha anteriormente. Durante essa fase, pintou com a lembrança de suas paisagens nordestinas e temáticas que remetiam ao Brasil. Pouco tempo depois Cícero foi incluindo pinturas mais abstratas em suas obras e foi a fundo por elas.

Cícero Dias - Mormaço - Óleo sobre tela

Cícero Dias - Mormaço - Óleo sobre tela

Curiosidades sobre Cícero

A primeira exposição individual de Cícero Dias foi em um Hospício.

Além de ser conhecido por ser o pintor da “Guernica Brasileira”, Cícero foi o grande responsável por trazer a verdadeira Guernica ao Brasil, na Segunda Bienal de São Paulo, pela sua amizade com Pablo Picasso. Além disso, Cícero Dias também fez com que Picasso emprestasse mais 30 de suas obras para a exposição.

Em 1998, quando tinha 91 anos de idade, recebeu do governo francês a Ordem Nacional do Mérito da França.

Cícero Dias morreu em janeiro de 2003, aos 95 anos, na cidade de Paris.

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Wed, 28 Apr 2021 23:44:29 +0000
<![CDATA[As Esculturas e as obras feitas “com o corpo todo” de Tomie Ohtake]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/as-esculturas-e-as-obras-feitas-com-o-corpo-todo-de-tomie-ohtake/ Tomie Ohtake - Lagoa Rodrigo de Freitas – Escultura – Crédito: Instituto Tomie Ohtake

Tomie Ohtake - Lagoa Rodrigo de Freitas – Escultura – Crédito: Instituto Tomie Ohtake

Nascida em 1913, em Quioto, no Japão, Tomie Ohtake teve suas primeiras experiências com a arte no Oriente. Ainda criança, teve contato com a caligrafia, comum para o aprendizado das escritas orientais e, pouco tempo depois, deu seus primeiros passos nos desenhos. Mesmo tendo nascido em uma sociedade que valoriza o aprendizado precoce de técnicas artísticas, Tomie só se expressaria como uma verdadeira artista bem mais tarde.

Tomie Ohtake - Sem Título – Crédito: Cor e corpo/Divulgação

Tomie Ohtake - Sem Título – Crédito: Cor e corpo/Divulgação

Em 1936, veio para o Brasil afim de visitar o irmão. Sua ideia era que a visita durasse no máximo alguns meses e, após isso, voltaria para sua terra. O futuro incerto no Japão fez com que Tomie fosse ficando por aqui. Seu irmão também fez questão que ela permanecesse, já que a Segunda Guerra Mundial chegava ao seu ponto mais obscuro e cruel e a possibilidade de que o Japão firmaria parceria com as nações mais envolvidas na Guerra logo tornou-se concreta.

Mesmo com uma permanência de início forçosa, Ohtake acabou instalando-se no Brasil e, após o termino da segunda Guerra, já havia se casado com um Engenheiro Agrônomo, também japonês.

A pintura e o início na Arte

Assim como o “acaso” teria feito com que Tomie ficasse no Brasil, ele também seria o responsável pelo seu início na pintura, já que em 1951 conheceria o também japonês, artista plástico e professor Keisuke Sugano. Com ele, a japonesa retomou seus primeiros conhecimentos artísticos e fez suas primeiras pinturas. No início, essas obras eram figurativas e muito raras de se encontrar. Boa parte delas inclusive foram perdidas nas comuns enchentes da época em São Paulo.

Tomie Ohtake - Sem Título (1957) - Óleo sobre tela

Tomie Ohtake - Sem Título (1957) - Óleo sobre tela

No ano seguinte, Tomie Ohtake começa a participar do Grupo Seibi, um coletivo de artistas japoneses no Brasil do qual também participavam Tikashi Fukushima, Tadashi Kaminagai, Manabu Mabe e Flavio Shiró. Nessa época, as obras figurativas de Tomie começaram a dar lugar ao concretismo e, mais tarde, a artista iria de vez ao abstracionismo que a acompanharia por toda a extensão de sua carreira.

As técnicas que marcaram as Paisagens Brasileiras

Tomie inseriu diferentes técnicas em seu repertorio artístico, como a serigrafia, a litogravura, a gravura em metal e também fez muitas esculturas. Foi uma das mais premiadas artistas do Brasil e sempre destacou a importância e a influência das artes asiáticas em suas obras.

Tomie Ohtake - Recortes 04 - Gravura em Metal

Tomie Ohtake - Recortes 04 - Gravura em Metal

As esculturas talvez tenham sido a grande marca da artista, presentes em pontos de destaque de grandes cidades do Brasil e do mundo. Santos, São Paulo, Rio de Janeiro e Tóquio são algumas das cidades que abrigam obras importantes de sua carreira. A Escultura dos 100 Anos da Imigração Japonesa ao Brasil é uma das peças que melhor representa a trajetória artística imigrante de Tomie Ohtake.

Tomie Ohtake - 100 Anos da Imigração Japonesa – Escultura – Crédito: Divulgação/CASACOR

Tomie Ohtake - 100 Anos da Imigração Japonesa – Escultura – Crédito: Divulgação/CASACOR

O ponto em comum de todas as suas obras, independente da técnica utilizada, é a ideia e sugestão de movimento.

Tomie Ohtake - Avenida 23 de maio – Escultura – Crédito: Instituto Tomie Ohtake

Tomie Ohtake - Avenida 23 de maio – Escultura – Crédito: Instituto Tomie Ohtake

Exposições por todo o Brasil

Em 1957 Tomie realizava sua primeira exposição de arte individual no MAM, o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Desde então, não houve um ano em que ela não participasse de uma exposição de arte dentro ou fora do Brasil.

No auge de seus 73 anos, o Museu de Arte de São Paulo realizou uma exposição relembrando a história de suas obras e mais tarde, quando Tomie estava com 83 anos, a Bienal de São Paulo também o fez.

Ao completar 100 anos de idade, Tomie teve 17 exposições por todo o Brasil, onde também pode difundir tanto suas obras e importância, quanto seu recém criado Instituto.

Exposição 100 Anos Tomie Ohtake – Crédito: Felipe Lima/Prefeitura de Guaír

Exposição 100 Anos Tomie Ohtake – Crédito: Felipe Lima/Prefeitura de Guaíra

“Eu pinto com o corpo todo”

Tomie Ohtake foi uma artista que produziu muito e realizou obras extremamente conhecidas e importantes. Com suas próprias palavras, pintou “com o corpo inteiro”. A artista teve uma carreira impecável e o reconhecimento de toda a sua importância ainda em vida.

Tomie faleceu aos 102 anos de idade, em 2015.

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Fri, 23 Apr 2021 22:22:45 +0000
<![CDATA[A poesia das Esculturas, Cerâmicas e Pinturas de Antônio Poteiro]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-poesia-das-esculturas-ceramicas-e-pinturas-de-antonio-poteiro/ Antônio Poteiro - Nossa Senhora dos Navegantes – Cerâmica

Antônio Poteiro - Nossa Senhora dos Navegantes – Cerâmica

Antônio Batista de Souza Poteiro nasce em 1925 em Portugal, na cidade de Aldeia Santa Cristina da Pousa, região conhecida como Província do Minho. No ano seguinte ao seu nascimento, sua família muda-se para o Brasil e aloja-se em São Paulo, onde fica por pouco tempo e acaba por instalar-se de maneira definitiva em Uberlândia no Estado de Minas Gerais. É lá que Antônio Batista dá seus primeiros passos na arte e começa seus trabalhos como ceramista. Antônio aprende a técnica com seu pai e começa a confeccionar peças utilitárias, como os potes, que mais tarde levaram ao seu consagrado apelido de “Poteiro”.

Em Goiás, Poteiro monta duas fábricas de cerâmica que vão à falência. Mais tarde, vai para a capital Goiânia onde passa dos utilitários para esculturas com uma veia mais artística. Com o conselho de Regina Lacerda, folclorista da época, começa a assinar as obras com seu apelido.

Com o tempo e o incentivo do Pintor Siron Franco, as pinturas de Antônio, agora Poteiro, começam a ganhar espaço no repertório do artista, que viria a ser um dos mestres da pintura colorista e primitiva brasileira.

Antônio Poteiro - Ciranda - Óleo sobre tela

Antônio Poteiro - Ciranda - Óleo sobre tela

As Esculturas de Poteiro

As esculturas sempre foram a preferência de Antonio Poteiro. Nelas, encontrou a melhor forma de explorar e objetificar sua vasta imaginação e o alto domínio de suas técnicas artísticas. Seu conhecimento para o trabalho com o barro e a cerâmica permitia a ele errar e começar de novo tantas vezes quanto necessário até atingir o objetivo desejado.

Antônio Poteiro - Deus Amor - Cerâmica

Antônio Poteiro - Deus Amor - Cerâmica

Poteiro esculpiu santos, casais, e até mesmo Deuses, entrando por vários âmbitos da arte figurativa com obras extremamente detalhadas e com todos os espaços preenchidos em uma técnica minimalista e trabalhosa.

Pinturas cheias de cor e erradas “porque queria”

As Pinturas de Antônio Poteiro eram marcadas pelo excesso de cor. Seus quadros ficavam em sua cabeça por anos até que chegasse o dia em que ele começasse a pinta-los. Gostava de retratar o povo e de ter a liberdade de criar suas obras como quisesse. “Essas coisas muito certinhas não prestam”, dizia Poteiro.

Antonio Poteiro - Ceia dos Descamisados - Óleo sobre tela

Antonio Poteiro - Ceia dos Descamisados - Óleo sobre tela

Alheio às classificações, o português pintava obras à sua maneira e aceitava os nomes nos quais os críticos as encaixavam.

Pintava o que gostava e pintava errado porque queria. Cabia aos outros gostar ou não. As falhas de perspectiva propositais são uma marca em suas obras, já que não se prendia em regras para representa-las.

Antônio Poteiro - As Duas Repúblicas - Óleo sobre tela

Antônio Poteiro - As Duas Repúblicas - Óleo sobre tela

A Melhor Escultura e as Exposições Internacionais

Poteiro participou de inúmeras bienais em São Paulo e no auge de sua carreira expos suas obras em países como a Alemanha, França, Itália, Estados Unidos e em sua terra natal, Portugal. Em 1985 recebeu o premio de Melhor Escultura da Associação Paulista dos Criticos de Arte, a APCA

Antonio Poteiro faleceu aos 85 anos, em 2010. 

