A carreira do artista multifacetario Hector Carybé
Hector Carybé
Hector Carybé nasceu na cidade de Lanús na Argentina, em 1911, e foi um artista plástico multifacetário que se difundiu principalmente na pintura e na ilustração, mas que também passou com destaque pela escultura, gravura e pelas técnicas com cerâmica, além de ser historiador e jornalista. Hector teve seus primeiros contatos com a arte com seu irmão Arnaldo Bernabó, que vivia no Rio de Janeiro e tinha um ateliê de cerâmica.
Assim como a relação precoce com a arte, Hector também conheceu o mundo muito cedo. Aos seis meses morava na Europa e passou por Roma e Genova, no País natal de seu pai. Logo após sua estadia na Itália, aos 8 anos de idade veio ao Brasil e ficou até seus 16, época na qual visitou seu irmão.
Mas foi em 1950 que Carybé virou a chave de sua vida. Veio definitivamente ao Brasil e fixou residência em Salvador, onde começou então a pintar e ilustrar obras ligadas ao candomblé e à cultura baiana. Mesmo não sendo um religioso, seguia a cultura e fazia tudo aquilo que os religiosos julgavam como correto, até que se naturalizou brasileiro.
Além da América do Sul
Muitos dizem que Hector Carybé é o argentino mais brasileiro da história e isso é devido a dois principais fatos de sua história: o primeiro e talvez mais importante é o seu amor a primeira vista por Salvador e o segundo se dá pela falta de contato com sua terra natal. Carybé só conheceu a argentina realmente aos seus 18 anos de idade, depois de voltar do Brasil. Mesmo após sua volta, não se fixou realmente por lá, pois era funcionário do jornal Pregón e viajava o mundo escrevendo anedotas que representavam a cultura desses países e desses povos.
Críticos consideram que essas passagens por diversos países e o conhecimento de diversas culturas tenha sido crucial para que Hector tivesse suas veias artísticas instigadas. Durante as viagens, Carybé tinha extremo contato com as manifestações artísticas mais comuns de cada local, ao mesmo tempo conhecia as técnicas, os artistas e o povo, algo que é ponto de partida para alguém que trabalha com arte.
A vinda ao Brasil
Como visto, a vinda em definitivo de Carybé ao Brasil se deu em 1950, mas o gostinho por Salvador e por sua cultura veio mais cedo, quando trabalhava no periódico Pregón e viajava o mundo, como visto nos parágrafos anteriores. Em uma dessas viagens ficou um tempo pela Bahia e se apaixonou pelo que viu e pela energia que sentiu, fato que se repetiu algumas vezes e a vontade de se mudar em definitivo para as terras soteropolitanas só foi aumentando até que se concretizasse em 1950.
Foi em Salvador que o argentino teve seu real reconhecimento no mundo da arte e até mesmo se reconheceu como um verdadeiro artista plástico. Suas obras foram estampadas com as praias, o candomblé, as rodas de capoeira, as cores e a luz das terras baianas. Nas pinturas, Carybé se desenvolveu muito na aquarela e continuou sendo multitécnicas, se desenvolvendo na pintura, na gravura e também na escultura.
Os prêmios, as obras conhecidas e o reconhecimento de Carybé
Em 1955 Carybé ganhou o prêmio de melhor desenhista na Terceira Bienal de São Paulo. Além disso produziu ilustrações para publicações de escritores reconhecidos e para livros que tiveram grande circulação, como Gabriel García Márquez e Jorge Amado.
Além de fazer ilustrações para livros, Hector também escreveu livros como "Olha o Boi" e junto com Jorge Amado escreveu a obra "Bahia, Boa Terra Bahia". O argentino baiano também produziu roteiros e dirigiu artisticamente peças de tetro e obras cinematográficas.
Carybé morreu em 1997 em Salvador e deixou mais de 5 mil obras para a história da arte brasileira.