As obras fortes e repletas de sentimentos de Farnese de Andrade
Farnese de Andrade
Mineiro de Araguari, Farnese de Andrade nasceu no ano de 1926. Teve seus primeiros contatos com a arte perto dos 20 anos de idade, após sua mudança para Belo Horizonte, onde estudou desenho na Escola do Parque com Guignard.
Mas foi no Rio de Janeiro que ele levou a arte como uma verdadeira profissão, conciliando-a com os estudos. A relação de Farnese com a capital carioca começou a partir de um episódio árduo de sua vida: A descoberta da Tuberculose e a então busca por tratamento na Cidade Maravilhosa. Lá trabalhou na imprensa e aumentou suas técnicas na arte fazendo ilustrações para jornais e revistas como a Manchete, o Jornal das Letras, o Diário de Notícias e a Revista Branca.
Após frequentar o Ateliê de Gravura do MAM, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e aprender muitas técnicas com Johnny Friedlaender, incluiu a gravura no seu repertório. Nesta época, Farnese era ligado a uma obra marginal, fato que persistiu por boa parte de sua carreira. Independente dessa classificação, era capaz de trazer como ninguém o sentimentalismo do espectador às suas obras fortes, densas, tensas e únicas.
Farnese de Andrade - Sem Título
Os temas de Farnese
Dono de temas ligados ao erotismo, à sexualidade e a sentimentos extremamente próximos de qualquer pessoa, Farnese produzia obras com um ar pesado e intrigante, como personagens que vão ao fundo dos olhos de quem as vê. Foi um artista que explorou os aspectos mais humanos do ser, como a vida e a morte.
Farnese de Andrade - Sem Título
Críticos consideram que a intenção de Farnese ao fazer uma obra é buscar e atingir o interior de seus admiradores, trazendo o sentimento de quem observa a obra para dentro dela e vice-versa. Descobrindo a beleza e as dificuldades da vida ao mesmo tempo, ou em um mesmo momento de admiração artística.
Em 1968, participa da Bienal de Veneza com obras das Séries “Erótica” e “Genética”, anos depois confiscadas pelos militares.
Farnese de Andrade - Sem Título
As esculturas e objetos de Farnese
Após os anos 60 partiu para os objetos e esculturas, época na qual já tinha enorme reconhecimento na arte, já tendo participado de importantes exposições pelo Brasil. Focou nos objetos tridimensionais, mas não abandonou naquele momento outras técnicas como as suas importantes pinturas, gravuras e o desenho, que foi responsável por o levar a ser premiado internacionalmente. Em uma outra fase, após os anos 80, direcionou sua obra quase que exclusivamente à escultura.
Farnese de Andrade - Vidro, Cabeça de Boneca, Miçangas
Além da arte
Farnese não empregava sua personalidade apenas em suas telas ou obras, pelo contrário, partia também para opiniões sobre a vida, sobre o que vem depois dela e sobre o pensamento humano. Afirmava que a descrença na morte como uma transição para a reencarnação impedia a crença na felicidade plena.
Farnese de Andrade - Sem Título
Farnese de Andrade foi dono de uma carreira única, com vasta produção em qualidade e quantidade. Tratou de temas não abordados por outros artistas e produziu obras sem referencias anteriores e posteriores. O Artista faleceu no Rio de Janeiro em 1996, quando tinha exatos 70 anos de idade.