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Wed, 21 Apr 2021 00:15:47 +0000
<![CDATA[Luz, Linha, Forma e Cor. As Obras do “Sem Rótulo” Alfredo Volpi]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/luz-linha-forma-e-cor-as-obras-do-sem-rotulo-alfredo-volpi/ Alfredo Volpi - Crepúsculo às Margens do Tietê – Canindé - Óleo sobre tela

Alfredo Volpi - Crepúsculo às Margens do Tietê – Canindé - Óleo sobre tela

Nascido em Lucca, na Itália em 1986, Alfredo Volpi veio para o Brasil quando tinha pouco mais de um ano de idade e viveu toda sua vida por aqui. Numa época em que meninos e meninas estudavam em colégios distintos, Volpi deu seus primeiros passos na Escola Profissional Masculina do Brás, que foi uma das responsáveis por instigar suas veias artísticas.

Com os primeiros réis ganhos, comprou uma caixa de tintas e um pouco mais tarde já começou a trabalhar em funções que aflorariam ainda mais suas aspirações artísticas, passando pela marcenaria, fazendo trabalhos de entalho e de encadernação. Mais tarde, em 1911, Volpi já era aprendiz de decorador, ajudando em pinturas e decorações de casarões da época.

As primeiras obras próprias dele surgem em 1914, em sua maioria paisagens com casas, ainda clássicas e em sua maioria feitas em óleo sobre madeira ou tela.

Junto de Mário Zanini, Francisco Rebolo, Fulvio Pennacchi e Bonadei, Volpi fez parte do grupo Santa Helena e, mesmo sem fases bem delineadas, foi considerado um modernista que teve uma carreira de transformações que mudaram seu estilo, os temas de suas obras e sua forma de pintar.

Itanhaém e a Têmpera

A cidade de Itanhaém teve uma influência muito grande nas obras de Volpi, mesmo que a frequente presença dele por lá não fosse algo programado, uma vez que sua esposa se tratava de uma doença na cidade e Alfredo a visitava aos finais de semana.

Em Itanhaém, Volpi começou a pintar paisagens urbanas, ruas e casas mais claras e com mais simplicidade, algo muito bem representado por uma cidade do litoral de São Paulo. A luz também apareceu mais em suas pinturas que representavam a cidade, como diria ele, a “luz era algo da natureza” e, nesse âmbito, Itanhaém o ajudava a dar novos ares às suas obras.

Foi também em Itanhaém que Volpi começou a utilizar a têmpera, uma tinta à base de ovos e de cheiro forte. Ele adicionava cravos ao pigmento para diminuir o odor característico.

Para muitos, a utilização da têmpera foi uma das responsáveis pela reinvenção e pela valorização de suas obras, já que ela realça muito a tonalidade das cores e sua “vida” em cima das superfícies das telas. Na utilização da têmpera e na pintura de paisagens urbanas e litorâneas mais claras, pode-se perceber uma das transformações da carreira de Volpi.

Alfredo Volpi - Marinha de Itanhaém - Têmpera sobre tela

Alfredo Volpi - Marinha de Itanhaém – Têmpera sobre tela

As Bandeiras de São João

Em uma de suas visitas a Itanhaém Volpi viu a cidade inteira enfeitada com as famosas Bandeirinhas de São João. O artista ficou encantado e começou a representa-las de diferentes formas em suas obras, algumas vezes presentes em paisagem enfeitando as casas, outras vezes apenas as formas das bandeiras preenchiam toda a tela.

Alfredo Volpi - Grande Fachada Festiva – Óleo sobre tela

Alfredo Volpi - Grande Fachada Festiva – Óleo sobre tela

Alfredo Volpi era um artista que costumava voltar em temas prediletos e, neles, variava técnicas. Por esse motivo, não existem fases muito bem definidas em sua obra, então, podemos ver as bandeirinhas que ficaram famosas em suas pinturas em diferentes momentos da carreira de Alfredo Volpi, representadas de diferentes formas e com diferentes técnicas.

Alfredo Volpi - Bandeirinhas - Serigrafia

Alfredo Volpi - Bandeirinhas - Serigrafia

As Obras Concretas de Volpi

Mesmo se transformando por toda a sua vida, sendo um artista sem rótulos e fases bem delineada, Volpi teve um período de estilo muito perceptível quando começou a pintar obras concretas mais abstratas e menos figurativas.

Alfredo Volpi - Composição Concreta - Têmpera sobre tela

Alfredo Volpi - Composição Concreta - Têmpera sobre tela

Alfredo Volpi - Triangulos – Litogravura

Alfredo Volpi - Triangulos – Litogravura

Melhor pintor nacional

Com jeito simples e obras simples, Volpi teve seu auge no Brasil na Segunda Bienal de São Paulo, em 1953, recebendo o premio de Melhor Pintor Nacional. Internacionalmente, participou de bienais em Nova Iorque, Tóquio e Veneza.

Já octogenário, Alfredo Volpi teve suas obras expostas no MAM.

Volpi faleceu em 1988 e ainda hoje sua carreira vem ganhando cada vez mais destaque nacional e internacionalmente.

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Fri, 16 Apr 2021 00:37:42 +0000
<![CDATA[O Nordeste, os Gatos, o Cotidiano e as Marcantes Obras Figurativas de Aldemir Martins]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/o-nordeste-os-gatos-o-cotidiano-e-as-marcantes-obras-figurativas-de-aldemir-martins/ Aldemir Martins Frutas

Aldemir Martins – Frutas – Acrílica sobre tela

Pintor, ilustrador, escultor, gravador e artista plástico, Aldemir Martins foi uma das grandes figuras da Arte brasileira e marcou a história com figuras nordestinas como as paisagens, cangaceiros, galos e frutas. Ficou famoso também por seus característicos gatos que tinham cores e traços exóticos. Nascido em Ingazeiras, no Ceará, em 1922, Aldemir começou seus passos artísticos logo cedo. Desde criança já era conhecido no Colégio Militar e fazia desenhos que eram caracterizados por seus traços fortes e marcantes.

Com 19 anos, Aldemir já tinha atuação forte no meio artístico da região de Fortaleza e junto com Mário Baratta, Antonio Bandeira e João Siqueira ajudou a fundar o Centro Cultural de Belas Artes, que mais tarde foi renomeado SCAP, a Sociedade Cearense de Artes Plásticas.

Na mesma época, o Cearense servia ao exército e ganhou a curiosa patente de “Cabo Pintor”, pois era responsável pela pintura das viaturas sem deixar de lado sua veia artística criativa, pintando e desenhando também nas horas vagas.

A partir daí, se dá o início de uma das mais ricas e intensas histórias da Arte Brasileira.

O Nordeste Muito além do Nordeste

Coisas, lugares, alimentos e paisagens típicas do Nordeste brasileiro sempre estiveram muito presentes nas obras de Aldemir. Cearense e filho de uma mãe indígena, não poderia figurar melhor a persona de um Brasileiro, que sempre representou sua realidade. Nas linhas de suas obras estavam sempre presentes os cangaceiros, os cestos de frutas típicos do Nordeste e os galos, sempre em linhas sinuosas e com cores intensas. As paisagens também foram muito pintadas por ele. Aldemir Martins pintou o Brasil.

Aldemir Martins Cangaceiro

Aldemir Martins - Cangaceiro – Óleo sobre tela.

Aldemir Martins nem de longe foi um artista apegado em uma só técnica ou estilo, e unindo a isso sua vontade de estar em lugares diferentes, fez obras com temáticas e aplicações diversas.

Aldemir Martins Marinha

Aldemir Martins - Marinha – Acrílica sobre Cartão

 

Saiu do Nordeste muito cedo. Morou pouco tempo no Rio de Janeiro e logo foi para São Paulo, onde chegou em 1946, com 23 anos de idade e aprendeu que aquela não era uma cidade onde se “pode parar”.

Fez ilustrações para embalagens, rótulos de vinho, latas de sorvete, jogos de mesa e em seu auge fez a vinheta da novela “Gabriela, Cravo e Canela” e “Terras do Sem Fim”, ambas da Globo.

Como gostava de pintar os “Amores dos Brasileiros”, também pintou o que era para ele o que o brasileiro mais gostava de fazer depois de tomar cachaça: o futebol e os maiores astros da época Pelé e Rivelino.

 

Aldemir Martins Rivelino

Aldemir Martins – Rivelino – Gravura

 

Aldemir Martins Pelé

Aldemir Martins – Pelé – Serigrafia

 

Os gatos também estavam entre esses amores que gostava de pintar. Segundo ele, todos os seus gatos vieram de uma senhora que lhe fez uma encomenda e, a partir desse episódio, todas as senhoras também queriam seus gatos pintados por ele.

 

Aldemir Martins Gato Azul

Aldemir Martins – Gato Azul III – Acrílica sobre tela

 

Muito além dos Quadros

Conforme dito no parágrafo anterior, até mesmo nas telas de televisão foram parar suas obras. Desde os rótulos até as telas, as aplicações só foram possíveis pois o conhecimento de como aplicar cada tipo de arte estava em seu repertório. Desde sempre, Aldemir pintou em vários tipos de superfície: cerâmica, acrílico, madeira, papel, telas e tecidos e até mesmo joias. Em seu atelier, era possível ver obras pintadas em caixas de papelão e embalagens de pizza. Classe e simplicidade sempre estiveram presentes na obra de Aldemir.

 

Aldemir Martins Gato na Caixa de Pizza

Gato Pintado por Aldemir em uma Caixa de Pizza

 

À frente de seu tempo

Aldemir era considerado por muitos um artista à frente de seu tempo, que produzia muito, trabalhava muito e sabia muito bem vender e dar valor a suas obras. Ao mesmo tempo, era solidário. Quando convidado a uma exposição ou para um trabalho, era comum que levasse amigos consigo, dava oportunidades e ajudava os que precisavam de trabalhos no momento.

