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Odetto Guersoni

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Odetto Guersoni, mestre das técnicas, fez da gravura sua melhor expressão

Odetto Guersoni (Jaboticabal, em 1916 – São Paulo, 8 de julho de 2007), artista de extensa trajetória como gravador, pintor, escultor e professor.

Em 1948, com uma bolsa para o setor de artes gráficas, seguiu para a França. Lá aprendeu gravura com dois mestres opostos. De um lado, o inglês Stanley Hayter (1901-1988), inventivo, inquieto, considerado revolucionário naquela época. De outro, o francês René Cottet (1902-1992), um artesão exigente e perfeccionista. E, de volta ao Brasil, dedicou-se ao mesmo tempo à gravura, ao ensino e a trabalhos de programação visual.

Guersoni fez pinturas, esculturas, mas a gravura é seu gênero de preferência. Guersoni dedicou grande parte de sua longa trajetória a experimentar diversas técnicas da arte gráfica, até mesmo, a inventar novas técnicas.

Chegou a São Paulo jovem, com 17 anos, para estudar arte, no Liceu de Artes e Ofícios. Sua formação foi com a pintura e, foi o artista Mário Zanini o seu grande incentivador no início de sua carreira. A partir desse convívio, Guersoni teve certa relação também com o Grupo Santa Helena, do qual Zanini fazia parte, na década de 1940 – a litografia de Paris, de 1948, apresenta os arredores da cidade, uma tomada de casarios, de certa maneira remete às pinturas que os integrantes do grupo faziam.

Mas, a relação com o Santa Helena não foi determinante para a sua carreira. Se for para falar em grupo, o melhor é destacar sua participação, em 1947, da exposição do Grupo dos 19, com Marcello Grassmann, Sacilotto e Lothar Charoux, entre outros.

 

Gravura

Em 1948, Odetto Guersoni ganha uma bolsa do governo francês e vai a Paris estudar. Lá descobre a gravura e começa a se dedicar às artes gráficas, primeiro fazendo a técnica do metal. Depois dessa experiência, a gravura torna-se seu gênero por excelência. Odetto Guersoni faz, por exemplo, gravuras em sintonia com as preocupações expressionistas, como é visível na xilogravura À Margem da Vida, de 1950. Mas, ao mesmo tempo, é curioso como ele inicia suas inovações.

A amizade com outro artista, Aldo Bonadei, foi importante para a arte de Guersoni. Bonadei trabalhou com o bordado, com a costura, e com esse espírito de experimentação eles desenvolvem a filigrafia, “que consiste na utilização de fios de lã costurados na matriz, em um suporte duro, permitindo a impressão de relevos”. Em uma das obras feitas por meio dessa técnica, O Quadro, de 1952, duas figuras humanas, estilizadas, são feitas apenas com uso de linhas.

 

 

Plastigrafia

Outra inovação de Guersoni, na década de 1960, foi a técnica da plastigrafia, criada numa fase, mais gestual de sua arte, influenciada pelos caminhos apresentados nas Bienais de São Paulo naqueles anos. Por meio da plastigrafia, a matriz da gravura é forrada por gesso ou argila, por exemplo, e o artista faz o desenho usando objetos como um pente, uma caneta. A partir de então, a abstração vai se firmando nas obras de Guersoni, inclusive, “a geometria se impõe”.

Um mestre em várias técnicas e frentes, Odetto Guersoni faz obras em que as formas geométricas vão se justapondo, com o uso das cores, ele cria até mesmo transparências, faz relevos. Na década de 1970, ele cria mandalas e obras também com referência à optical art.

Enfim, com o tempo, Guersoni vai misturando todas essas experiências e, um artista que esteve “sempre pensando a gravura”, sem deixar de lembrar que o gravador também se dedicou a ensinar.

Odetto Guersoni nasceu em Jaboticabal, em 1916, filho de imigrantes italianos. Quando criança, mudou-se para a cidade de Monte Alto, mas no fim de sua adolescência, com 17 anos, rumou a São Paulo sozinho para estudar arte. Formou-se em pinturas e artes decorativas pelo Liceu de Artes e Ofícios, onde estudou na década de 1940. Prestes Maia Por sua formação, suas primeiras obras foram mais as do campo pictórico – “cultivava uma pintura de fria observação da realidade”, como escreveu o crítico Walter Zanini em texto de 1983 -, tanto que Guersoni começou a frequentar o ateliê do artista Mário Zanini, grande incentivador de sua carreira. Por causa dessa relação de amizade, Guersoni também conheceu outros integrantes do Grupo Santa Helena, do qual Zanini fazia parte. Ao mesmo tempo, Guersoni também começou a lecionar arte, em 1945, no Serviço Nacional da Indústria (Senai).

