5 Momentos da Arte Brasileira que você precisa saber!

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024 22:31:58 America/Sao_Paulo

Pinturas rupestres nas Cavernas do Peruaçu - Januária MG

Pinturas rupestres nas Cavernas do Peruaçu - Januária MG

A história da arte no Brasil é repleta de momentos relevantes e admiráveis, marcados pela diversidade de conceitos. No entanto, é fato que alguns períodos se destacam mais que outros. Então, vamos explorar 5 momentos importantes que marcaram a arte brasileira. 

O início: pinturas rupestres 

Espalhadas por todo o Brasil, pinturas rupestres datam de até 12.000 anos atrás, representando o início da expressão artística no território. Essas obras apresentam formas variadas, incluindo grafismos abstratos e geométricos.

As representações incluíam figuras que lembravam silhuetas humanas e animais, retratando cenas do cotidiano da época, como caçadas, corridas e até elementos da flora local. 

Embora o significado exato seja incerto, essas expressões artísticas carregavam valores culturais, espirituais e sociais das comunidades pré-históricas. 

Desenho rupestre - sítio arqueológico em Manaus

Desenho rupestre - sítio arqueológico em Manaus

E você sabia que os métodos de produção artística diferem entre as regiões? Refletindo a diversidade cultural e ambiental. 

Os maiores sítios arqueológicos com essas obras estão localizados no Nordeste, na Amazônia, no Cerrado Goiano e na Bacia do São Francisco, onde se encontram registros de inestimável valor histórico do início da arte. 

Além das pinturas rupestres, ficaram os sambaquis, encontrados ao longo da costa brasileira, que são antigos montes de conchas e resíduos deixados por povos que habitavam essas regiões. Entre esses depósitos, arqueólogos descobriram artefatos decorativos, como cerâmicas tapajônicas e marajoaras, que também são exemplos icônicos dessa expressão esculturas e ferramentas que revelam a sofisticação artística e cultural desses povos.  

O maneirismo, o barroco brasileiro e a arquitetura religiosa

Os jesuítas, ao desembarcarem em Salvador em 1549, introduziram projetos arquitetônicos inspirados no maneirismo português, caracterizado pela simplicidade de formas e volumes retangulares. Já os beneditinos, ergueram mosteiros que resistem até hoje, alguns preservados, outros modificados. Os franciscanos, por sua vez, deixaram obras grandiosas, como o Convento de São Francisco em Salvador, uma joia do barroco com interiores exuberantes e belíssimos painéis de azulejos pintados à mão. O rococó, mais leve e suave, surge posteriormente, destacando-se nas torres circulares e pinturas de tetos de igrejas mineiras. Já visitou alguma assim? 

Convento de São Francisco em Salvador

Convento de São Francisco em Salvador

O fascinante nessa arquitetura é a mistura de estilos europeus: maneirismo, barroco e rococó, adaptados aos recursos e à mão de obra local. Como as construções levavam anos para serem concluídas, seus projetos eram constantemente alterados, resultando em igrejas com fachadas maneiristas, interiores barrocos e detalhes rococós. A abundância de ouro em Minas Gerais e o trabalho de artesãos brasileiros conferiram singularidade ao que chamamos de barroco brasileiro. 

Nesse contexto, surge Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, nascido em Ouro Preto em 1738, autor de obras-primas como a Igreja de São Francisco de Ouro Preto, os 12 Profetas do Santuário de Bom Jesus de Matosinhos e as 64 esculturas da Paixão de Cristo. Mestre Ataíde, seu contemporâneo, deixou pinturas marcantes, como o teto da mesma igreja. Outros grandes nomes incluem Mestre Valentim, responsável por fontes e o Passeio Público no Rio de Janeiro, José Joaquim da Rocha, que decorou a Igreja da Conceição da Praia em Salvador, e João de Deus Sepúlveda, com contribuições em Pernambuco. 

