A reflexão e o ativismo inseridos nas telas de Siron Franco
Siron Franco - Sem Título
Siron Franco nasceu em 25 de julho de 1947 na cidade de Goiás Velho. Precoce, desde os 9 anos de idade já falava com sua mãe sobre a vontade de ser artista. Entrou na faculdade ainda muito cedo, aos 12 anos de idade, mandando suas obras sem informar a sua real idade e, aos 13, já ia à casa das pessoas para fazer retratos para se sustentar.
Desde muito cedo teve as veias do trabalho afloradas “como um trabalhador de mineração que todo dia vai em busca de um diamante”. Estudou pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Católica de Goiás e esteve no Rio de Janeiro e em São Paulo, onde participou de exposições do Surrearealismo. Na capital paulista firmou residência e pode dividir conhecimentos com artistas importantes como Manoel Bandeira e Ferreira Gullar.
As obras ativistas e as reflexões de Siron
Chamou a atenção com sua arte de assuntos importantes e realizou um trabalho ativista durante sua carreira. Sempre foi muito envolvido com o meio ambiente por influência de seu pai, após o maior acidente radiológico do país, que aconteceu em 1987. no seu Estado natal com o césio 137. Siron realizou uma sequência de obras como crítica e com o propósito de causar reflexão na população, principalmente dos arredores, sobre o que foi causado e os reais motivos e sequelas que o acidente traria.
Siron Franco – Obra sobre o acidente césio 137
Siron sempre gostou de retratar a violência como critica, principalmente por considerar sua terra natal como uma cidade violenta, o que pode ser facilmente percebido em obras como a “111 Mortos”, exposta dentro do presidio do Carandiru. Durante sua carreira fez questão de sempre enfatizar outros tipos de violência que nem sempre são alvos de críticas, como a falta de emprego, falta de educação, falta de conhecimento, falta de saúde e de oportunidades que são um recorte do nosso país.
Siron Franco - 111 Mortos - Exposição Carandiru – Crédito: André Santos
Em transformação
Antigamente costumava queimar suas obras e materiais que não gostaria que fossem vendidos e que para ele foram obras feitas para estudo.
Costumava pensar e planejar muito as suas telas, mas com o tempo percebeu que talvez estivesse perdendo muito tempo no planejamento, então começou a ir direto para a pintura.
Utilizou muito as cores escuras como composição para suas obras, havendo em muitas delas a predominância do vermelho e do marrom, assim como a utilização de traços não uniformes e naturais. Siron percebeu que com o passar do tempo, para não ficar parado nele, deveria permitir se perder para que aprendesse outras técnicas e maneiras de se expressar.
A visibilidade comercial e o valor das obras de Siron
As finanças sempre foram um assunto de muita polemica dentro do meio artístico e com Siron não foi diferente. Sabendo valorizar e fazer com que suas obras sempre estivessem aparecendo, o artista foi alvo de críticas e muitas vezes olhado de forma diferente dentro do cenário, porém sempre fez questão de enfatizar que queria sim estar em visibilidade, mas, ao contrário do que diziam, para o que ele retratasse e suas reflexões estivessem em alta, não sua imagem própria.
Se no início da vida artística Siron obteve seu sustento pintando retratos, mais tarde, soube valorizar suas obras autorais e alcançou sucesso financeiro ao mesmo tempo em que fazia sua crítica social.
Prêmios e curiosidades de sua carreira
Siron Franco apresentou seus trabalhos pelo mundo nas mais importantes exposições. Dirigiu o documentário Xingu, premiado como melhor documentário pelo Festival Internacional de Televisão de Seul e cuidou das ilustrações de inúmeros livros publicados nos anos 90.
Ganhou um prêmio em uma exposição na Bahia que durou 45 minutos, antes de ser fechada pela polícia federal a mando da ditadura.
Ainda em atividade, o artista gosta de utilizar a mesma música como fonte de inspiração durante toda a extensão do trabalho de uma obra. Se uma obra demorar 3 anos para ser feita, a mesma música tocará 3 anos.