Roberto Burle Marx e sua arte que inspira a valorização da natureza
Roberto Burle Marx
Os fãs de paisagismo certamente conhecem o nome Burle Marx e suas icônicas obras de arte que embelezam diferentes tipos de ambientes.
Mas, o que devemos destacar é que, muito mais do que paisagista, ele foi um artista completo, que uniu arte, botânica e urbanismo, e também demonstrou seu talento em belíssimas gravuras e exposições.
E ele deixou um legado, que não se limita a ser reconhecido pelas obras que transformaram cidades, mas também por sua influência na valorização da natureza e da brasilidade no cenário mundial.
Já é claro que é um nome de peso. Então, que tal falarmos sobre a vida e a obra inspiradoras desse grande artista?
Como foi o começo da carreira de Roberto Burle Marx?
Paisagista Burle Marx
Durante sua infância, Roberto Burle Marx viveu no Rio de Janeiro, mas se mudou com a família para Berlim, na Alemanha.
E foi lá onde teve contato com as obras de artistas consagrados, como Van Gogh, Pablo Picasso e Paul Klee. E também começou a estudar pintura no ateliê de Degner Klemn.
Essa mudança foi breve, mas o início artístico de Burle Marx ficou marcado por ele. Ao retornar ao Brasil, estudou pintura e arquitetura na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), sendo aluno de Leo Putz, Augusto Bracet e Celso Antônio.
Seu primeiro projeto não demorou muito para ser proposto: ao lado de Gregori Warchavchik, desenvolveu um jardim a convite de Lúcio Costa, o arquiteto responsável pelo projeto da residência da família Schwartz, no Rio de Janeiro.
E então, podemos dizer que sua ascensão foi rápida e bem-sucedida: entre 1934 e 1937, Burle Marx ocupou o cargo de diretor de parques e jardins de Recife, Pernambuco, onde passou a residir.
Mas mesmo Recifense, frequentava o Rio de Janeiro para estudar, sendo aluno de Cândido Portinari e Mário de Andrade, no Instituto de Arte da UDFl.
Até que em 1937, retornou ao Rio de Janeiro novamente, para trabalhar como assistente de Portinari.
Seu destino estava claramente traçado: o Rio de Janeiro se tornou o centro de sua vida profissional.
Em 1938 tudo começou, quando teve uma importante oportunidade ao trabalhar com Lúcio Costa no projeto dos jardins do Ministério da Educação e Saúde do RJ.
Logo, Burle Marx começava a se tornar um nome renomado, envolvido em projetos de obras famosas e importantes no Rio de Janeiro e em todo o Brasil. Suas criações refletiam sua arte única, cheia de verde, natureza e a ideia de contemplação.
E, por falar nessas características tão presentes em seu trabalho, vamos explorar essa relação de Burle Marx com o verde.
Burle Marx e a sua conexão com a natureza
Roberto Burle Marx o artista apaixonado pela natureza
É fato que o paisagismo no Brasil teve duas fases: antes e depois de Marx. Ele inovou ao utilizar plantas nativas, criando um conceito sustentável que respeitava e exaltava a biodiversidade brasileira.
Esse foco na flora nativa se tornou ainda mais presente quando o artista adquiriu o Sítio Santo Antônio da Bica, com 800 mil metros quadrados, no bairro carioca de Campo Grande. Lá, ele reuniu e estudou exemplares, muitas vezes raros, da flora brasileira.
Era uma verdadeira paixão e dedicação, inclusive, junto de botânicos, ele viajava a diversas regiões do país para coletar e catalogar plantas, reproduzindo em sua obra a diversidade fitogeográfica brasileira.
Foi assim que seu trabalho ajudou a popularizar espécies tropicais, como bromélias, helicônias e palmeiras, tornando-as protagonistas em suas composições.
Além disso, na década de 1970, Burle Marx passou a atuar como ecologista, defendendo a importância de criar uma consciência crítica sobre a destruição do meio ambiente.
Com tanta dedicação ao verde, o legado de Burle Marx vai além de suas obras de paisagismo. Ele também desempenhou um papel crucial na conscientização e valorização da natureza,
Seu sítio é um verdadeiro símbolo de sua visão, tem grande relevância não só para o paisagismo, mas também para a educação ambiental, e em 1985 ele foi doado ao governo federal, passando a se chamar Sítio Roberto Burle Marx.
