Rubem Valentim, o artista que homenageou a cultura que mais amava através da sua arte
Rubem Valentim com algumas de suas gravuras e totens
Se tem um nome que precisamos falar, é Rubem Valentim, o artista baiano que levou sua cultura para o mundo afora. Ele foi escultor, pintor e gravador, e é considerado um dos mestres do Construtivismo no Brasil.
Autodidata, começou a pintar aos 18 anos e encontrou na ancestralidade africana e no ativismo negro os seus pontos de partida. Desde o início seu trabalho teve profundo significado cultural, reflete uma visão única sobre a arte e o mundo, sempre conectada à sua ancestralidade africana e ao ativismo negro. Essa característica se firmou e se reflete em sua vasta produção, que inclui pinturas, gravuras, serigrafias, totens e esculturas.
Além disso, sua obra está imersa nas questões de sua história e cultura, incluindo o sincretismo religioso e as questões políticas e sociais do Brasil, que se tornaram também marcas de seu trabalho.
Assim, Rubem Valentim nos apresentou uma linguagem particular, pois ele representou tudo isso em uma arte de abstração geométrica que dialoga com o Construtivismo e o Concretismo.
A geometria e a abstração na arte de Valentim
A arte de Rubem Valentim é marcada pela geometria e pela abstração. Ele soube combinar o Construtivismo e o Concretismo com sua própria linguagem, criando composições geométricas compostas por linhas horizontais e verticais, triângulos, círculos e quadrados.
Ao utilizar esses elementos de forma criativa, Valentim construiu um repertório visual único, que se abre a diversas possibilidades formais e interpretativas, explorando a relação entre forma e cor.
E não é à toa que ficou reconhecido como um dos mestres do Construtivismo no Brasil.
Nunca é demais para fazer o que amamos: Rubem Valentim encontra novas formas de se dedicar à arte
O artista baiano sempre foi apaixonado por conhecimento e expressão, o que o levou a cursar Jornalismo na Universidade Federal da Bahia (UFBA), onde se formou em 1953.
Você pode se perguntar se ele atuou nessa profissão e se abandonou a arte para isso...
Valentim, como jornalista, começou a publicar artigos e crônicas, e sobre qual tema ele escrevia? Claro que arte.
Matéria de Rubem Valentim no Jornal Distrito Federal
Mas sua busca por novos desafios não parou por aí. Entre 1957 e 1963, ele viveu no Rio de Janeiro, onde se tornou professor assistente de Carlos Cavalcanti no curso de História da Arte, no Instituto de Belas Artes. Esse período foi importante para a ampliação de sua atuação artística e acadêmica, permitindo-lhe transmitir seu conhecimento e suas ideias para outras gerações de artistas e estudantes.
A história de Rubem Valentim vai se escrevendo e ficando marcada
Em 1962, uma exposição individual, realizada no Rio de Janeiro, concedeu a Rubem Valentim uma premiação de melhor exposição do ano pela Associação Brasileira dos Críticos de Arte.
Em 1966, participou do Festival Mundial de Artes Negras em Dakar, Senegal.
Seis anos depois, produziu outra obra icônica, que se tornaria um novo registro importante da sua trajetória: executou um mural de mármore de 120 metros quadrados para a sede da Novacap, em Brasília, considerada sua primeira obra pública.
Em 1974, Rubem Valentim recebe uma homenagem, um sinal claro de reconhecimento por tudo o que ele estava construindo e impactando: o crítico de arte Frederico Morais produziu o documentário A Arte de Rubem Valentim.
Em 1977, na XVI Bienal Internacional de São Paulo, apresentou o Templo de Oxalá, com relevos e elementos simbólicos brancos.
Um ano depois, criou uma escultura de concreto aparente na Praça da Sé, em São Paulo, conhecida como o "Marco Sincrético da Cultura Afro-Brasileira".
Escultura de Rubem Valentim “Marco sincrético da cultura afro-brasileira” - Praça da Sé/SP
No mesmo ano, foi escolhido por uma comissão de críticos para recriar símbolos afro-brasileiros em medalhões de ouro, prata e bronze, que foram produzidos para a Casa da Moeda do Brasil.
A partir de 1991, Rubem Valentim não escreveu mais novos capítulos pessoalmente, mas sua história continuou a ser contada e celebrada. Uma das homenagens mais significativas após sua morte ocorreu em 1998, quando o Museu de Arte da Bahia (MAM/BA) inaugurou a Sala Especial Rubem Valentim no Parque de Esculturas.
E sua obra se perpetua, integrando importantes coleções em todo o país, como as do Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Além disso, um de seus painéis pode ser admirado no saguão do auditório do Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores, em Brasília.
Um espaço para celebrar a arte de Rubem Valentim
Um dos sonhos de Rubem Valentim era fundar um instituto para eternizar e divulgar sua arte. E ele o realizou: em 1977, nasceu o Centro Cultural Rubem Valentim, em Brasília, com o propósito de ser um espaço dedicado à produção, exposição e reflexão sobre a arte brasileira.
O objetivo era valorizar as manifestações artísticas e culturais ligadas às nossas tradições, vistas de maneira dinâmica, acolhendo as influências de todo o Brasil.
Após sua morte, a família não deu continuidade ao projeto, e a ideia foi deixada de lado.
No entanto, o sonho de Rubem foi reavivado pelo seu amigo Celso Albano, que fundou o Instituto Rubem Valentim.
Celso Albano amigo de Rubem Valentim fundou o Instituto Rubem Valentim
Esse grande amigo de Rubem herdou os documentos do Centro Cultural e usou esses materiais para criar o estatuto do Instituto, mantendo-se fiel à proposta original. A lista de membros do projeto também foi transferida para a nova instituição.
Dessa forma, a memória de Rubem Valentim é eternizada, não apenas através do Instituto, mas também por tudo que ele criou, que continua a inspirar e a encantar.
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