Forma, Cor e os pontos e linhas da Liberdade Artística de Eduardo Sued
Eduardo Sued - Sem Título - Serigrafia
Eduardo Sued nasceu no Rio de Janeiro em 1925 e, em 1948, formou-se na Escola Nacional do Rio de Janeiro. Pouco tempo depois, começou a estudar pintura e desenho com o pintor e professor alemão Henrique Boese. Seus primeiros passos na arte o levaram a trabalhar como desenhista no escritório de um dos maiores arquitetos brasileiros, Oscar Niemeyer.
Pouco tempo depois, Sued vai a Paris onde tem seus primeiros contatos com obras de importantes artistas internacionais, como Matisse, Miró e Picasso. Na capital francesa, Eduardo se mantém vendendo pinturas em aquarela enquanto estuda arte e conhece escolas renomadas como a Académies Julian e La Grande Chaumière, escolas francesas que tinham ideologias e métodos baseados na liberdade, que é até hoje algo sagrado a Eduardo Sued.
Na volta ao Brasil, o Pintor, gravador, ilustrador, desenhista e vitralista também dá aulas na Escolinha de Arte do Brasil. Vive um tempo em São Paulo e volta para sua Terra Natal, onde estende sua carreira até os dias de hoje, aos 95 anos, quando é reconhecido por muitos críticos, felizmente em vida, como um dos maiores coloristas e pintores abstratos da história da arte brasileira.
Eduardo Sued - Sem Título - Gravura
Figurativismo breve e a extensa abstração
Com uma trajetória predominantemente abstrata, Sued teve uma passagem rápida pelo figurativismo, porém importante para o aprendizado de técnicas que o ajudariam futuramente.
Eduardo Sued - Água Forte - Gravura em metal
Cor, linha, ponto e plano
Em meados dos anos 1960, o interesse por áreas cromáticas e a busca por mais plasticidade em suas obras o levam a dedicação de forma cada vez mais exclusiva à pintura. A partir do predomínio da pintura em sua obra, pode-se dizer que uma de suas particularidades é a não participação ativa em movimentos artísticos, algo bastante usual na história de artistas como ele. Sued considera o seu trabalho muito pessoal e cita que, para ele, a liberdade artística é uma necessidade como respirar. Não é à toa que Sued apelida seu ateliê de “SANTUÁRIO”, pois é ali que suas inspirações afloram, e, logo, as criações surgem, pois o ambiente lhe traz as ideias.
Mesmo sem rótulos e definições, a partir da década de 70 Sued mergulha na abstração, estilo no qual mais tarde se tornaria um dos maiores pintores brasileiros. Na mesma década, aproxima-se das vertentes construtivas, participa de importantes bienais como a de San Juan de Gravura Latino-Americana e a Bienal Internacional da Gravura, na Polonia.
Eduardo Sued - Sem Título – Gravura
Nos anos 90, Eduardo traz novos conceitos aos seus trabalhos. Introduz a tinta de alumínio e insere diferentes técnicas. É possível perceber que suas obras começam a ter pinceladas mais grossas e a superfície de suas telas passam a apresentar um relevo. A partir dessas novas técnicas e conceitos, a luz é mais avaliada e percebida em suas obras.
Eduardo Sued - Sem Título - Acrílica sobre tela
Uma vida de liberdade
“Eu amo a liberdade, a liberdade é algo sagrado”. No inicio de sua jornada, Eduardo Sued foi a Paris e lá estudou em escolas que valorizavam a liberdade como estilo de vida e como estilo artístico. Na sua liberdade, criou um estilo particular e se abriu aos sentimentos exteriores.
“Quem pinta só com os olhos abertos vai errar”. Esta frase mostra a importância da liberdade e de estar aberto aos chamados que a liberdade ocasiona frequentemente. Suas inspirações artísticas estão sempre desenhadas em seus cadernos de croquis e quando uma inspiração não está completamente composta para ser expressada, ela é lá guardada. Quando esta inspiração é instigada novamente, mesmo que no meio de outras produções, é de lá que ele tira.
Eduardo Sued - Sem Título – Serigrafia
Maestro das Cores
“A cor é elemento formativo, fundamental na minha obra" e “cada obra pronta é como uma ostra, sinto que, quando termino, ela se fecha.”
A fundamentabilidade das cores em suas obras não é algo que apenas ele mesmo considera, pelo contrário, na avaliação de muitos críticos de arte, há o reconhecimento da maestria com a qual Sued utilizou e empregou as cores.
Assim como Alfredo Volpi, Eduardo é um colorista nato. Abandonou completamente o real, deu valor as formas e ao completo abstrato marcando, até os dias de hoje, a Arte Brasileira dentro e fora do país.