Athos Bulcão: o estudante de medicina que abandonou tudo para se tornar Artista
Imagine a alegria de pais ao verem seu filho ingressar na faculdade de Medicina, projetando um futuro promissor e repleto de orgulho. Agora, imagine esse mesmo jovem abandonando os estudos para se tornar artista, escolhendo um caminho que, embora inesperado, o levaria a uma trajetória tão brilhante quanto aquela que seus pais haviam idealizado. Essa é a história de Athos Bulcão, um dos nomes mais importantes da arte brasileira.
Athos Bulcão
Athos Bulcão revelou que sua decisão de abandonar a Medicina e se dedicar à arte foi influenciada pela leitura da obra Carta a um Jovem Poeta, de Rainer Maria Rilke.
Essa mudança de direção foi crucial, pois Bulcão se tornou uma figura de destaque no Modernismo brasileiro, participando ativamente da renovação estética e cultural do país.
Como era a arte de Athos Bulcão?
O que esperar de um artista multifacetado: escultor, pintor e desenhista?
Seu trabalho é marcado pelo uso de grafismos, com formas geométricas e uma paleta de cores vibrante, que conferem aos seus trabalhos uma fluidez única, repleta de movimento e expressão.
Athos Bulcão e suas obras, que exploram cores vibrantes, movimento e figuras geométricas.
Sua arte nunca foi superficial. Ela é repleta de profundidade, representando não apenas a estética, mas também uma reflexão sobre o mundo ao seu redor. Bulcão usava o espaço, a cor e a forma para transmitir emoção e significado.
As temáticas de suas obras são diversas, abordando desde a natureza e a cultura brasileira até questões sociais e políticas.
A gravura, em particular, foi um dos meios que Bulcão usou para expressar suas ideias, como ele mesmo afirmou: "A experiência da vida, as pessoas que a gente conhece, as desilusões, tudo são tópicos para se tornarem temas de arte."
As amizades artísticas de Athos Bulcão
Se na infância, Bulcão esteve cercado por Monteiro Lobato, amigo de seus pais, na fase adulta, as suas amizades teriam outros grandes nomes da arte e da literatura.
Entre esses amigos, destacam-se Jorge Amado, Vinicius de Moraes, João Filgueiras Lima, Burle Marx, Tom Jobim, Manuel Bandeira, entre outros.
Um grande círculo de amigos, não é mesmo? Pessoas de peso que, sem dúvida, contribuíram significativamente para sua ascensão. E foi exatamente por meio de um desses amigos que Athos Bulcão foi apresentado a outro nome relevante da história do Brasil: Oscar Niemeyer.
Marianne Peretti, Athos Bulcão, Alfredo Ceschiatti, Oscar Niemeyer, José Sarney e Burle Marx em Brasília
E não foi apenas uma amizade qualquer: após alguns contatos, Niemeyer o convidou para projetar os azulejos externos do Teatro Municipal de Belo Horizonte.
Embora a obra tenha permanecido inacabada e o painel nunca tenha sido realizado, essa amizade e o vínculo com Niemeyer abriram novos horizontes para o artista, marcando o início de uma série de colaborações que seriam fundamentais para sua carreira.
E é sobre esse assunto que vamos falar no próximo capítulo.
A amizade com Oscar Niemeyer e a mudança na vida de Bulcão
Em 1958, a convite de Niemeyer, Bulcão se mudou para Brasília para contribuir com a construção da nova capital e reforçar sua arquitetura moderna. Foi nesse contexto que nasceu um novo estilo na arte de Bulcão: a arte arquitetônica.
Athos Bulcão e Oscar Niemeyer, além de parceiros profissionais, desenvolveram uma verdadeira amizade.
“Artista eu era. Pioneiro eu fiz-me. Devo a Brasília esse sofrido privilégio. Realmente um privilégio: ser pioneiro. Dureza que gera espírito. Um prêmio moral.”
Por lá, o trabalho de Bulcão era integrado à arquitetura de Niemeyer, criando uma conexão única entre arte e arquitetura. A partir disso, ele começou a deixar sua marca em murais, painéis e relevos de edifícios públicos da cidade.
Painel de Athos Bulcão no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitscheck | Foto: Edgard Cesar/Fundação Athos Bulcão
Entre as obras mais emblemáticas, destacam-se os painéis do Congresso Nacional, a Igrejinha Nossa Senhora de Fátima e o Aeroporto Juscelino Kubitschek, todos em Brasília.
Brasília Inspirou Bulcão
Foi em Brasília que Athos Bulcão encontrou uma nova identidade artística, marcada de forma indelével pelos seus painéis de azulejos. Espalhados por diversos edifícios da cidade, esses painéis se tornaram verdadeiras obras de arte a céu aberto.
Athos Bulcão na Igrejinha Nossa Senhora de Fátima
A utilização dos azulejos como suporte permitiu a Bulcão criar painéis de grandes dimensões, cobrindo fachadas inteiras de edifícios. Essa característica única fez com que suas obras se tornassem ícones da arquitetura modernista brasileira.
Painel de Athos Bulcão no Cine Brasília
É em Brasília que a arte de Bulcão pode ser plenamente apreciada. Seus azulejos decoram, por exemplo, o embarque do Aeroporto Internacional de Brasília, ou, ainda, sua arte pode ser admirada por quem segue o caminho da Universidade de Brasília, por quem passeia pelo Cine Brasília e pelo Teatro Nacional Cláudio Santoro, por exemplo. Em cada esquina, Bulcão deixou sua marca, tornando a cidade um museu ao ar livre.
Athos Bulcão - Brasília Palace Hotel - Serigrafia
Assim se escreve a história de um artista corajoso, criativo, inovador, inquieto, expressivo e de uma excelência incomparável.
Que privilégio poder admirar suas obras, não é mesmo?
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