Luz, Linha, Forma e Cor. As Obras do “Sem Rótulo” Alfredo Volpi
Alfredo Volpi - Crepúsculo às Margens do Tietê – Canindé - Óleo sobre tela
Nascido em Lucca, na Itália em 1986, Alfredo Volpi veio para o Brasil quando tinha pouco mais de um ano de idade e viveu toda sua vida por aqui. Numa época em que meninos e meninas estudavam em colégios distintos, Volpi deu seus primeiros passos na Escola Profissional Masculina do Brás, que foi uma das responsáveis por instigar suas veias artísticas.
Com os primeiros réis ganhos, comprou uma caixa de tintas e um pouco mais tarde já começou a trabalhar em funções que aflorariam ainda mais suas aspirações artísticas, passando pela marcenaria, fazendo trabalhos de entalho e de encadernação. Mais tarde, em 1911, Volpi já era aprendiz de decorador, ajudando em pinturas e decorações de casarões da época.
As primeiras obras próprias dele surgem em 1914, em sua maioria paisagens com casas, ainda clássicas e em sua maioria feitas em óleo sobre madeira ou tela.
Junto de Mário Zanini, Francisco Rebolo, Fulvio Pennacchi e Bonadei, Volpi fez parte do grupo Santa Helena e, mesmo sem fases bem delineadas, foi considerado um modernista que teve uma carreira de transformações que mudaram seu estilo, os temas de suas obras e sua forma de pintar.
Itanhaém e a Têmpera
A cidade de Itanhaém teve uma influência muito grande nas obras de Volpi, mesmo que a frequente presença dele por lá não fosse algo programado, uma vez que sua esposa se tratava de uma doença na cidade e Alfredo a visitava aos finais de semana.
Em Itanhaém, Volpi começou a pintar paisagens urbanas, ruas e casas mais claras e com mais simplicidade, algo muito bem representado por uma cidade do litoral de São Paulo. A luz também apareceu mais em suas pinturas que representavam a cidade, como diria ele, a “luz era algo da natureza” e, nesse âmbito, Itanhaém o ajudava a dar novos ares às suas obras.
Foi também em Itanhaém que Volpi começou a utilizar a têmpera, uma tinta à base de ovos e de cheiro forte. Ele adicionava cravos ao pigmento para diminuir o odor característico.
Para muitos, a utilização da têmpera foi uma das responsáveis pela reinvenção e pela valorização de suas obras, já que ela realça muito a tonalidade das cores e sua “vida” em cima das superfícies das telas. Na utilização da têmpera e na pintura de paisagens urbanas e litorâneas mais claras, pode-se perceber uma das transformações da carreira de Volpi.
Alfredo Volpi - Marinha de Itanhaém – Têmpera sobre tela
As Bandeiras de São João
Em uma de suas visitas a Itanhaém Volpi viu a cidade inteira enfeitada com as famosas Bandeirinhas de São João. O artista ficou encantado e começou a representa-las de diferentes formas em suas obras, algumas vezes presentes em paisagem enfeitando as casas, outras vezes apenas as formas das bandeiras preenchiam toda a tela.
Alfredo Volpi - Grande Fachada Festiva – Óleo sobre tela
Alfredo Volpi era um artista que costumava voltar em temas prediletos e, neles, variava técnicas. Por esse motivo, não existem fases muito bem definidas em sua obra, então, podemos ver as bandeirinhas que ficaram famosas em suas pinturas em diferentes momentos da carreira de Alfredo Volpi, representadas de diferentes formas e com diferentes técnicas.
Alfredo Volpi - Bandeirinhas - Serigrafia
As Obras Concretas de Volpi
Mesmo se transformando por toda a sua vida, sendo um artista sem rótulos e fases bem delineada, Volpi teve um período de estilo muito perceptível quando começou a pintar obras concretas mais abstratas e menos figurativas.
Alfredo Volpi - Composição Concreta - Têmpera sobre tela
Alfredo Volpi - Triangulos – Litogravura
Melhor pintor nacional
Com jeito simples e obras simples, Volpi teve seu auge no Brasil na Segunda Bienal de São Paulo, em 1953, recebendo o premio de Melhor Pintor Nacional. Internacionalmente, participou de bienais em Nova Iorque, Tóquio e Veneza.
Já octogenário, Alfredo Volpi teve suas obras expostas no MAM.
Volpi faleceu em 1988 e ainda hoje sua carreira vem ganhando cada vez mais destaque nacional e internacionalmente.