Tecnicamente, ele se preocupava mais com as cores do que com as formas. Fazia o “Jogo livre das cores”. Pessoalmente, tinha “alegria de viver”, era “um trabalhador que não pensa em morrer”. Viajava todo ano a Paris e a única saudade que sentia era de ser livre, já que tinha muitas obrigações, porém muita vontade de fazer.

 

O Melhor Desenhista Internacional

Sua carreira atingiu seu ponto máximo em 1956, quando foi premiado como o Melhor Desenhista Internacional na 28ª Bienal de Veneza. A partir daí foram anos de muito trabalho, reconhecimento e obras para grandes marcas, estampando desde rótulos e aparelhos de mesa de jantar à abertura de novelas.

 

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Wed, 14 Apr 2021 01:06:42 +0000
<![CDATA[A marchand, Van Gogh e Monet]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-marchand-van-gogh-e-monet/ auberge-van-gogh

Eu já tinha 37 anos de idade –10 deles como marchand –e ainda não conhecia a França. Muito menos Paris. Muito menos o Louvre. Algo inconcebível para alguém que trabalha com arte. Um absurdo completo! Não sei explicar a razão desse atraso. Vivi na Alemanha. Conheci Portugal, Espanha, Holanda, Áustria, Itália. Mas toda vez que planejava ir a Paris, algo dava errado. Talvez eu não estivesse preparada para absorver ao máximo o que a cidade oferecia. Talvez porque eu devesse conhecer a França com um francês, como de fato aconteceu. 

O meu namorado nessa época era um chef de cozinha francês. Nossa viagem a França foi focada nos temas preferidos do casal: arte e gastronomia. Em Paris, cada dia era dedicado a um Museu: Louvre, Museu D’orsay, Pompidou, Museu Picasso, Dalí Paris, Museu do Rodin... Cada um desses museus é parada obrigatória para quem visita a cidade, trabalhando com arte ou não. Os restaurantes transitavam entre os tradicionais, da época em que meu namorado morava e trabalhava como chef em Paris, como o “Au Pied de Cochon”, e outros atuais que pesquisei com meus amigos ou clientes. No Mont Saint-Michel delirei com o melhor omelete do mundo. Ele é leve e aerado com um souflé. Dizem que o segredo são as claras batidas separadas das gemas. E os mariscos lambe-lambe como entrada todos os dias? E o mousse de chocolate como sobremesa todos os dias? Sem dúvidas a culinária também é uma arte.

Paris é um suspiro a cada esquina. Mas mais interessante ainda, ao menos para mim, foi o roteiro pela Normandia, passando por cidades e vilarejos onde grandes artistas como Monet e Van Gogh viveram –e outros tantos se inspiraram. 

No vilarejo Auvers-Sur-Oise, Van Gogh passou seus últimos 70 dias de vida. Nessa última temporada, produziu 72 pinturas, 33 desenhos e uma gravura. Auvers, portanto, é uma cidade marcada pela presença de Van Gogh.  Há 29 placas espalhadas pelo vilarejo, com imagens dos quadros que ele pintou exatamente naqueles locais. Ou seja, inspirando-se naquelas construções e paisagens, tal como puderam resistir a passagem do tempo. É emocionante ver de perto aqueles campos por onde ele vagava pintando sem parar, num ritmo frenético e talvez enlouquecedor. 

No Auberge Ravoux, conta-se que Van Gogh se hospedava por 3,5 francos a diária.

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À espera de Van Gogh- Auvers-Sur-Oise

O restaurante no andar debaixo do albergue é como em um cartão-postal antigo. Preserva a mobília e a atmosfera de um clássico café de artistas, onde os turistas são envolvidos pela boemia. Ali, eles servem os mesmos pratos que serviam na época de Van Gogh. Tinha um peixe que vinha em um recipiente enorme de cobre. Ele estava mergulhado em um caldo que parecia para conserva. Era grande. Pensei: Como vamos comer tudo isso? Meu namorado explicou que era só para pegar o que queria, depois eles levavam de volta ou seguiam com a iguaria para outra mesa. Achei estranho, mas talvez esse tipo de detalhe é que nos faz sentir estamos não só em outra cultura, mas também em outra época. Eu saboreei cada receita tentando me sentir na pele do artista. 

O quarto dele, no andar de cima, me deu um aperto no coração. Achei triste alguém viver em um pequeno quarto, de teto baixo, um pouco claustrofóbico. Me fez refletir sobre o quanto é importante o lugar onde vivemos. Sozinho, em ambiente pequeno, todo marrom, à mercê dos próprios pensamentos, pode ser perigoso. O quarto não era como o que ele pintou na conhecida obra “Quarto em Arles”. A diferença é que o quarto da pensão em Arles era colorido, com paredes azuis. Embora o piso e a disposição dos quadros na parede desalinhados passem a impressão de que estivessem caindo, transmitindo uma tensão, talvez o desespero do artista. Esse em que estávamos era bem deprê. Talvez o quarto de Arles também não fosse bonito, mas na sua pintura tudo se transformava em beleza. 

Seu irmão, o marchand Theodorus Van Gogh, faleceu seis meses depois de Van Gogh, e está enterrado ao lado do irmão, no mesmo cemitério, nesse mesmo no vilarejo. Quis visitar, é claro. Tenho uma ideia meio tola, de que quando estou ao lado do corpo de uma pessoa, mesmo que ali restem apenas ossos e cinzas, eu posso conversar com ela. E mais, posso ainda captar alguma mensagem, de alguém que tanto respeito, talvez um recado que me ajude a aprofundar minha existência. Eu poderia conversar com Van Gogh. O artista que toca minha alma como nenhum outro. Seria um papo de amigos, ou, nesse caso, de marchand e artista. 

Essa parte da viagem realmente me tocou muito. Chegamos ao cemitério pequeno, em meio aos campos coloridos onde Van Gogh vagava pintando. Não sei se é efeito psicológico, mas é incrível. Quando você vê esses campos logo os identifica com as pinturas do artista. A predominância do amarelo no capim quase dourado. O movimento do vento dando forma a vegetação, que nas telas são reproduzidas pelas pinceladas frenéticas e repetitivas. Aquela paisagem solitária faz sentir que só falta Van Gogh surgir, ali, no meio do capim alto, com seu chapéu, cavalete, tela, pincéis e tintas. 

Eu esperava ver turistas pelo cemitério por ali. Talvez fila, venda de souvenirs, pagamento de um pequena taxa para poder visitar o famoso túmulo, tudo o que seria comum no Brasil. Talvez até policiamento. também. No Brasil Os ossos de Van Gogh, afinal, correriam risco de serem roubados e vendidos em um mercado de arte paralelo.

Mas não havia ninguém no cemitério ou nas proximidades. Tive de procurar bastante pelo túmulo de Van Gogh e de seu irmão Theo, o que me causou mais expectativa e ansiedade. Não havia informação, setas, nada que indicasse o túmulo dos irmãos. Esperava talvez encontrar um jazigo que os diferenciasse dos demais mortais. Talvez flores trazidas pelos turistas fãs da história da arte. Nada. 

Andei com a cabeça mais baixa, procurando os nomes nos túmulos. Encontrei. Assim, de supetão! Senti vontade de chorar, talvez pela triste certeza da morte em si, ou  pela expectativa de encontrar o túmulo, ou ainda pela marchand que encontrava ali um artista tão importante e um outro marchand. Me emocionei pela história dos dois, por todo o talento e o sofrimento de Van Gogh e pela oportunidade de estar ali. Senti um respeito enorme. Aquele silêncio absoluto não era à toa. Era um momento sagrado. Tive de segurar o choro. 

O meu namorado, enquanto isso, tinha ido fazer xixi nos campos de Van Gogh e agora se aproximava. Para ele talvez era apenas aquilo que aqueles campos significavam. Um lugar para fazer xixi. Ele sempre dizia que eu estava “fazendo cena” quando chorava. Achava mais prático mascarar sentimentos, enquanto eu ia fundo neles, seja qual fosse o sentimento. 

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Continuando a viagem pela Normandia, nossa próxima parada foi a casa de Monet em Giverny. Existem muitas casas de pintores famosos que se tornaram museus após sua morte, mas ouso dizer que poucas nos transmitem com tanto realismo a maneira como o artista viveu e trabalhou como esta de Monet.

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          Oscar-Claude Monet foi o grande mestre do Impressionismo. Ele inventou um estilo e além de tudo produziu os cenários que queria pintar quando cultivou diversos jardins ao seu redor. 

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Jardins de Monet – Giverny (FR)

Eu tenho muitos clientes para obras de Roberto Burle Marx. Burle Marx foi um grande paisagista e reconhecido mundialmente por suas obras paisagísticas. A famosa calçada de Copacabana, para quem não sabe, também é de sua autoria. Ele deixou um excelente legado como artista plástico, com alta cotação de valores para suas obras. Mas é no paisagismo que ganhou notoriedade internacional. 

Por que estou dizendo tudo isso? Porque pensei que com Monet aconteceu o inverso. Ele é consagrado como artista plástico, mas ao passear pelos seus jardins primorosos, não se pode negar que também foi um grande paisagista.

Quando trabalho com artistas reconhecidos, é natural que eles tenham um certa idade e longos anos de carreira. O lado ruim é que tive de me acostumar a perder artistas a cada ano. Mesmo assim, é impossível não se emocionar diante de um túmulo de um artista tão importante. 

No caso de Monet, a procura pelo jazigo foi bem diferente da minha experiência em busca do túmulo de Van Gogh. Mais uma vez, estávamos sozinhos no cemitério ao lado da igreja. O cemitério não era tão pequeno como o de Van Gogh. De novo, nenhuma indicação que levasse ao ilustre jazigo. Começamos a procurar o tal túmulo e nada. Eu já via a cara de desespero do meu namorado, irritado por se ver perdido em mais um labirinto fúnebre. Na verdade, ele se irritava com qualquer coisa. Até aí, não tem tanta graça, mas conforme ele andava para lá e para cá, eu podia sentir a sua crescente frustração por não se revelar o excelente guia turístico que tinha sido até ali. 

