As Esculturas e as obras feitas “com o corpo todo” de Tomie Ohtake
Tomie Ohtake - Lagoa Rodrigo de Freitas – Escultura – Crédito: Instituto Tomie Ohtake
Nascida em 1913, em Quioto, no Japão, Tomie Ohtake teve suas primeiras experiências com a arte no Oriente. Ainda criança, teve contato com a caligrafia, comum para o aprendizado das escritas orientais e, pouco tempo depois, deu seus primeiros passos nos desenhos. Mesmo tendo nascido em uma sociedade que valoriza o aprendizado precoce de técnicas artísticas, Tomie só se expressaria como uma verdadeira artista bem mais tarde.
Tomie Ohtake - Sem Título – Crédito: Cor e corpo/Divulgação
Em 1936, veio para o Brasil afim de visitar o irmão. Sua ideia era que a visita durasse no máximo alguns meses e, após isso, voltaria para sua terra. O futuro incerto no Japão fez com que Tomie fosse ficando por aqui. Seu irmão também fez questão que ela permanecesse, já que a Segunda Guerra Mundial chegava ao seu ponto mais obscuro e cruel e a possibilidade de que o Japão firmaria parceria com as nações mais envolvidas na Guerra logo tornou-se concreta.
Mesmo com uma permanência de início forçosa, Ohtake acabou instalando-se no Brasil e, após o termino da segunda Guerra, já havia se casado com um Engenheiro Agrônomo, também japonês.
A pintura e o início na Arte
Assim como o “acaso” teria feito com que Tomie ficasse no Brasil, ele também seria o responsável pelo seu início na pintura, já que em 1951 conheceria o também japonês, artista plástico e professor Keisuke Sugano. Com ele, a japonesa retomou seus primeiros conhecimentos artísticos e fez suas primeiras pinturas. No início, essas obras eram figurativas e muito raras de se encontrar. Boa parte delas inclusive foram perdidas nas comuns enchentes da época em São Paulo.
Tomie Ohtake - Sem Título (1957) - Óleo sobre tela
No ano seguinte, Tomie Ohtake começa a participar do Grupo Seibi, um coletivo de artistas japoneses no Brasil do qual também participavam Tikashi Fukushima, Tadashi Kaminagai, Manabu Mabe e Flavio Shiró. Nessa época, as obras figurativas de Tomie começaram a dar lugar ao concretismo e, mais tarde, a artista iria de vez ao abstracionismo que a acompanharia por toda a extensão de sua carreira.
As técnicas que marcaram as Paisagens Brasileiras
Tomie inseriu diferentes técnicas em seu repertorio artístico, como a serigrafia, a litogravura, a gravura em metal e também fez muitas esculturas. Foi uma das mais premiadas artistas do Brasil e sempre destacou a importância e a influência das artes asiáticas em suas obras.
Tomie Ohtake - Recortes 04 - Gravura em Metal
As esculturas talvez tenham sido a grande marca da artista, presentes em pontos de destaque de grandes cidades do Brasil e do mundo. Santos, São Paulo, Rio de Janeiro e Tóquio são algumas das cidades que abrigam obras importantes de sua carreira. A Escultura dos 100 Anos da Imigração Japonesa ao Brasil é uma das peças que melhor representa a trajetória artística imigrante de Tomie Ohtake.
Tomie Ohtake - 100 Anos da Imigração Japonesa – Escultura – Crédito: Divulgação/CASACOR
O ponto em comum de todas as suas obras, independente da técnica utilizada, é a ideia e sugestão de movimento.
Tomie Ohtake - Avenida 23 de maio – Escultura – Crédito: Instituto Tomie Ohtake
Exposições por todo o Brasil
Em 1957 Tomie realizava sua primeira exposição de arte individual no MAM, o Museu de Arte Moderna de São Paulo. Desde então, não houve um ano em que ela não participasse de uma exposição de arte dentro ou fora do Brasil.
No auge de seus 73 anos, o Museu de Arte de São Paulo realizou uma exposição relembrando a história de suas obras e mais tarde, quando Tomie estava com 83 anos, a Bienal de São Paulo também o fez.
Ao completar 100 anos de idade, Tomie teve 17 exposições por todo o Brasil, onde também pode difundir tanto suas obras e importância, quanto seu recém criado Instituto.
Exposição 100 Anos Tomie Ohtake – Crédito: Felipe Lima/Prefeitura de Guaíra
“Eu pinto com o corpo todo”
Tomie Ohtake foi uma artista que produziu muito e realizou obras extremamente conhecidas e importantes. Com suas próprias palavras, pintou “com o corpo inteiro”. A artista teve uma carreira impecável e o reconhecimento de toda a sua importância ainda em vida.
Tomie faleceu aos 102 anos de idade, em 2015.