Hoje, continua sendo considerado um valioso patrimônio paisagístico, arquitetônico e botânico, preservando o legado de Burle Marx e sua visão revolucionária sobre o uso da flora brasileira.
Qual o estilo da Arte de Burle Marx?
Apesar dessa forte conexão, como mencionamos no início, a arte de Burle Marx não se limita ao paisagismo.
Ele também foi pintor, desenhista, designer e escultor, destacando-se em diversas formas de expressão artística. Suas gravuras expressivas revelam sua autenticidade e sua capacidade única de traduzir sua visão criativa de maneira inovadora.
Roberto Burle Marx - Litografia “Itambé”
Nas pinturas e gravuras, o estilo de Burle Marx é marcado por formas orgânicas, curvas sinuosas e um jogo vibrante de cores e texturas, características que as tornam facilmente reconhecíveis.
Já no paisagismo, sua influência do movimento modernista é clara. Burle Marx rejeitava a rigidez das formas simétricas e criava espaços fluidos, que se integravam de maneira harmônica com a paisagem natural.
Outro aspecto marcante de sua obra era a visão em que ele tratava os jardins como verdadeiras "pinturas vivas", causando sempre com aquela impressão visual de movimento e evolução.
Abaixo, vamos falar sobre alguns de seus projetos que exemplificam essas características e que, sem dúvida, falam por si mesmas, evidenciam ser de Burle Marx, sem a necessidade de uma assinatura.
Roberto Burle Marx - Litografia “Mãe e Filha”
Calçada de Copacabana
A Calçada de Copacabana foi idealizada por Burle Marx
Um dos maiores símbolos do Rio de Janeiro, é um dos clássicos de Burle Marx.
Com seu desenho em ondas pretas e brancas que uma marca registrada da cidade e um exemplo de como o paisagismo pode dialogar com a identidade cultural de um lugar.
Parque do Flamengo (RJ)
Parque do Flamengo idealizado por Burle Marx
Um dos maiores parques urbanos do Brasil, projetado para revitalizar a orla carioca.
Jardins do Palácio da Alvorada (DF)
Parque da Alvorada idealizado por Burle Marx em parceria com Oscar Niemeyer
Criado em colaboração com Oscar Niemeyer para a residência oficial da Presidência.
Amigos Famosos e trabalhos conjuntos
Roberto Burle Marx não apenas se destacou por seu talento único, mas também pelas amizades com artistas renomados, como mencionamos brevemente alguns anteriormente.
Você sabia que com Oscar Niemeyer ele trabalhou no Palácio do Itamaraty e no Museu de Arte da Pampulha?
Roberto Burle Marx e Lucio Costa
Inclusive, em um conteúdo anterior do nosso blog sobre Oscar Niemeyer, falamos sobre o projeto de Brasília, desenvolvido por Oscar Niemeyer e Lúcio Costa, mas outro nome que trabalhou por lá foi Roberto Burle Marx. Sua visão de paisagismo foi essencial para complementar a arquitetura modernista da cidade, criando um ambiente harmonioso e inovador, onde os jardins e espaços verdes se integraram perfeitamente aos elementos arquitetônicos, reforçando a proposta de modernidade e funcionalidade.
Outra amizade famosa foi com Cândido Portinari, que como mencionamos começou com Marx sendo aluno de Portinari, passou para seu assistente, mas se tornaram parceiros e amigos trocando experiências na arte.
Burle Marx: um legado de exemplo e inspiração
Roberto Burle Marx - Litografia “Itambirá”
Todo o conhecimento, trabalho e dedicação de Roberto Burle Marx resultaram em um legado multifacetado, no qual a pintura, o design, o urbanismo e o paisagismo são suas marcas registradas
Além disso, sua profunda conexão com a natureza brasileira é um exemplo admirado, que não só reforça a importância de sua contribuição para a arte, mas também para a preservação e valorização do meio ambiente.
Que artista incrível, não é?! Burle Marx é um verdadeiro ícone da cultura brasileira e se você quer contemplar esse artista, clique aqui e confira as belíssimas obras dele que temos em nosso acervo digital.
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