As esculturas e a carreira de Caciporé Torres
Caciporé Torres
Paulista de Araçatuba, Caciporé Torres nasceu em 1935 e foi um artista plástico reconhecido nacional e internacionalmente principalmente por suas obras ligadas a técnica da escultura.
Caciporé nunca pensou em ser artista, mas acredita que foi condicionado a sua profissão. Com uma infância sempre ligada a cultura por ser filho de um pai jornalista e de uma mãe concertista de piano, o que manteve seus hábitos focados no meio artístico, assim como os amigos e colegas de seus pais, que naturalmente eram admiradores de música, de arte, ou propriamente profissionais do meio.
Aos 14 anos, quando Torres já fazia ilustrações mesmo sem nenhuma formação ou estudo artístico, criou sua primeira exposição. Aos 16 anos esses trabalhos já eram observados por um icônico amigo de seus pais, o artista Di Cavalcanti. Caciporé o via trabalhar e escutava seus “palpites absurdos”, algo que para ele era uma vivência e um conhecimento que ele considera que nenhum dinheiro poderia pagar. Ao ver a evolução de seus desenhos, Di o levou para a Primeira Bienal de São Paulo, em 1951, e nela Caciporé recebeu o primeiro prêmio e ganhou uma viagem para a Europa, onde pode aprender e obter um maior embasamento teórico para o decorrer de sua carreira.
Caciporé Torres – Balet
O interesse pela escultura e pelo revelo e a inserção da cor
Caciporé sempre gostou e se interessou pelo volume, pelo relevo e por seus formatos desde quando tocava uma massa de pão, até quando manuseava argila. A escultura o possibilitou trabalhar utilizando materiais diferentes e, após sua viagem a Europa, começou a incluir os metais em suas obras, principalmente o bronze e o aço, que tinha fácil adaptabilidade e a capacidade de resistir ao tempo, as utilizando em trabalhos que ficariam expostos, além da fácil adaptabilidade.
Já as cores nunca foram uma parte da obra que tomava seu tempo e sua preocupação, pelo contrário, Caciporé considera que as cores trazem um ar decorativo a uma obra de arte, algo que para ele não deveria ter importância. A obra deveria chamar a atenção por si só, pelo seu volume, pelo seu formato e não pelas cores que nela estavam, o que o fez realizar trabalhos sem cuidado com a cor durante muito tempo. As cores só começaram a aparecer devido ao fato de os críticos considerarem seu trabalho como algo forte, robusto e agressivo a quem o vê.
Caciporé Torres – A Coisa
O processo criativo e as influências
O paulista considera-se um artista que trabalha durante todo o tempo de seu dia, através de uma criatividade natural, algo que nunca foi forçado em seu cotidiano e rotina, mas que surge com as experiências de seu dia a dia.
As influências de sua carreira se deram pelas experiências que teve de forma precoce, o que fez com que criasse e aprimorasse um estilo próprio, sem copiar ninguém, mas se inspirando e se espelhando em todos aqueles artistas com os quais teve uma troca ou aprendeu algo em algum dado momento de sua carreira.
Caciporé Torres – O Diálogo Azul
O reconhecimento
Pela falta de uma tradição cultural no território brasileiro, principalmente se comparado ao cenário artístico da Europa, durante boa parte de sua carreira e até ter o reconhecimento que lhe desse espaço para uma tranquilidade financeira, utilizou do espaço que a arquitetura dava ao meio artístico para que pudesse ter uma vida tranquilo e, ao mesmo tempo, dava aulas em cursos de arquitetura para ter suas contas fechadas.
Hoje, suas obras estão expostas em locais públicos e fazem parte da coleção de importantes colecionadores de arte do Brasil e do mundo. Dos 86 para os 87 anos de idade, ainda são realizadas exposições com seus trabalhos.