É uma pena que não devo nem posso publicar essas fotos, porque comecei a rir sem parar em pleno cemitério, fotografando cada passo e toda a gesticulação do meu nervoso namorado. Imagine uma criança grande, já de cabelos brancos, de braços cruzados, fazendo beiço, sentado em um túmulo qualquer, frustrado por não achar o tesouro escondido. Desistimos. 

Ao sair pelo caminho da igreja, encontrei um casal e perguntei a eles, em inglês, se sabiam onde estava enterrado Monet. O casal riu e apontou para entrada do cemitério. Ali estava ele. O túmulo é da família inteira e, no meio de tantas plaquinhas com sobrenome Monet, não localizei o Claude. Mais uma vez achei bonito o fato de não haver nenhuma indicação sobre o túmulo. Ele era igual aos demais. Éramos apenas nós naquele cenário, sem nenhuma pessoa se aproveitando para vender souvenir, foto ou qualquer outra bugiganga. Foi uma lição. Independente do quanto foi importante para a história, foi um ser humano como outro mortal qualquer que estava enterrado naquele lugar.

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Wed, 10 Mar 2021 22:03:18 +0000
<![CDATA[Candido Portinari: Um dos artistas mais disputados por colecionadores de arte]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/candido-portinari-um-dos-artistas-mais-disputados-por-colecionadores-de-arte/ livia-doblas-candido-portinari

Candido Portinari nasceu em Brodowski em 1903 e faleceu no Rio de janeiro em 1962.

Portinari pintou mais de cinco mil obras, de pequenos esboços e pinturas de proporções padrão, como “O Lavrador de Café”, até gigantescos murais, como os painéis “Guerra e Paz”, presenteados à sede da ONU em Nova Iorque em 1956.

Guerra e Paz são dois painéis gigantescos produzidos pelo pintor brasileiro Candido Portinari que mede aproximadamente 14 x 10 m cada um. Foram pintados entre 1952 e 1956. A produção dessa obra, foi encomendada ao artista pelo governo brasileiro na época o Presidente Juscelino Kubitschek. O objetivo era para presentear a ONU (Organização das Nações Unidas) em sua sede de Nova York.

Ao terminar a execução de sua obra, Portinari fez um apelo, que há mais de seis décadas, continua tão atual. Confira:

“A LUTA PELA PAZ É UMA DECISIVA E URGENTE TAREFA. É UMA CAMPANHA DE ESCLARECIMENTO E DE ALERTA QUE EXIGE DETERMINAÇÃO E CORAGEM”, ALERTAVA O PINTOR. “DEVEMOS ORGANIZAR A LUTA PELA PAZ, AMPLIAR CADA VEZ MAIS A NOSSA FRENTE ANTI-GUERREIRA, TRAZENDO PARA ELA TODOS OS HOMENS DE BOA VONTADE, SEM DISTINÇÃO DE CRENÇAS OU DE RAÇAS, PARA ASSIM UNIDOS, OS POVOS DO MUNDO INTEIRO, NÃO SOMENTE COM PALAVRAS MAS COM AÇÕES, LEVAR ATÉ A VITÓRIA FINAL A GRANDE CAUSA DA PAZ, DA CULTURA, DO PROGRESSO E DA FRATERNIDADE ENTRE OS POVOS” 

Portinari é considerado um dos mais importantes pintores brasileiros de todos os tempos, sendo o pintor brasileiro a alcançar maior projeção internacional.

Nas principais obras de Portinari, encontramos os temas frequentes como as questões sociais, a fauna e flora.

Também observamos nelas as grandes influências do artista como o cubismo, o surrealismo e até mesmo o muralismo mexicano, além da sua arte figurativa, que valorizava as tradições da pintura.

Conheça as principais Obras de Cândido Portinari:

1-) O Mestiço (1934)

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2-) O Lavrador de Café (1934)

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3-) Os Retirantes (1944)

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4-) Criança Morta (1944)

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5-) Guerra e Paz (1952 – 1956)

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6-) As Lavadeiras (1944)

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7-) Café (1935)

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Fri, 19 Feb 2021 17:53:09 +0000
<![CDATA[Conheça as obras de Anita Malfatti no acervo do MASP]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/conheca-as-obras-de-anita-malfatti-no-acervo-do-masp/ livia-doblas-masp

Anita Malfatti foi uma das mais importantes artistas plásticas brasileiras da primeira fase do modernismo. Ela teve um papel preponderante na “Semana de Arte Moderna”, em 1922, onde expôs seus trabalhos.

Anita Catarina Malfatti nasceu dia 2 de dezembro de 1889, na cidade de São Paulo. Seus pais eram estrangeiros, sua mãe, Betty Krug, norte americana e seu pai, Samuele Malfatti, italiano. Estudou artes e pintura na Europa, onde ficou durante quatro anos em Berlim, Alemanha (1910-1914), na Academia Imperial de Belas Artes. Morou também em Nova Iorque, nos Estados Unidos, de 1915 a 1916. 

Em 1917, Anita reuniu 53 de suas obras com forte tendência expressionista, a fim de expor individualmente em São Paulo na “Exposição de Pintura Moderna Anita Malfatti”. Esse evento tornou-se um marco do movimento modernista no Brasil. Ele chocou muitas pessoas de mentalidade provinciana que, de certa maneira, não estavam preparados para compreender a inovação estética expressa na arte dos modernistas. Monteiro Lobato, depois de visitar a exposição, publicou no jornal “O Estado de São Paulo” o artigo intitulado “Paranoia ou mistificação?”, no qual critica as obras da artista, e tão logo, seu argumento foi rebatido por Oswald de Andrade. Mais tarde, realizou seu sonho de estudar Artes na França, pois em 1923, Anita ganhou uma bolsa para estudar em Paris.

Ali, na cidade Luz, conheceu alguns importantes pintores como o cubista Fernand Léger (1881-1955) e o impressionista Henri Matisse (1869 - 1954). De volta ao Brasil, ao lado de Mario de Andrade, Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e Menotti del Picchia, formaram o “Grupo dos Cinco”. Esses artistas defendiam as ideias da Semana de Arte Moderna.

O MASP possui na reserva técnica quatro obras dessa grande artista.

1-) A Estudante – 1915-16 - Óleo sobre tela, medindo 76 x 61. Foi doado pela artista ao Masp em 1949.

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2-) Batizado na Roça – Década de 1950

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3-) Interior de Mônaco – 1925

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4-) Retrato de Tarsila – sem data

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Mon, 01 Feb 2021 21:54:32 +0000
<![CDATA[Preciosidades do acervo do MASP]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/preciosidades-do-acervo-do-masp/ livia-doblas-masp

O MASP é considerado o Museu de arte mais importante do Hemisfério Sul. São cerca de 10.000 peças, abrangendo arte africana, das Américas, asiática, brasileira e europeia, desde a Antiguidade até o século 21, incluindo pinturas, esculturas, desenhos, fotografias, entre outros.

Além de nomes do acervo europeu – com obras de Rafael, Van Gogh, Cézanne, Renoir, Monet e Picasso –, fazem parte desse conjunto peças de outras culturas, como o par de guerreiros chineses e a escultura da divindade africana Exu. Entre os brasileiros, há trabalhos de Maria Auxiliadora, Agostinho Batista de Freita, José Antônio da Silva e Rafael Borjes de Oliveira, artistas autodidatas que atuavam fora do circuito tradicional da arte e da academia, e frequentemente são deixados de lado na história da arte. Este grupo ajuda a construir um panorama mais amplo e diverso da cultura brasileira, ao lado dos já reconhecidos Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Candido Portinari e Victor Meirelles.

As Exposições temporárias que seguem o cronograma do Museu são bárbaras, mas o acervo permanente conta com verdadeiros tesouros. Hoje, escolhi uma dessas preciosidades da reserva técnica: “A Amazona Retrato de Marie Lefébure”, Édouard Manet (1870-75).

O Autor, Édouard Manet, foi um artista francês, considerado como um dos mais importantes representantes do impressionismo. A obra é óleo sobre tela medindo 90 x 116. Ela foi pintada entre 1970 e 1975. Sim, existem obras que levam anos para serem concluídas, seja por oscilações de inspiração do artista ou por sua complexidade técnica e temática. Ela foi adquirida pelo MASP em 1958.

Olhando de primeira o que me chama a atenção, é a mancha preta plana da roupa. Paradoxalmente esse preto é luz. Ele é luminoso. Foi Matisse que observando o preto de Manet disse: O preto não é ausência de cor, ele é cor, é luz. Quanto mais ele acentua o preto mais fica acentuado também as cores claras. Assim, o rosto e cabelo da mulher ganha uma luminosidade incrível.

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Fri, 29 Jan 2021 23:07:21 +0000
<![CDATA[A Arte de Kenji Fukuda]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/a-arte-de-kenji-fukuda/ Kenji Fukuda

Escultor, pintor, gravador.


É filho do artista plástico Tamotsu Fukuda. Em 1955, sob orientação de seu pai, iniciou-se pintura. Sua primeira exposição ocorreu em 1963, na cidade de Lins (SP), realizando, depois, inúmeras mostras. Participou das seguintes exposições coletivas: em 1979, em São Paulo, na Mostra Senac; em 1985, em Berlim (Alemanha), na Coletiva; em 1988, em Curitiba (PR) e Rio de Janeiro (RJ), na Coletiva 80 Anos da Imigração Japonesa Brasil, na Galeria de Arte Ida & Anita e na Fundação Mokiti Okada. Fora do Brasil, expôs, em 1989, Paris e, em 1990, na Flórida (Estados Unidos). Sua escola é, principalmente, a Abstrata: Tachismo. Fukuda é conhecido por sua linha de trabalho em composição com manchas.

Há poucos anos fez sua entrance no universo tridimensional, durante sua primeira exposição de esculturas que aconteceu em 96, aqui em São Paulo.

Com formas aparentemente informais, Fukuda trabalha profundamente sua criação, que tem como base os signos orientais. ‘Virtuosismo técnico’ são características de suas obras que transmitem, além de beleza, força e muita leveza.
Kenji Fukuda vive das artes plásticas- começou sua carreira como pintor figurativo: naturezas mortas, retratos e paisagens. Nos idos de 80, iniciou sua fase abstracionista viajando pelo mundo, expondo nas mais conhecidas galerias européias e americanas.

