Carlos Araújo (São Paulo SP 1950)
Pintor, desenhista, litógrafo.
Carlos Alberto de Araújo Filho inicia em 1963 estudos autodidáticos com o painel Alegoria ao Carnaval. Entre 1971 e 1975 cursa engenharia na Universidade Mackenzie, em São Paulo. Em 1973, é convidado a participar da exposição Imagens do Brasil, em Bruxelas. No ano seguinte, faz a primeira exposição individual, no Masp, local em que realiza outras exposições. Além da pintura, trabalha outras técnicas, como desenho e litografia. Lança em Paris, em 1989, o livro de litogravuras Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse. Na sua obra observam-se elementos da pintura renascentista. No decorrer de sua carreira, realiza diversas exposições individuais e coletivas, no Brasil e exterior. Em 1980, o painel Anunciação, de sua autoria, é enviado pelo governo brasileiro ao Papa João Paulo II. Em 1984, é premiado pela Associação Paulista de Críticos de Arte - APCA.
A obra de Carlos Araújo evidencia um perfeito domínio da técnica, aliada ao talento que demonstrara desde criança. Seus temas são cheios de inspiração social: a sociedade brasileira lhe fornece a matéria para transformar em arte as misérias e tragédias humanas. Suas pinturas são carregadas de espectros e assumem um tom metafísico pela definição fugidia das figuras humanas, conquistada através da construção de espaços etéreos, sem profundidade ou peso.
As obras não se concluem onde termina a pintura, elas continuam. Elas parecem ter nascido antes de serem pintadas. É justo, pois, que vivam também além da superfície estrutural. Um sopro espiritual e etéreo envolve suas criações. Trata-se de um sopro que inefavelmente continua muito além.
Ao observarmos sua pintura não nos perguntamos o que é, mas quem é seu autor. Carlos Araújo é um artista além de sua obra. Seu trabalho não é tão somente para ser visto. Não pode ser julgado como o olhamos ou como se julga uma pintura nascida diretamente do olhar, da pincelada, da cor, das relações dos tons. Cada uma de suas obras nasce como nascem os mundos. Cada obra é um mundo à parte. Podemos julgar o mundo?
Seu discurso possui um grande impulso criativo que se adequa à natureza onde o sentimento permanece aquém da emoção. O movimento emotivo precede a interpretação, domina a escolha do tema, seleciona os dados que permeiam a esfera da congenialidade à sua sensibilidade artística.
O artista plástico paulista Carlos Araujo iniciou, há 15 anos, um projeto ousado: pintar 900 telas retratando passagens de toda a Bíblia. Os quadros foram reproduzidos em livro, junto com uma versão ecumênica do texto sagrado, resultando na "Bíblia - Citações", uma edição de 685 páginas, que mede 50cm por 30cm e pesa 7 quilos.
O trabalho agradou Papa Bento XVI a ponto de fazê-lo escrever um prefácio para a primeira edição, que foi lançada no dia 1º de dezembro na Bienal de Arte Contemporânea de Florença, na Itália. A edição ainda traz introdução e apresentação de Dom Mauro Piacenza, arcebispo de Vittoriana, e Dom Emílio Pignoli, 1º Bispo Diocesano de Campo Limpo, respectivamente. O primeiro exemplar foi entregue ao Pontífice em março deste ano, em sua visita ao Brasil. Cada Bíblia vem com uma gravura feita por Carlos Araujo especialmente para a edição - são 35 imagens diferentes com cem cópias cada, totalizando 3.500 exemplares da tiragem em português.
Os resultados desse trabalho, bem como da obra geral de Araújo, se refletem em seu currículo, que conta com exposições no Museu de Arte de São Paulo (MASP - 1979 e 1987), Museu de Arte Brasileira (FAAP - 1984), Bienal Internacional de Arte Contemporânea (Florença - 2007), Casa França-Brasil (Exposição Bíblia Citações, Rio de Janeiro - 2007) e Paris (Exposição Carrousel do Louvre, Paris - 2008) e vários outros centros de arte nacionais e internacionais, firmando Carlos Araújo como um dos principais nomes da arte contemporânea.
O artista retornou à Campo Grande e expôs suas "Pinturas da Bíblia" na Art Galeria Mara Dolzan.
Fonte: Itaú Cultural