Um panorama da carreira de Gilvan Samico
Gilvan Samico
Pernambucano de São Lourenço da Mata, Gilvan Samico nasceu em 1928 e foi um dos grandes artistas da história da arte brasileira. Muito conhecido e valorizado pela excelência de suas gravuras, teve personagens míticos, animais surreais e figuras bíblicas como marcas de suas obras.
Samico era um pintor autodidata. Seus primeiros desenhos e pinturas apareceram logo cedo e seu pai foi o primeiro “desbravador” de suas obras. Quando ainda era adolescente, já se podia perceber a aptidão e o talento de um artista. Artista que teve sequer uma aula teórica ou técnica de pintura e desenho, mas que já fazia obras como poucos.
Aos 20 anos começa a fazer parte da Sociedade de Arte Moderna do Recife, a SAMR, na companhia de Abelardo da Hora. Juntos eles exercem um importante papel na história da arte pernambucana. Mais tarde, estuda umas das técnicas que mais utilizaria por toda a extensão de sua carreira: a xilogravura.
Gilvan Samico - "O Triunfo da virtude sobre o Demônio"
As xilogravuras de Gilvan Samico
As técnicas da gravura foram inseridas no repertório de Samico com a sua mudança para o Rio de Janeiro, onde estuda com Oswaldo Goeldi na Escola Nacional de Belas Artes, a ENBA. Certamente a gravura foi uma das técnicas mais utilizadas para a produção das obras de Gilvan, e dentro de suas vertentes, a que teve mais utilização, mais perfeição e mais reconhecimento foi a xilogravura. Gilvan chegou a passar adiante a maestria que tinha na técnica, lecionando xilogravura na Universidade Federal da Paraíba, a UFPA.
Gilvan Samico – Incêndio
Explicando brevemente, a xilogravura nada mais é do que a gravação utilizando uma peça de madeira como matriz. Desta maneira, a matriz é produzida através de um processo de desgaste da madeira como em uma escultura e as gravações são impressas com a pressão das matrizes em uma folha de papel ou outro material.
Gilvan Samico - O Boi Feiticeiro e o Cavalo Misterioso
O Nordeste de Samico
Nas obras de Gilvan estavam presentes personagens bíblicos, animais curiosos, figuras misteriosas e lendas urbanas, mas é importante perceber que dentro desses personagens sempre havia algo puxado para a cultura popular nordestina, como para o cordel, por exemplo.
Gilvan Samico – Cavalos
Também é interessante notar que em suas obras havia espaço para o que ia além do natural e para o que parava nele. Com o amadurecimento de suas obras, as cores e formas também tiveram sua valorização garantida. Elas eram as responsáveis por garantir o movimento e o ritmo das telas.
O amadurecimento também trouxe outras perspectivas às obras de Gilvan, como a produção do Livro Samico, um trabalho extenso com dezenas de gravuras e que foi premiado com o Prêmio Jabuti de Melhor Livro de Arte em 2012.
Gilvan Samico faleceu em 2013 na capital de seu estado natal, mas continua tendo suas obras expostas e sua carreira é extremamente valorizada na história da arte brasileira e, principalmente, na nordestina.