As nuances das obras sensitivas e espirituais de Roberto Magalhães
Nascido em 1940 na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, Roberto Magalhães começa seus primeiros passos artísticos ainda muito novo em uma gráfica que tinha como dono o seu tio. Lá aprendeu a desenhar materiais gráficos como rótulos, cartazes e outros tipos de materiais publicitários que são normalmente produzidos em gráficas especializadas até mesmo nos dias de hoje.
Nessa época, Roberto já realizava trabalhos de ilustração para o Jornal da Ilha, jornal de circulação da sua cidade natal. Antes dos 18 anos de idade, quando estudava no Colégio São Bento, já tinha uma visão a frente de seus colegas, produzindo obras caricatas, valorizando os pontos positivos e negativos de seus amigos e professores.
Roberto Magalhães começa a se tornar artista em 1961, quando entra na Escola Nacional de Belas Artes, a ENBA, escola que também formou outros artistas nacionais de grande renome como: Cândido Portinari, Zélia Salgado e Milton Ribeiro.
Livre de fases, sua obra vai e volta em seus pensamentos e em seus estilos, tudo em prol de sua liberdade e em prol de um trabalho completamente intuitivo, que não se identifica com um grupo de pensadores, muito menos como propriamente um intelectual. Além de não ter o desejo da busca por indagações ou pensamentos específicos de “o que?”, “quando?” e “como?” deve pintar, trata tudo com muita liberdade.
A Espiritualidade, a pausa e a retomada da Arte
Em 1969 Roberto Magalhães pausa suas atividades artísticas e começa a se dedicar completamente ao Budismo, nesse período, o artista mergulhou completamente na religião e até mesmo ajudou na construção de um Centro de Meditação para a Sociedade Budista do Brasil. Esta fase espiritualista, muito provavelmente incentivada pelo envolvimento de sua esposa com o espiritualismo, resultou em uma experiência posterior com obras propositalmente místicas, quando retomou suas atividades artísticas e fez exposições individuais de desenho e pintura em São Paulo e no Rio.
As técnicas e a percepção própria
Com construções de inúmeras artes em pinturas pasteis, cheias de traços e nuances características do artista, Roberto tinha em seu repertório técnicas que utilizam dos dedos para a construção das obras e costumava agrupar a técnica que mais combinaria com o resultado que gostaria de chegar para a realização da tela.
O carioca diz até hoje que só percebe suas obras depois de prontas, e, ao mesmo tempo, se considera um artista que leva muito tempo para finalizar um quadro, já que normalmente na fase inicial da construção da obra as ideias ainda estão muito dispersas e cruas e se leva um tempo para chegar em um conjunto de penamentos que resultariam em um “produto final”.
Os prêmios
Os prêmios e exposições são inúmeros durante a carreira do carioca, porém, os anos 60 foram os mais especiais da carreira do artista, mesmo logo após o início de sua carreira. Em 1965, por exemplo, Roberto ganha o prêmio de gravura na Quarta Bienal de Paris, onde moraria dois anos mais tarde. No ano seguinte, sua obra “Édipo Decifra o Enigma da Esfinge” ganha um prêmio no Décimo Quinto Salão Nacional de Arte Moderna, o SNAM.
Tido como um ícone da pintura brasileira, Roberto considera que tudo é novidade quando se é realmente autêntico e que essa autenticidade resulta em uma obra rica e atemporal. Quando se copia, por menor que a copia seja, não há nem liberdade nem novidade, apenas há a representação de um pensamento e de uma ideia que não é própria.
Roberto Magalhães continua em atividade até os dias de hoje.