A influência da personalidade e do amor ao Brasil nas obras de Alfredo Volpi
Alfredo Volpi
Italiano de Lucca, Alfredo Volpi veio ainda bebê para o Brasil e aqui tornou-se um dos maiores concretistas da História da Arte Brasileira. O que poucos sabem é que o trabalho de Volpi vai muito além das obras abstratas e de suas famosas e muito valorizadas pinturas temáticas das festas juninas que lhe deram o carinhoso apelido de “o Mestre das Bandeirinhas”. Assim como sua vinda ao Brasil, o apego à arte foi desenvolvido em Volpi ainda muito cedo.
Quieto e observador
A personalidade quieta e observadora de Volpi muito provavelmente foi o fator crucial para que ele se desenvolvesse na pintura. Sem um tutor no início de suas obras e sem um aprofundamento teórico intenso, Volpi era um autodidata por natureza e criava seu próprio estilo em um momento onde o concretismo e o modernismo estavam e plena ascensão.
Esse crescimento solitário não aconteceu durante toda sua carreira, mas com certeza foi um dos motivos para que o artista não tenha feito uma exposição mais cedo. Mesmo com todo o seu talento para a arte, Volpi fez sua primeira exposição individual apenas aos 47 anos de idade. A exposição aconteceu no Salão de Maio e foi nomeada a 1a Exposição da Família Artística Paulista.
Alfredo Volpi - Mulata
O gosto pela luz natural
A luz natural era um “ponto não alterável” nas obras de Volpi. E o que isso significa? Significa basicamente que se ela fosse presente naturalmente, ela seria apresentada nas obras. Do contrário, não seria representada. Quando trabalhava com obras figurativas, por exemplo, uma paisagem escura seria também escura em sua tela.
Alfredo Volpi - Paisagem
O ateu que colocou arte em igrejas
Alfredo Volpi era ateu e anticlerical, mas isso não impediu que sua arte estampasse também as paredes e tetos de Igrejas muito frequentadas e muito conhecidas pelos brasileiros, como a Igreja do Cristo Operário em São Paulo e a Capela de Nossa Senhora de Fátima em Brasília. Além das igrejas pintadas, Volpi também colocava frequentemente em suas obras as figuras de Madona, Santa Rita, Santa Bárbara, São Jorge e por algumas vezes, representou São Francisco.
Alfredo Volpi - Dom Bosco
O amor pelo Brasil
O gosto de Alfredo Volpi pelo Brasil começou a aflorar com proporção direta ao ritmo de suas viagens e “desbravamentos” pelo território brasileiro. As viagens a cidades como Salvador e Belo Horizonte e a sua estadia em Itanhaém levaram-no a um gosto pelo popular e pelo povo brasileiro, assim como sua cultura. Não por acaso Volpi representou muito e bem a cultura brasileira em sua obra e em sua personalidade, mesmo com características tão analíticas e calmas. Mesmo não sendo brasileiro, Alfredo Volpi soube como poucos retratar a brasilidade.
Alfredo Volpi – Sem Título