A obra premiada, os planos e as cores de Inimá de Paula
Paisagem de Diamantina - Inimá de Paula
Mineiro de Itanhomi, Inimá de Paula nasceu em 1918 e foi inserido no meio artístico através da fotografia ainda em sua adolescência, enquanto trabalhava com a recuperação de fotos desgastadas pelo tempo. No início de sua vida adulta, mais precisamente aos 20 anos de idade, começou seus primeiros trabalhos e aprendizados definidamente artísticos quando estudava e produzia desenhos em Juiz de Fora.
No início da década de 40 Inimá iniciou um curso no Liceu de Artes do Rio de Janeiro e para lá mudou-se, mas largou os estudos em pouco tempo e manteve seu sustento com trabalhos de baixa remuneração, sem parar de exercer a arte, sua verdadeira paixão.
Em 1944 acontece a sua mudança para o Ceará. A princípio Inimá vai para trabalhar com a fotografia, sua primeira profissão, mas em Fortaleza volta ao meio artístico e ajuda a criar a Sociedade Cearense de Artes Plásticas, junto com o cearense Aldemir Martins e Antonio Bandeira, importantes nomes da História da Arte nordestina e brasileira.
Vista de Ouro Preto - Inimá de Paula
As primeiras exposições
Em 1945 Inimá volta ao Rio de Janeiro e, com a grande ajuda de seus parceiros da Sociedade Cearense de Artes Plásticas, participa de uma exposição coletiva na Galeria Askanasy. Mais tarde, Portinari, considerado seu padrinho na Arte, o ajuda a realizar a sua importante e primeira Exposição Individual, que aconteceu em 1948 no Instituto dos Arquitetos do Brasil, também no Rio de Janeiro.
No mesmo ano de sua primeira exposição individual, Inimá de Paula recebe a medalha de bronze do Salão Nacional de Belas Artes. No ano seguinte, no mesmo salão, recebe a de prata e em 1950 recebe como prêmio uma viagem a Paris. Tal viagem é considerada a razão da inserção de paisagens urbanas e de obras com planos bem representados em seu repertório. A partir dela, também foi possível enxergar a utilização de técnicas semelhantes às do cubismo em suas telas.
As cores e o contraste de suas obras
Inimá pintou obras com cores fortes, marcadas e contrastantes. A saturação das cores envolvidas em suas telas permitia a visualização de um estilo muitas vezes considerado expressionista, que era característico em seu repertório.
As cores estavam presentes em obras mais “caricatas”, pelas quais havia a intenção de representar uma ideia em uma paisagem, mas, ao mesmo tempo, estavam presentes em suas obras mais realistas, como eu seus retratos e autorretratos.
O Fauvista brasileiro
Inimá é considerado um dos maiores, se não o maior fauvista da História da Arte Brasileira. Com uma obra marcada pelas cores e pelo alto nível técnico e pelos traços fortes de suas pinceladas, passou do impressionismo para o expressionismo e do expressionismo para o fauvismo, estilo dominado completamente por ele.
Pelas mãos de Inimá, as paisagens “comuns” viraram obras incríveis. Favelas ganharam valor e espaço, assim como suas obras que hoje estão por grandes museus e exposições do Brasil e pelo exterior.
Inimá de Paulo faleceu em 1999 em Belo Horizonte, capital de seu estado natal.