A arte de outro mundo da sensitiva Mira Schendel
Mira Schendel
Myrrha Dagmar Dub nasceu em Zurique, na Suíça, em 1919 e ficou conhecida no Brasil como Mira Schendel. Mira foi uma artista plástica que teve uma carreira reconhecida internacionalmente e por aqui é compreendida como um ícone da Arte Moderna Brasileira.
Quando era jovem, viveu em inúmeros países. Isso aconteceu porque Mira veio de uma família judaica e os tempos não eram os ideais para os seguidores da religião. Em plena Segunda Guerra Mundial seus pais foram obrigados a fugir constantemente, até que em 1949 chegou em Porto Alegre e, anos depois, mudou-se para a sua “cidade natal” no Brasil, São Paulo.
Mira Schendel - Que Beleza
Mira Schendel pintou até os 17 anos e só retomou a pintura quando chegou ao Brasil. Na época a arte era levada apenas como um meio de viver e sobreviver, mas com o passar dos anos se transformou na melhor maneira que ela tinha de se expressar.
Mira e o Brasil
Quando chegou ao Brasil, Mira permaneceu em Porto Alegre por 10 anos, onde trabalhou com design gráfico, pintou e trabalhou com esculturas em cerâmica. Por lá também trabalhou com uma vertente da arte que a acompanharia durante toda sua carreira: o poema e a literatura. As letras e as palavras acompanharam a arte de Mira até mesmo no interior de suas telas. Através delas a artista procurava a melhor maneira de transmitir o seu pensamento e o seu sentimento para suas obras.
Mira Schendel - A Volta de Aquiles
De 1953 até o final de sua vida reside em São Paulo e é nessa época que cria suas séries de obras e realiza exposições dentro e fora do Brasil.
Uma carreira muito reconhecida e pouco planejada
Assim como seu início na arte, Mira nunca tentou ou fez questão de construir sua carreira de forma planejada. Apenas criou, sentiu e tornou palpáveis suas obras sensitivas e intuitivas, experimentou diferentes técnicas, diferentes materiais e produziu obras melancólicas, irreverentes, delicadas e que por muitas vezes os críticos tratam como algo de outro mundo. A profundidade e o movimento faziam parte das obras de Mira, assim como a filosofia e a teologia, que sempre a acompanhou.
“Cada pessoa vê como pode”
Muitas vezes teve seu trabalho criticado e demorou a ter um reconhecimento fora do Brasil, mas foi uma artista livre e tolerante, que não produzia para os críticos, não aprofundava suas obras para ser reconhecida, mas para expressar o que tinha em seu interior. Daí a frase: “Cada pessoa vê como pode!”, que deixa claro que não menosprezava a crítica de quem não enxergava o que ela queria passar, não se aborrecia por ela não poder enxergar, muito menos mudaria a sua forma de trabalho por isso.
Mira Schendel morreu em 1988 quando residia em São Paulo e, mesmo que tardio, seu reconhecimento internacional fez com que tivesse uma exposição póstuma em uma das mais importantes galerias de Arte Moderna do mundo, a TATE Modern, em Londres.