O artista revela que “o abstrato é muito mais difícil que o figurativo; a harmonia e o equilíbrio simbolizam o abstrato perfeito, e o abstrato perfeito, e o abstrato é a última fase do artista plástico. Nele há possibilidades infinitas”.
Há 20 anos trabalhando, Fukuda, que nasceu no interior de são Paulo e começou a gostar de artes observando seu pai, já fez grandes exposições. Suas esculturas e telas podem ser encontradas no acervo de grandes instituições brasileiras, em Genebra, Suíça, Miami, Nova Iorque, Paris e Iwakuni no Japão.

“A fase figurativa é sempre o início e é muito importante para adquirir experiência, encontrar caminhos. Com o tempo fui enxergando outras possibilidades e criando a concepção de que a pintura deve ser mais livre” conta Fukuda, que hoje utiliza texturas, cores fortes e chapadas que se colam em seus quadros. Mas não se trata de um silêncio que se vale de si mesmo para criar um leque de observação que as pessoas descobrem a partir do título da obra, cujo resultado final se traduz como sendo de um lirismo plástico repleto de serenidade.

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Wed, 25 Nov 2020 22:34:39 +0000
<![CDATA[Os gatos, a rosa e o Rei ]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/os-gatos-a-rosa-e-o-rei/ buenos aires cemiteriobuenos aires cemiterio2

Os gatos, a rosa e o Rei 

Gosto de fazer viagens sem roteiro. Chegar em uma cidade e andar pelas ruas sem compromisso, conhecendo a vizinhança, pegando indicações e fazendo o que der na telha. Acredito que assim se vive boas histórias. 

Nas duas vezes em que fui a Buenos Aires foi assim. Fiquei no bairro Recoleta. De manhã, saía para tomar meu café da manhã: um sorvete de doce de leite na gelateria Freddo. A sorveteria ficava de frente para o Cemitério da Recoleta, também conhecido como Cemitério dos Gatos, pela quantidade de felinos que se vê por todos os lados. Depois que visitei esse cemitério, quase que diariamente eu ia tomar meu sorvete de café da manhã passeando entre túmulos e gatos. 

Fiquei espantada com a quantidade de obras de arte. O metro quadrado deste cemitério é um dos mais caros de Buenos Aires. Ali repousam os restos mortais de personalidades famosas da política, cultura, arte e ciência, como. Talvez a personalidade mais conhecida e procurada por turistas seja Evita Peron. 

Eu sentava nas escadinhas de algum mausoléu com meu sorvete na mão, ficava admirando o estilo Art Nouveau das tumbas. Outras contrastavam com estilo neo-gótico. Os túmulos trabalhados em mármore ou granito ostentavam também estátuas de bronze verde representando os moradores eternos. As moradas mais chiques tinham algum paisagismo na entrada e portãozinho com cadeado. Debaixo das sombras das árvores podia admirar toda a arquitetura e arte esculpida. Às vezes, ser muito antigo, algumas das obras não são assinadas. No passado muitos escultores e pintores de trabalhos como estes eram vistos apenas como alguém que executa o que foi solicitado e não como um artista. Outras mais recentes já são de artistas conhecidos. Sem dúvida, é um museu a céu aberto.

Alguns artistas e escultores que têm obras no Recoleta: Luis Perlotti, Carlos Romairone, Rene Sargent, Alfredo Bigatti, José Fioravanti, Jean Alexandre Falguière, Miguel Sansebastiano, Antonin Mercie, Luis Carriere, Pedro Zonza Briano, Alfredo Guttero e Tasso. 

Eu ainda não era marchand, ou aquelas manhãs de contemplação no cemitério teriam sido manhãs de estudo.

Não que o turismo tumular seja um privilégio da capital da Argentina. O Cemitério de Père Lachaise, em Paris, recebe turistas há décadas. No Brasil, essa atividade tem se tornado comum também entre os viajantes. O Cemitério São João Batista no Rio e o Cemitério da Consolação, em São Paulo oferecem visita guiada. 

Há quem considere o Cemitério da Recoleta assombroso, pois ali se pode ver caixões expostos há séculos. Alguns inclusive ao alcance das mãos, guardados por cadeados antiquíssimos. A meu ver, não é um passeio mórbido, e sim um mergulho na história da Argentina. Além do mais, se um cemitério pode ser considerado bonito, eu diria que este é lindo. 

Mudando de pato para ganso, ou melhor, de arte sacra para a arte musical, lá estava eu, flanando pelas ruas de Buenos Aires, quando vi um pequeno cartaz anunciando um show do Roberto Carlos no Luna Park. Sempre tive vontade de assistir a um show do “Rei”, mas no Brasil os ingressos estão sempre esgotados. Parece impossível conseguir um bom lugar na plateia. O show seria naquele mesmo dia. Faltavam três horas para começar. Cheguei em casa frustrada por não ter pego um táxi até o local do show e verificado se ainda havia ingressos. Tomei um banho, me produzi como quem iria ver o Rei e fui para o Luna Park. Para minha surpresa era um estádio de vôlei, relativamente pequeno, e não um Maracanã. 

Mesmo certa de que não haveria ingressos ou, se sobrasse algum, seria um lugar muito ruim, fui até a bilheteria e perguntei:

–Moço, ainda tem ingresso? Por favor, eu sou brasileira.

-E daí? Tu es brasileña y jo soy Argentino, disse o atendente, me olhando de baixo para cima, como se procurasse o foco nos seus óculos fundo de garrafa, já contando o troco e me passando um ingresso qualquer.

Perdi todo o rebolado e pensei que havia conseguido um péssimo lugar com a aquela tentativa frustrada de amolecer o coração do rapaz. Para quê fui falar que era brasileira? Era a pior coisa que poderia dizer para aquele argentino. Será que alguma brasileira havia destroçado seu coração? Ou seria birra de argentino com brasileiro? Será que ele havia falido apostando dinheiro numa partida de futebol Brasil x Argentina e o Brasil ganhou?

Para piorar a situação, o corpete que eu não vestia há anos estava apertando cruelmente minhas costelas e pulmão.  Eu quase não conseguia respirar. Estava sufocada e faltavam poucos minutos para começar o show. Corri até uma lojinha mequetrefe perto do estádio e comprei uma blusa qualquer para conseguir voltar a respirar. Um alívio. Queria estar sensual e poderosa para o Rei no meu corpete preto assinado pela Glória Coelho, mas já estava roxa, parecendo o barney. 

Quando entrei no estádio trajando minha camiseta com a frase “Te quiero Argentina”, tive uma surpresa e tanto. O meu lugar era o melhor que poderia existir: na primeira fileira, bem de frente para o Roberto Carlos. Ele não anda durante o show, fica praticamente parado no meio do palco, o tempo todo. E a poltrona dava vista justamente para o meio do palco! Melhor que aquilo, só se fosse sentada no colo do Rei. 

Por que aquele argentino mal humorado havia me cedido o melhor lugar? Havia algum problema com a poltrona? Alguma desistência de última hora? Mistérios do acaso. Só sei que o show começou e a primeira rosa que o Roberto deu foi para mim. A princípio, achei que seria a única a receber uma rosa do Rei, mas no final do show ele joga centenas de rosas para as mulheres. 

De qualquer maneira, eu fui a primeira. Roberto cantou em Espanhol, o que tira um pouco o romantismo, mas eu não podia reclamar. O dia de arte acabou bem. Começou com meu sorvete matinal do Cemitério dos Gatos e terminou com rosas vermelhas e as inesquecíveis canções do Rei.

roberto carlos

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Wed, 25 Nov 2020 21:11:04 +0000
<![CDATA[Biografia de Aldemir Martins]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/biografia-de-aldemir-martins/ Aldemir Martins

(Ingazeiras CE 1922 - São Paulo SP 2006)

aldemir martins

Pintor, gravador, desenhista, ilustrador.

O artista plástico Aldemir Martins nasceu em Ingazeiras, no Vale do Cariri, Ceará em 8 de novembro de 1922. A sua vasta obra, importantíssima para o panorama das artes plásticas no Brasil, pela qualidade técnica e por interpretar o “ser” brasileiro, carrega a marca da paisagem e do homem do nordeste.

O talento do artista se mostrou desde os tempos de colégio, em que foi escolhido como orientador artístico da classe. Aldemir Martins serviu ao exército de 1941 a 1945, sempre desenvolvendo sua obra nas horas livres. Chegou até mesmo à curiosa patente de Cabo Pintor. Nesse tempo, freqüentou e estimulou o meio artístico no Ceará, chegando a participar da criação do Grupo ARTYS e da SCAP – Sociedade Cearense de Artistas Plásticos, junto com outros pintores, como Mário Barata, Antonio Bandeira e João Siqueira. 

Em 1945, mudou-se para o Rio de Janeiro e, em 1946, para São Paulo. De espírito inquieto, o gosto pela experiência de viajar e conhecer outras paragens é marca do pintor, apaixonado que é pelo interior do Brasil. Em 1960/61, Aldemir Martins morou em Roma, para logo retornar ao Brasil definitivamente. 

O artista participou de diversas exposições, no país e no exterior, revelando produção artística intensa e fecunda. Sua técnica passeia por várias formas de expressão, compreendendo a pintura, gravura, desenho, cerâmica e escultura em diferentes suportes. Aldemir Martins não recusa a inovação e não limita sua obra, surpreendendo pela constante experimentação: o artista trabalhou com os mais diferentes tipos de superfície, de pequenas madeiras para caixas de charuto, papéis de carta, cartões, telas de linho, de juta e tecidos variados - algumas vezes sem preparação da base de tela - até fôrmas de pizza, sem contudo perder o forte registro que faz reconhecer a sua obra ao primeiro contato do olhar. 

