Aldemir Martins: A vida e a obra do artista brasileiro

terça-feira, 29 de outubro de 2024 18:40:59 America/Sao_Paulo

Aldemir Martins em seu Ateliê

A vida e a obra do artista brasileiro Aldemir Martins são um testemunho da pluralidade que está presente no universo artístico do Brasil. Seu repertório parte do desenho e transcende por vários âmbitos da arte, caminhando da gravura à pintura de forma livre, lúdica e única.

Nascido em 8 de novembro de 1922, no sertão do Cariri, no Ceará, Aldemir deixou uma marca permanente na cultura e no meio artístico do país, ganhou prêmios, participou de diversas exposições e marcou a arte figurativa do Brasil.

Aldemir Martins – Por do Sol - Serigrafia

Aldemir Martins – Por do Sol - Serigrafia

 

O Desenho e os primeiros passos de Aldemir Martins

Desde cedo, o artista cearense mostrou seu talento. Em 1934, com apenas 12 anos, enquanto estudava no colégio militar de Fortaleza, ele já começava a se dedicar ao desenho.

Como muitos jovens brasileiros, ele serviu ao exército de 1941 a 1945, onde também encontrou oportunidade para se inspirar e expressar sua arte: desenhou o mapa aerofotogramétrico de Fortaleza e conquistou seu primeiro prêmio ao vencer um concurso da Oficina de Material Bélico da 10ª Região Militar, por uma pintura de viaturas do exército. Como reconhecimento por seu talento, recebeu o título de "Cabo Pintor".

Nesse período sua trajetória artística tomava forma com a sua participação na fundação do Centro Cultural de Belas Artes (CCBA), ao lado de nomes como Mário Baratta e Antônio Bandeira, que depois seria conhecida como SCAP, a Sociedade Cearense de Artistas Plásticos. 

Esse espaço não apenas promovia exposições permanentes, mas também organizava salões e cursos de arte, contribuindo para a formação de uma nova geração de artistas. Dois anos mais tarde, expõe suas obras pela primeira vez, no Segundo Salão de Pintura do Ceará. Assim, Martins iniciava algo que seria um dos pontos mais relevantes do cenário da arte do Ceará.

Aldemir Martins - Flor do Ceará - Serigrafia

Aldemir Martins - Flor do Ceará - Serigrafia

 

O Enriquecimento do Repertório Artístico de Aldemir Martins

Em 1943, Aldemir começou a colaborar como ilustrador na imprensa cearense, um passo fundamental para desenvolver seu repertório artístico. Em 1946, vivendo em São Paulo, ele realizou sua primeira exposição individual no instituto dos arquitetos do Brasil. O reconhecimento veio rapidamente: em 1947, participou da exposição "19 pintores", onde conquistou o terceiro lugar, marcando sua ascensão no cenário artístico.

A partir de então, Aldemir não parou mais. Em 1951, seus desenhos de paus-de-arara e cangaceiros foram premiados na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, lá ganhou o Prêmio Aquisição “Dona Olívia Guedes Penteado” e uma premiação em dinheiro, que seria utilizada para voltar às suas raízes, o Nordeste, com o intuito de reviver a cultura nordestina e trazer de volta essa inspiração para suas obras.

Mesmo já premiado em eventos internacionais, suas primeiras premiações nacionais vieram 2 anos mais tarde, em 1953, no Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, quando recebeu o Certificado de Isenção do Júri e da IIª Bienal de São Paulo. No ano seguinte, ele produziu o cenário da peça "Lampião", de Rachel de Queiroz.

Melhor desenhista internacional

O ponto mais alto de sua carreira veio em 1956, quando foi considerado o Melhor Desenhista Internacional na 28ª Bienal de Veneza, neste mesmo ano, no V Salão Internacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro, já tinha recebido a Medalha de Ouro, como Melhor Expositor.

O ano de 1958 foi muito marcante para a sua carreira, quando ele realizou uma série de exposições nos Estados Unidos, e foi convidado pelo Departamento de Estado Americano, a ficar no país por três meses para visitar a Filadélfia, Chicago, Detroit, Boston e New York.

Ainda neste ano, recebeu o Prêmio Jabuti na categoria Melhor Capa de Livro do Ano, atribuído pela Câmara Brasileira do Livro, pela capa de "História do Modernismo Brasileiro’.

Na década de 1960, Aldemir se destacou ainda mais ao criar cenários para produções teatrais e, posteriormente, focou em esculturas de cerâmica.

Mas a sua versatilidade artística não parou por aí, nos anos 70, ele também foi responsável por criar imagens de aberturas icônicas de novelas da rede globo, como "Gabriela" e "Terras do sem fim".

Aldemir Martins - Cangaceiro PB - Serigrafia

Aldemir Martins - Cangaceiro PB - Serigrafia

 

Os costumes e a cultura popular na obra de Aldemir Martins

A arte de Aldemir Martins é um retrato de tudo o que seus olhos admiravam: a cultura, como o cangaço e o futebol, a vida sertaneja, os animais como galos e gatos, sem deixar de lado algo corriqueiro e cotidiano, presente no dia a dia das pessoas, como as flores e as frutas.

Assim firmou a estética de Aldemir: uma representação figurativa rica em paisagens, cultura brasileira, flores e animais, com cada obra carregando uma explosão de cores, linhas e traços.

Aldemir Martins - Galo colorido 2 - Serigrafia

Aldemir Martins - Galo colorido 2 - Serigrafia

 

A cultura sertaneja foi uma marca na carreira de Aldemir Martins, e os galos são uma boa representação disso, animais presentes no cotidiano das pessoas mais simples e no meio rural do nordeste.

Outro tema que evidencia seu amor pelo Brasil é a sua relação com o futebol. Para ele, esse esporte era uma parte essencial da arte do país, algo que não poderia deixar de lado.

O próprio artista destacou que, até então, nenhum artista brasileiro havia se permitido realmente ver, sentir e ilustrar o futebol - um esporte que todos os brasileiros amam e, que inclusive, tinha o maior ícone reconhecido mundialmente, como um símbolo dessa paixão coletiva, se referindo a Pelé.

Aldemir Martins – Jogador Camisa 10 - Gravura

Aldemir Martins – Jogador Camisa 10 - Gravura

 

Então, já em 1965, começou a trazer o futebol para suas obras, e suas gravuras começaram a expressar o valor do esporte que era associado apenas a pessoas humildes e negras. Com isso, ele não apenas celebrou o futebol, mas também destacou sua importância social e cultural no Brasil, unindo o que para ele, fazia parte de mundos completamente distintos.

Outro símbolo importante foi a ilustração de Gatos de Aldemir Martins, em serigrafias que mostram suas características de traços fortes e cores vibrantes, que conquistou muitos fãs. Mesmo representando a cultura popular, os gatos vieram da encomenda de uma senhora que gostava de suas obras, a partir daí, caiu no gosto de seus clientes, e Aldemir inseriu em seu repertório.

Aldemir Martins - Gato escondido - Serigrafia

Aldemir Martins - Gato escondido - Serigrafia

 

Assim podemos considerar que a trajetória de Aldemir Martins não é apenas a história de um artista, mas o retrato de uma vida dedicada a transformar suas experiências em arte, que foi conhecida pelo mundo todo.

A Galeria Livia Doblas possui um vasto acervo de obras de Aldemir Martins, com inúmeras opções para quem deseja ter em casa uma das obras deste que é um dos nomes mais lembrados da Arte brasileira!

Gostou e não quer perder nada sobre inúmeros artistas? Fique atento ao Blog e às Redes Sociais da Galeria de Livia Doblas e não perca nenhuma novidade.