A crítica social, as cores e a evolução artística de Claudio Tozzi
Claudio José Tozzi nasceu em São Paulo no ano de 1944 e teve seus primeiros contatos com a arte ainda muito cedo.
Mestre em Arquitetura pela FAU, a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Tozzi na verdade não queria ser arquiteto quando buscava um curso. Buscava uma faculdade de Artes Plásticas que não encontrou, fato que o fez caminhar para sua área de formação, porém, sem esquecer da arte, seu verdadeiro propósito.
Durante o curso de arquitetura, Claudio esperava manter-se em contato com a arte, já que sabia que muitos professores do quadro do curso eram artistas. Porém, logo no início de sua jornada acadêmica Tozzi se deparou com um fato de muita importância, que despertou ainda mais suas veias artísticas e de seus colegas de universidade, fazendo com que a arte viesse mais rapidamente a pauta universitária e em uma proporção muito maior do que a esperada.
Este fato foi o Golpe Militar de 1964, que aconteceu logo após sua entrada na Faculdade de Arquitetura da USP. O artista então acabou por participar do movimento estudantil e de movimentos contrários ao regime militar. Com isso, Tozzi sempre esteve ligado ao espírito da época e manteve seus trabalhos com temáticas conectadas ao ambiente de resistência e protesto.
A política, o dia a dia e a Arte
Para ele, a arte sempre foi uma atitude política. A estruturação de um trabalho como uma forma bem organizada é um reflexo de uma organização política. No começo, as manifestações políticas serviram para Tozzi como um trabalho fotográfico, com trabalho de tratamento de imagens e edição fotográfica, ainda com pouca tecnologia naquele momento. Após isso, trabalhou com serigrafia na FAU em papéis simples, mas que já eram colocados à venda em espaços públicos, como a venda de imagens do Garrincha aos finais de jogos.
Che Guevara é outro personagem marcante que foi tema da obra de Claudio Tozzi. Personagem este que também representava muito o momento e a resistência à ditadura militar vivida por ele. Em sua obra é nítida a influência de histórias em quadrinhos misturadas com a pop art.
Claudio Tozzi - Guevara Vivo ou Morto
A busca por evoluções temáticas e técnicas
A preocupação de levar sua arte para um público mais amplo sempre esteve presente na carreira de Tozzi. A união deste fato em conjunto com uma viagem a Europa em 69 pode ter sido um fator importante para que, pouco tempo mais tarde, ele diminuísse a temática da política e passasse a fazer uma obra mais figurativa, perto do que hoje é conhecido como a pop art e de obras mais abstratas.
Neste período, o artista transformou a crítica social em um trabalho de formas puxado para a figuração.
A década de 70 trouxe para a Arte de Tozzi um estilo mais conceitual com experimentações de temas e técnicas diferentes do que vinha praticando. A obra "Color" representa muito do que o artista discutiria naquele período: a construção das imagens através dos pontos de cor com muitas combinações cromáticas.
Nas próximas décadas, essas características se desenvolveram e se pode ver muitas cores únicas, porém, com a intenção de criar relevos e profundidade usando tons distintos em diferentes áreas do quadro. Sua obra caminha para uma construção de paisagens ainda mais arquitetônicas e urbanas, como podemos ver nas séries “Territórios”.
Claudio Tozzi - Territórios
As conquistas e Claudio Tozzi nos dias de hoje
Logo no início de sua carreira, antes mesmo da sua entrada no curso de Arquitetura da FAU, Claudio Tozzi venceu o concurso de cartazes do 11 Salão Paulista de Arte Moderna.
O curador e historiador Manuel Neves fez um trabalho de pesquisas sobre a produção da Arte Brasileira nos anos 60 e destacou os trabalhos de Tozzi, avaliando-o como um artista fundamental na cena contemporânea Brasileira, e um dos artistas mais importantes de sua geração. A partir dos resultados das pesquisas, o historiador fez uma Mostra em 2018: A Caixa Cultural Curitiba, que apresentou a exposição “Emblemas da Cultura Brasileira: Retrospectiva da obra gráfica de Claudio Tozzi dos últimos 50 anos”.
Há pouco tempo, em 2018, o próprio Claudio Tozzi realizou também uma retrospectiva de sua obras e até os dias de hoje, aos 76 anos de idade, Tozzi se mantém na ativo, realizando trabalhos e vivendo de suas telas e artes.