Aleijadinho - Doze profetas no Santuário Bom Jesus

Aleijadinho - Doze profetas no Santuário Bom Jesus 

O olhar Europeu sobre o Brasil transformado em Arte 

Por volta de 1630, os holandeses ocupam Recife e Olinda, e entre eles vieram artistas, destacando-se Frans Post e Albert Eckhout.  

Post produziu desenhos, gravuras e pinturas que inauguraram a representação artística das paisagens americanas. Após voltar à Europa em 1644, continuou retratando o Brasil, mesclando memória e fantasia, influenciando a visão europeia e contribuindo para a criação da Academia Imperial de Belas Artes em 1826. 

Frans Post - Vista da Cidade Mauricia e Recife

Frans Post - Vista da Cidade Mauricia e Recife

Albert Eckhout, por sua vez, se dedicou a documentar aspectos da história natural, como espécies botânicas e zoológicas, além de criar uma série etnográfica retratando indígenas e negros. Essas imagens, com narrativa intencional nas vestimentas e utensílios, buscavam reforçar as hierarquias sociais no Brasil holandês. 

Albert Eckhout - Índia Tupi do Nordeste Brasileiro

Albert Eckhout - Índia Tupi do Nordeste Brasileiro

Assim como eles, diversos artistas europeus vieram ao Brasil, registrando em suas obras Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, pintando a natureza e a vida urbana.  

Pinturas Brasileiras históricas  

Em 1852, Victor Meirelles, estudante da Academia Imperial de Belas Artes, vence o prêmio de viagem e vai para a Europa. Lá, pinta A Primeira Missa no Brasil, obra exposta e aclamada no Salão de Paris, recebendo elogios e homenagens de Dom Pedro II. 

Outro destaque na pintura histórica é Pedro Américo, autor de Independência ou Morte (1887) e Tiradentes Esquartejado (1893), onde retrata Tiradentes com referências iconográficas cristãs, comparando-o a Jesus Cristo, reforçando o simbolismo republicano. 

Pedro Américo - Independência ou Morte

Pedro Américo - Independência ou Morte

Agostinho da Mota, integrante das primeiras gerações formadas pela Academia Imperial, destacou-se como um dos pioneiros brasileiros na pintura de naturezas-mortas no século XIX. 

Georgina de Albuquerque, primeira mulher a dirigir a Academia, revolucionou a pintura histórica em 1922 ao retratar Maria Leopoldina como protagonista da independência do Brasil em Sessão do Conselho de Estado. Sua abordagem rompeu com o padrão heroico masculino, trazendo a cena para um ambiente político e doméstico. 

Georgina Albuquerque - Sessão do Conselho de Estado

Georgina Albuquerque - Sessão do Conselho de Estado

Modernismo Brasileiro  

O modernismo no Brasil incorporou práticas europeias, como o cubismo e o expressionismo, adaptando-as a um contexto cultural brasileiro. Alguns marcos importantes incluem a Semana de Arte Moderna de 1922, realizada no Teatro Municipal de São Paulo, um divisor de águas na história da arte brasileira.  

Tarsila do Amaral - Abaporu

Tarsila do Amaral - Abaporu 

E, claro, o grupo formado por Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Tarsila do Amaral e Anita Malfatti, marcou o início do modernismo. Mas outros nomes de destaque do período são Victor Brecheret, Di Cavalcanti, Cândido Portinari, Lasar Segall, Oswaldo Goeldi, Alfredo Volpi, Flávio de Carvalho, Burle Marx, Cícero Dias e Maria Martins. 

Nesse período, começam a surgir galerias e museus, essenciais para a circulação da arte e alcance público. Em 1947, foi fundado o MASP; em 1948, o MAM-SP; e, em 1949, o MAM-RJ.  

Construção do MASP - 1947

Construção do MASP - 1947

Em 1951, a primeira Bienal de São Paulo trouxe obras de todo o mundo, ampliando os horizontes da arte brasileira e conectando artistas e público ao cenário artístico global. 

E assim, começava a divulgação e a propagação da arte que conhecemos hoje. Graças a esses momentos e por grandes nomes que lutaram por seus talentos, hoje, temos uma história para explorar, arte para conhecer e contemplar. 

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