Seus traços fortes e tons vibrantes imprimem vitalidade e força tais à sua produção que a fazem inconfundível e, mais do que isso, significativa para um povo que se percebe em suas pinturas e desenhos, sempre de forma a reelaborar suas representações. Aldemir Martins pode ser definido como um artista brasileiro por excelência. A natureza e a gente do Brasil são seus temas mais presentes, pintados e compreendidos através da intuição e da memória afetiva. Nos desenhos de cangaceiros, nos seus peixes, galos, cavalos, nas paisagens, frutas e até na sua série de gatos, transparece uma brasilidade sem culpa que extrapola o eixo temático e alcança as cores, as luzes, os traços e telas de uma cultura. 

Por isso mesmo, Aldemir é sem dúvida um dos artistas mais conhecidos e mais próximos do seu povo, transitando entre o meio artístico e o leigo e quebrando barreiras que não podem mesmo limitar um artista que é a própria expressão de uma coletividade. 

Faleceu em 05 de Fevereiro de 2006, aos 83 anos, no Hospital São Luís em São Paulo.

Comentário crítico

Aldemir Martins começa a desenhar ainda no Colégio Militar, que freqüenta desde 1934. Na década de 1940, trabalha como artista em Fortaleza, ao mesmo tempo que busca atualizar o então incipiente meio artístico da cidade. No princípio da carreira, em 1941, ajuda a criar o Centro Cultural de Belas Artes, com Antonio Bandeira, Raimundo Cela, Inimá de Paula e Mário Baratta. O grupo monta um espaço para exposições permanentes, organiza salões e cursos de arte. Três anos depois, a instituição passa a chamar-se Sociedade Cearense de Artes Plásticas - SCAP. Aldemir Martins produz desenhos, xilogravuras, aquarelas, pinturas e colabora, a partir de 1943, como ilustrador na imprensa cearense.

Em 1945, segue para o Rio de Janeiro, com Antonio Bandeira, Roberto Feitosa e Inimá de Paula. Na cidade, participa de uma coletiva de artistas cearenses na Galeria Askanasy, organizada pelo pintor suíço Jean-Pierre Chabloz. Menos de um ano depois, muda-se para São Paulo, onde realiza sua primeira individual, em 1946, no Instituto dos Arquitetos do Brasil - IAB/SP; e retoma a carreira de ilustrador. Entre 1949 e 1951 freqüenta os cursos do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp, e se torna monitor da instituição. Lá estuda história da arte com Pietro Maria Bardi e gravura com Poty Lazzarotto. Durante o curso, produz o álbum de gravuras Cenas da Seca do Nordeste, com prefácio de Rachel de Queiroz. Os trabalhos mostram grande influência de Candido Portinari, tanto no tratamento do tema como no traço. Em 1951, faz desenhos de paus-de-arara, rendeiras e cangaceiros. Esse trabalho recebe o prêmio aquisição para desenho na 1ª Bienal Internacional de São Paulo.

Dois anos mais tarde, faz o cenário da peça Lampião, de Rachel de Queiroz. Em 1956, sua carreira atinge o ápice ao ser premiado como melhor desenhista internacional na 28ª Bienal de Veneza e expor em diversas partes do mundo. Na década de 1960, trabalha muito com arte aplicada a objetos comerciais. Em 1962, cria cenário para o 1º Festival da MPB, da TV Record, e elabora estampas para tecidos da Rhodia Têxtil. Faz ilustrações dos aparelhos de jantar da série Goyana de Cora. A partir da segunda metade dos anos de 1960, Martins faz esculturas de cerâmica e acrílico, além de jóias em ouro e prata. Em 1969, ilustra bilhetes de loteria. Seis anos mais tarde cria a imagem de abertura da telenovela Gabriela, da rede Globo. Em 1981, repete a experiência na abertura da telenovela Terras do Sem Fim. Nos anos 1980, ilustra jogos de mesa, camisetas e latas de sorvete da Kibon.

Críticas

"Não há limites claros para o exercício da criação de Aldemir Martins. Ele trabalhou em praticamente todos os segmentos existentes na sociedade brasileira. Aldemir, com maestria, exercitou nas técnicas tradicionais da pintura, desenho, gravura, cerâmica e escultura. E avançou, de acordo com o avanço dos meios de comunicação do país, nas áreas do desenho industrial, da ilustração e do trabalho eletrônico de séries televisivas. A sua abertura para uma das telenovelas de maior audiência do país, Gabriela, Cravo e Canela, realizada a partir de romance homônimo de Jorge Amado, é uma das experiências mais emocionantes da televisão brasileira, é uma das obras em que o artista junta, numa argamassa única, a sua qualidade expressiva de desenhista e pintor, o seu conhecimento das entranhas emocionais do país, a sua percepção da comunicação em massa e a utilização dos meios tecnológicos modernos. Nessa abertura, suíte preparatória, apresentação do tema, caracterização emocional da realidade e da motivação do telespectador, Aldemir Martins interfere diretamente no saber anônimo da população, oferece novos padrões de entendimento e produz uma abertura pioneira das possibilidades inerentes aos processos tecnológicos de comunicação. Talvez, dada a integridade da motivação e da iconografia pessoal, não haja realmente limites para o artista moderno. Outra afirmação de nossa época. É por isso que o artista pode fazer padronagem de tecidos, ilustração de objetos cotidianos, decoração de formas industriais, murais e, ao mesmo tempo, conservar íntegro e em expansão o seu universo particular, a sua iconografia pessoal e a empatia entre o seu saber e o saber de seu povo".
Jacob Klintowitz
MARTINS, Aldemir. Aldemir Martins: natureza a traços e cores. São Paulo: Valoarte, 1989.

"A grande descoberta da pintura moderna foi a conceituação da cor como expressão em si própria.
(...)
Em meio a tais parâmetros vive a pintura de Aldemir Martins, hoje mais preocupado com a cor que com a forma; cada vez mais construindo seus espaços a partir da energia colorística que o habita, sempre fiel à temática do Nordeste brasileiro, fiel à 'projeção da verdade do ser, como obra' de que nos fala Heidegger, ao definir a obra de arte.
Há certas afinidades com Gaucuin, que elegeu as ilhas dos mares do sul como tema. Aldemir, por oposição, elegeu o Nordeste seco, quase desértico, mas o recriou com cores selvagens, como se fora um fauve; e o analisa, como um cubista o faria, sem perder a subjetividade poética ao construir/desconstruir espaços na tela. A cor é tão mais importante, hoje, para o pintor Aldemir, que seus temas se repetem (...)."
Alberto Beuttenmüller
Martins, Aldemir. Aldemir Martins. São Paulo: Galeria de Arte André, 1991.

Curiosidades

Depois de Pelé, Rivelino é o jogador que mais parece interessar aos pintores brasileiros. Ele já foi retratado por Luís Jasmim, Cláudio Tozzi e, na época da Copa do México, por Aldemir Martins. Que, neste quadro, foge de seu estilo tradicional e consagrado, abandonando o branco-e-preto para se utilizar de cores vivas, como as da camisa da Seleção Brasileira. - Jorge Amado escreveu A bola e o goleiro e convidou seu amigo Aldemir para ilustrar o texto. O livro que resultou do trabalho a quatro mãos foi bem recebido e acabou sendo traduzido na Suíça. Lá, em 1991, recebeu o título de Bola Fura-Redes under Torhuter. Marco importante, pois pouco a pouco, estamos aumentando a exportação de literatura brasileira graças a qualidade do que produzimos. - Em 1958, foi criado pela CBL (Câmara Brasileira do Livro), o Prêmio Jabuti (com o intuito de incentivar autores e projetos editoriais) e também pela Cultrix a coleção Mestres do Desenho.

Bienais

Em 1953, Aldemir participa do IIIº Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, onde recebe o Certificado de Isenção do Júri e da IIª Bienal de São Paulo, onde recebe o Prêmio Aquisição Nadir Figueiredo. No ano seguinte, participa do IIIº Salão Paulista de Arte Moderna, recebendo o Prêmio de Aquisição.

Em 1954 realiza seu primeiro trabalho cenográfico para a peça Lampião, de Raquel de Queirós, encenada no teatro Leopoldo Fróes, em São Paulo, com os atores Sérgio Cardoso e Araçari de Oliveira no elenco. Lança o álbum de xilogravuras Cinco Carreiras de Cururu, com texto de Paulo Vanzolini, com tiragem de 150 volumes pela editora Grafix, São Paulo.

Em 1955 realiza exposição no Vº Salão Baiano de Artes Plásticas, em Salvador, Bahia, onde recebe a Medalha de Ouro. Neste ano recebeu novos prêmios, o primeiro por sua participação na IIIª Bienal de São Paulo, onde recebe o Prêmio de Desenho, e o segundo no IVº Salão de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, onde recebe a Pequena Medalha de Ouro. Nesta época Aldemir inicia a pintura de uma série de painéis. Pinta o painel do bar O Cangaceiro, no Rio de Janeiro, que se tornaria reduto da boemia carioca, frequentado por pintores, jornalistas e escritores da época, entre eles Dorival Caymmi e Ary Barroso. Em São Paulo, pinta um painel para a residência de Rudi Bonfiglioli, faz um painel de pastilhas para a Vidrotil, um painel para a Casa Beethoven, um para Companhia União de Refinadores, e um para a loja Adams.

No ano de 1956 recebe uma nova Medalha de Ouro no V Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Participa também de uma feira realizada pelo clube do qual foi um dos fundadores, Clube dos Artistas Plásticos e Amigos da Arte, a I Feira Anual de Artistas Plásticos de São Paulo. Em Veneza, recebe o prêmio Prezidente del Consigli dei Ministri da XXVIII Biennale di Venezia, atribuído ao Melhor Desenhista Internacional. Neste mesmo período, expõe gravuras no Circolo dei Principi, em Roma, juntamente com o gravador Lívio Abramo. Desenha o galo símbolo do Baile do Galo Vermelho, promovido pelo Hotel da Bahia, em Salvador. Como ilustrador, produz a capa do livro História do Modernismo Brasileiro Antecedentes da Semana de Arte Moderna, de Mário da Silva Brito, lançado pela Editora Saraiva. Faz uma gravura especialmente para o clube Amigos da Gravura do Rio de Janeiro. Ilustra Sonetos de Bocage, lançado pela Editora Saraiva. É incluído entre Os Melhores Paulistas do Ano, pela revista Manchete, da Bloch Editora. É escolhido para fazer parte do Conselho Consultivo da diretoria do MASP.

