Xilogravuras de Emanoel Araújo: origem, técnicas e evolução

terça-feira, 24 de setembro de 2024 14:36:00 America/Sao_Paulo

As xilogravuras de Emanoel Araújo merecem atenção e interesse entre colecionadores de artes por conta de sua trajetória, aptidão, evolução de técnicas levando suas obras a outro patamar criando gravuras originais. Continue lendo e entenda.

Xilogravuras de Emanoel Araújo

A relação de xilogravuras com Emanoel Araújo começou cedo. Testava técnicas com uso indireto de guache nos primórdios quando usava desenho lavado para recriar o efeito da xilogravura de Albrecht Durer, vistas por Emanoel em ilustrações do livro de Sancho Pança.

O livro emprestado da biblioteca de Santo Amaro o inspiraram. Pintava um desenho em branco e depois passava nanquim por cima. Depois lavava.

Isso resultava em traços com linhas brancas e transformavam em uma espécie de negativo. O desenho era apenas revelado após a lavagem.

Esta técnica de estudo de xilogravura no papel reflete bem os resultados da matriz gravada no papel.

Ainda criança adquiriu experiências como entalhador quando trabalhou dos 9 aos 11 com marcenaria e dos 11 aos 14 com gráfica na Imprensa Oficial com experiência em matrizes.

Além disso, seu gosto pelo desenho era uma facilidade. Depois passou a frequentar o ateliê de gravura de Henrique Oswald. Neste momento já tinha aptidões para as gravuras acumuladas com seus trabalhos, já testava técnicas com guache e por isso chamou a atenção.

Traços livres e emocionais

As xilogravuras de Emanoel Araújo tinham como características uso de elementos geométricos com muita figuração com formas livres, sem uso racional, mas extremamente emocional.

Linhas de memórias afetivas da Bahia

As linhas vinham de memórias afetivas da arquitetura dos sobrados da Bahia com barroquismo comumente visto na composição das casas.

Influências africanas

Além das influências nativas do Brasil, foi impactado por uma viagem para a África com cultura e religiosidade refletida na geometrização da arte de lá. Uma geometria gestual e orgânica.

Identidade étnica e uso de cores

As xilogravuras de Emanoel Araújo passaram a ter identidade étnica com padronagens. As formas geométricas surgidas com uso de matemática para processo e não um fim. Passou a usar cores em variedade.

Influências do tangram

Sua técnica consistia em encaixar matrizes recortadas com impressões múltiplas pensando em todas as etapas quanto disposição, composição e processo.

Os encaixes para a estruturação dos espaços funcionam como quebra-cabeças com 7 peças geométricas para formar figuras sem sobreposições. Estas regras são do tangram.

Ancestralidade

Na hora de escolher as cores usava tons terrosos evocando sua ancestralidade africana. Seu pensamento continuava em formas.

Evolução da xilogravura para tridimensionalidade

Suas questões poéticas e subjetivas permanecem traçando um percurso coerente usando elementos da xilogravura mesmo quando passou a fazer esculturas.

Afinal, Emanoel Araújo continuou usando madeira, matrizes, relevos em sulcos e projeção. Os sulcos passaram a ser desdobrados brincando com luz e sombras projetados em direções invertidas.

Mesmo suas esculturas têm muito da xilogravura de Emanoel Araújo, sendo uma evolução das técnicas com espaços que se assemelham muito ao resultado das goivas na madeira. Mesmo quando trabalhou em aço esse efeito é característico.

Também teve influências do kirigami quando passou a usar curvas, que eram difíceis de serem obtidas pelas goivas na madeira, transportando-as para esculturas.