Em 1947, o primeiro marco de sua trajetória foi a participação da mostra do Grupo dos 19, na Galeria Prestes Maia, que trouxe à tona obras de então jovens criadores (e depois, importantes nomes da arte brasileira), como Marcello Grassmann, Flávio-Shiró, Maria Leontina, Aldemir Martins, Lothar Charoux e Luiz Sacilotto, Mário Gruber. É também nesse período, em 1948, que Guersoni, com bolsa de estudos concedida pelo Governo da França, vai a Paris estudar pintura na Academie de la Grande Chaumière e artes gráficas e industriais na École Superieur d’Art Graphique Estienne. Foi quando ele descobriu o gosto pela gravura, gênero pelo qual ficou conhecido e pelo qual experimentou e criou novas técnicas, que se tornaram sua marca, como se pode ver na mostra em cartaz na Estação Pinacoteca. Gravuras Nas artes gráficas, a primeira técnica explorada por Guersoni foi a gravura em metal. Na França, ele fez litografia (gravura que tem como matriz a pedra) – apenas duas peças dessa técnica em toda a sua vida.

Realizou também xilogravuras, mas poucas, algumas na década de 1950 sobre temas sociais inspirados no expressionismo. Nessa época também, a amizade com outro artista, Aldo Bonadei, foi importante para a arte de Guersoni. Como Bonadei trabalhou com bordado e costura – incluídos como uma técnica diferente de gravura, a filigrafia, feita com utilização de fios de lã costurados na matriz, o que permitia impressão de relevos. Depois, na 1960, Odetto Guersoni cria uma obra também de caráter experimental, mas mais voltada para a abstração. Em um momento sua gravura é gestual, inspirada nas obras do abstracionismo informal que aportavam nas Bienais de São Paulo daquele período. Guersoni criou a técnica da plastigrafia (na qual a matriz da gravura é forrada por gesso ou argila, por exemplo, e o artista faz o desenho usando objetos como um pente, uma caneta), para fazer uma obra com uma característica mais gestual. No campo da abstração, também fez obras de caráter geométrico e repetitivo. “A natureza é feita de formas geométricas. Basta reparar numa folha, numa flor e no ser humano”, explicou o artista ao Estado em 1998.

Dessa maneira, e a partir de então, Guersoni cria as suas famosas mandalas; faz trabalhos em que as formas vão se justapondo, algumas com forte referência à optical art. Com o uso das cores, cria até mesmo transparências. “As possibilidades de combinações são infinitas, o que torna o ato da procura fascinante”, disse em 2000, à historiadora Mayra Laudanna.

No dia 30 de junho, Guersoni inaugurou na sala do Gabinete de Gravura Guita e José Mindlin, espaço dedicado a mostras de artes gráficas na Estação Pinacoteca, uma retrospectiva de sua produção de gravuras, com 54 obras realizadas entre 1940 e 2003. A mostra, com curadoria de Ana Paula Nascimento, da equipe de curadores da Pinacoteca do Estado, ficando em cartaz até 30 de setembro.

Também em abril de 2007, Odetto Guersoni foi ao Sesc da Avenida Paulista na cerimônia de entrega dos prêmio da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), recebendo homenagem por sua extensa trajetória como gravador, pintor, escultor e professor.

Odetto Guersoni morreu em 8 de julho, em São Paulo, aos 91 anos, o artista Odetto Guersoni, em decorrência de complicações com a medicação que tomava para se recuperar de uma trombose.

(Fonte: Veja, 19 de dezembro de 1973 –Edição 276 –ARTE/ Por Olívio Tavares de Araújo –Pág: 148/150)

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral – NOTÍCIAS – GERAL – CULTURA / Por Agência Estado, 2 Julho 2007)

(Fonte: http://cultura.estadao.com.br/noticias/geral – NOTÍCIAS – GERAL – CULTURA / Por Camila Molina, do Estadão, 10 Julho 2007)

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