Germana Monte-Mór (Rio de Janeiro RJ 1958). Desenhista, gravadora, pintora e escultora. Estuda ciências sociais na Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ e gravura na Escolinha de Arte do Brasil. Muda-se para São Paulo em 1983. Cursa artes plásticas na Fundação Armando Álvares Penteado - Faap, entre 1985 e 1989, e conclui, em 2002, o mestrado em poéticas visuais pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP, com a dissertação Lugares do Desenho, com orientação de Marco Giannotti (1966). Em 1989, recebe a bolsa Ateliê II da Oficina Cultural Oswald de Andrade, em São Paulo; o prêmio aquisição no 1º Prêmio Canson, do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP, em 1989, e na Bienal Nacional de Santos, São Paulo, em 1993. Em 2004, recebe a Bolsa Vitae de Artes, da Fundação Vitae. A pesquisa de novos materiais é uma das principais características do trabalho da artista.
Comentário Crítico
As obras iniciais de Germana Monte-Mór, do fim dos anos 1980 e começo da década seguinte, são realizadas com asfalto ou argila sobre papel ou tecido. A artista cria formas orgânicas, que guardam uma sensação de peso devido à presença desses materiais e, ao mesmo tempo, sugerem uma textura áspera. Segundo o historiador da arte Rodrigo Naves, em sua produção está presente uma tensão gerada pela instabilidade das formas nas composições. Posteriormente os desenhos adquirem maior definição. Em trabalhos realizados em 1998, a artista expande as áreas negras, cuja intensidade, para Naves, decorre do aparente extravasamento dos limites, mais do que de uma saturação ou de extrema concentração.
Mais recentemente, a artista começa a trabalhar com óleo damar sobre papel, o que acresce novas possibilidades ao seu trabalho. Compõe, em suas obras, zonas de transparência e de opacidade, incorporando por vezes pigmentos azulados. Nesses trabalhos, para Naves, os contrastes entre as regiões foram reduzidos, e uma leveza geral substitui as expansões espessas dos trabalhos anteriores.
Na opinião do crítico de arte Luiz Renato Martins, a exposição de Germana Monte-Mór na Capela do Morumbi, em São Paulo, em 2000, revela o diálogo entre as obras apresentadas e o espaço expositivo, cujas paredes são constituídas pela alternância entre áreas revestidas de argamassa e pintadas com cal e outras em que se pode ver a taipa de pilão original. Os trabalhos da artista pontuam e acentuam as características do lugar. Por sua relação ampla com a arquitetura, as peças sugerem ao espectador a apropriação concreta e material do espaço e revelam aproximação, em suas propostas, com os Bólides de Hélio Oiticica (1937 - 1980), por exemplo.
Fonte: Itaú Cultural