Carlos Cruz-Díez e sua arte que transcende a percepção visual
Carlos Cruz-Díez um dos maiores inspiradores da Op Art e arte Cinética
Carlos Cruz-Díez, “O Mestre da Cor Venezuelano” é amplamente reconhecido como uma das figuras mais influentes da arte cinética e da Op Art. E não à toa, já que sua obra vai além da simples exploração da cor, ela desafia e redefine os limites tradicionais da percepção visual.
Sua habilidade única de manipular a cor e a luz não apenas marcou sua carreira, mas também promoveu uma transformação na maneira como compreendemos a cor dentro do contexto artístico.
Por isso, as obras de Cruz-Díez não se limitaram à representação estática, pois o que era obrigatório em todas elas era proporcionar a experiência e diversas possibilidades de interpretação. Elas interagem com o espectador, mudando conforme o movimento e a intensidade da luz, criando uma experiência visual dinâmica e em constante transformação.
Carlos Cruz-Díez: O “Mestre da Cor” que se encontrou nas gravuras
Embora tenha começado sua trajetória artística com a pintura, foi na gravura que ele encontrou o meio ideal para expressar sua visão única. "Me custou muitos anos para estruturar essas informações, o que me permitiu conhecer outras possibilidades do mundo cromático. Uma das mais importantes, consegui no mundo da gravura, da multiplicação de imagens", revelou o artista.
Assim, entre gravuras e gravuras, ele criou uma forma valiosa de admiração da arte, com uma nova forma de diálogo entre a arte e a percepção do espectador.
Cor é ciência: as gravuras de Carlos Cruz-Díez são eventos cromáticos
Carlos Cruz-Díez entende a cor como algo subjetivo e evolutivo, em que a interação dos nossos sentidos revela eventos cromáticos que se desenvolvem ao longo do tempo.
Assim, as cores nas obras de Cruz-Díez incentivam uma forma distinta de conhecimento, onde o espectador pode explorar sua capacidade de criar e destruir cores através de seus próprios meios perceptivos, ao mesmo tempo em que experimenta uma ressonância emocional baseada em sua experiência pessoal.
Serigrafia de Carlos Cruz-Díez
Talvez você já tenha se deparado com algo assim, nas redes sociais, por exemplo: você vê uma imagem e você vê determinadas cores, e quando mostra para outra pessoa, ela enxerga uma cor diferente. Ou em outro momento, você mesmo olha para a mesma imagem e vê uma cor completamente nova.
Mas essa experiência não depende só de cores, também de luz, movimento das imagens e texturas. Díez descobriu isso por meio de seus próprios olhos, que sempre exploravam as artes e as possíveis ferramentas para criá-las.
Você conhece os “moduladores de cores?” O Mestre da Cor Venezuelano as utiliza, e tudo começou quando, em um momento de observação, ele percebeu o reflexo de uma cor sobre o papel branco.
A partir desse insight, Cruz-Díez passou a integrar em suas gravuras uma estrutura em relevo, posicionada verticalmente à tela, composta por moduladores de cor. Esses elementos alteram a percepção cromática do espectador, dependendo do movimento e da intensidade da luz do ambiente. Ao combinar esse fenômeno com os eventos cromáticos, a gravura de Cruz-Díez cria uma experiência visual que se aproxima da forma como as cores se transformam naturalmente.
E você sabia que a maneira como Carlos Cruz-Díez aplica e manipula as cores em suas obras é estudada e estratégica? Vamos explicar como se estrutura o seu trabalho
A arte de Carlos Cruz-Diez: mais do que uma exploração de cores, uma linha de pesquisa visual
O trabalho do artista é baseado em três condições fundamentais da cor: subtrativa, aditiva e reflexiva. Para aplicá-las e explorá-las, ele desenvolveu oito linhas de pesquisa, que incluem Couleur Additive, Physichromie, Induction Chromatique, Chromointerférence, Transchromie, Chromosaturation, Chromoscope e Couleur à l'Espace. Cada uma trata de um comportamento específico da cor e ajuda a aprofundar o entendimento de como podem se comportar de maneiras surpreendentes.
Exposição de Carlos Cruz-Díez
Além disso, não podemos deixar de mencionar a importância do fenômeno da persistência retiniana no trabalho do artista Venezuelano. Esse fenômeno acontece quando você olha fixamente para uma cor e, ao desviar o olhar para uma superfície branca, vê a cor complementar da cor observada. Cruz-Díez usou esse princípio a seu favor para criar uma técnica que induz o espectador a ver cores que não estão fisicamente no quadro.
Enquanto na física tradicional esse fenômeno ocorre em duas etapas, Cruz-Díez foi capaz de reduzi-lo a uma única etapa. Ele faz isso ao sobrepor cores como preto, azul e branco, criando uma impressão de amarelo virtual na retina do espectador, uma cor que não existe de fato na obra. É como se a cor estivesse surgindo diretamente da nossa percepção, e não da gravura em si.
Por isso, “experiência” nas gravuras e na arte de Cruz-Díez abarca os dois significados da palavra: é uma experiência dele, como artista, que testa e aplica cores, luzes e texturas e também uma experiência do espectador, que contempla sua obra e nunca a verá da mesma forma. Como ele mesmo disse: “Existe um mundo infinito de transformações na menor mudança de luz. Quero fazer obras que mudam conforme a natureza muda. Mais do que uma composição ou uma forma, uma obra moderna, para mim, é acima de tudo uma metamorfose.”
Carlos Cruz-Díez - Gravura em serigrafia com movimento e cor
Então, podemos entender que a arte de Carlos Cruz-Díez é aquela que exige uma interpretação de cada detalhe, e que nos pede, mesmo que por breves momentos, um desligamento para realmente captar sua mágica.
Uma coisa é certa: suas gravuras nunca envelhecem nem perdem o sentido. Elas estão sempre surpreendendo, conectando e despertando novas emoções.
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