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Mira Schendel

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Mira Schendel (Zurique, Suíça 1919 - São Paulo SP 1988)

Desenhista, pintora, escultora.

“Talvez a opinião dos outros possam me ajudar a compreender melhor o que faço, pois até hoje, a arte para mim, é um grande mistério”.
Mira Schendel.

O mínimo para ser, quase não-sendo.
Paulo Venancio Filho
A transparência misteriosa da explicação.
In: Mira Schendel a forma volátil. Apresentação Helena Severo, Vanda Mangia Klabin; texto Sônia Salzstein, Paulo Venancio Filho, Célia Euvaldo.
Rio de Janeiro: Centro de Arte Hélio Oiticica, 1997. p. 27-28.

De Myra Schendel; ovvero, Myrrha Dagmar Dub Hargesheimer, existem poucas informações sobre seu nascimento e início de vida.

Sabe-se que em 1936 ca., e até os anos 1940 estudou filosofia e arte em Milão. Durante a maior parte do período que abrangeu a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), em virtude de sua origem judaica, Mira é obrigada a abandonar os estudos e refugiar-se; primeiro em Sófia (Bulgária) e depois em Sarajevo, na Iugoslávia, onde se casa com Josip Hargesheimer, com o intuito de conseguir permissão para emigrar, estabelecendo-se em Roma, em 1946, e emigrando para o Brasil em 1949.

Sua preferência pelo estudo da filosofia fomentou contatos com importantes nomes da filosofia mundial que encontraram eco em suas obras, nas suas diferentes fases. Inicialmente em Roma mantinha densa correspondência com Ferdinando Tartaglia (1916-1987) – um presbítero, escritor e teólogo italiano que foi um dos mais singulares protagonistas do pensamento religioso do século XX; depois, já no Brasil, com Max Bense (1910-1990) – filósofo, escritor e ensaísta alemão, conhecido pelos seus trabalhos em filosofia da ciência, lógica, estética e semiótica, sendo um dos teóricos da Poesia Concreta. A abundante correspondência dura até 1975. Relaciona-se ainda com Umberto Eco, Jean Gebser (1905-1973) – filósofo, poeta e lingüista alemão que se dedicou a descrever as estruturas da consciência humana; e o “Novo fenomenologista” alemão Hermann Schmitz (1928-...) além de Vilém Flusser (1920-1991) – filósofo tcheco, naturalizado brasileiro que se estabeleceu em São Paulo, onde atuou por cerca de 20 anos como professor de filosofia, jornalista, conferencista e escritor.

1949-1951: Radicada em Porto Alegre começou a pintar e fazer escultura em cerâmica. Deu aulas de pintura e de orientação artística também se dedicando a escrever poesias e a estudar filosofia por conta própria. Sua participação na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, lhe dá contato com experiências internacionais e a inserção na cena nacional. Dois anos depois, em 1953, muda-se para São Paulo, onde conhece o livreiro alemão Knut Schendel, que se tornou o pai de seu filho único e posteriormente seu marido, sendo essa a razão de Mira ter adotado o sobrenome Schendel.

1953-1988: Passa a viver em São Paulo até sua morte.

1960-1966: Manteve contato com o escultor Sérgio Camargo (1930 - 1990), fez projetos de capas de livros para a Editora Herder, e realiza a série “Bordados”, primeiros trabalhos em papel de arroz, feitos com ecoline, que somam cerca de 2 mil desenhos com a técnica da monotipia em papel de arroz, divididas em subgrupos chamados de "linhas", "arquiteturas" (linhas em forma de u), "letras" (alfabeto e símbolos matemáticos) e "escritas" (em várias línguas), posteriormente trabalhando também com signos (sinais de pontuação) em “letraset”, que indicam sua interpretação dos conceitos essenciais da semiótica.

Seguem-se as “Droguinhas” – papel de arroz amassado, torcido em cordão e depois tramado em nós, amontoado ou pendurado formando redes, bolas e tranças, “Trenzinhos”, série de folhas do mesmo papel, penduradas em fila em um "varal". Ainda nesse período suas “Droguinhas” são apresentada em Londres, na Galeria Signals, por indicação do crítico de arte Guy Brett (1942-...)

Sem participar de nenhum movimento ou filiar-se a específicas “escolas” torna-se “livre” para experimentar; inicia com acrílico (Objetos Gráficos e Toquinhos), realiza conjunto de 150 cadernos, desdobrados em várias séries e faz experiências com litografia e fórmicas.

1973: Conforme suas declarações, diz-se surpresa de receber, em São Paulo, o Prêmio APCA de melhor objeto 1972.  

1978/1987: Produz as têmperas brancas e negras, os “Sarrafos” e inicia uma série de quadros feitos com pó de tijolo.

Postumamente, suas obras são apresentadas em muitas exposições dentro e fora do Brasil e, em 1994, a 22ª Bienal Internacional de São Paulo lhe dedica uma sala especial.

Em 1997, o marchand Paulo Figueiredo doou grande número de obras da artista ao Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP.

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  • Mira Schendel

    Mira Schendel

    Dimensões: 24 x 14 - com mold. 38 x 27

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