Milton Dacosta, a vida e a obra do artista brasileiro

domingo, 16 de fevereiro de 2025 15:03:56 America/Sao_Paulo

Milton Dacosta

Milton Dacosta

Milton Rodrigues da Costa, ou como ficou conhecido, Milton Dacosta é, sem dúvida, um dos maiores nomes da arte moderna no Brasil. Seu legado vai além das telas que criou, estendendo-se também à sua trajetória, admirada por ter começado sua carreira ainda muito jovem.

A jornada de Dacosta foi marcada por um talento em constante evolução, já que ao longo dos anos, ele transitou por diferentes estilos, sempre em busca de algo único e moderno. Inicialmente, se dedicou ao impressionismo, depois abraçou o cubismo e, por fim, parece que se encontrou na geometria abstrata.  

E podemos dizer que o movimento e aprimoramento constantes foi o que o consolidou como um dos artistas mais importantes do Brasil no século XX. 

Sua carreira é repleta de fases curiosas, e é justamente sobre essa trajetória que vamos falar mais neste artigo. Vamos explorar sua vida, sua arte e os passos que o levaram a se tornar um ícone da arte brasileira. 

Como foram os Primeiros Passos de Milton Dacosta na Arte? 

Milton Dacosta despertou sua curiosidade pela arte ainda muito jovem, e então logo aos 14 anos, começou seus estudos de desenho e pintura no ateliê do professor alemão August Hantv, em Niterói, cidade onde nasceu.  

Sua sede por conhecimento e por novas conexões com outros artistas logo o levou a conhecer o pintor Antônio Parreiras. Eles mantiveram uma relação próxima, e Dacosta visitava regularmente o ateliê de Parreiras, e foi assim que uma das primeiras influências da arte de Milton Dacosta surgiu. Sob a orientação de Parreiras, ele passou a se interessar pela pintura pós-impressionista.

E quando dizemos que Milton Dacosta foi um artista precoce, não estamos exagerando. Se aos 14 anos, já estava se dedicando aos estudos de arte, aos 16, ele ajudou a fundar o Núcleo Bernardelli, um grupo independente de artistas no porão da Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), coordenado por Edson Motta.  

O empenho de Dacosta e sua dedicação logo lhe garantiram uma consolidação igualmente precoce. Prova disso foi o prêmio de viagem ao exterior, que recebeu na Divisão Moderna do Salão Nacional de Belas Artes, em 1944. 

No ano seguinte, em busca de novas experiências e evolução constante, Dacosta se mudou para Nova York, mas não ficou por lá, ele foi morar definitivamente em Paris. Lá, se matriculou na Académie de La Grande Chaumière, para aprender e absorver de perto a obra de mestres como os franceses Paul Cézanne e Henri Matisse, o italiano Amedeo Modigliani e o holandês Piet Mondrian. Nesse período, também frequentou o ateliê do pintor francês Georges Braque e teve o privilégio de conhecer o espanhol Pablo Picasso. 

Durante essa vivência, Dacosta participou de uma exposição importante no Salon d'Automne, evento que simbolizou o início de uma carreira internacional que logo se destacaria no cenário artístico. 

Agora, a grande questão que surge é: como foi a evolução do estilo da arte de Milton Dacosta ao longo dessas fases? É isso que você pode descobrir a seguir. 

​​​​  Milton Dacosta - Paisagem com Flamboyant

Milton Dacosta - Paisagem com Flamboyant

Estilo e Influências de Milton Dacosta

Críticos consideram que a trajetória de Milton Dacosta na arte não tomou o mesmo padrão que a de outros artistas, isso porque, no início, suas obras eram caracterizadas pela qualidade que ele trazia aos detalhes, com extrema preocupação em trazer à tela o que via. Os temas eram inúmeros, e talvez o menos importante. O principal seria a maneira como ele iria retratar aquilo que pintava, tentando tornar a tela uma reprodução mais fiel possível.

Com o passar dos anos, sua carreira evoluiu e houve uma grande transformação, sua produção se aproximou das formas, do construtivismo e até mesmo do cubismo. Dessa maneira, Milton Dacosta explora formas geométricas, algo que se pode ver em sua série de obras “Composições” e até mesmo em “Figuras”, momento pelo qual o artista começou a inserir mais elementos geométricos em suas telas e trabalhos. Nesses trabalhos, Dacosta trabalha com uma paleta de cores não tão vivas. 

A série “Composições” talvez sirva para que possamos entender a transformação de seu trabalho, que foi do impressionismo à uma abstração geométrica, que talvez tenha sido a fase mais conhecida e celebrada de sua carreira.

Podemos entender que essa evolução e transformação na trajetória de Milton Dacosta tenha grande influência do concretismo e do neoconcretismo. Através desses movimentos, Milton foi capaz de desenvolver um trabalho caracterizado por formas simplificadas e cores pastéis. Ao mesmo tempo, podemos analisar que as linhas precisas e as formas geométricas também transmitiam um forte senso de harmonia e equilíbrio para seu trabalho.

Milton Dacosta - Vênus 5 - Gravura em Metal

Milton Dacosta - Vênus 5 - Gravura em Metal

As Obras de Milton Dacosta

Milton Dacosta deixou um legado único e suas obras, assim como a evolução da característica de seus trabalho pode ser visto com o os seguintes exemplos:

  • Série "Figuras" (década de 1940)

Esta série de obras ainda apresenta um caráter figurativo, mas, nesses trabalhos, já podemos ver algumas influências cubistas que o artista começava a inserir em seus trabalhos. Nas telas, Milton traz figuras femininas formadas por traços geométricos em composição.

 Milton Dacosta - Figuras

Milton Dacosta - Figuras

  • Série "Vênus" (década de 1950-1960):

Na série Vênus, Dacosta traz figuras femininas arredondadas. Esta talvez seja a série de obras mais conhecida de Milton Dacosta.

Milton Dacosta - Vênus 4 - Gravura em Metal

Milton Dacosta - Vênus 4 - Gravura em Metal

  • "Composição":

Esta obra é uma abstração que marca muito a trajetória de Milton Dacosta. A partir dessa produção, o artista começa a explorar ao máximo a geometria e a abstração em seus trabalhos.

Milton Dacosta - Composição

Milton Dacosta - Composição

 

As Gravuras de Milton Dacosta 

Você sabia que entre tantos talentos, Milton Dacosta também se destacou nas gravuras?

Nelas, ele trazia as características clássicas de sua arte: o preto e branco, traços finos e elaborados, contrastes e formas reduzidas à essência.

E, claro, seu estilo também estava presente: o geométrico, mas sem deixar de lado a arte figurativa. Assim, suas gravuras retratam paisagens, nus, marinhas, cenas urbanas e retratos.

E como sabemos, as gravuras têm várias técnicas, e a litografia e a xilogravura, foram as favoritas de Milton Dacosta.

Em resumo, com certeza, as gravuras de Milton Dacosta também retratam o legado de um artista singular e excêntrico, que sempre buscou novas formas de explorar a arte e suas influências.

 

Milton Dacosta - Vênus 3 - Gravura em Metal

Milton Dacosta - Vênus 3 - Gravura em Metal

O Legado de Milton Dacosta 

Artista precoce, curioso, dedicado e em constante evolução, Milton Dacosta foi fundamental para consolidar a transição do modernismo para a arte concreta no Brasil. 

Assim, sua obra segue como uma referência na história da arte brasileira, e seu nome permanece um dos maiores ícones do modernismo no país. Um legado que, para nós, é uma verdadeira honra conhecer, não é?!

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