Tunga: a obra performática e a tensão entre figura e cor
Tunga
Pernambucano de Palmares, Antônio José de Barros Carvalho nasceu em 1952 e ficou mais conhecido pelo seu apelido: Tunga. Ele foi um artista plástico brasileiro que se difundiu principalmente na escultura, na performance e na ilustração. Seu contato com o meio artístico veio logo cedo, através de seu ambiente familiar. Seu pai foi poeta e escritor e sua mãe foi retratada pelo artista Guignard em uma de suas obras, o que lhe deu familiaridade, principalmente, com o modernismo.
Aos 18 anos parte para o Rio de Janeiro e se forma em Arquitetura pela Universidade Santa Úrsula, no Rio, onde começa sua trajetória artística com uma obra que se assemelha a obras ligadas ao movimento da arte contemporânea da época.
Além de ser um dos primeiros artistas contemporâneos a expor em um dos mais importantes museus da história da arte mundial, o Museu do Louvre, Tunga reuniu uma coleção multifacetária que compunha trabalhos com vídeos, gravuras, esculturas e ilustrações, sempre valorizando o poder das sensações e ao mesmo tempo das palavras, que eram um ponto característico de suas obras.
Tunga - Políndromo Incesto [Três Dedais]
As obras, as exposições e a polêmica
Polêmico, realizou sua primeira exposição individual no ano de sua formação em arquitetura, aos 22 anos de idade. A exposição foi realizada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, o MAM, e tinha o nome de “Museu da Masturbação Infantil”. Nela, ele expunha a relação do humano com o erótico e com a interrelação de figuras que não necessariamente significavam algo, mas que juntas aos seus respectivos títulos representavam a relação ou tensão sexual entre dois corpos humanos.
Pensando nos materiais utilizados por ele, temos inúmeros tipos de objetos e de composições que juntas formavam suas obras, objetos estes que são difíceis de encaixar como algo artístico, como feltros, pedaços de borracha, vidro e papel.
Tunga - Xipófagas Capilares
Se pensarmos no poder que Tunga deu ao seu trabalho e no reconhecimento que tinha dentro do cenário artístico, fica clara a sua valorização. No início da década de 80, Tunga faz parte da Décima Sexta Bienal de São Paulo apresentando o filme “Ão”, que era um vídeo performático que causa a sensação de uma viagem sem fim de um toro por um famoso túnel da cidade do Rio de Janeiro.
Tunga - Olho por Olho
As características de suas obras
Não diferente do que foi feito em obras como as da exposição do MAM do Rio de Janeiro, as obras de Tunga costumavam permear entre a representação e sua relação com o título ou com aquilo que era escrito, construindo o que muitos críticos encaram como um surrealismo intrínseco. É possível dizer que essas características sozinhas já criam uma espécie de caráter performático para as obras.
Tunga – Lezart
Desta forma, a naturalidade de suas obras nada mais é do que uma junção dos objetos, das palavras e do movimento performático que elas juntas realizam. Tunga via algo positivo até mesmo na bagunça e na desordem e acreditava no poder da arte e em sua onipresença. Mesmo após sua morte, em 2016, continua encantando espectadores com exposições póstumas de suas obras nos principais museus do país.