A vida e a carreira do curioso, técnico e inovador Carlos Scliar
Carlos Scliar - Natureza-Morta com Vários Objetos
Carlos Scliar nasceu em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, em 1920. O artista teve contado com a arte ainda muito cedo e aos 14 anos já estudava pintura com o artista austríaco Gustav Epstein. Carlos passou por inúmeras vertentes no meio artístico e se destacou como um grande desenhista e pintor, também tendo reconhecimento com trabalhos de ilustração, gravuras, cenografia, roteirização e design gráfico.
Seus trabalhos foram marcados pelas críticas sociais que estavam incluídas em suas obras de forma implícita e ao mesmo tempo escrachada. A crítica diante do contexto social e político o levaram a sua primeira experiencia profissional como colaborador de imprensa, emprego no qual Carlos Scliar escrevia matérias e fazia ilustrações para um jornal.
Foi nesse emprego que Carlos reconheceu a sua verdadeira vocação. Seu objetivo voltou-se então para seus trabalhos de retratar o ambiente que ele via como uma miséria e injustiça com o povo brasileiro.
Carlos Scliar - Les Chemins de la Faim
O Talento Precoce
Em 1935 Carlos fez sua primeira exposição como amador e em 1937 tem uma importante realização em sua carreira sendo nomeado secretário da primeira Associação de Artes Plásticas do Rio Grande do Sul, a Francisco Lisboa – Aleijadinho, em Porto Alegre.
As suas primeiras viagens para São Paulo e Rio de Janeiro ocorreram em 1939, quando teve contato com Candido Portinari e Flavio de Carvalho. As viagens e o contato com esses dois célebres artistas mostraram a ele que era naqueles ambientes e junto daquelas pessoas que ele queria conviver e trabalhar. Scliar se mudou para a Capital Paulista para investir em sua carreira na pintura.
Em 1940, realiza sua primeira exposição individual. Liga-se ao grupo Família Artística Paulista, com o qual participa da Divisão Moderna do 46o Salão Nacional de Belas Artes.
Curioso e em busca de conhecimento
Considerado por ele mesmo um curioso cultural, em 1942 Carlos integrou-se a um curso de Ciências Sociais com o objetivo de aprimorar seus conhecimentos sobre a sociedade. No final deste ano, Carlos foi notificado de que ele era um dos 100 estudantes paulistas que constituiriam o primeiro núcleo de informações que trabalharia futuramente para a Força Expedicionária Brasileira (FEB).
Então em 1943 foi convocado pela FEB e se muda para o Rio de Janeiro para servir à Força. Pouco mais de um ano depois foi levado para a Segunda Guerra Mundial como cabo de artilharia. Esse momento lhe rendeu muitas observações que foram ilustradas no Livro de Ruben Braga “Caderno de Guerra de Carlos Scliar”.
Carlos Scliar - Paisagem
O Retorno ao Brasil e a continuação de sua carreira
De volta ao Brasil, atua em movimentos contra a ditadura Vargas, iniciando um período de intensa participação política. Nesse período Carlos reside em Porto Alegre e em conjunto com Vasco Prado funda o Clube da Gravura.
Carlos Scliar - Bumba meu Boi
Anos mais tarde, Carlos Scliar movimenta sua carreira para o meio editorial e assume o cargo de Diretor de Arte na Revista Senhor. À frente do cargo realiza um trabalho inovador e faz uma identidade gráfica completamente moderna e incomum para época.
No final de sua carreira, Carlos inclui palavras em suas obras e realizou um trabalho que dificilmente se enquadra em uma vertente artística devido a união de muitos estilos e técnicas em uma única tela. Ferreira Gullar, artista e crítico, chegou a considerar até que Carlos tenha tido influencia do cubismo na época.
Carlos Scliar - A Máquina de Moer Café, as Berinjelas na Travessa e Você que Está me Olhando
Carlos Scliar faleceu em 2001.