Em 1957 recebe 7º lugar na enquete popular feita pelo jornal Última Hora, de São Paulo, para O Homem do Ano, de 1956. Por sua participação no VI Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, recebe o Prêmio Viagem ao País. Recebe o Prêmio Melhor Desenhista Brasileiro na IV Bienal de São Paulo, dado pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Seu desenho Pássaro é escolhido para cartão de natal da revista belga Quadrum.

No ano de 1958 realiza uma série de exposições nos Estados Unidos, e é convidado a permanecer no país, por três meses, a convite do Departamento de Estado Americano, visita a Filadélfia, Chicago, Detroit, Boston e New York. Faz álbum de Silk Screem, com apresentação de Pietro Maria Bardi, com tiragem de 100 exemplares em edição bilíngüe, pela Galeria Bonina, Buenos Aires, Argentina. Nesta época é convidado para executar dois painéis para o Aeroporto de Congonhas, pintando-os sobre as paredes da ala Internacional. Anos depois esses painéis se deterioraram e, apesar de Aldemir ter se proposto a restaurá-los, de graça, terminaram destruídos e o Departamento de Aviação Civil mandou pintar as paredes onde estavam. Ainda no ano de 1958, recebe o Prêmio Jabotí na categoria Melhor Capa de Livro do Ano, atribuído pela Câmara Brasileira do Livro, pela capa de História do Modernismo Brasileiro Antecedentes da Semana de Arte Moderna. Neste ano também nasce sua filha, em 24 de novembro, Mariana Pabst Martins, fruto de sua união com Cora Pabst.

Em 1959, recebe o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Arte Moderna e permanece por dois anos na Itália. Fez desenhos em nanquim que serviram para estampar objetos e tecidos de decoração.

Exposições Individuais

1946 - São Paulo SP - Individual, na sede do IAB
1954 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Galeria Catherine Viviano
1957 - Buenos Aires (Argentina) - Individual, na Galeria Bonino
1959 - Salvador BA - Individual, no MAM/BA
1960 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1961 - Roma (Itália) - Individual, na Galeria Pogliani
1962 - Madri (Espanha) - Individual, na Sala Nébili
1962 - São Paulo SP - Individual, na Galeria de Arte São Luiz
1962 - Düsseldorf (Alemanha) - Individual, na Düsseldorf Kunsthalle Grabbeplatz
1962 - São Paulo SP - Individual, no Clube Atlético Paulistano
1962 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1963 - Salvador BA - Individual, na Galeria Querino
1963 - Roma (Itália) - Individual, na Litografia Editrice Romeiro
1964 - Lima (Peru) - Individual, no Instituto de Arte Contemporânea
1966 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1966 - Londres (Inglaterra) - Série Futebol, na Casa do Brasil
1967 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Astréia
1969 - Porto Alegre RS - Individual, na Galeria Portinari
1970 - Blumenau SC - Individual, na Galeria Açu-Açu
1970 - Fortaleza CE - Individual, no Recanto de Ouro Preto
1970 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Bonino
1972 - São Paulo SP - Paisagens de Aldemir, na A Galeria
1973 - Brasília DF - Aldemir Martins: pinturas, desenhos e gravuras, no Hotel Nacional
1974 - São Paulo SP - Músicos de Aldemir, na A Galeria
1977 - Fortaleza CE - Aldemir Martins: pinturas, desenhos e gravuras
1977 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Galeria Casa Blanca - Shopping Center da Gávea
1978 - São Paulo SP - Um Novo Aldemir, na Galeria de Arte Shopping News

1979 - São Paulo SP - Individual, na Itaugaleria
1979 - Recife PE - Individual, na Ranulpho Galeria de Arte
1979 - Fortaleza CE - Individual de inauguração da Sala Aldemir Martins, no Mauc
1979 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1980 - São Paulo SP - Homenagem a Primavera, na Galeria Augusto, Augusta
1981 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1981 - São Paulo SP - Individual, no Centro de Arte da Ordem/Sindicato dos Economistas de São Paulo
1981 - Estocolmo (Suécia) - Litografias, na Galeria Latina
1982 - São Paulo SP - Aldemir Martins: rascunhos e anotações, na Galeria Augusto, Augusta
1982 - Fortaleza CE - Individual, na Galeria Ignez Fiuza
1982 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Alberto Bonfiglioli
1983 - Rio de Janeiro RJ - Individual, na Realidade Galeria de Arte
1984 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Alberto Bonfiglioli
1984 - Porto Alegre RS - Individual, na Galeria Masson
1984 - Nova York (Estados Unidos) - Individual, na Amazon Art
1985 - Recife PE - Individual, na Ranulpho Galeria de Arte
1985 - Paris (França) - Individual, no Grand Palais de Paris
1985 - Salvador BA - Individual, no Escritório de Arte da Bahia
1985 - São Paulo SP - Espaço Ativo, na Galeria Augusto, Augusta
1987 - São Paulo SP - Aldemir Martins, na Galeria de Arte André
1987 - São Paulo SP - Individual, na Galeria Intersul
1988 - São Paulo SP - Aldemir Martins, 40 Anos de Gravura, na Galeria Intersul
1988 - São Paulo SP - Individual, na Renot Art Dealer
1989 - Ribeirão Preto SP - Aldemir Martins. Gravuras, no Ribeirão Shopping
1989 - São Bernardo do Campo SP - Pinturas e Desenhos de Aldemir Martins, na Marusan Galeria de Arte
1989 - Paris (França) - O Nordeste de Aldemir Martins, no Espace Latino Americain
1990 - Salvador BA - Individual, na Época Galeria de Arte
1991 - Paris (França) - Primavera no Rio, na Galérie Debret
1991 - São Paulo SP - Aldemir Martins, na Galeria de Arte André
1991 - São Paulo SP - Aldemir Martins: gravuras, no Museu Banespa

1992 - São Paulo SP - Individual, no Museu de Arte de São Paulo

1992 - São Paulo SP - Individual, na Casa das Rosas
1992 - São Paulo SP - Aldemir Martins, na A Galeria
1993 - Jacareí SP - Individual, na Fundação Cultural de Jacareí
1993 - São Paulo SP - Aldemir Martins em Pedra Cerâmica, na Ranulpho Galeria de Arte
1993 - São Paulo SP - Individual, no Masp
1994 - São Paulo SP - Pinturas Desenhos e Gravuras, na Casa das Artes Galeria
1994 - São Paulo SP - Aldemir Martins: desenhos e gravuras, no Museu Padre Anchieta
1995 - São Paulo SP - Aldemir Martins, na Galeria de Arte André
1995 - São Paulo SP - Aldemir Martins: um gravador brasileiro, na Galeria de Arte André
1995 - Rio de Janeiro RJ - Aldemir Martins: um gravador brasileiro, na Casa das Artes Galeria
1995 - Curitiba PR - Aldemir Martins: um gravador brasileiro, na Realidade Galeria de Arte
1995 - Florianópolis SC - Aldemir Martins: um gravador brasileiro, na Fratelli Rubbo Galeria de Arte
1995 - Foz do Iguaçu PR - Aldemir Martins: um gravador brasileiro, na Ita Galeria de Arte
1995 - Recife PE - Aldemir Martins: um gravador brasileiro, no Estudio A Galeria de Arte 
1995 - Recife PE - Aldemir Martins: um gravador brasileiro, na Ranulpho Galeria de Arte
1995 - Porto Alegre RS - Aldemir Martins: um gravador brasileiro, na Bublitz Decaedro Galeria de Arte
1995 - Campinas SP - Aldemir Martins: um gravador brasileiro, na Galeria Croqui
1995 - Goiânia GO - Aldemir Martins: um gravador brasileiro, na Época Galeria de Arte
1995 - Salvador BA - Aldemir Martins: um gravador brasileiro, na Prova do Artista Galeria de Arte
1999 - Mauá SP - Aldemir Martins: um gravador brasileiro, na Casa de Cultura e Museu Barão de Mauá
2000 - Fortaleza CE - Aldemir Martins: um olhar sobre o Brasil, na Casa D'Arte
2000 - Fortaleza CE - O Desenho de Aldemir Martins na Coleção de Cora Pabst, no Centro Cultural Dragão do Mar
2002 - São Paulo SP - Aldemir Martins, na Estação Brás do Metrô
2002 - São Paulo SP - Aldemir Martins: um pintor do Brasil, na Nova André Galeria
2003 - São Paulo SP - Individual, no Centro Empresarial de São Paulo
2003 - São Paulo SP - Aldemir Martins: 80 anos, no Centro Empresarial do Estado de São Paulo
2003 - São Paulo SP - Aldemir Martins: serigrafias, na Casa das Artes Galeria
2004 - São Paulo SP - Designer, na Nova André Galeria
2004 - São Paulo SP - Entre Giclées e Telas, na Canvas Galeria de Arte

2005 - São Paulo SP - Aldemir Martins por Aldemir Martins: sete décadas de sucessos artísticos 1945-2005, no Masp
2005 - Fortaleza CE - Para o mundo se tornar mais bonito, na Casa de Arte e Cultura Belchior
2005 - Rio de Janeiro RJ - O Viajante Amigo, no Centro Cultural Correios
2006 - São Paulo SP - O Viajante Amigo, no SESC Vila Mariana
2006 - Osasco SP - XXXIV Exposição: Homenagem a Aldemir Martins, na Unifieo

Exposições Coletivas

1942 - Ceará - 2º Salão Cearense
1943 - Ceará - 3º Salão Cearense
1943 - Fortaleza CE - 1º Salão de Abril
1944 - Ceará - Pintura de Guerra, organizada pela Scap
1945 - Rio de Janeiro RJ - 51º Salão Nacional de Belas Artes
1945 - Rio de Janeiro RJ - Grupo Cearense, na Galeria Askanasy
1947 - Checoslováquia - Coletiva de Desenhistas Brasileiros
1947 - São Paulo SP - 11º Salão do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo
1947 - São Paulo SP - 19 Pintores, na Galeria Prestes Maia
1947 - São Paulo SP - 19 Pintores, na União Cultural Brasil-Estados Unidos
1948 - Fortaleza CE - 4º Salão de Abril
1948 - São Paulo SP - Exposição com Mário Gruber e Enrico Camerini, na Galeria Domus
1950 - Salvador BA - 2º Salão Baiano de Artes Plásticas - medalha de bronze
1951 - São Paulo SP - 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão do Trianon - Prêmio Olívia Guedes Penteado
1952 - Feira de Santana BA - 1ª Exposição de Arte Moderna de Feira de Santana, no Banco Econômico
1952 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão de Nacional de Arte Moderna
1952 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros, no MAM/RJ
1952 - Santiago (Chile) - Exposición de Pinturas, Dibujos y Grabados Contemporáneos del Brasil
1953 - Rio de Janeiro RJ - 2º Salão Nacional de Arte Moderna - isenção de júri
1953 - São Paulo SP - 2ª Bienal Internacional de São Paulo, no MAM/SP - Prêmio Nadir Figueiredo
1953 - Tóquio (Japão) - Brazilian Painters

1954 - Dallas (Estados Unidos) - South American Art Today, no Museum of Fine Arts
1954 - Fortaleza CE - 3º Salão dos Independentes
1954 - Genebra (Suíça) - Graveurs Brésiliens
1954 - Zurique (Suíça) - Graveurs Brésiliens, no Kunstgewerbemuseum
1954 - São Luís MA - 5º Salão de Artes Plásticas do Maranhão
1954 - São Paulo SP - 3º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio aquisição
1954 - São Paulo SP - 40 Artistas do Brasil, na Galeria de Arte São Luiz
1954 - São Paulo SP - Arte Contemporânea: exposição do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo, no MAM/RJ
1955 - Atibaia SP - 1ª Exposição Oficial de Pintura de Atibaia
1955 - Salvador BA - 5º Salão Baiano de Belas Artes - Medalha de ouro
1955 - São Paulo SP - 3ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão das Nações - prêmio melhor desenhista
1955 - São Paulo SP - 4º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - pequena medalha de ouro
1955 - Suíça - Bienal Internacional de Desenho e Gravura de Lugano
1956 - Messina (Itália) -  Mostra dos Premiados na 27ª Bienal de Veneza, na Galeria Internationale D'Art Moderne
1956 - Roma (Itália) -  Exposição de gravuras com Lívio Abramo, no Circolo dei Principi
1956 - Roma (Itália) - Disegni di Aldemir Martins, Xilografie di Lívio Abramo
1956 - Veneza (Itália) - 27ª Bienal de Veneza - prêmio de desenho
1957 - Berna (Suíça) - Exposição de Gravuras com Lívio Abramo, na Embaixada do Brasil em Berna
1957 - Montevidéu (Uruguai) - Arte Moderna no Brasil
1957 - Rio de Janeiro RJ - 6º Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio viagem ao país
1957 - Rio de Janeiro RJ - Exposição de Artistas Brasileiros
1957 - Buenos Aires (Argentina) - Exposição de Artistas Brasileiros
1957 - São Paulo SP - 4ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1957 - São Paulo SP - 6º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia
1958 - Nova York (Estados Unidos) - Festival Internacional de Arte, Festival Galleries
1958 - São Paulo SP - 7º Salão Paulista de Arte Moderna, na Galeria Prestes Maia - prêmio viagem ao país

1959 - Amsterdã (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Barcelona (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Basiléia (Suíça) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Leverkusen (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Londres (Reino Unido) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Milão (Itália) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Munique (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa, no Kunsthaus. 
1959 - Rio de Janeiro RJ - Salão Nacional de Arte Moderna - prêmio viagem ao estrangeiro
1959 - São Paulo SP - 5ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho
1959 - São Paulo SP - 40 Artistas do Brasil, na Galeria São Luís
1959 - Roma (Itália) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1959 - Viena (Áustria) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Hamburgo (Alemanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Jerusalém (Israel) - 12 Artistas Brasileiros, no Bezalel Museum Jerusalen
1960 - Lisboa (Portugal) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Madri (Espanha) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Paris (França) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1960 - Rio de Janeiro RJ - Coletiva de inauguração, na Galeria Bonino
1960 - São Paulo SP - 1ª Exposição do Cartaz de Arte, no Masp
1960 - São Paulo SP - Coleção Leirner, Galeria de Arte das Folhas
1960 - São Paulo SP - Coletiva de Artistas Brasileiros e Americanos, no MAM/SP
1960 - São Paulo SP - Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Arte das Folhas
1960 - Tel Aviv (Israel) - 12 Artistas Brasileiros
1960 - Utrecht (Holanda) - Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa
1961 - Roma (Itália) - Coletiva, na Galeria d'Arte della Casa do Brasil
1961 - São Paulo SP - 6ª Bienal Internacional de São Paulo, no Pavilhão Ciccilo Matarazzo Sobrinho

1962 - Curitiba PR - Salão do Paraná, na Biblioteca Pública do Paraná
1962 - Kassel (Alemanha) - Brasilianische Kunstler der Gegenwart
1962 - Rabat (Marrocos) - Exposição de Artistas Brasileiros
1962 - Casablanca (Marrocos) - Exposição de Artistas Brasileiros
1962 - Tanger (Marrocos) - Exposição de Artistas Brasileiros
1962 - Santos SP - 9º Salão Oficial de Santos - grande medalha de prata
1962 - São Paulo SP - Seleção de Obras de Arte Brasileira da Coleção Ernesto Wolf, no MAM/SP
1962 - Washington (Estados Unidos) - Arte Brasileira em Washington
1963 - Rio de Janeiro RJ - O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1963 - São Paulo SP - Coletiva, no IAB
1964 - Berlim (Alemanha) - Brazilian Art Today
1964 - Londres (Inglaterra) - Brazilian Art Today
1964 - Rio de Janeiro RJ - 2º O Rosto e a Obra, na Galeria Ibeu Copacabana
1964 - Rio de Janeiro RJ - Exposição Pequeno Tamanho, na Galeria Bonino
1964 - Viena (Áustria) - Brazilian Art Today
1965 - Bonn (Alemanha) - Brasilianischi Kunst Heute
1965 - Nova York (Estados Unidos) - Brazilian Art Today. Coleção David Rockfeller, no The Chase Manhattan Bank
1966 - Campo Grande MS - 1ª Exposição dos Artistas Mato-Grossenses
1966 - Lausanne (Suíça) - 2º Salão Internacional da Galerie Pilotes de Lausanne
1967 - Amsterdã (Holanda) - Kunstenaars van nu uit Brazile, no Bols Taverne
1967 - Belo Horizonte MG - 21º Salão Municipal de Belas Artes
1967 - Ouro Preto MG - 1º Salão de Ouro Preto - sala especial
1967 - Rio de Janeiro RJ e Florianópolis SC - 5º Resumo de Arte do Jornal do Brasil, no MAM/RJ e no Masc
1967 - Vitória ES - 2º Salão Nacional de Artes Plásticas
1968 - Paris (França) - Primi Premi per la Grafia alla Biennale Internazionale di Venezia de 1946 a 1966 Galena Rive Gauche
1968 - Roma (Itália) - Primi Premi per la Grafia alla Biennale Internazionale di Venezia de 1946 a 1966 Galena Rive Gauche
1968 - São Paulo SP - 19 Pintores, na Tema Galeria de Arte
1968 - São Paulo SP - Exposição Internacional de Gravura, na Faap
1968 - São Paulo SP - Primeira Feira Paulista de Opinião, no Teatro Ruth Escobar 
1968 - São Paulo SP - Retrospectiva Didática dos 19 Pintores, na Tema Galeria de Arte

 

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Wed, 25 Nov 2020 18:24:37 +0000
<![CDATA[Antonio Poteiro: Um dos grandes mestres da arte naif do Brasil]]> https://www.galerialiviadoblas.com.br/blog/antonio-poteiro-um-dos-grandes-mestres-da-arte-naif-do-brasil/ Antonio PoteiroAntonio Poteiro: Um dos grandes mestres da arte naif do Brasil

Através da simplicidade de suas pinturas, Antônio Poteiro desenvolveu uma carreira única na arte brasileira.

Antonio Poteiro não retratava paisagens e cenas. Ele criava suas próprias imagens, explorando sua imaginação ao limite. Personagens, fábulas e narrativas.

“Tudo (na obra do Poteiro) tem um sentido ligado à história do povo, suas aflições e seus sonhos de felicidade“.- Ferreira Gullar- crítico de arte

A Biografia de Antonio Poteiro

Antônio Batista de Sousa nasceu em Portugal em 1925 na Província do Minho. Se mudou para o Brasil com apenas 01 ano de idade, a princípio para São Paulo e posteriormente para Goiânia, onde se fixou.

O pai de Antonio Poteiro era ceramista e produzia potes para vender. Assim o filho seguiu o ofício do pai para sobrevivência. O vendedor de potes ganhou o apelido de Poteiro e assim passou a assinar suas cerâmicas.

Passou a fazer esculturas de cerêmica com  motivos regionais, folclóricos e assuntos sacros, misturando fantasia, arte e fábulas. 

Antonio Poteiro, um grande artista plástico

Antonio Poteiro é um artista autodidata. A sua qualidade técnica e o aperfeiçoamento no uso das cores, passou a ser propagado e admirado. Sua criatividade e estilo inconfundível explora paisagens e cenários da fauna.

As Exposições do artista plástico Antonio Poteiro

Antonio Poteiro participa de diversas bienais em São Paulo.

A pintura de Antonio Poteiro é reconhecida através de vários prêmios. No exterior grandes exposições do artista acontecem na Itália, França, Cuba, Portugal, Alemanha e Estados Unidos.

Antonio Poteiro morre em 2010, aos 84 anos, depois de lutar contra um câncer e deixa um legado excepicional e singular.

As principais obras de Antonio Poteiro

1. Presépio

Antonio Poteiro Presépio

2. Ciranda

3. Descendo o Rio Araguaia

4. Passarada e Ipês

5. Caminho da Roça

6. Nossa Senhora Aparecida

7. Girassóis

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Fri, 20 Nov 2020 03:00:00 +0000